quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

PARA O BEM OU PARA O MAL, O PODER DA TECNOLOGIA DEPENDE DE QUEM A CONTROLA

SE VOCÊ CONHECE O INIMIGO E CONHECE A SI MESMO, NÃO PRECISA TEMER O RESULTADO DE CEM BATALHAS. SE VOCÊ SE CONHECE, MAS NÃO CONHECE O INIMIGO, PARA CADA VITÓRIA GANHA SOFRERÁ TAMBÉM UMA DERROTA. SE VOCÊ NÃO CONHECE NEM O INIMIGO NEM A SI MESMO, PERDERÁ TODAS AS BATALHAS.

Uma inocente faca de cozinha pode se transformar numa arma poderosa nas mãos de alguém mal-intencionado. E mesmo se aplica à tecnologia em geral, embora poucos de nós atentamos para esse fato.

Quando comemoramos o lançamento de um novo smartphone, não paramos para pensar que seu mais recente aplicativo de rastreamento de localização, sua tecnologia de conectividade e outros aprimoramentos abrem um amplo leque de aplicações que dão margem ao abuso de poder (também para se dizer o mínimo). Ou, quando instalamos um novo programa no PC, que o Estado Islâmico constrói seus próprios drones, que redes zumbis sequestram eletrodomésticos para derrubar a internet, que publicações suspeitas na WEB disseminam notícias falsas que, não raro, distorcem ou eclipsam a verdade.

Ferramentas idealizadas para dar às pessoas a capacidade de criar, obter e distribuir informações são largamente utilizadas para exercer influência, coletar dados, monitorar comunicações, e assim por diante. Os perigos que a tecnologia moderna apresenta são mais insidiosos que os das gerações que nos precederam, até porque, enquanto a ameaça nuclear era facilmente demonstrada pelas imagens de aniquilação de um cogumelo atômico, não existe paradigma para o potencial de danos que as armas digitais podem proporcionar.

Não se trata de defender o retrocesso a um contexto onde nossa privacidade era mais bem protegida, pois seria utopia achar que alguém abriria mão da miríade de benefícios que a tecnologia vem proporcionando ao longo das últimas décadas. O que eu pretendo com este texto é alertar para o fato de que qualquer um pode saber a qualquer momento qualquer coisa sobre praticamente qualquer evento que aconteceu, aconteça esteja acontecendo em qualquer parte do planeta ― algo impensável há uma geração. E que pessoas mal intencionadas e governos repressivos podem se valer dessas mesmas tecnologias para coletar enormes quantidades de dados de comunicação, barrar protestos muito antes que eles aconteçam e infiltrar-se nas redes sociais com propaganda subliminar da sua visão do mundo.

A solução não é frear a inovação num esforço disfarçado para manter as ferramentas essenciais longe das mãos dos criminosos, mas implementar as tecnologias de segurança mais criativas que tivermos ― e desenvolver outras novas ― para preservar e manter livre dessas interferências o extraordinário panorama que a comunicação criou.

A tecnologia em si é agnóstica: tem poder para fazer o bem ou o mal, dependendo de quem a controla. Isso sempre foi assim. Os combustíveis fósseis poluem, os antibióticos levam às superbactérias resistentes e um exército de cafeteiras inteligentes pode derrubar metade da internet. Cada nova invenção traz efeitos colaterais, requerendo outro ciclo de inovação para colocá-la de novo nos trilhos, como num círculo vicioso. Mas temos de seguir em frente. Sempre.

Para preservar o mundo em que queremos viver ― um mundo que se caracterize pela independência, liberdade e progresso crescente ―, precisamos ficar de olho em quem tem acesso à tecnologia disponível ― ditadores e terroristas descobrem novos caminhos para disseminar as suas ideias ― e fazer o possível para protegê-la dos crescentes perigos que a ameaçam. Uma coisa é ter informações coletadas pela Justiça, que está sujeita à observação de um governo democraticamente eleito, uma imprensa livre e organizações que monitoram a sociedade. Outra coisa ― muito diferente ― é agências como a KGB em governos autoritários terem acesso a essas informações. No primeiro caso, talvez não queiramos que a nossa informação esteja acessível às autoridades. No segundo, porém, não temos como evitar que ela seja utilizada para objetivos nefastos.

Tudo isso leva a pensar nos riscos da privacidade e nas implicações geopolíticas de governos espionando os cidadãos. Afinal, eles usam a tecnologia para servir e proteger ou para obter vantagens e perseguir?

Enquanto utilizamos nossos smartphones, dirigimos nossos carros ou mesmo navegamos despreocupadamente na Web, estamos gerando mais e mais dados que podem ser coletados, compartilhados e analisados. Exigimos privacidade, mas também queremos tecnologias de compartilhamento que podem comprometê-la, e a única forma de equilibrar essas demandas é vigiar de perto quem está coletando nossas informações e como elas estão sendo utilizadas. Quanto mais dados criamos, mais deveríamos vigiar aqueles que os coletam.

Como usuários tecnológicos e cidadãos, precisamos exigir medidas para garantir as normas democráticas que todos valorizamos. A liberdade não é o preço que temos de pagar pelo progresso.
Da próxima vez que você vir notificações no seu smartphone, pense na incrível capacidade ao alcance dos seus dedos, no enorme potencial de melhorar as nossas vidas e na urgente necessidade que temos de nos proteger contra aqueles que querem usar tudo isso para o mal.

Postagem inspirada em um texto publicado originalmente no site The Parallax.

REINALDO AZEVEDO EM CHOQUE. ELE DESCOBRIU QUE NÃO É DEUS!
Confira no vídeo.



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