terça-feira, 27 de junho de 2017

EDIÇÃO EXTRAORDINÁRIA ― PRONUNCIAMENTO DE MICHEL TEMER (ou “O LOBO PERDE O PELO, MAS NÃO PERDE O VÍCIO”)

Agora há pouco, menos de 24 depois de ter sido denunciado por corrupção passiva pelo procurador-geral da República, Temer fez um pronunciamento em rede nacional de rádio e televisão. Enfático, ele afirmou que a denúncia é uma “ficção”, que Janot “reinventou o Código Penal” ao incluir a “denúncia por ilação”, e que sua preocupação é “mínima” do ponto de vista jurídico, mas achou por bem se explicar no campo político.

“Essa infâmia de natureza política, os senhores sabem que fui denunciado por corrupção passiva, a esta altura da vida, sem jamais ter recebido valores, nunca vi o dinheiro e não participei de acertos para cometer ilícitos. Afinal, onde estão as provas concretas de recebimento desses valores? Inexistem. Aliás, examinando a denúncia, percebo, e falo com conhecimento de causa, percebo que reinventaram o Código Penal e incluíram nova categoria: a denúncia por ilação”, disse sua excelência.

Apesar de afirmar que ele, Temer, não seria irresponsável e não faria ilações, colocou sob suspeita o ex-procurador Marcelo Miller, próximo a Janot, que atuou no acordo de delação da JBS. Segundo o presidente, Miller, já na iniciativa privada, ganhou milhões e insinuou que o dinheiro pode não ter ido unicamente para o ex-procurador, mas também a Rodrigo Janot.

Qualquer semelhança com a estratégia de Lula ― que, sem elementos para contestar as acusações nos 5 processos a que responde como réu em Curitiba, São Paulo e Distrito Federal, joga a culpa em terceiros, mente descaradamente, nega tudo que é possível negar, distorce o que se vê obrigado a admitir, e por aí vai ― é mera coincidência, naturalmente. Só faltou Temer dizer que é “a alma viva mais honesta do Brasil”. Afinal, a pecha de “chefe da quadrilha mais perigosa do país” já que foi conferida por Joesley Batista, e disputa em importância a do “comandante máximo da ORCRIM”, conferida ao molusco abjeto pelo procurador Deltan Dallagnol.

Temer é o primeiro presidente, na história do Brasil, a ser denunciado no exercício do mandato por crime cometido durante o governo (e esse título ninguém tira dele, pelo menos por enquanto). Segundo Janot, ele “ludibriou os cidadãos brasileiros”, e por isso deve pagar indenização de R$10 milhões (oba, mais dinheiro para o PT, PMDB, PP, PSDB e companhia roubarem) Para o assessor presidencial Rodrigo Rocha Loures, que está preso desde o último dia 3, a indenização é de R$2 milhões. Para quem não se lembra, Loures é o “homem da mala”, que foi flagrado recebendo de um diretor da JBS uma mala com R$ 500 mil.

Vamos ver o quanto mais essa história ainda vai feder.

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