domingo, 25 de fevereiro de 2018

LULA E A ESQUERDA INCORRIGÍVEL



Mesmo sendo tão inverossímil quanto conversa de camelô paraguaio, o discurso da cúpula petista, segundo o qual "não existe plano B" à candidatura de Lula, parece sensibilizar uma parcela da população ― aquela que que vai morrer acreditando que o petralha foi condenado “sem provas”, que Dilma foi vítima de um “golpe” e que Michel Temer é o culpado pela crise econômica parida pela gerentona de galinheiro. 

Aliás, o presidente cuja legitimidade essa gente questiona ― a despeito de tê-lo conduzido e reconduzido ao Palácio do Jaburuem 2010 e 2014, ao votar na anta vermelha para presidente da Banânia ― pode ser traiçoeiro, dissimulado, corrupto, usurpador e o que for, mas basta comparar os indicadores econômicos atuais com os números dos anos anteriores à sua posse para concluir que a economia, pelo menos, está no rumo certo.

Do palanque, os próceres vermelhos entoam a cantilena do lawfare, mas, nos bastidores, dão como certa a inelegibilidade do demiurgo de Garanhuns, cuja situação se agrava a cada dia que passa. Petralhas notórios, como Gleisi Hoffmann, Humberto Costa e Lindbergh Farias (apenas para citar os mais radicais) gritam em público que não existe democracia no Brasil, mas se escondem no Congresso Nacional para desfrutar das “imunidades parlamentares”; falam em exterminar os adversários, mas se alinham com Aécio Neves para receber em troca o apoio de sua quadrilha; dizem que a Justiça se vendeu para permitir a fabricação de provas contra Lula, mas continuam entupindo os tribunais com recursos, ameaças e advogados caros. 

E põe caro nisso: a equipe que defende Lula, composta por especialistas em absolvição de criminosos, cobra em dólares por hora. De acordo com as apurações da Operação Jabuti ― que investiga o desvio de recursos da Fecomércio-RJ ―, só o escritório dirigido por Roberto Teixeira, compadre e advogado do ex-presidente, recebeu repasses de honorários que chegam a R$ 68 milhões.

Observação: Numa das alas da Penitenciária Feminina Sant’Ana ― o maior presídio de mulheres da América Latina ―, lê-se numa na parede, em caligrafia torta e gramática sofrível, a seguinte epigrama: “quem fala a verdade não precisa de advogado, quem fala meia verdade precisa de um, quem mente inteiro é bom ter dois”.

A pergunta que não quer calar é: se a saúde financeira do Instituto Lula foi devastada pela retração dos fregueses da Lava-Jato, se o Bill Clinton de galinheiro não recebe convites para palestras desde junho de 2015, se as mediações bilionárias do camelô de empreiteiras foram suspensas, de onde vem o dinheiro para bancar a gastança com rabulices? Responda quem souber.  

Mudando de pato para ganso, salta aos olhos que a militância atávica e incorrigível não veria provas contra Lula nem que elas lhe mordessem a bunda. Para essa caterva, se não existe escritura do tríplex do Guarujá registrada no nome de Lula, o apartamento não é dele, ponto final ― como se ocultação de patrimônio não fosse crime (aliás, vale a pena ler a sentença condenatória proferida pelo juiz Sérgio Moro em 12 de julho do ano passado).

O PT e seus satélites questionam a competência da 13ª Vara Federal de Curitiba e a imparcialidade de Moro e lotam as redes sociais com a argumentação requentada, usada pela defesa na instrução processual ― e até mesmo no julgamento do recurso ―, de que o processo deve ser anulado ou Lula, absolvido. Parecem ignorar ou não levar em conta que isso é matéria vencida, até porque essa balela foi sido rejeitada sistematicamente pelo juiz de Curitiba e pelos desembargadores de Porto Alegre. Resta saber o dirão os desvairados seguidores da Seita do Inferno quando a prisão de Lula for decretada, já que a ideia do PT é levar a candidatura de seu amado líder “até as últimas consequências” ― como se Lula, por ser quem é (ou quem foi), estivesse acima do bem e do mal e fora do alcance da Lei da Ficha-Limpa e do Código Penal.

A condenação do molusco no processo que trata do tríplex no Guarujá foi ratificada há exato um mês pelo TRF-4 ― e a pena aplicada por Moro, de 9 anos e meio de xadrez, aumentada pelos desembargadores para 12 anos e 1 mês. Tão logo se esgotarem os recursos (protelatórios) no âmbito daquela Corte, a prisão do eneadáctilo será decretada, o que não o impedirá de recorrer ao STJ e ao STF nem de tentar obter um habeas corpus, naturalmente, até porque o cumprimento provisório da pena após condenação na segunda instância está longe de ser um entendimento pacífico entre os ministros do Supremo, mas isso já é outra conversa.  

Lula é réu em 7 processos, e somente um deles foi julgado até agora. Pelo andar da carruagem, o juiz Moro deve decidir no mês que vem a ação que envolve a cobertura vizinha à do petista no edifício Hill House (no valor de R$ 504 mil) e o terreno comprado pela Odebrecht para sediar o Instituto Lula  (R$ 12,5 milhões). Dias atrás, Marcello Odebrecht forneceu cópias dos emails que comprovam a compra do tal terreno pelo “departamento de propina da empreiteira”, e os procuradores da Lava-Jato pediram o reconhecimento da falsidade ideológica dos recibos de aluguel referentes à cobertura vizinha à residência do petralha (que foram assinados pelo “laranja” Glauco da Costamarques, primo de José Carlos Bumlai e ex-consiglieri da Famiglia Lula da Silva).

Na última sexta-feira, a PF entregou ao juiz Moro o laudo da perícia realizada nos sistemas Drousys e MyWebDay, usados pelo Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht (nome oficial do departamento de propina da empresa). Foram analisados quase 1.912.667 milhões de arquivos, dos quais 842 foram identificados pelos peritos como adulterados e outros dois (uma foto e um arquivo PDF), apagados do sistema logo após a prisão de Marcelo Odebrecht, em junho de 2015. O laudo de 321 páginas foi assinado por seis peritos criminais da PF (leia aqui e aqui a íntegra do documento). Moro deu prazo de quinze dias para que os assistentes técnicos se manifestem sobre a perícia.

O terceiro processo envolve a reforma do famoso sítio Santa Barbara, em Atibaia (interior de São Paulo), e deve ser julgado antes das eleições. Para não encompridar ainda mais esta postagem, volto ao assunto na próxima. Até lá.

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