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domingo, 23 de setembro de 2018

ELEIÇÕES 2018 - O ABRAÇO DOS AFOGADOS




Para concluir o raciocínio que eu vinha desenvolvendo nas últimas postagens:

A exatos 14 dias do primeiro turno, o que se tem é uma “quase certeza” de que Jair Messias Bolsonaro está escalado para o segundo tempo, mas não se sabe se o jogo será contra Ciro, Haddad, Alckmin ou Marina.

Em tese, o tucano seria o adversário mais provável, mas na prática a teoria é outra. Tanto assim que FHC sugeriu uma união entre os partidos de centro em torno de Alckmin, para evitar uma vitória de Bolsonaro ou de Haddad. Mas foi em vão: ao contrário do que o grão-mestre do tucanato esperava (ou imaginava, ou achava que haveria uma chance, por menor que fosse), ninguém se mostrou minimamente interessado em abdicar da própria candidatura para apoiar a campanha moribunda de um candidato que foi derrotado por Lula em 2006 e a quem sobra vontade, mas faltam atitude, firmeza e competitividade.

No sábado 22, o ex-presidente usou o Twitter para dizer que sua carta foi direcionada “aos eleitores e eleitoras, não aos candidatos ou aos partidos”, e que há meses defende a criação do que chama de centro popular e progressista. “Anda há tempo para deter a marcha da insensatez; como nas Diretas-já, não é o partidarismo, nem muito menos o personalismo, que devolverá rumo ao desenvolvimento social e econômico”, ponderou o tucano dos tucanos — que, aos 87 anos, deveria vestir seu pijama de bolinhas e assistir às patacoadas de seu contemporâneo Sílvio Santos, que só continua à frente do programa homônimo porque é o dono da emissora.

Ciro, terceiro colocado nas pesquisas, disse ser mais fácil “boi voar de costas” do que o chamado centro se unir no primeiro turno. “O FHC não percebe que ele já passou. A minha sugestão para ele, que ele merece, é que troque aquele pijama de bolinhas que está meio estranho por um pijama de estrelinhas”. Marina afirmou que o PSDB passa pelos mesmos problemas do PT e que “fazer um discurso para que haja uma união e dizer que o figurino cabe no candidato do seu partido talvez não seja a melhor forma de falar em nome do Brasil”.

Devido à teimosia de Alckmin, os tucanos perderam a oportunidade de ter um candidato com postura mais combativa, como João Doria, ou mesmo Tasso Jereissati. Aécio, que teve mais de 51 milhões de votos em 2014 (quando perdeu para Dilma por uma diferença de míseros 3,28%), teria sido a escolha natural, mas se tornou personae non grata com a delação de Joesley Batista.

ObservaçãoÉ curioso que um heptarréu condenado e preso fosse campeão absoluto de intenções de voto até a farsa da sua candidatura ser desmontada pelo TSE, enquanto Aécio, que se tornou réu por corrupção passiva e obstrução da justiça em abril deste ano e sequer foi cassado (embora devesse tê-lo sido, mas isso já é outra conversa) se tornou personae no grata a tal ponto que resolveu desistir de disputar a reeleição para concorrer a uma vaga de deputado federal. Quando mais não seja, isso é a prova provada de como funciona a cabeça da militância petista (se é que petista tem cabeça).

Fato é que a famigerada propaganda eleitoral obrigatória vem sendo veiculada desde o início deste mês sem surtir o efeito esperado por Alckmin. Por ser o candidato com maior tempo de exposição no rádio e na TV, o tucano foi considerado o presidenciável mais vivo de 2018, mas revelou-se um vivo tão morto que o eleitorado cativo do PSDB lhe enviou coroas de flores, migrando maciçamente para Bolsonaro. E o grão-mestre do tucanato, com sua carta da última quinta-feira, como que jogou a derradeira pá de terra sobre o esquife do correligionário.

“Ante a dramaticidade do quadro atual”, ponderou FHC, “ou se busca a coesão política, com coragem para falar o que já se sabe e a sensatez para juntar os mais capazes para evitar que o barco naufrague, ou o remendo eleitoral da escolha de um salvador da Pátria ou de um demagogo, mesmo que bem intencionado, nos levará ao aprofundamento da crise econômica, social e política.” 

Na visão de Josias de Souza, tudo faria muito sentido não fosse um singelo detalhe: a raiva do eleitor. Em 2018, os caciques continuam fazendo política com os pés no mundo da Lua. Promovem os mesmos cambalachos de sempre. Em órbita, não se deram conta de que uma parcela considerável da população já não parece disposta a fazer o papel de gado. De repente, a grama da enfermaria do Einstein e da cadeia de Curitiba pareceram mais verdes.

Até o momento, as pesquisas apontam Bolsonaro como franco-favorito, mesmo sem ele ter participado de qualquer ato de campanha desde o dia 7 e de seu tempo na TV mal dar para um piscar de olhos. Paralelamente, o pau-mandado de Lula, que até recentemente não passava de um ilustre desconhecido, já domina as intenções de voto no nordeste. Mas aqui vale lembrar que as características culturais e socioeconômicas do povo nordestino dão mais peso à TV do que às redes sociais, sem falar que o dublê de pai dos pobres e criminoso condenado é tão cultuado por lá quanto o padim Ciço. Enfim, a cada minuto nasce um otário neste mundo, e os que nascem no Brasil vêm com título eleitoral e estrelinha do PT enfiada no rabo.  

Segundo O Globo, a campanha de ataques vai se acirrar na reta final, e a julgar pelo que se viu até aqui o capitão gancho pode sobreviver a novas críticas, embora os tucanos insistam em dizer que ele apenas está capitalizando o voto antipetista. A Alckmin resta concentrar seu poder de fogo contra Bolsonaro e Haddad e rezar para ganhar uns votos e roubar outros. 

Mas esse nunca foi o estilo do picolé de chuchu. E cães velhos não aprendem truques novos.

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quarta-feira, 19 de setembro de 2018

A 20 DIAS DO PRIMEIRO TURNO O CENÁRIO É DESOLADOR



O cenário é desolador: de um lado, o testa-de-ferro do presidiário de Garanhuns se metamorfoseia no próprio para beber de sua escandalosa popularidade; do outro, um extremado de direita, campeão tanto em intenções de voto quanto em rejeição, parece ter garantido um lugar no segundo turno (sabe Deus contra que ele disputará então). É nesse clima de amor e ódio que as eleições batem à porta — faltam menos de 20 dias para o primeiro turno.

O atentado contra a vida do Capitão Caverna demonstra claramente a que ponto chegou a intolerância dos brasileiros, que parecem achar a violência uma alternativa “natural” na solução dos conflitos políticos. O candidato do PSL, por sua vez, bota mais lenha na fogueira, dizendo, dentre outras bobagens, que “é necessário metralhar a petralhada, fuzilar uns 30 mil, a começar pelo ex-presidente FHC”. Não vou fazer aqui um juízo de valor, mas apenas ponderar que tanta truculência pega mal, sobretudo vinda de alguém que postula a presidência desta Banânia.

Haddad e o PT apostam na memória curta do povão, requentando, em seus discursos de campanha, os “bons tempos do governo Lula”, mas se esquecendo, muito convenientemente, que Dilma quase quebrou o Brasil — e só não quebrou porque foi apeada do cargo antes de terminar sua obra. Curiosamente, numa entrevista concedida ontem ao G1, o "laranjão" passou a negar que, se eleito, concederia um indulto presidencial ao comandante da ORCRIM (veja aqui).

Dos demais postulantes ao Planalto, Ciro, Marina e Alckmin fazem de tudo para granjear votos entre os indecisos. O tucano, insípido a mais não poder (daí seu apelido de “picolé de chuchu”), acreditava — ou dizia acreditar — que sua campanha decolaria com a propaganda eleitoral obrigatória no rádio e na TV. Não foi o que aconteceu, e agora, bombardeado até mesmo por colegas de partido, trabalha com uma nova data para o “arranque”: 20 de setembro. E, dizem, torce para que Haddad cresça ainda mais nas pesquisas, apostando que o medo do PT (e de Bolsonaro não ser capaz de vencer o laranja do presidiário) levará o levará [Alckmin] ao segundo turno. Resta combinar com os eleitores.

Voltando aos líderes das pesquisas: Merval Pereira lembrou em sua coluna da última terça-feira que os fantasmas de Lula e Bolsonaro assombram o segmento razoavelmente esclarecido da população. Fantasmas, diz ele, porque, ainda que por razões diferentes, ambos estão afastados da campanha; o primeiro por estar cumprindo pena, o segundo por estar num leito da unidade de tratamento semi-intensivo do Hospital Albert Einstein, sem previsão de alta e muito menos de voltar às atividades de campanha. Pondera ainda o jornalista que um fantasma da história recente deste país, que foi a escolha dos vices, aterroriza ainda mais os cidadãos de bem: supondo Bolsonaro fosse eleito e não estivesse em condições de assumir a presidência em janeiro, quem governaria seria o polêmico General Mourão, que fala de autogolpe como se falasse que vai ali na esquina e já volta.

Seria uma repetição como farsa da tragédia de Tancredo. E o que dizer de Haddad, que tem como vice a Manuela d’Ávila, política inexperiente do radical PCdoB? Outros fantasmas assombram, como a possibilidade de um autogolpe, seja por parte de Bolsonaro, que já tem militares da reserva defendendo abertamente a intervenção “em caso de caos”, seja por parte do PT, cujos dirigentes já anunciam que a prioridade é inocentar Lula, mas não através de recursos ao Judiciário, e sim pela iniciativa do novo presidente de indultá-lo, o que seria um golpe contra o Estado de Direito. Não à toa os dois falam em golpe. Primeiro foi o PT, que dizia que “eleição sem Lula é golpe”. Agora é Bolsonaro, que põe em dúvida a lisura do pleito, sugerindo que as urnas eletrônicas não são confiáveis. Triste Brasil!

Para concluir, segue um texto (brilhante como sempre) do jornalista J.R. Guzzo:

O cidadão é alarmado, de cinco em cinco minutos, por bulas de advertência que afirmam que a eleição, a democracia e a Constituição estão sendo ameaçadas. Mas, por trás das notas oficiais e das outras mentiras prontas que são normalmente utilizadas para enganar o brasileiro comum, quem está realmente querendo destruir as eleições de outubro? Uma coisa é certa, segundo se pode verificar pelos fatos à vista do público: não são os generais do Exército, sejam eles da reserva ou da ativa, ou os oficiais de quaisquer das três Armas. A turma que quer virar a mesa, hoje, está exatamente do outro lado. Eles gritam “cuidado com o golpe”, com a “pregação do ódio”, com o “discurso totalitário” etc. etc. Mas parecem cada vez mais com o batedor de carteira que, para disfarçar o que fez, sai gritando “pega ladrão”.

É impossível cometer uma violência tão espetacular numa campanha eleitoral quanto a tentativa de assassinato praticada contra o candidato Bolsonaro — mais que isso, só matando. O homem perdeu quase metade do sangue depois que a faca do criminoso rasgou seus intestinos, o cólon e artérias vitais. Sofreu cirurgia extensa, demorada e altamente arriscada — e passará por outras. Só está vivo por um capricho da fortuna, mas foi posto para fora da campanha eleitoral justamente no momento mais decisivo. Poderia haver alguma agressão maior ou pior do que essa contra um candidato? É claro que não.

O fato é que a tentativa de homicídio, cometida por um cidadão que foi militante durante sete anos da extrema esquerda, como membro do PSOL, desarrumou todo o programa contra a boa ordem da eleição presidencial. O roteiro, desde sempre, prevê que a esquerda fique no papel de vítima e Lula no de mártir, “proibido” de se candidatar e “perseguido” pela Justiça. Deu o contrário: a vítima acabou sendo justamente quem estava escalado para o papel de carrasco.

A opção da esquerda para enfrentar a nova realidade parece estar sendo “dobrar a meta”. Nada representa com tanta clareza essa radicalização quanto o esforço para fazer com que as pessoas acreditem que a tentativa de matar Bolsonaro foi apenas um incidente de campanha, “um atentado a mais”, coisa de um doidão que podia fazer o mesmo com “qualquer um” — na verdade uma coisa até natural, diante da “pregação da violência” na campanha. Ninguém foi tão longe nessa trilha quanto a responsável por uma “Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão”, repartição pública que você sustenta na Procuradoria-Geral da República. Depois de demorar quatro dias inteiros para abrir a boca sobre o crime, a procuradora Deborah Duprat soltou uma nota encampando a história de que houve “mais um ataque”. E quais foram os outros? Segundo a procuradora, o “tiro” que teria sido disparado meses atrás na lataria inferior de um ônibus no qual Lula circulava tentando fazer campanha no Paraná, escorraçado de um lado para outro pelos paranaenses.

Que tiro foi esse? Tudo o que se tem até agora a respeito, em termos de provas materiais, é um buraco na carroceria do ônibus — não há arma, não há autor, não há testemunha, não há nada. Mas a procuradora acha que isso é a mesma coisa que a agressão que quase matou Jair Bolsonaro. Acha também que a história se “conecta” com o assassinato da vereadora carioca Marielle Franco — vítima, possivelmente, de um acerto de contas entre criminosos. Enfim, joga a culpa da facada no próprio Bolsonaro, por elogiar “o passado ditatorial” do Brasil e ser contra as “políticas de direitos humanos”. Não chega nem a ser uma boa mentira — é apenas má-fé, como a “ordem da ONU” para o Brasil deixar Lula ser candidato, ressuscitada mais uma vez.

Se há um país que está em dia com as suas obrigações junto à ONU, esse país é o Brasil. Acaba de cumprir, entre 2004 e 2017, treze anos de missão de paz no Haiti, em que participaram 38 000 militares brasileiros — dos quais 25 morreram. Seu desempenho foi aplaudido como exemplar; não houve um único caso de violência ou desrespeito aos direitos humanos de ninguém, do começo ao fim da operação. Mas o Complexo Lula-PT-esquerda prega que o Brasil é um país “fora da lei” internacional, por não obedecer a dois consultores de um comitê da ONU que decidiram anular a Lei da Ficha-Limpa. Estão, realmente, apostando tudo na desordem.

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sexta-feira, 14 de setembro de 2018

A BOLA DE CRISTAL DAS PESQUISAS ELEITORAIS



A pouco mais de 20 dias das eleições, não há nada de novo no front senão o fato de a propaganda política obrigatória dos presidenciáveis estar apinhada de acusações de parte a parte. Infelizmente, isso nada acrescenta de produtivo. Claro que os eleitores “mais esclarecidos” não dão bola para esse famigerado horário político, mas o grosso da população depende dele para se informar, e é aí que a porca torce o rabo.

Depois que o PT finalmente exorcizou o egun mal despachado — ao menos oficialmente, já que Haddad, o poste, não passa do alter ego, da marionete, do títere, do pau mandado, do esbirro, do capacho do cafetão da hipocrisia preso em Curitiba, como o ex-prefeito deixou bem claro em seu primeiro pronunciamento como candidato, as pesquisas de continuam apontando Bolsonaro como o franco favorito. Mas quem ele enfrentará no segundo turno é uma incógnita, e aí é que são elas.

Observação: Tenho cá minhas reservas em relação a pesquisas feitas por amostragem, sobretudo num país de dimensões continentais e realidades socioeconômicas muito distintas. Digam o que disserem os institutos responsáveis, não há como comparar suas abordagens a um exame de sangue, onde alguns decilitros permitem avaliar a saúde do paciente. Não vejo como as respostas fornecidas por dois ou três mil entrevistados em algumas centenas de localidades possam ser tomadas como um indicativo seguro do que farão 147 milhões de eleitores espalhados por 5.600 municípios. Basta lembrar que João Doria, ora candidato a governador de São Paulo, era apontado como inviável pelas pesquisas eleitorais de 2016 e derrotou Fernando Haddad logo no primeiro turno das eleições municipais daquele ano.  

A última pesquisa Datafolha favoreceu Ciro Gomes e foi cruel com Marina Silva. Mas ambos colheram frutos políticos da prisão do ex-governador tucano Beto Richa (e esposa) e do depoimento Antonio Palocci. Bolsonaro tem votos consolidados, embora sua imagem ainda possa ser desconstruída, sobretudo porque ele está temporariamente impedido de participar de atos de campanha. Alckmin voltou a crescer em São Paulo, mas sua notória sensaborice não ajuda em nada, sem falar que a imagem do PSDB não é muito melhor do que a do PT e outros partidos mergulhados até os beiços no lamaçal da corrupção. Dos demais candidatos que aparecem entre os mais cotados não há muito o que dizer (uma pena, pois Amoedo seria uma alternativa interessante). Já dentre os que arrastam a lanterninha, o cabo Daciolo e Vera Lúcia... bem, seria mais apropriado falar deles na seção de humor negro, caso este Blog tivesse uma.

Voltando a Haddad, que tem vinte e poucos dias para mostrar que não é o “Andrade”, é curioso notar que ele vale do jogo de palavras “Lula é Haddad e Haddad é Lula”. Resta saber quem é o sujeito da frase, ou por outra, se um é o outro e o outro é o um, quem mandará no país se o partido vencer a disputa eleitoral? Indagado sobre o tema, Haddad sai pela tangente dizendo ser o candidato de um "projeto coletivo”. Ciro Gomes diz que, se eleito fosse, o petista seria um “presidente por procuração”. Em carta ao ex-prefeito, o próprio Lula disse a mesma coisa, ainda que com outras palavras: “Você vai me representar nessa caminhada de volta à presidência da República, para realizar novamente o governo do povo e da esperança”. Traduzindo: Lula deixa claro que Haddad o representa, mas quando fala “na caminhada de volta à presidência” está se referindo a ele mesmo, não ao candidato formal do partido.

Observação: Ciro foi além nos ataques. Sobre o general Mourão, vice na chapa do PSL, disse várias vezes que o militar da reserva é um jumento de carga, e que o “Exército de Caxias deve estar com vergonha”. Não satisfeito, disse ainda que os filhos de Bolsonaro são “estranhíssimos”, e que o candidato do PSL não aprendeu nada com o atentado que sofreu (referindo-se à foto do ex-capitão no hospital, fazendo seu gesto de imitar com as mãos armas em punho).

Na avaliação de Helio Gaspari, o PT perdeu pelo menos uma semana de propaganda ao esticar desnecessariamente a corda e levar seu ora candidato a entrar no jogo com o patrimônio dos bons tempos de Lula e com a bola de ferro das malfeitorias do petismo. O próprio Haddad também perde tempo embrulhando o mensalão e as petrorroubalheiras numa delirante teoria da conspiração. PT e Bolsonaro sonham em chegar ao segundo turno tendo o outro como adversário. Mas todas as projeções feitas com base nas famigeradas pesquisas nos levam à mesma pergunta: qual será a capacidade de transferência de Lula? Bolsonaro tem 24%; Ciro, Marina e Alckmin, somados, 34%. Haddad tira o tom de fantasia em que o PT envolveu sua participação na disputa. É tão pesado quanto o foi Dilma na sua primeira campanha, mas enquanto o poste de 2010 tinha a alavanca do poder e do sucesso lulista, o ex-prefeito de São Paulo depende do prédio da carceragem de Curitiba.

Para Ascânio Seleme, o quadro atual aponta que Ciro, Alckmin e Haddad são os candidatos a derrotar Bolsonaro. Marina muito provavelmente estará fora do segundo turno, e o capitão do PSL deverá chegar lá, mas apenas para perder no dia 28 de outubro — apesar de ser líder em todas as pesquisas de intenção de votos, ele não é o favorito desta eleição. Ciro cresceu nas pesquisas, chegando a se isolar no segundo lugar (segundo o Datafolha). Alckmin e Haddad só o alcançam no limite da margem de erro. Mas isso não garante que que ele passe para o segundo turno, mesmo tendo a mais baixa rejeição entre os concorrentes. Até porque sua coligação é ridícula em tamanho, tendo apenas o Avante ao seu lado, e com pouco tempo de TV terá de se valer do noticiário e dos debates para se manter bem posicionado na disputa.

Dentre os três contendores de Bolsonaro, Alckmin é o mais pesado, o mais difícil de ser carregado, mas também o que tem mais tempo de exposição na propaganda obrigatória. Resta saber como ele irá administrar essa vantagem, se retomará os ataques a Bolsonaro levando ao eleitor o caráter homofóbico e misógino do candidato do PSL e a ideia de que armar a população resolve o problema da segurança. Trata-se de um trunfo arriscado, poi o menor deslize pode parecer contraditório, já que, no aspecto econômico, Bolsonaro (leia-se Paulo Guedes) e Alckmin são parecidos. Demais disso, o inimigo em quem Alckmin deve bater é o PT, já que Haddad vem crescendo na sombra de Lula — ainda que precise comer muito feijão para superar Alckmin, Marina e, sobretudo, Ciro, seu principal adversário e com quem divide os votos da esquerda, dos órfãos de Lula (*). Haddad só voltará a ser Haddad se for eleito. Antes disso, será o estepe do ex-presidente preso. Detalhe: o discurso de sua candidatura vai centrar mirar no governo Temer, a quem culpará por todos os problemas criados pela gestão de Dilma. Aliás, PT e Haddad vão fingir que Dilma nunca existiu — um discurso tão fácil quanto falso, mas que, sem desmentidos dos demais candidatos, poderá até colar.

(*) Estima-se que, com Lula fora do páreo, quatro de cada 10 eleitores terão de escolher outro candidato, e para evitar que Haddad leve todos esses votos, Ciro precisa precisa desgastá-lo sem melindrar os órfãos do lulismo. O cangaceiro de Pindamonhangaba já tentou fazer isso em recente sabatina promovida por O GLOBO, batendo no candidato do PT mas poupando quem o escolheu: “O Brasil não precisa de um presidente por procuração. O Brasil não aguenta uma outra Dilma”, disse, ao mesmo tempo em que enaltecia Lula, a quem chamou de “amigo de longa data” e a quem teria apoiado em todos os momentos nos últimos 16 anos. Disse ainda que “é preciso ‘relativizar” os erros do ex-presidente, que estaria isolado na cadeia e cercado de puxa-sacos. Marina, por seu turno, defendeu a condenação do ex-presidente que a nomeou ministra do Meio Ambiente em 2003. “Ele está sendo punido por graves crimes de corrupção”, ponderou, além de afirmar que apoiou o impeachment por convicção: “Houve crime de responsabilidade”. Ela repetiu o discurso de que a reeleição de Dilma teria sido uma fraude devido ao uso de caixa dois, mas não mencionou as delações da Odebrecht que também ligaram a prática à campanha de Eduardo Campos, de quem foi vice até o acidente aéreo que o matou, a menos de 3 meses do primeiro turno das eleições de 2014. Em queda nas pesquisas, a sonhática indicou que não está disposta a cortejar o eleitorado lulista para permanecer viva na disputa. Ninguém pode alegar surpresa. Ela já havia escolhido este caminho há quatro anos, quando apoiou Aécio Neves no segundo turno da eleição.

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terça-feira, 28 de agosto de 2018

AINDA AS ELEIÇÕES — ENTRE A CRUZ E A CALDEIRINHA



Já estou farto de falar sobre a inelegibilidade chapada de Lula, que boa parte da imprensa vem tratando como preso político, quando ele é na verdade um político preso. Aliás, vale abrir um parêntese para dizer que até nas formas de tratamento o Brasil é um país sui generis: treinador de futebol é “professor”, professor é “tio”, e falar em mãe é xingamento. Juiz é “meritíssimo”, mesmo que não tenha mérito algum; reitores são tratado por “vossa magnificência” e prefeitos, governadores e presidente, por “excelências”, independentemente da excelência de sua administração (vejam o caso de Sérgio Cabral). E tanto é excelentíssimo um presidente ilibado (fico devendo o exemplo, pois não me ocorre nenhum) quanto os que deixaram o cargo pela porta dos fundos (oi, Collor, olá, Dilma) ou migrado para uma cela na carceragem da PF em Curitiba (hello, Lula!).

Chega a ser engraçado ver os membros da nossa mais alta corte de digladiando como galos de rinha, mas (quase) sempre sem perder a pose (o eminente colega falta com a verdade; o douto ministro fulano tem interesses escusos, vossa excelência é um ladrão, e por aí vai). Ou os debates no Senado, na Câmara, nas Assembleias Legislativas — há ótimos exemplos no Congresso: Carlos Lacerda, um dos maiores oradores do País, teve certa vez o discurso interrompido por um adversário, aos berros de “Vossa Excelência é um purgante”. Respondeu na lata: “E Vossa Excelência é o efeito”. Fecho o parêntese.

Voltando às eleições, as esperanças e ilusões do povo brasileiro se perderam pelo caminho, e o que a esquerda propõe é renová-las com um projeto fracassado. Juscelino propôs avançar 50 anos em 5 — aí construiu Brasilha da Fantasia, e deu no que deu. Os atuais candidatos já não conseguem cativar o eleitorado com suas propostas vazias, palavras jogadas ao vento do alto dos palanques, das mídias eletrônicas e, a partir do final desta semana, do programa eleitoral obrigatório. Alguns não conseguem sequer disfarçar seu total despreparo — caso do Cabo Daciolo e, por que não dizer, de Jair Bolsonaro; este, após levar uma invertida da sonhática Marina, disse que deixaria de participar dos debates, mas depois voltou atrás. Mas isso não é de estranhar vindo de um admirador confesso da ditadura... Que ditadura? Talvez nem tenha havido uma ditadura na história recente do Brasil, nem mesmo o golpe militar que lhe daria origem, mas tão somente uma saudável interrupção democrática destinada a pôr ordem onde antes havia somente desordem.

O extremado de direita também desdisse tudo que seu pretenso superministro dissera dias antes, numa entrevista à Globo News. Dono de uma proposta que defende a privatização das estatais (verdadeiros cabides de emprego sustentados pelo dinheiro público que não raro servem apenas como moeda de troca na compra de apoio partidário ou de parlamentares venais), uma aliança de centro-direita conservadora nos costumes e liberal na economia, o fim da reeleição e por aí vai, Paulo Guedes teria o voto de muita gente se fosse ele o candidato.

Alckmin, o eterno baluarte da insipidez, apoia-se em experiências do passado que ninguém sabe se funcionarão no presente, repetindo que sua campanha irá decolar após a estreia das propagandas no rádio e na TV (apostando no tempo de exposição que as coligações lhe garantem), mas não consegue convencer os representantes do mercado financeiro — boa parte do qual se identifica com o tucano. Prova disso é a disparada do dólar, que fechou a semana passada acima dos R$ 4, refletindo o temor de um segundo turno entre Haddad e Bolsonaro.

Quanto ao PT, o entusiasmo diante dos números ostentados pelo criminoso de Garanhuns pode durar pouco. Haddad tem 4% das intenções de voto e, ao contrário de Lula, é um ilustre desconhecido no Nordeste — onde há até quem se refira a ele como Andrade — e nada garante que a transferência de votos acontecerá com a expressividade almejada pelo partido. Talvez até o bando vermelho se saísse melhor se quem subisse de vice para cabeça de chapa, quando Lula finalmente sair de cena, fosse o ex-governador baiano Jaques Wagner, mas a velha raposa não quer se arriscar a enfrentar as acusações da Lava-Jato numa disputa nacional, preferindo, muito sabiamente, disputar uma cadeira no Senado, que lhe garantirá mais 8 anos de foro privilegiado.

No TSE, a ideia dos ministros era julgar o pedido de registro do molusco até o dia 31, mas o mais provável é que a decisão seja tomada na primeira semana de setembro, e que ele perca por 7 a zero (ainda que a decisão seja unânime, o petralha terá 3 dias para recorrer, mas o apelo será julgado pelos mesmos ministros, e a derrota se repetir. Um possível recurso ao STF servirá apenas para manter o nome de Lula em evidência, já que a corte tem posição consolidada pela proibição de candidaturas por órgãos colegiados da Justiça.

Enfim, o objetivo do PT, que é tão público e notório quanto a inelegibilidade de seu eterno presidente de honra, é arrastar o julgamento até 17 de setembro, a partir de quando não haverá mais tempo para substituir, nas urnas eletrônicas, a foto de Lula pela de Haddad, induzindo o “esclarecidíssmo” eleitorado a erro, já que muitos apertariam o botão pensando estar votando no demiurgo de Garanhuns, quando na verdade estariam escolhendo seu “poste”.

Enquanto isso, dedicamos pouca ou nenhuma atenção ao Congresso, onde 440 deputados e senadores de um total de 594 parlamentares serão candidatos à reeleição. Nesse caso, não precisamos de um "salvador da pátria", mas de centenas deles. E não estou falando apenas de renovar os quadros, colocar gente nova no lugar das excelências pegas com a boca na botija. Dilma Rousseff era uma tremenda novidade e resultou no desastre por todos visto e por nosso bolso sentido. Jânio Quadros, embora vereador, deputado, prefeito e governador, em 1960 simbolizava "o novo", sem falar em Collor, o desperdício-mor da primeira eleição direta pós-ditadura. 

Era isso, pessoal. Vamos acompanhar e ver que bicho dá.

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quinta-feira, 12 de julho de 2018

LULA, HADDAD E AS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS



O sonho do hexa ficou para 2022, 2048 ou sabe Deus quando. Menos mal se esse fiasco estimular o povo a focar no que realmente interessa: com 13 milhões de desempregados, um presidente sem credibilidade nem voz ativa, um Congresso recheado de corruptos e um Judiciário sob a batuta de ministros como Mendes, Toffoli e Lewandowski, a Copa na Rússia deveria ser a menor das preocupações.

A menos de 3 meses das eleições, um criminoso condenado posa de pré-candidato à presidência, continua sendo incluído nas pesquisas e, como se não bastasse, aparece invariavelmente em primeiro lugar. É certo que o eleitorado tupiniquim é composto majoritariamente por analfabetos, desculturados e outros que tais, mas também é certo que o perfil dos demais concorrentes não ajuda em nada. 

Dos mais de 20 aspirantes ao Palácio do Planalto, apenas Bolsonaro, Marina e Ciro Gomes têm chances reais de disputar o segundo turno. E tanto a pulverização de candidaturas quanto o percentual crescente de votos brancos, nulos, e de eleitores que simplesmente não comparecem para votar favorece os primeiros colocados nas pesquisas.

Ainda que esses sonhadores jurem de pés juntos que levarão suas candidaturas até o (mais amargo) fim, quem tem um par de neurônios ativos e operantes sabe que isso não passa de mera cantilena para dormitar bovinos (apenas para ficar num exemplo notório, o PTC já desistiu de lançar a candidatura de Collor). Geraldo Alckmin e Henrique Meirelles, que seriam as opções “menos piores”, continuam patinando. 

Ao ex-governador de São Paulo — que teve respeitáveis 37 milhões de votos quando disputou a presidência em 2006, mas hoje mal chega a 7% nas pesquisas — falta carisma e sobra sensaboria. Já o ex-ministro da Fazenda, que respalda sua candidatura na revitalização da Economia, está irremediavelmente associado ao presidente mais rejeitado desde a redemocratização desta Banânia, e por isso amarga 1% das intenções de voto, como Rodrigo Maia e Flávio Rocha, atrás até mesmo de Fernando Haddad, Álvaro Dias e Manoela D’Ávila, que têm 6%, 5% e 2%, respectivamente.

Haddad, o poste número 2 de Lula, será o plano B do PT, que aposta na transferência de votos do presidiário — que mesmo atrás das grades seduz uma massa considerável de fanáticos e ignorantes. Mas essa transferência pode ser bem menor do que os petistas imaginam, da mesma forma que as intenções de voto no líder máximo da quadrilha estão longe de ser a apontada pelas “pesquisas”. Afinal, como imaginar que um prefeito que não conseguiu sequer se reeleger — Haddad foi derrotado no primeiro turno por João Doria — venha a se tornar um grande ativo eleitoral? 

Não é de se desconsiderar o risco petista, o fator Lula ou a carinha de “bom moço” do ex-prefeito paulista; afinal, estamos falando do Brasil, onde um criminoso condenado conta com o apoio incondicional de uma legião de idiotas ou canalhas que representa uns 20% do eleitorado. Se metade desse cacife eleitoral for transferido para seu ungido, talvez ele chegue a 10%, mas isso não é suficiente para garantir um segundo turno.

O sonho de alguém probo e preparado para governar este país surgir do nada, conquistar o apoio dos partidos de centro e atrair os votos dos indecisos e desiludidos é improvável. Com o demiurgo de Garanhuns fora da disputa, legendas que gravitavam em torno do PT, como PDT, PSOL e PCdoB, decidiram lançar candidatos próprios. Do centro para a direita, o PSDB perdeu sua força aglutinadora, notadamente depois do “caso Aécio”. Ademais, não bastasse o fato de terem sido atingidos em cheio pela Lava-Jato, os tucanos se associaram à Michel Temer, o que desgastou ainda mais sua imagem perante o eleitorado.

Segundo o cientista político Rafael Cortez, da Tendências Consultoria, se não houver união dos candidatos de centro-direita, nenhum deles chegará ao segundo turno. A pulverização seria menor se Alckmin conseguisse atrair apoios, mas isso não vem acontecendo. Volta e meia surgem rumores de que ele será substituído por João Dória, mas o tempo está passando e os tucanos, conhecidos por mijar no corredor quando há mais de um banheiro na casa, correm o risco de tomar essa decisão quando a vaca já tiver ido para o brejo.

Observação: Há que se levar em conta que o PSDB governou São Paulo — o maior colégio eleitoral do país — por mais de 20 anos e elegeram quase 800 prefeitos em 2016. A elite paulista deve atuar nos bastidores para que candidaturas radicais, como a de Bolsonaro, não prosperem nas urnas, mas para isso é preciso que surja um nome de peso.

Bolsonaro vem tentando acalmar o mercado e o empresariado, prometendo, dentre outras coisas, uma reforma tributária e leis trabalhistas mais favoráveis ao patronato. Mas já fala em aumentar para 21 o número de ministros do Supremo — requentando o AI-2, que em 1965 elevou de 11 para 16 o número de magistrados para aumentar as chances de aprovar medidas que fortalecessem o regime militar — em relação ao qual o pré-candidato nunca escondeu sua simpatia. Aliás, o esquerdista Hugo Chaves se valeu dessa estratégia na Venezuela, e foi imitado recentemente pelo direitista Andrzej Duda na Polônia.

Vale lembrar que caberá a Bolsonaro, se eleito, nomear pelo menos dois ministros do STF, visto que o decano Celso de Mello e seu colega Marco Aurélio deverão se aposentar até 2021, quando completarão 75 anos.

Por hoje é só. Até a próxima.        

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sexta-feira, 15 de junho de 2018

MAIS CRISE NO PAÍS DA CRISE



Os combustíveis retornaram às bombas e os hortifrutigranjeiros, às feiras livres e supermercados. Tudo voltou ao normal, ainda que os preços estejam bem mais altos que antes da paralisação dos caminhoneiros. Mas o Brasil é um país em crise permanente, com períodos de aparente normalidade, e neste momento, a quatro meses das eleições, é “normal” estarmos vivendo o mais absoluto caos.

ObservaçãoDois novos encontros com caminhoneiros e uma possível votação na Câmara dos deputados acrescentam mais um capítulo na novela da crise viária e política do país. Além da tabela de fretes rodoviários, será discutida a Medida Provisória dos Fretes e o aumento na pontuação de suspensão da carteira de motorista.

As greves dos caminhoneiros e dos petroleiros — esta última ficou mais na ameaça, mas enfim... — jogaram o Brasil de volta no atoleiro do populismo e causaram enormes danos à economia e à rotina da população. E num país onde nem o passado é previsível, como prever o que acontecerá em outubro, quando milhões de desinformados e outros tantos analfabetos de quatro costados escolherão presidente, governadores, senadores e deputados estaduais e federais a partir de um portfólio de opções onde, salvo raríssimas exceções, não há nada que valha míseros dois réis de mel coado?

A greve dos caminhoneiros deve continuar impactando a economia, a política, o orçamento e até o judiciário brasileiro ao longo de 2018, até porque baixar e controlar preços por decreto não funciona — que o diga o ex-presidente Sarney. Resta saber se os postos realmente baixarão o preço do diesel em 46 centavos, como o Planalto prometeu, ainda que, por lei, não possa tabelar o preço nas bombas. Marun disse que não se trata de tabelamento, mas se o governo anunciou multas de até 9,4 milhões de reais para postos que desrespeitarem a medida, o que seria, então?

Observação: Analistas estimam que os prejuízos decorrentes ultrapassam R$ 60 bilhões e seus efeitos para o PIB de 2018 ainda são imensuráveis. O mais provável é que a economia cresça menos de 2%, o que fulmine as candidaturas governistas e abre espaço para discursos mais extremados no processo eleitoral. A greve terminou, mas, pelo visto, os problemas políticos e econômicos continuam a pleno vapor.

Seria ingenuidade esperar algo diferente de um governo falido, de um presidente impopular, desacreditado e cercado de assessores igualmente suspeitos, investigados ou denunciados. Ou uma reação diferente dos investidores, a 4 meses de uma eleição na qual os candidatos mais cotados são um presidiário e um militar truculento, arrogante e de absoluta inexpressividade legislativa — com míseros 2 projetos aprovados em 26 anos como congressista.

Assim como ocorreu nas eleições de 2014, quando Dilma e Aécio dividiam a preferência do eleitorado, as pesquisas de intenção de voto serão acompanhadas de perto pelo mercado financeiro, e o fato de o que elas revelam não entusiasmar — com o demiurgo de Garanhuns fora do páreo, a disputa fica polarizada entre Jair Bolsonaro e Ciro Gomes —, devemos ter novas oscilações pela frente.

Como nenhum dos primeiros colocados é bem visto pelo mercado financeiro, a publicação dos resultados das pesquisas provocou quedas na Bolsa e altas no preço do dólar (na última quinta-feira, o IBOVESPA fechou em baixa de 2,98%, aos 73.851 pontos, e a moeda norte-americana subiu 2,28%, cotada a R$ 3,926). O fato de a sonhática Marina Silva aparecer ora em terceiro, ora em segundo lugar também não ajuda em nada, e nem Henrique Meirelles nem Geraldo Alckmin — que, se estivessem melhor colocados, acalmariam o mercado — parecem ter chances reais de chegar ao segundo turno.

Seja como for, a menos que se dê uma inconcebível — mas não impossível, que isto aqui é Brasil — reviravolta no cenário político-jurídico, Lula é carta fora do baralho, digam o que disserem os petralhas e sua militância atávica. O petralha, que também não é bem visto pelo mercado financeiro, está cumprindo pena e é réu em mais 6 ações criminais — duas das quais tramitam na 13ª Vara Federal, em Curitiba, e se não fossem os recorrentes pedidos de perícias, diligências e outras chicanas,  já teria sido sentenciado no processo que trata da cobertura em São Bernardo do Campo e do terreno comprado pela Odebrecht para sediar o folclórico Instituto Lula. Isso sem mencionar o sítio de Atibaia, cuja ação também está sob a pena do juiz Moro (os demais tramitam na Justiça Federal do DF, onde, a exemplo do que ocorre no STF, avançam a passo de tartaruga).   

Por essas e outras, para o dólar romper a barreira psicológica dos R$ 4 é o BACEN voltar a subir a taxa básica de juros é mera questão de tempo. Espera-se que, já na próxima reunião, o COPOM eleve a Selic em meio ponto percentual. Todavia, o uso da política monetária para conter o avanço do câmbio em vez de para controlar a inflação (que está baixa devido à recessão), o mercado pode interpretar a alta dos juros como um sinal de que o Banco Central está receoso em relação ao câmbio, e isso é tudo de que o governo não precisa neste momento.

Some-se a isso o fato de o Congresso estar parado, de reformas importantes — como a fiscal e a da Previdência — não avançarem, junte a demissão de Pedro Parente da presidência da Petrobras e veja como o molho desanda facilmente.

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quarta-feira, 23 de maio de 2018

MICHEL TEMER E O BRASIL QUE VOLTOU 20 ANOS EM 2



Com João Santana e Mônica Moura indisponíveis temporariamente, o presidente Temer encomendou a Edinho Mouco um slogan alusivo ao segundo aniversário do seu governo.

Ao buscar inspiração no bordão de Juscelino Kubitschek ― “50 ANOS E EM 5” ―, o marqueteiro chapa-branca saiu-se com o “O BRASIL VOLTOU, 20 ANOS EM 2”, sem atentar para o fato de que a quase insignificância da vírgula, perdida no meio da sentença, produziria o efeito contrário ao pretendido, ou seja, não passaria a ideia de avanço, mas de retrocesso.

O "samba do marqueteiro doido" foi mais um prego no caixão de um governo moribundo, comandado por um Zumbi que ainda fala (ou falava) em disputar a reeleição.

Não se nega que o país melhorou com a deposição da anta vermelha ― que no final de 2015 era uma presidente encurralada, sem autoridade, sem nexo e sem respeito. Nem tampouco que a PEC do teto dos gastos e a reforma Trabalhista foram conquistas importantes. Mas faltou a Previdência, cuja reforma foi adiada sucessivamente porque o governo não tinha (e não tem) cacife político para aprová-la, sobretudo em ano eleitoral. Sem alternativa, Temer mudou de estratégia e decretou a intervenção militar no Rio de Janeiro ― onde os moradores já não são chamados de habitantes, mas de sobreviventes ―, e a PEC da Previdência foi mandada para as calendas, para o espaço, para a ponte que partiu.

Observação: Em 2015, tínhamos também um presidente da Câmara descrito como homem de poderes sobrenaturais (que não o livraram da cassação e da cadeia), um vice-presidente decorativo e um ex-presidente que posava de gênio da política, sempre prestes a “virar o jogo” mediante conchavos milagrosos (e que hoje responde a 7 ações criminais e está cumprindo pena em Curitiba).

Depois que o vice decorativo passou a titular, a economia deu sinais de recuperação: a inflação e a taxa básica de juros recuaram, os índices de desemprego pararam de crescer e reformas importantes para o país começaram a avançar. Mas o tal ministério de notáveis se revelou uma quadrilha de corruptos, e o presidente reformista dos primeiros meses foi abatido em seu voo de galinha por Joesley Batista. O resto é história recente.

Os “sucessos” alcançados nestes dois anos de governo não são tão expressivos quanto a propaganda oficial quer fazer crer. Dentre os alegados ganhos (clique aqui para conferir a lista completa), destacam-se a retoma do crescimento do PIB, a redução da inflação, a liberação das contas inativas do FGTS, a antecipação do saque do PIS-PASEP, a reversão da escalada do desemprego, a Bolsa Família com fila de espera zerada, e por aí vai. Mas os fatos são teimosos e insistem em desautorizar versões mais tendenciosas. Senão, vejamos:

Após terminar 2017 com alta de 1%, o PIB voltou a apresentar retração, puxado pelo mau desempenho da indústria e do setor de serviços;
 Depois de recuar no final de 2017, a taxa de desocupação cresceu 1,3% no primeiro trimestre deste ano, elevando o número de desempregados a 13,7 milhões;
― A despeito dos juros mais baixos e da melhora na oferta de crédito, a construção civil continua patinando (a capacidade ociosa no ramo beira os 40%);
― A indústria também apresenta retração: o fechamento do primeiro trimestre acuou queda de 0,1%, contrariando as expectativas, que eram de 0,5% de alta;
― O setor de serviços, que representa 70% do PIB, caiu 1,5% no primeiro trimestre de 2018 (em comparação com o mesmo período do ano passado);
― Até o ramo de transportes, que costumava ter bom desempenho em períodos de crise, recuou 0,8% no trimestre ― o pior resultado da série histórica.
― Os endividados no Brasil somam, hoje, um recorde de 61,2 milhões, segundo a SERASA ― a principal razão é a inadimplência no cartão de crédito.

Como desgraça pouca é bobagem, Temer deve ser alvo de uma terceira denúncia. E desta vez a balela de revanchismo não cola mais ― se é que algum dia colou ―, pois Raquel Dodge foi escolhida pelo próprio presidente para substituir Janot no comando da PGR

José Yunes, ex-assessor e amigo de Temer há mais de 40 anos, e o coronel PM reformado João Batista Lima Filho, que está mais para laranja do que para lima, respondem a ação penal por participar da organização criminosa que atuava na CEF e em outros órgãos públicos. Eles foram presos no dia 29 de março por ordem do ministro-relator do caso, Luís Roberto Barroso (e libertados na madrugada do dia 1º de abril, depois de prestarem depoimento). 

O ex-assessor presidencial Rodrigo Rocha Loures o “homem da mala” ― virou réu no final do ano passado e acabou em cana. Geddel Vieira Lima, unha e carne com o presidente, também foi parar na cadeia depois que a PF encontrou R$ 51 milhões em dinheiro vivo no apartamento que ele usava como “bunker” ― semanas atrás, o gorducho virou réu no STF por lavagem de dinheiro e associação criminosa, juntamente com o irmão, o deputado Lúcio Vieira Lima, e a mamãe metralha, dona Marluce.

Uma das filhas de Temer afirmou, em depoimento, que não guardou os recibos da obra de R$ 700 mil realizada em sua casa, que não se lembra do nome das empresas contratadas e que, a mando de seu pai, procurou o coronel Lima (sempre ele), para acompanhar a reforma.

Observação: O coronel Lima é uma espécie de faz tudo de Temer há 4 décadas, e há quase 2 anos evita prestar depoimento. “Muito doente”, o militar reformado entrou de cadeira de rodas na carceragem da PF e se negou a falar, mas saiu de lá andando normalmente ― e debaixo de chuva.

O depoimento da filhota Maristela pode não ter incriminado o papai Michel, mas não afastou as suspeitas que pesam sobre ele. É por isso, mas não só, que o emedebista desistiu de se candidatar à reeleição (aliás, com míseros 7% de aprovação popular, concorrer seria uma temeridade).

Falando em eleições, a cinco meses do pleito o cenário continua nebuloso: sobram candidatos, mas falta estímulo para o eleitorado (mais de 40% dos pesquisados se dizem indecisos ou propensos a votar em branco ou anular o voto). A polarização da política resultou na descrença generalizada em relação aos políticos e abriu espaço para “outsiders”, que o eleitor vê como tábua de salvação e se agarra a ela, mas afunda na primeira onda.

Mais detalhes na próxima postagem.

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sexta-feira, 26 de setembro de 2014

FIM DO SUPORTE ESTENDIDO PARA O WINDOWS 7 E SERVER 2008 - CENÁRIO POLÍTICO TUPINIQUIM / ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS 2014

HOPING FOR THE BEST BUT EXPECTING THE WORST

A Microsoft estabelece um “ciclo de vida” para seus produtos (para mais informações, clique aqui) e, como você pode conferir na página de suporte, o Seven e o Windows Server 2008 terão seu suporte básico suspenso daqui a menos de 4 meses (em 13 de janeiro de 2015, para ser mais exato).
Note que, a partir da data supra mencionada, esses sistemas ingressarão na fase de suporte estendido (que dura geralmente 5 anos) e continuarão recebendo correções de bugs e atualizações de segurança, de maneira que você pode continuar utilizando-os tranquilamente.
Passemos agora a algumas considerações sobre o cenário político nacional.

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A poucos dias das eleições 2014, os principais institutos de pesquisa continuam apontando Dilma Rousseff, Marina Silva e Aécio Neves, nessa ordem, como os candidatos à presidência com reais chances de chegar ao segundo turno. Os resultados da pesquisa do Ibope publicados na última terça-feira dão conta de que Dilma tem 38% das intenções de voto, Marina, 29%, e Aécio, 19% (note que, antes do acidente que tirou do Eduardo Campos do páreo, o candidato tucano vinha se mantendo em segundo lugar). Já nas três simulações para a fase final, Dilma e Marina empatam com 41%; Dilma vence Aécio por 46% a 35%; Marina bate o tucano por 44% a 31%.

Observação: Não custa nada lembrar que o Brasil tem quase 142 milhões de eleitores e 5.570 municípios. Em São Paulo, a mesma amostragem dá conta de que Marina fica em primeiro lugar, com 32% das intenções de voto, enquanto Dilma fica em segundo, com 25%, e Aécio em terceiro, com 19%, embora ainda tenha chance de se eleger, desde que consiga cativar os indecisos e os que tencionam votar em branco ou anular o voto – aliás, sua esperança é de que tanto esses quanto os eleitores que pendem para candidatos adversários entendam que sua candidatura combina projetos e experiências executivas de amplo sucesso e oferece a maior garantia de recolocar nosso bonde nos trilhos.      

Votar é um direito que o eleitor tupiniquim é obrigado a exercer para não ser multado (o valor vai de R$ 1,06 a R$ 3,51) e impedido de tirar passaporte ou carteira de identidade, de renovar matrícula em escolas públicas, de obter empréstimos em bancos estatais, e por aí vai. Depois de três abstenções consecutivas, o título é cancelado.
Essa atitude despótica leva muitos insatisfeitos com a postura e a proposta dos políticos de plantão a votar em branco ou anular o voto. Na primeira hipótese, você demonstra indiferença ou desinteresse pela bandalheira que aí está, e assim abdica do direito de votar – ainda que seja obrigado a dar o ar da graça seu respectivo domicílio eleitoral. Já o voto nulo é uma forma de protestar, ou seja, de repudiar a qualidade, postura e plataforma dos candidatos que irão disputar o pleito.
Quando ainda não havia urnas eletrônicas, os eleitores anulavam o voto rabiscando a cédula, escrevendo palavrões ou o nome candidatos fictícios. Dentre diversos casos bizarros, o rinoceronte Cacareco foi o “candidato” a vereador paulista mais votado em 1959 (ganhou, mas não levou, evidentemente), e o Macaco Tião conquistou mais de 400 mil votos na eleição de 1988 para prefeito do Rio de Janeiro, garantindo um honroso terceiro lugar.

Observação: O voto de protesto pode ser um tiro no pé. Aliás, Pelé teria dito que “o brasileiro não sabe votar”, e foi muito criticado por isso. Hoje, no entanto, quem tem um cérebro entre as orelhas vê que o eterno Rei do Futebol estava coberto de razão. Embora não haja mais cédulas de papel onde escrever o que quer que seja, ainda é possível eleger aberrações como o palhaço Tiririca – com seu bordão “pior do que está não fica” –, que recebeu mais de um milhão de votos para deputado federal por São Paulo. E o pior é que essa dantesca figura ainda tem a cara de pau de tornar a se candidatar (assista ao vídeo a seguir)! Dentre outros bons exemplos, cito o (falecido) cardiologista acreano Enéas Carneiro, cujo tsunami de votos (1,600.000) empossou mais cinco candidatos do seu partido (PRONA) e o estilista e apresentador de TV Clodovil, igualmente eleito deputado com votação recorde, que carregou consigo mais dois candidatos inexpressivos, e outros que tais.

Talvez a democracia não seja a melhor forma de governo, mas ainda é melhor do que a melhor das ditaduras – como as de Cuba, China e Coréia do Norte, e de regimes bolivarianos, como os da Venezuela e da Argentina, onde o povo está numa merda que faz gosto. Se for para copiarmos alguém, por que não a Suécia? Com o tamanho do estado de Minas e uma população equivalente à da cidade de São Paulo, essa monarquia parlamentarista tem renda per capita cinco vezes maior do que a nossa, mas o aparato do estado é enxuto. Políticos não têm direito a carro oficial com motorista e viajam aviões de carreira. Os vereadores não recebem salário (apenas um “jeton” que fica entre 77 e 154 reais por sessão a que são obrigados a comparecer) e os deputados não tem secretárias ou assessores pagos com dinheiro público. Durante a semana, parlamentares que moram fora da capital dormem em cubículos com apenas um cômodo, e nem mesmo o primeiro ministro tem direito a empregada.
Enfim vamos deixar de sonhar e combinar que:
  • O jogo termina quando o árbitro dá o apito final. Até então, qualquer candidato tem chances, ainda que remotas, de crescer nas intenções de voto e chegar ao segundo turno. Para isso, porém, é preciso que os eleitores colaborem. Mesmo que as pesquisas sugiram que embate final será entre Dilma e Marina, nada impede que o candidato tucano vire a mesa se que o têm como a melhor opção votarem nele. Caso ele não chegue lá, aí, sim, é hora de escolher a opção “menos pior”, ou simplesmente votar em branco ou anular o voto.
  • Para votar em branco, basta pressionar a tecla correspondente (branca) e confirmar (verde); para anular o voto, é preciso teclar 00 para presidente, 000 para senador, 0000 para deputado federal, e assim por diante, lembrando sempre de, ao final, confirmar pressionando a tecla verde.
  • Votar em Dilma é perpetuar o que se tem visto desde quando o lulopetismo ascendeu ao poder, ou seja, roubalheiras e mais roubalheiras, políticos inescrupulosos e governantes desmemoriados, mentiras descaradas, negação incondicional de fatos incontestáveis (vide escândalos do Mensalão, Pasadena, Petrobrás e outros que tais) e tráfico de influência visando aliviar a pena dos condenados (haja vista as mordomias concedidas pela administração da Papuda a Dirceu, Genuíno, Delúbio e seus asseclas), até porque a maioria dos eleitores é composta de completos imbecis sustentados por planos assistenciais populistas bancados pelos cidadãos de bem que trabalham quase seis meses por ano para fazer frente à escorchante carga de impostos destinados a sustentar toda essa bandalheira.
  • Votar em (Maria Osmarina) Marina Silva (Vaz de Lima) é como pular do espeto para a brasa, a julgar pela sua origem petista e trajetória política. Como bem salientou o colunista de Veja Reinaldo Azevedo, Marina está mais para papisa de uma seita herética do que para candidata a presidente da república, e seus discursos – quando se digna a dizer alguma coisa – fazem menos sentido do os pronunciamentos que nossa atual presidente faz de improviso (e olha que isso é difícil).

De uns tempos a esta parte, parece que origem humilde (de preferência abaixo da linha de pobreza) e falta de cultura formal são condições sine qua non para alguém se eleger presidente do Brasil. Se tiver a língua presa e apenas nove dedos, tanto melhor, mas vale também dizer que “os nordestinos saem do nordeste para vir para o Brasil”, que “não sabe qual é o seu livro preferido”, e assim por diante (também para quê, se seu mentor e padrinho afirma ser preguiçoso e detestar ler?).

Observação: Bom seria que alguém de pulso (eu até botava fé no ex-ministro do STF Joaquim Barbosa) moralizasse essa putaria franciscana e depusesse as raposas da condição de guardiãs do galinheiro, extinguisse a obrigatoriedade do voto e anacrônica propaganda eleitoral obrigatória, reduzisse o número de partidos políticos para três ou quatro, no máximo, e criasse uma espécie de exame vestibular para avaliar os candidatos aos cargos de vereador, deputado, senador e presidente (dependendo da nota de corte, sobrariam cadeiras vagas a cada escrutínio).

Finalizando, concito meus leitores a votar com responsabilidade e de acordo com suas consciências, lembrando sempre que os candidatos ora eleitos nos assombrarão pelos próximos quatro anos. Na dúvida, pressione a tecla branca ou anule seu voto. Ter um cérebro entre as orelhas e não ter preguiça de pensar não desmerece quem quer que seja. Triste é ver gente que a gente admira compactuar com toda essa hipocrisia (palhaçada? trapaça, ignomínia?), contribuindo, quem sabe, para um continuísmo que pode transmudar pobre país numa paródia da Venezuela. A Argentina já está quase lá. Mas se Deus é brasileiro, como dizem, Ele há de esperar eu fazer as malas e me dar uma carona quando, sabiamente, der o fora daqui.

Passemos agora à nossa tradicional piadinha de final de semana:

Dois amigos conversavam, quando, depois do segundo, terceiro, quarto uísque, Carlos declarou:
- Sabe Beto, descobri uns lances estranhos e acabei com tudo, quase deu morte. Tô na fase da divisão dos bens. Separação é foda!
- Pô, cara, é foda mesmo...
- Tô meio puto, mas agora vou organizar eu mesmo a minha vida, e de forma diferente.
- Mas, Carlos, sabe de uma coisa? Sou seu amigo e agora posso dizer: foi bem melhor mesmo. Tua mulher tava dando pra todo mundo e os caras que estavam comendo diziam que ela é mais vagabunda que a imperatriz Teodósia de Bizâncio, aquela que gostava de ser comida por três escravos núbios ao mesmo tempo.
- Porra Beto, mas eu me separei foi do meu sócio!
Silêncio sepulcral... 

Assistam ao vídeo a seguir e tenham todos um excelente final de semana.