domingo, 24 de setembro de 2006

Fone de ouvido, democracia, decibéis e surdez

Tenho o fone de ouvido na condição de uma das invenções mais democráticas (perdendo apenas para o controle remoto, e olhe lá). Para mim, é bastante incomodativo compartilhar o mesmo ambiente - quarto, sala, carro, elevador, salão de festas, barzinho, restaurante, o que for - com gente que impõe aos outros seu gosto musical (por vezes discutível) num volume exagerado; sem falar naquele povo que faz do carro uma caixa acústica gigante e desfila pela rua, concorrendo com os carros de som dos políticos, vendedores de produtos de limpeza e caminhões de gás. Da ópera ao sertanojo, do rap à agromúsica, ninguém merece prestar vestibular para surdez por conta da insensibilidade desse povo.
Falando nisso, às vésperas do lançamento do Zune (tocador de MP3 da Microsoft que vai concorrer com o iPod, da Apple), o RNID (Instituto Real para Surdos da Grã-Bretanha) faz uma alerta: oito de cada dez usuários ouvem música num volume que ultrapassa 80 decibéis - barulho semelhante ao produzido por uma britadeira. Metade deles (dos usuários, não dos decibéis) desconhece os riscos de surdez precoce para quem ouve música com volume superior a 60 decibéis, de maneira que está em estudo a inclusão de um alerta, na caixa desses produtos, dando conta dos perigos advindos dessa prática.
Assim, se um upgrade do tocador de MP3 para um aparelho de surdez não estiver nos seus planos, é bom maneirar.
Bom domingo a todos.