terça-feira, 18 de julho de 2017

VOCÊ CONHECE SEU PC? Parte X

BONS ARTISTAS COPIAM, GRANDES ARTISTAS ROUBAM, VERDADEIROS ARTISTAS SIMPLIFICAM. 

As placas-mãe se dividem ainda em onboard e offboard, embora essa nomenclatura fizesse mais sentido na pré-história dos microcomputadores, quando os modelos offboard traziam quase que exclusivamente o BIOS e o chipset ― todos os demais componentes, aí incluídos o coprocessador matemático, as controladoras dos drives de disquete e HD, as portas seriais, de impressora (paralela) e a memória cache eram vendidos separadamente e instalados em soquetes apropriados (para saber mais, clique aqui).

A cada nova geração, mais recursos são integrados aos circuitos das placas-mãe e respectivos chipsets (seu principal componente lógico), visando reduzir a quantidade de dispositivos autônomos e, por tabela, o custo final do aparelho. Para os fabricantes de chipsets, é conveniente embutir funções adicionais no "espaço ocioso" deixado pela progressiva miniaturização dos transistores, e como os fabricantes de placas precisam apenas adicionar os conectores apropriados para permitir seu aproveitamento, junta-se a fome à vontade de comer. Também nesse caso uma máquina comprada pronta limita as opções do usuário a aceitar ou recusar a configuração definida pelo fabricante, de modo que não há muito para onde correr.

O HDD, como já foi mencionado anteriormente, é a “memória de massa” do sistema e tem por função armazenar os de modo persistente. O primeiro modelo de que se tem notícia foi fabricado em meados do século passado pela IBM, e embora fosse composto de 50 pratos de 24 polegadas de diâmetro, sua capacidade de armazenamento mal chegava a 5MB. De lá para cá, a evolução tecnológica cumpriu seu papel, e esses componentes não só diminuíram de tamanho caíram de preço, mas também passaram a oferecer cada vez mais espaço: hoje, qualquer PC de entrada de linha integra um drive de pelo menos 500GB (já existem modelos com capacidade dezenas de vezes maior).

O resto fica para a próxima, pessoal. Até lá.

FICOU PARA AGOSTO, PARA SETEMBRO, OU PARA AS CALENDAS GREGAS.

Depois da substituição (imoral) de 13 dos 66 integrantes da CCJ do Senado e da farta distribuição de verbas parlamentares, ofertas de parcelamento de dívidas de prefeituras e outras benesses prometidas a políticos que se vendem como prostitutas em bordéis, o relatório alternativo (do tucano Paulo Abi-Ackel, que integra a “panelinha” de Aécio Neves) foi aprovado, mas os conspícuos congressistas anteciparam o recesso, bateram as asas e voaram para suas bases, inviabilizando tanto a leitura do relatório ― procedimento regimental indispensável à inclusão do tema na pauta de votação ―, já que somente 13 deputados registraram presença na Câmara, nesta segunda-feira, quando seriam necessários 51 para a abertura da sessão.

Fica evidente, portanto, que nem o governo nem a oposição seriam capazes de reunir os 342 deputados necessários para votar a autorização da denúncia da PGR contra Temer, que deve ficar mesmo para agosto, quando suas excelências retornarem das “merecidas férias”, ou para as calendas gregas, como afirmam alguns palpiteiros de plantão.

Ministros, assessores e outros baba-ovos do presidente se revezam em entrevistas, pontuando a necessidade de virar essa página o quanto antes, sem o que a Câmara não pode retomar a pauta de votações e aprovar reformas importantes, etc. e tal ― como se estivessem realmente preocupados com os interesses da nação, e não em salvar o “chefe” (para não cair junto com ele). Depois, em novo discurso, cantaram a vitória do governo e disseram que o problema passou a ser da oposição ― mas o fato é que tentaram até o último momento garantir a votação antes do recesso; só que não conseguiram sensibilizar nem mesmo o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que não moveu uma palha para acelerar o cronograma.

Observação: Botafogo, como Maia era chamado na lista de propinas da Odebrecht, ou Bolinha, como se refere a ele alguns desafetos, seria, pelo menos em tese, aliado do Planalto, mas é o primeiro na lista sucessória presidencial e, portanto, o maior beneficiário de uma eventual deposição de Michel Temer ― daí dizerem que ele foi “picado pela mosca azul”, numa alusão ao poema Mosca Azul, de Machado de Assis (*).

Ainda no mês passado, Maia teria dito em off que a votação da denúncia só ocorreria em plenário depois do recesso, o que que agora se confirma. Para o ministro chefe da Casa Civil ― mais um do primeiro escalão que é réu no Supremo e investigado na Lava-Jato ―, o Bolinha tem sido de uma lealdade absoluta, mas, na prática, se não conspira abertamente ― como fez Temer durante o impeachment de Dilma ―, ele tampouco torce a favor do “chefe”. Até porque já vem se formando um consenso em torno de seu nome, com apoio de parlamentares e de setores da economia, que o consideram uma alternativa válida para substituir o impopular e desmoralizado presidente de plantão, dar andamento às reformas e comandar o país até o final de 2018).

Os próximos 15 dias serão de expectativa para Michel Temer. O doleiro Lúcio Funaro e o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha disputam o interesse dos investigadores por suas possíveis delações, que focam na cúpula do PMDB (detalhes nesta postagem). E se o Planalto tinha votos suficientes para enterrar essa primeira denúncia (Janot deve apresentar mais duas antes de deixar a PGR, em meados de setembro), caso quórum para votá-la na sexta-feira passada ou nesta segunda, nada garante que o mesmo ocorra em agosto, pois, pressionados pelas bases durante o recesso, muitos deputados podem não estar propensos a apoiar o governo agonizante de um presidente impopular e acusado de corrupção passiva.

A condenação de Lula pelo juiz Sérgio Moro contribuiu para mudar, ainda que temporariamente, o foco dos holofotes, e a aprovação do texto base da reforma trabalhista deu algum fôlego ao governo, mas não é o caso de soltar rojões. E já que falamos no petralha mor, vejam mais um escárnio, mais um tapa na cara da sociedade de bem: O deputado petista Vicente Cândido pariu uma excrescência que já vem sendo chamada de "Emenda Lula". A proposta, feita sob medida para favorecer o molusco abjeto, visa aumentar de 15 dias para oito meses o período anterior às eleições em que presumíveis candidatos só podem ser presos em flagrante delito. Mas é possível que essa questão nem chegue a ser debatida na Câmara, até porque foi colocada pelo relator da proposta de reforma política sem ter sequer o consenso de seus colegas de bancada, e vem sendo repudiada pela maioria dos parlamentares.

Pela proposta esdrúxula, os postulantes apresentariam à Justiça Eleitoral uma declaração de que serão candidatos nas eleições de Outubro, e a partir daí ficariam imunes à prisão. Segundo Merval Pereira, essa patacoada evitaria apenas uma eventual prisão de Lula, e não sua inelegibilidade, sem mencionar que poderia ser alvo de contestação no Supremo, pois os autodeclarados candidatos deixariam de ser cidadãos iguais aos demais, o que contraria a Constituição. Em última análise, bastaria que um bandido, mesmo que não fosse parlamentar, se apresentasse como possível candidato para estar livre da prisão por oito meses, abrindo uma nova modalidade de ilegalidade aos partidos políticos: a venda de vagas para a imunidade.

Mais uma vez, as propostas de mudança nas regras eleitorais estão sendo utilizadas para resolver interesses pontuais. Quem observa os deputados federais tem a clara impressão de que “a ficha ainda não caiu”. A despeito de o atual sistema ter-se esgotado, arrastado para a vala dos escândalos de corrupção, ainda há parlamentares apegados, que não conseguem pensar em outra maneira de fazer campanha, de se relacionar com o poder Executivo ou mesmo de manter o padrão de vida conquistado nos últimos anos.

(*) Para encerrar, o poema Mosca Azul, de Machado de Assis:

Era uma mosca azul, asas de ouro e granada,
Filha da China ou do Indostão.
Que entre as folhas brotou de uma rosa encarnada.
Em certa noite de verão.

E zumbia, e voava, e voava, e zumbia,
Refulgindo ao clarão do sol
E da lua — melhor do que refulgiria
Um brilhante do Grão-Mogol.

Um poleá que a viu, espantado e tristonho,
Um poleá lhe perguntou:
— "Mosca, esse refulgir, que mais parece um sonho,
Dize, quem foi que te ensinou?"

Então ela, voando e revoando, disse:
— "Eu sou a vida, eu sou a flor
Das graças, o padrão da eterna meninice,
E mais a glória, e mais o amor".

E ele deixou-se estar a contemplá-la, mudo
E tranqüilo, como um faquir,
Como alguém que ficou deslembrado de tudo,
Sem comparar, nem refletir.

Entre as asas do inseto a voltear no espaço,
Uma coisa me pareceu
Que surdia, com todo o resplendor de um paço,
Eu vi um rosto que era o seu.

Era ele, era um rei, o rei de Cachemira,
Que tinha sobre o colo nu
Um imenso colar de opala, e uma safira
Tirada ao corpo de Vixnu.

Cem mulheres em flor, cem nairas superfinas,
Aos pés dele, no liso chão,
Espreguiçam sorrindo as suas graças finas,
E todo o amor que têm lhe dão.

Mudos, graves, de pé, cem etíopes feios,
Com grandes leques de avestruz,
Refrescam-lhes de manso os aromados seios.
Voluptuosamente nus.

Vinha a glória depois; — quatorze reis vencidos,
E enfim as páreas triunfais
De trezentas nações, e os parabéns unidos
Das coroas ocidentais.

Mas o melhor de tudo é que no rosto aberto
Das mulheres e dos varões,
Como em água que deixa o fundo descoberto,
Via limpos os corações.

Então ele, estendendo a mão calosa e tosca.
Afeita a só carpintejar,
Com um gesto pegou na fulgurante mosca,
Curioso de a examinar.

Quis vê-la, quis saber a causa do mistério.
E, fechando-a na mão, sorriu
De contente, ao pensar que ali tinha um império,
E para casa se partiu.

Alvoroçado chega, examina, e parece
Que se houve nessa ocupação
Miudamente, como um homem que quisesse
Dissecar a sua ilusão.

Dissecou-a, a tal ponto, e com tal arte, que ela,
Rota, baça, nojenta, vil
Sucumbiu; e com isto esvaiu-se-lhe aquela
Visão fantástica e sutil.

Hoje quando ele aí cai, de áloe e cardamomo
Na cabeça, com ar taful
Dizem que ensandeceu e que não sabe como
Perdeu a sua mosca azul.

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