quinta-feira, 16 de junho de 2016

AINDA SOBRE TVs, RESOLUÇÕES E AFINS (CONCLUSÃO)

A GRANDEZA NÃO CONSISTE EM RECEBER HONRAS, MAS EM MERECÊ-LAS.

Para encerrar esta sequência, cumpre relembrar que a evolução tecnológica substitui aparelhos de ponta por modelos ainda mais avançados em intervalos de tempo cada vez mais curtos, e, consequentemente, provoca uma sensível redução no preço dos produtos no exato instante em que eles são “superados” pelas opções mais avançadas.

As TVs de altíssima resolução custam caro, mas já custaram bem mais. O primeiro modelo 4K no mercado nacional ― uma LG de 84” lançada em março de 2013 ― chegava a absurdos R$ 45 mil. Seis meses depois, a mesma LG lançou uma versão com tela “menor” (65 polegadas) por R$ 25 mil. Conforme a fila andou, o preço caiu, e hoje em dia já é possível encontrar televisores 4K com telas entre 40 e 50 polegadas por cerca de 10% desse valor. Aliás, o mesmo se deu com as TVs HD, que custavam mais de R$20 mil às vésperas da Copa de 2006 e hoje saem por pouco mais de R$1 mil. Com crise ou sem crise, a tendência é de queda, e, como de costume, os pioneiros são reconhecidos pela flecha espetada no peito.

Se você não está disposto a esperar mais alguns meses ― e não se incomoda em pagar mais pela “novidade” ―, vá em frente. Até porque todo o seu conteúdo em HD, inclusive discos Blu-Ray, serão exibidos normalmente nesses aparelhos, já que eles redimensionam as imagens para fazê-las ocupar toda a tela ― embora isso acarrete certa perda de qualidade em relação ao conteúdo em formato 4K nativo. Todavia, nenhum disco ou player Blu-ray é capaz de operar em 4K, pelo menos por enquanto, já que novos padrões estão em desenvolvimento ― como o HEVC, que deve substituir o H.264 na transmissão de vídeo em TV aberta, Blu-ray ou via web e oferecer qualidade de imagens similar à do H.264, mas consumindo metade da largura de banda. Mas isso é uma história que fica para outra vez.

Observação: Não gaste dinheiro em discos Blu-Rayremasterizados em 4K”. Isso não passa de uma estratégia de marketing que visa iludir os incautos com conteúdo reeditado em 1080p, que nem de longe oferece a qualidade de um vídeo em 4K “de verdade”. Blu-Rays, DVDs, vídeos em streaming, enfim, nada disso, com raras exceções, é disponibilizado em 4K. E o mesmo se aplica a games para Xbox One e Sony PS4. Os próprios estúdios de Hollywood utilizam, em sua maioria, a resolução 2K (2048x1080 pixels), de modo que o HD e Full HD devem continuar dominando o mercado por um bom tempo.

Todas TVs de resolução maior são equipadas com processadores gráficos e algoritmos que criam os pixels “faltantes” na imagem original (recurso conhecido como upscaling), de modo a evitar que as imagens sejam reduzidas e exibidas entre bodas pretas, mas com algum prejuízo na qualidade, pois o ideal é o conteúdo ter a mesma resolução nativa do televisor.
Além do preço ― aspecto que já discutimos linhas atrás ―, outra questão que desestimula a substituição de uma TV Full HD por um modelo 4K é o fato de o ganho de qualidade ser quase imperceptível, diferentemente do que acontece quando se migra da resolução padrão (720x480) para a alta definição. Então, a despeito do apelo emocional que os fabricantes utilizam em suas campanhas de marketing, trocar seu aparelho Full HD por um 4K, a esta altura do campeonato, só faz sentido em caso de defeito cujo preço do conserto justifique a compra de um televisor novo. Fora isso, fique com sua TV Full HD, pois ela ainda tem muita lenha para queimar.

Era isso, pessoal. Espero ter ajudado.