domingo, 3 de março de 2019

SOBRE O PT E A VENEZUELA



Em certas horas, como agora, é realmente um alívio lembrar que o presidente da República não é Fernando Haddad.

O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, na guerra que vem travando contra a maioria da população do seu próprio país, fechou as fronteiras com o Brasil e a Colômbia para não deixar que os venezuelanos recebam alimentos, remédios e outros artigos de primeiríssima necessidade.

É um novo patamar, ao que parece, em matéria de brutalidade. Da mesma maneira que um exército trata de cortar todos os possíveis suprimentos da força inimiga, os militares, as “milícias” armadas e os outros gangsteres que mandam hoje na Venezuela acham que quanto mais fome, doença e calamidades os venezuelanos sofrerem, mais fraca vai ficar a oposição. Pode ser. Pode não ser. O fato é que o governo do Brasil estaria dando apoio pleno a Maduro se o resultado do segundo turno da eleição tivesse sido o contrário do que foi.

Muito se ouviu falar da situação perigosíssima que teria sido criada pelo governo do presidente Jair Bolsonaro — que antes mesmo de ser eleito já se declarava absolutamente contra a ditadura venezuelana. De lá para cá, pelo menos 50 outros países com credenciais democráticas acima de qualquer discussão tomaram a mesma decisão Maduro nem sequer é mais reconhecido como o presidente legal da Venezuela. Fica difícil entender, então, porque o Brasil estaria numa situação mais segura se tivesse ficado dentro do bando de regimes fora da lei, do ponto de vista democrático, que apoia a tirania lugares como Cuba, Rússia, China e outros da mesma natureza.

A verdade é que a esquerda brasileira em geral e o PT em particular não quiseram até agora reconhecer o fato de que a Venezuela se transformou numa tirania imposta pela força bruta de um condomínio de malfeitores. (Lula chegou a dizer que o verdadeiro problema da Venezuela era ter “democracia demais”.) Por preguiça mental, covardia e simples cobiça, preferiram abraçar a mentira, sempre muito bem remunerada pelas Odebrecht da vida, de que o “bolivarianismo” era um movimento “de resistência à direita”. Daí não conseguiram sair nunca mais.

Condensação do texto de J.R. Guzzo publicado na edição impressa de Veja desta semana