quarta-feira, 27 de maio de 2009

Barbas de molho...

Achar que um copo pela metade está meio cheio ou meio vazio é uma questão de ponto de vista (ou de postura, melhor dizendo), mas está cada vez mais difícil não olhar o lado ruim de tudo. Especialmente quando se vive numa cidade grande, violenta e cheia de problemas como São Paulo ou Rio de Janeiro (se não, é só ligar o rádio ou a TV para ouvir todo tipo de notícia ruim).
A despeito do "tom" pessimista desta introdução (não que eu tenha vocação para arauto da desgraça ou Cavaleiro do Apocalipse), é impossível ignorar o grave problema da insegurança virtual, pois, como se já não bastassem os milhares de programinhas maliciosos que nos espreitam com os mais variados e escusos objetivos, temos de nos preocupar com serviços que vasculham a Web em busca de informações públicas que, agregadas, podem comprometer seriamente a nossa privacidade.
É certo que, nesta época de globalização e compartilhamento social, muitos de nós divulgamos nossas idéias e pensamentos (ou pelo menos algumas de nossas idéias e pensamentos), e por isso criamos Blogs e participamos de Redes Sociais. Mas, à medida que disponibilizamos mais e mais informações, abrimos nossa intimidade para indivíduos potencialmente mal-intencionados, que se valem de ferramentas "de busca pessoal" para garimpar esses dados e criar perfis detalhados e fáceis de acessar. Alguns desses serviços vasculham as regiões abissais da Web numa profundidade que nem o próprio Google costuma alcançar, e, de repente, aquelas fotos inocentes que você tirou nas últimas férias e compartilhou no Flickr - ou as imagens não tão inocentes de uma balada com a galera, por exemplo - podem surgir quando alguém pesquisar pelo seu nome.
Apenas para citar um exemplo, além de buscar informações sobre amigos, parentes e conhecidos, o Spokeo (http://www.spokeo.com/) pode monitorar os contatos de e-mail do interessado e relatar quaisquer atualizações ou ações que os "pesquisados" procederem no universo on-line (inclusive fotos pessoais, vídeos e segredos, escarafunchando fontes como YouTube, MySpace, Orkut, Facebook, Twitter, Pandora, MercadoLivre, e por aí vai). Separadamente, talvez essas informações não sejam lá muito comprometedoras, mas se organizadas num dossiê detalhado (ou comercializadas sob a égide de "pesquisa de marketing"), aí a coisa muda de figura, especialmente se caírem em mãos erradas - e o que não falta é gente curiosa, invejosa ou vingativa, não é mesmo?
Por oportuno, vale frisar que a facilidade com que esses serviços podem monitorar nossos passos virtuais, embora perturbadora, não chega a ser ilegal, pois as informações que eles compilam estão disponíveis para qualquer um que tenha "know-how", tempo e paciência para garimpar.
Barbas de molho, minha gente.