terça-feira, 12 de setembro de 2017

LULA, DILMA E COMPANHIA LIMITADA

Às vésperas de deixar o comando da PGR, Janot dispara as derradeiras flechas ― como disse que faria enquanto houvesse bambu. Desta feita, além de Temer e alguns rançosos caciques peemedebistas, os alvos são Lula e Dilma, denunciados por formação de quadrilha e prática de crimes contra a Petrobras entre 2002 e 2016.

Janot atirou também contra os ex-ministros PalocciMantegaEdinho Silva e Paulo Bernardo, a senadora Gleisi Hoffman ― ré no STF, mas cuja “capivara” não a impediu (acho que até ajudou) sua promoção à presidência do PT ― e o folclórico mochileiro petralha João Vaccari, já condenado na Lava-Jato em outros processos e hóspede do sistema penal tupiniquim desde meados de 2015. Apenas Gleisi tem direito a foro privilegiado, mas o PGR recomendou que as denúncias contra os demais tramitem no STF ― por estarem ligadas às irregularidades envolvendo a senadora vermelha, ou pelo menos essa é a justificativa oficial, pois comenta-se que a verdadeira intenção do procurador-geral do PT é facilitar as coisas para os petralhas. 

Quanto a tão esperada segunda denúncia contra Temer, há que se aguardar a decisão do STF, já que a defesa do presidente pediu a Edson Fachin “a suspensão de qualquer nova medida de Janot”, e o ministro preferiu submeter o recurso ao plenário da Corte. A decisão deve sair amanhã ― mesmo dia em que, paralelamente, Lula prestará depoimento ao juiz Moro pela segunda vez, desta feita na ação que apura a compra de um terreno para a construção da nova sede do Instituto Lula e de um apartamento vizinho ao do deus pai da petelândia ― foi nesse processo que Palocci concedeu “uma prévia” da sua delação premiada (clique aqui para assistir aos trechos mais importantes do depoimento) que tirou o sono da petralhada; se realmente fechar o acordo, o ex-ministro deverá detalhar e comprovar a movimentação financeira de campanhas eleitorais petistas e indicar quando e onde valores foram entregues ao partido e quem foi o responsável pela operação.

A situação do Demiurgo de Garanhuns ― já condenado em primeira instância a 9 anos e 6 meses de reclusão, réu em mais cinco processos penais, alvo de mais duas denúncias e de outras tantas investigações ― deve se agravar ainda mais se Guida Mantega, que sucedeu Palocci no ministério da Fazenda e também negocia um acordo de colaboração, ratificar as declarações de seu antecessor. Nos bastidores petistas, já se fala em Fernando Haddad substituir Lula no pleito de 2018, mas não se sabe se o ex-prefeito de Sampa fechará os olhos para o envolvimento do PT no maior escândalo de corrupção da história deste país e defenderá o partido.

Quando questionado sobre o assunto, Haddad diz que “não existe essa história de plano B e que o foco do PT deve ser lutar pela revisão da sentença que o condenou Lula injustamente e descaracterizar o depoimento de Palocci”. Nesse entretempo, a caterva vermelha mantém sua estratégia de embalar a pré-campanha de Lula com a narrativa de que o bandido é vítima de “perseguição política”, e que, se ele for afastado da disputa, a eleição não terá legitimidade. Para essa corja, Palocci não teve a mesma “estatura moral” de DirceuDelúbio e Vaccari ― que não “entregaram” seus comparsas de crime ―, e construiu um discurso que agradasse ao Ministério Público e o juiz Moro para facilitar as negociações de seu acordo de delação.

Por ora, a estratégia da facção criminosa travestida de partido político é manter a mobilização de apoio a Lula nas ruas e mobilizar a militância na audiência de amanhã. A julgar pelo que se viu em maio, isso pode não ajudar muito.

Visite minhas comunidades na Rede .Link: