A Microsoft introduziu a Barra de Tarefas no Win95, quando o programa deixou de ser mera interface gráfica baseada no DOS e passou à condição de sistema operacional autônomo (ou quase isso). Por padrão, ela ocupa a borda inferior da tela, embora possa ser reposicionada na parte superior ou nas laterais ― basta dar um clique direito sobre uma área vazia da barra, desmarcar a opção “Bloquear a barra de tarefas” e arrastá-la até a posição desejada.

Além de dar acesso ao Menu Iniciar, a Barra de Tarefas reúne ícones de aplicativos para lançamento rápido (que podem ser configurados a gosto do usuário) e exibe botões que facilitam o gerenciamento dos arquivos em execução, a área de notificação e o relógio do sistema. No entanto, o espaço que ela ocupa pode fazer falta quando se está lendo ou editando um arquivo que não cabe inteiro na tela, por exemplo (notadamente em notebooks ou com monitores de vídeo de pequenas dimensões).

Felizmente, é possível “recuperar” esse espaço sem abrir mão dessas funcionalidades. Para isso, dê um clique direito sobre um ponto vazio da barra, selecione Propriedades e, com a aba Barra de Tarefas em destaque, marque a caixinha ao lado de Ocultar automaticamente a barra de tarefas, clique em Aplicar e confirme em OK. A partir de então, a barra permanecerá invisível, mas voltará a ser exibida assim que você mover o cursor do mouse até a borda inferior da tela.

Curiosamente, o ajuste em questão pode se tornar inócuo de uma hora para outra, fazendo com que a barra deixe de se esconder. Aí você revê as configurações e vê que a opção respectiva continua marcada; refaz os ajustes e... nada. Ela recusa teimosamente a desaparecer.

Via de regra, basta reiniciar o computador para tudo voltar a ser como antes no Quartel de Abrantes, mas isso exige salvar os trabalhos, fechar os programas e encerrar o Windows, o que pode ser um problema quando se está no meio de uma tarefa importante. A boa notícia é que há duas maneiras simples de recuperar a "invisibilidade" da barra sem essa trabalheira, como veremos na próxima postagem. Não deixe de conferir.



QUE JUSTIÇA É ESSA?

Numa sessão qualquer de uma dessas comissões da Câmara dos Deputados em que pouca gente fala, pouca gente escuta e quase ninguém presta atenção, o parlamentar gaúcho Nelson Marchezan Junior revelou que a Justiça do Trabalho deu aos trabalhadores que a ela recorreram no ano passado um total de 8 bilhões de reais em benefícios, gastando, no mesmo período, 17 bilhões com suas próprias despesas de funcionamento.

Com esse fato estarrecedor, J.R. Guzzo inicia sua coluna na edição #2502 de Veja, e conclui dizendo que se pode querer que nenhuma mudança seja feita nisso aí, achar que esse sistema, tal como está, é uma conquista social, mas não se pode querer que um negócio desses funcione. Faz sentido. Vejamos isso melhor.

Pelo cálculo de Marchezan, se a JT consome em um ano o dobro do que concede em ganhos de causa aos trabalhadores que recorrem a ela, melhor seria não existir: bastaria o poder público tirar a cada ano 8 bilhões do Orçamento e distribuí-los diretamente aos reclamantes ― que ficariam tão satisfeitos quanto estão, enquanto as empresas reduziriam a zero seus custos nesse item e o Erário gastaria metade do que está gastando atualmente.

Essa “justiça especializada” foi criada em 1941, durante o assim chamado Estado Novo, por influência do crescimento da classe média e do operariado urbano em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, para vender a ideia de que, com ela, “os desfavorecidos deixariam de depender unicamente da boa vontade dos mais abastados”. Enfim, uma “generosidade descompromissada” de Getúlio Vargas que o ajudaria a prologar sua permanência no poder, que se tornaria mais adiante uma jabuticaba tupiniquim sem paradigma em país algum do mundo, até porque não faz o menor sentido consumir duas unidades para produzir uma. Afinal, que justiça existe em gastar 17 bilhões de reais de dinheiro público ― não “do governo”, mas seu, meu e de todos os contribuintes ― para gerar 8 bilhões?

Hoje, a Justiça trabalhista é acessível somente a do 40% da população economicamente ativa (os 60% restantes não tem carteira assinada). Ela não cria empregos, nem salários, aumentos ou promoções; antes pelo contrário: encarece de tal forma o emprego que se tornou a principal causa de desestímulo à contratação de funcionários. Para piora, a JT consome 90% de seu orçamento com o salário de 3.500 juízes, mais os desembargadores das 24 Regiões, mais os ministros do TST (Tribunal Superior do Trabalho), sem falar nos carros com motoristas e outras mordomias. Em síntese, trata-se uma das espetaculares extravagâncias do Brasil ― e mais uma demonstração concreta, dentre tantas outras, da facilidade extrema de conviver com os absurdos que existem na sociedade brasileira.

Outro exemplo: O STF (Supremo Tribunal Federal), com apenas 11 ministros, tem 3.000 funcionários ― quase 300 para cada ministro!  Mas não é só: o brasileiro paga mais 1 bilhão de reais por ano para ser assistido por um “Tribunal da Cidadania” ― o STJ (Superior Tribunal de Justiça), com 33 ministros e quase 5.000 funcionários, aí incluídos os terceirizados e estagiários, e capaz de torrar 2/3 do seu orçamento com a folha de pessoal. Um órgão público de utilidade duvidosa, mas que consome 25 milhões de reais, num ano, em alimentação para funcionários, paga de 400 mil a 600 mil reais de remuneração mensal a seus ministros aposentados e tem na folha de pagamento repórteres fotográficos, auxiliares de educação infantil e até “juazeiros” ― aliás, o que seria um juazeiro?

Em tempo de crise, toda economia racional é bem-vinda, mas não para nossos ínclitos parlamentares: recentemente, o Senado resolveu contratar por 12 meses, a um custo aproximado de R$ 263 mil, uma empresa para prestar serviços de bufê em eventos no Congresso ou na residência oficial do seu presidente  ― ele mesmo, Renan Calheiros, o segundo nome linha sucessória da presidência da República (como estamos sem vice, na ausência de Temer quem assume é o presidente da Câmara, e no impedimento deste, o presidente do Senado). Renan, vale lembrar, é investigado em pelo menos 11 inquéritos que tramitam no STF, e dias atrás se indispôs com o Judiciário ao chamar de “juizeco” o magistrado Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara da Justiça Federal de Brasília, que autorizou a prisão de quatro policiais legislativos. 

A ministra Cármen Lúcia, atual presidente do Supremo, rebateu as críticas do senador alagoano dizendo que “onde um juiz for destratado, eu também sou”, e, ato contínuo, agendou para esta quinta-feira, 3, o julgamento de uma ação que pode vir a complicar a vida de Renan. Nessa sessão plenária, a Corte analisará uma arguição de descumprimento de preceito fundamental (ADPF), na qual o partido Rede Sustentabilidade argumenta que o Presidente da República não pode, no exercício das suas funções, responder a ações penais por crimes comuns. A ação foi ajuizada em maio deste ano, quando o então presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, já era réu em ação penal perante o Supremo ― que decidiu por unanimidade suspender seu mandato e afastá-lo da presidência da Casa. O mérito da ação, contudo, nunca foi analisado: a corte apenas referendou liminar concedida pelo ministro Teori Zavascki diante de pedido feito pela PGR.

Renan ainda não é réu em nenhuma ação penal no Supremo, mas no dia 4 de outubro o ministro Edson Fachin liberou para julgamento uma denúncia da PGR contra ele, por suspeitas de apresentar emendas que beneficiariam a Construtora Mendes Júnior em troca do pagamento de despesas pessoais da jornalista Monica Veloso, com quem o senador mantinha relacionamento extraconjugal. Caso o plenário do STF aceite a denúncia da PGR, Renan se tornará réu e responderá a uma ação penal por peculato, falsidade ideológica e uso de documento falso.

Na ação proposta pela Rede Sustentabilidade, o Supremo definirá se é viável que parlamentar que responde a processo criminal perante a Corte ocupe cargo que, por especial designação constitucional, lhe confere a atribuição de ser substituto eventual do Presidente da República. Vamos aguardar o resultado.
(Com Estadão Conteúdo)

Confira minhas atualizações diárias sobre política em www.cenario-politico-tupiniquim.link.blog.br/