segunda-feira, 20 de junho de 2011

Vaticínios, Cloud Comupting e outros que tais...

Fazer previsões acuradas é arriscado, especialmente no campo da evolução tecnológica.
Quando a Apollo 11 chegou à Lua, dizia-se que dali a poucos anos as viagens interplanetárias seriam corriqueiras. Na Terra, navios e trens alcançariam velocidades estonteantes, enquanto monotrilhos elevados a 30 metros do solo resolveriam o problema do transporte. As grandes metrópoles seriam parecidas com o que se via então no desenho animado “Os Jetsons”, com edificações futuristas, esteiras rolantes, automóveis voadores e pessoas usando “cinturões foguetes” (veja mais em (a propósito, vale rever a postagem de  27 de agosto de 2008).
Mesmo assim, só conseguimos (até agora) colocar robôs em Marte, voar de avião (e com dificuldades, haja vista a superlotação dos aeroportos), sem mencionar que continuamos enfrentando quilômetros de congestionamento todos os dias, mesmo que haja carros capazes de estacionar sozinhos e de interagir com o motorista para prevenir potenciais acidentes (como o novo Mercedes Benz CL, por exemplo, que será objeto de uma postagem posterior.
No campo da computação pessoal, mesmo próceres do quilate de Thomas J. Watson e Bill Gates deram suas “escorregadelas”. O presidente da IBM teria profetizado, ainda na década de 40, que um dia haveria mercado para talvez cinco computadores (quatro décadas mais tarde, sua empresa lançaria o Personal Computer e daria o primeiro passo para transformar a computação pessoal num produto de consumo de massa). Já ao fundador da Microsoft atribui-se a infeliz previsão de que 640 k seria mais memória do que qualquer um viria a precisar em um computador (claro que ele nega ter dito esse absurdo, até porque os PC modernos integram entre 2 e 4 GB de RAM).

Observação: “Tio Bill” é citado como protagonista de diversas situações curiosas, como aquela em que teria simplesmente continuado a caminhar após deixar cair no chão uma nota de US$ 1.000, indiferente à perda do que, diante de sua fortuna, seria “dinheiro de pinga”. No entanto, isso não passa de uma lenda urbana, até porque o Tesouro americano tirou essas notas de circulação em 1969, quando Gates tinha apenas 14 anos de idade.

Em contrapartida, a Lei de Moore – profecia de Gordon Earl Moore, co-fundador da Intel, segundo a qual o poder de processamento dos computadores dobraria a cada vinte e quatro meses  –  foi bem mais acurada, embora talvez não sobreviva por muito tempo mais, já que a “Cloud Computing” vem sendo vista como o futuro da computação. Seja como for, é quase impossível encontrar alguém plenamente satisfeito com os recursos de seu computador. Devido a agigantamento dos sistemas e programas, mesmo máquinas de topo de linha se tornam ultrapassadas em poucos anos, e a despeito de dispositivos de hardware mais avançados serem lançados em intervalos cada vez mais curtos, são poucos os usuários que têm condições financeiras para acompanhar essa vertiginosa evolução.
Quem acompanhou o alvorecer da computação pessoal deve estar lembrado dos PCs que integravam dois ou mais Floppy Drives – como eles não dispunham de discos rígidos, tanto o sistema quanto os programas eram executados a partir de prosaicos disquetes. Quando os HDs começaram a se tornar populares, 10 MB de espaço custavam 2.000 dólares, mas a evolução tecnológica cumpriu bem o seu papel: embora os fabricantes tenham levado décadas para romper a “Barreira do Gigabyte”, bastaram poucos anos, a partir de então, para que produzissem drives gigantescos – de 500 GB a 1 TB – a preços bem mais acessíveis.
Para ter uma noção melhor desse espaço, considere que uma música em MP3 de 3 minutos ocupa cerca de 3 MB – ou três milhões de bytes – e que 1 Terabyte corresponde a um trilhão de bytes (faça as contas). Pelo andar da carruagem, é possível que logo alcancemos a casa dos Petabytes, dos Exabytes, ou mesmo dos Zettabytes (grandezas que correspondem, respectivamente, a um quatrilhão, um quintilhão e um sextilhão de bytes).

Observação: Segundo alguns especialistas, 1 TB equivale à capacidade da memória humana, enquanto que 1 ZB é espaço suficiente para armazenar toda a informação digitalizada no mundo (se cada byte fosse um grão de arroz, isso corresponderia a 20 quatrilhões de quilos – arroz suficiente para alimentar a humanidade por 30 mil anos!

Para concluir, considerando que a informática tende a evoluir de maneira “circular”, talvez devêssemos reavaliar o vaticínio de Mr. Watson. De uns tempos a esta parte, a venda de computadores (desktops e notebooks) vem caindo sistematicamente, enquanto dispositivos móveis (tablets e smartphones) se multiplicam como coelhos. Demais disso, se a computação em nuvem realmente prosperar, importante mesmo será garantir um plano de banda larga decente, de preferência com boas taxas de upload, pois o armazenamento dos arquivos em servidores remotos e a execução dos aplicativos via navegador propiciarão uma experiência mais rica e interativa sem exigir máquinas cada vez mais poderosas e quantidades ainda maiores de memória e espaço em disco. 
Amanhã a gente vê isso melhor; abraços e até lá.