quarta-feira, 22 de março de 2017

ANTIVÍRUS ― NÃO DÁ PARA NÃO USAR. SERÁ MESMO?


A POLÍTICA BRASILEIRA É LAMENTÁVEL. NÃO SE ENCONTRA UM POLÍTICO HONESTO; AQUELES QUE O SÃO, RARAMENTE CHEGAM AO PODER, E SE CHEGAM, OU SUCUMBEM À CORRUPÇÃO OU SÃO DESTRUÍDOS PELOS CORRUPTOS. 


O termo malware designa qualquer software malicioso, aí incluído o tradicional vírus eletrônico ― programa capaz de se autorreplicar, criado experimentalmente em meados do século passado, mas que só começou a incomodar no final dos anos 1980 e a se disseminar mais expressivamente com a popularização do uso doméstico da internet (clique aqui para mais detalhes).

De uns tempos a esta parte, as pragas que se celebrizaram por apagar arquivos e danificar os PCs das vítimas (em nível de software) deram lugar a variações como o spyware, que monitora os hábitos de navegação dos internautas, capturam dados confidenciais ― senhas bancárias, informações de login, números de cartões de crédito, etc. ― e os enviam para os crackers de plantão fazerem a festa.

Nesse cenário pouco alvissareiro, o antivírus é indispensável, certo? Há controvérsias, como veremos no desenrolar desta matéria. Antes, porém, vale relembrar que malwares não são entes misteriosos ou prodígios de magia negra, mas programinhas como outros quaisquer, só que escritos para executar ações maliciosas ou criminosas. Eles são classificados de acordo com seus objetivos e modus operandi (vírus, worms, trojans, spywares, ransomwares, etc.), mas não surgem do nada ou são transmitidos pelo ar, como os vírus biológicos ― de certa forma, alguns malwares até são, se considerarmos a possibilidade de propagação através de redes wireless (tipo Wi-Fi, Bluetooth, etc.), mas isso já é outra história. Seja como for, é preciso ter sempre em mente que, na maioria das vezes, a infecção só acontece mediante a participação ― ainda que involuntária ― das próprias vítimas, daí eu dizer que não existe programa de segurança “idiot proof” o bastante para proteger o usuário de si mesmo. 
     
Observação: As modalidades de ataque já foram contempladas em outras postagens (sugiro reler a sequência que eu publiquei a partir do último dia 16), mas convém ter em mente que o correio eletrônico, os programas mensageiros e as redes sociais são as formas mais utilizadas como meio de transporte para os códigos maliciosos (quanto mais popular for um sistema, aplicativo ou webservice, tanto maior será a tendência de ele ser explorado pelos cibervigaristas).

O Windows é o sistema operacional mais usado em todo o mundo. Segundo a StatCounter Global Stats, ele detém 84,14% da preferência dos usuários ― contra 11,6% do OS X e 1,53% das distribuições Linux ―, o que o torna um alvo atraente para a bandidagem. Todavia, ao contrário da crença popular, existem, sim, pragas que afetam o OS X, da Apple, e as distribuições Linux (não fosse assim, não haveria programas antivírus destinados especificamente a essas plataformas).

Na opinião da maioria dos analistas, é extremamente arriscado navegar nas águas turvas da Web sem um arsenal de defesa responsável, composto de um bom antivírus, um aplicativo de firewall e um antispyware. Mas esse entendimento não é unânime. Para o fundador da McAfee Associates, criador de um dos primeiros antivírus comerciais, usar antivírus não faz a menor diferença. Tudo bem, John McAfee é doido de pedra, mas Brian Dye, vice-presidente da Symantec ― renomada fabricante de programas de segurança digital ― os antivírus, se não chegam a ser totalmente inúteis, são, no mínimo, insuficientes. E agora, José?

Amanhã eu conto o resto. Até lá. 

GOVERNO X POLÍCIA FEDERAL: QUEM TEM CARNE FRACA?

Entre ministros do governo que cercam o presidente Michel Temer, o mínimo que se ouve é que a Polícia Federal deu um tiro no pé e produziu grave estrago na imagem do país, tanto aqui dentro quanto ― e principalmente ― lá fora. Por ora, o governo não dá bola para teorias conspiratórias que circulam a respeito nas redes sociais, mas não só ― também entre políticos. A mais insistente delas sugere que a Polícia Federal e o Ministério Público agiram a serviço de interesses internacionais inconformados com a posição do Brasil no ranking dos maiores exportadores de carne do mundo ― o que soa a absurdo. 

O entendimento que prevalece no governo é o de que a Polícia Federal e o Ministério Público, embalados pelo sucesso da Operação Lava-Jato, limitaram-se a aplicar na Carne Fraca os mesmos métodos de investigação que até aqui haviam dado certo. O erro foi não se socorrer de especialistas em saúde sanitária para evitar disparates do tipo “papelão misturado à carne” ou de ácido impróprio usado para conservar ou conferir melhor aparência às peças de carne para venda. De resto, as conclusões tiradas o foram a partir de apenas dois laudos periciais. Pouca coisa por enquanto.

Blairo Maggi, Ministro da Agricultura, escolhido para defender a indústria de carne e bater de frente na Polícia Federal cumpriu o papel a contento até ontem, mas exorbitou ao ameaçar pagar na mesma moeda a decisão do governo chileno de suspender a importação de carne brasileira. E o pior foi dizer que contava para isso com o aval do presidente da República (pura bazófia, porque tal disposição não combina com o estilo ameno e negociador de Temer, sem mencionar que não foi só o Chile que impôs restrições à importação de carne brasileira, mas também a China e países da Comunidade Econômica Europeia).

A prudência recomenda a Temer e seus ministros evitarem um confronto aberto com a Polícia Federal e o Ministério Público ― instituições bem avaliadas pelos brasileiros e que guardam segredos que poderão atingir ainda mais políticos do núcleo do Governo Federal. Aliás, um já foi atingido por um disparo de advertência: Osmar Serraglio, Ministro da Justiça, que, doravante, terá como um dos órgãos subordinados ao seu ministério uma Polícia Federal com munição suficiente para causar-lhe sérios danos. Ligado à bancada ruralista no Congresso, Serraglio foi pego chamando um dos presos da Carne Fraca de “grande chefe” e interferindo a favor de um frigorífico do Paraná sujeito a fiscalização.

Vamos aguardar os novos desdobramentos.

Obs.: Texto criado a partir de um artigo de Ricardo Noblat, publicado em O Globo na última terça-feira. 

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