terça-feira, 3 de outubro de 2017

MAIS UMA DO CUSPIDOR JOSÉ DE ABREU



Sabe o Zé de Abreu, aquele ator global que foi condenado a devolver R$ 300 mil (abocanhados indevidamente com a ajuda da Lei Rouanet), que cuspiu num casal ao ser questionado sobre sua postura em defesa da nefelibata da mandioca, e que sempre defendeu o PT, mesmo depois dos escândalos do mensalão e do petrolão? Pois bem: agora o canastrão vermelho ameaça abandonar de vez o partido.

Essa “perda irreparável” que o canastrão vermelho ameaça infligir à seita advém de seu inconformismo com a decisão de apoiar o senador Aécio Neves, afastado do mandato pela 1ª Turma do STF ― que também determinou o recolhimento noturno do tucano como alternativa ao pedido de prisão feito pelo MPF, já que a Lei só permite a prisão de parlamentares em flagrante delito e por crime inafiançável ― mesmo assim, com o aval da Câmara ou do Senado, dependendo do cargo do político flagrado com as calças na mão.

A decisão do PT não chega a surpreender. Afinal, dos 81 senadores, 24 estão enrolados na Lava-Jato, e qualquer um deles pode se ver, em algum momento, na mesma situação do tucano. Aécio, vale lembrar, é demonizado pela militância vermelha porque quase derrotou a nefelibata da mandioca, no pleito de 2014, e por ter orquestrado o pedido de cassação da chapa Dilma-Temer, que acabou sendo julgado improcedente pelo TSE, graças à atuação questionável do ministro Gilmar Mendes.

Se o Supremo extrapolou ou não suas prerrogativas ao afastar um político com cargo eletivo, isso será objeto de deliberação pelo plenário da Corte. Os senadores ainda não chegaram a um consenso sobre a penalidade imposta a Aécio, mas parece que Estrupício Oliveira vem tentando convencer seus pares a aguardar o posicionamento do Judiciário, que deve deliberar sobre a questão ainda nesta semana, a despeito de a ministra Cármen Lúcia ter pautado para o próximo dia 11 o julgamento de uma ação impetrada em 2016 pelo PP, PSC e SD, que questiona o efeito imediato de medidas cautelares alternativas à prisão de parlamentares ― como é o caso do recolhimento noturno.

O presidente interino do tucanato, senador Tasso Jereissati, defende a conciliação, mas o líder do partido na Câmara, senador Paulo Bauer, não vê razão para aguardar a decisão do Supremo, pois, segundo ele, a ação de inconstitucionalidade a ser examinada daqui a duas semanas tem teor distinto do julgamento do mérito da decisão tomada contra Aécio. Já o deputado Rodrigo Maia, atual presidente da Câmara, entende que existe “um vácuo legal” na posição tomada pela 1ª Turma do STF, já que, segundo ele, o recolhimento noturno “equivale a uma prisão”. Não é bem o que diz a Lei, mas isso é briga de cachorro grande e a nós, plebe ignara, cabe apenas acompanhar o desenrolar dos acontecimentos.

É por essas e outras que nossos políticos são os menos confiáveis do mundo. No Fórum de Davos, o Brasil amargou a 137ª posição no quesito "confiança do povo nos políticos" ― o último lugar no ranking, já que são 137 os países que compõem o Índice. Não me surpreenderia se o Zé de Abreu resolvesse dar escapada até a Suíça para cuspir no olho do pessoal que integra o Comitê. Dessa gentalha, a gente pode esperar qualquer coisa.

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