Do lado de fora do Congresso, havia uns poucos manifestantes e defensores da petralha. No plenário, ex-ministros de seu governo, Rui Falcão, Lula e Chico Buarque chegaram a aplaudir o discurso, mas foram devidamente lembrados pelo ministro Ricardo Lewandowski de que não poderiam se manifestar.

Finda a ladainha e até o momento em que a sessão foi suspensa para almoço, às 13h00, Dilma respondeu a perguntas de alguns senadores ― ou melhor, teceu ilações e fez rodeios sobre diversas questões que já havia abordado em seu discurso e vinha repetindo incessantemente há semanas, mas escusou-se de dar respostas claras e concisas ao que lhe foi perguntado. Em suma, a manhã de hoje não trouxe qualquer novidade digna de nota, servindo apenas para delongar ainda mais a agonia da ré e testar a paciência do povo brasileiro, que aguarda ansiosamente o resultado final do processo.
Vamos continuar acompanhado.

Atualização: Corroborando as ponderações que eu expedi linhas atrás, o senador tucano Aécio Neves entende que o discurso político lido pela afastada não responde às acusações de forma objetiva e não deve mudar em nada o resultado do julgamento. 

Já o também senador tucano Aloysio Nunes Ferreira, sétimo parlamentar a fazer perguntas, disse que Dilma cometeu crimes de responsabilidade “de caso pensado”, questionou o reiterado uso da palavra “golpe” e afirmou que, assim como nas chamadas pedaladas fiscais, quando “falseou as contas públicas”, ela agora “falseia a história”.

Aloysio questionou ainda como Dilma classifica o impeachment como golpe, já que ele tem aval do Supremo, e indagou a razão de ela ter apelado a organizações internacionais, já que é o STF que concede a última instância de respeito à Constituição brasileira. “É um roteiro preestabelecido pela defesa. Ela ignora os argumentos apresentados, não responde aos questionamentos sobre os decretos, as pedaladas. Ela está simplesmente enumerando teses para abastecer o PT na oposição". E concluiu: “O processo vai criar um precedente e evitará que os próximos presidentes voltem a cometer crimes de responsabilidade”.

Vale lembrar que cada senador dispõe de 5 minutos para questionar a ré, que não tem limite de tempo para responder, podendo mesmo ficar calada. Pelo jeito, acho que Dilma ganharia mais se o fizesse.