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segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

DE VOLTA AOS NO-BREAKS — TERCEIRA PARTE


O VERDADEIRO INIMIGO DA DEMOCRACIA É A IGNORÂNCIA, E O ÚNICO CAMINHO PARA COMBATÊ-LO É O CONHECIMENTO. 

Um no-break que se preze deve neutralizar os distúrbios da rede elétrica (e por isso devemos dar preferência a modelos online ou offline interativos, como explicado no post anterior) e alimentar a parafernália que desejamos manter funcionando durante um apagão na rede elétrica. Portanto, além da tecnologia e do preço, precisamos levar em conta a potência do dispositivo de segurança e o consumo dos aparelhos que queremos proteger (PC, monitor, HDD externo, modem, roteador, etc.).

Por padrão, a capacidade dos no-breaks é expressa em VA e o consumo dos aparelhos, em W (clique aqui para mais detalhes). Para fazer a conversão que permite a comparação direta, em watts, devemos multiplicar o valor em volt-ampère pelo fator de potência impresso na etiqueta do no-break (que na maioria dos casos fica entre 0.6 e 0.7).

Observação: Um monitor LCD consome entre 17 W e 30 W, dependendo do modelo. Já o consumo do PC varia de 250 W a 550 W, dependendo da configuração de hardware (processador, placa gráfica, drives de HD e mídia óptica, quantidade de ventoinhas, etc.) e das tarefas que ele estiver executando. Se a máquina estiver ociosa, o consumo será bem menor do que ao rodar um game ou um programa de editoração de vídeo, por exemplo (para fazer os cálculos mais facilmente, use a calculadora online da OuterVison).

Além da capacidade, devemos levar em conta a autonomia do no-break. Claro que o tempo durante o qual ele manterá os aparelhos funcionando será tanto menor quanto maior for a carga dos aparelhos, mas 15 minutos são mais que suficientes para fechar os arquivos e aplicativos, encerrar o Windows e desligar o computador. Quem quiser continuar operando o computador até que o fornecimento de energia seja restabelecido pela concessionária deve aliar ao no-break um gerador, mas isso já é outra conversa. 

Amanhã a gente conclui. Até lá.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

TEMPESTADES DE VERÃO, PERIGOS, ETC. — QUARTA PARTE


HISTÓRIA NÃO É NADA. IMPORTANTE MESMO É A LENDA.

Como dizia meu avô, prevenir acidentes é dever de todos. Daí ser recomendável, na iminência de uma tempestade com raios, você desplugar da tomada os aparelhos mais sensíveis (ou mesmo desligar a chave geral do quadro de força) e religá-los somente depois que a tempestade passar e o fornecimento de energia se estabilizar. Como cautela e canja de galinha não fazem mal a ninguém, mantenha distância de grades metálicas (como as que protegem portas e janelas), deixe para tomar banho mais tarde (mesmo que o chuveiro seja a gás) e use o celular em vez do telefone fixo (a menos que o aparelho seja sem fio).

Céu escuro, nuvens negras, sensação de leve formigamento na pele e pelos eriçados nos braços são indícios de tempestade elétrica. Mas uma das vantagens de viver no século XXI é poder usar e abusar da tecnologia. Portanto, se você mora num dos 645 municípios do estado de São Paulo, mande um SMS com o CEP de sua residência (ou de outro local do seu interesse) para o número 40199 e a Defesa Civil lhe enviará um alerta, também por SMS, sempre que houver previsão de temporais na sua região. O serviço é gratuito e funciona direitinho.

Prejuízos causados por distúrbios elétricos são passíveis de indenização, desde que o usuário formalize a reclamação no prazo de 90 dias. Feito isso, a concessionária terá 10 dias para examinar o bem danificado, mais 15 para decidir se o pedido é procedente e outros 20 para efetuar o ressarcimento. Se a reclamação não for atendida, ainda é possível recorrer ao Procon ou a um Juizado Especial Cível (tribunal de pequenas causas).

Observação: Sorvetes, congelados e outros perecíveis que porventura se deteriorem em decorrência de falta de energia por um período prolongado também são indenizáveis, pois a Resolução nº 414/2010 da ANEEL estabelece que, em caso da suspensão do fornecimento, o religamento deve ser feito em até 4 horas na área urbana e 8 na rural (note que isso não vale para desligamentos por falta de pagamento).

Por se concentrarem em pontos isolados, as tempestades de verão, mesmo sendo de curta duração, têm potencial para causar alagamentos, e os raios e rajadas de vento que as antecedem ou acompanham podem pôr em risco a integridade física (ou mesmo a vida) de quem é apanhado no lugar errado na hora errada. Portando, estando em campo aberto, evite manusear objetos metálicos longos — como tripés, guarda-chuvas e assemelhados — e jamais se abrigue sob árvores isoladas (em grupo, elas não atraem raios). Se não houver uma estrutura de alvenaria nas proximidades, agache-se e mantenha os pés juntos — os raios se espalham de forma concêntrica; se você mantiver as pernas afastadas, a diferença de potencial entre seus pés permitirá a passagem da corrente pelo seu corpo. Mas note que, se o temporal desabar quando você estiver tomando banho de  mar, de piscina, de lago ou de rio, saia da água e procure abrigo imediatamente.

ObservaçãoEngana-se quem pensa que raios não caem duas vezes no mesmo lugar. A rigor, eles costumam “repetir” um local quando há condições de atração — como é caso do Cristo Redentor, no morro do Corcovado (Rio de Janeiro), que é atingido seis vezes ao ano, em média.

Na rua, sempre haverá uma padaria, farmácia, boteco, mercado ou outro estabelecimento onde se abrigar. Na impossibilidade, procure ao menos manter distância de árvores, postes, quiosques e objetos metálicos grandes e expostos (como tratores, escadas, cercas de arame, etc.). Tenha em mente que o tempo é imprevisível (que o digam os meteorologistas), mas as tempestades de verão tendem a cair do meio para o final da tarde, depois que a temperatura atinge seu ápice. Então, se você puder agendar seus compromissos para outros horários, faça-o. Sem embargo das dicas de como proceder, no trânsito, durante um temporal (assunto dos próximos capítulos), permanecer em casa ou no escritório durante essas intempéries é a atitude mais sensata.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

TEMPESTADES DE VERÃO — TERCEIRA PARTE (SOBRE ESTABILIZADORES DE TENSÃO E NOBREAKS)


OS INFINITAMENTE PEQUENOS TEM UM ORGULHO INFINITAMENTE GRANDE.

Como eu dizia no capítulo anterior, filtros de linha não filtram coisa alguma, pois não passam de benjamins providos de fusíveis ou LEDs que fazes as vezes de varistor. Para proteger seus eletroeletrônicos dos distúrbios da rede elétrica, use um nobreak. 

Um estabilizador de tensão custa mais barato e também quebra o galho, pois é capaz de “compensar” as variações de tensão da rede (para mais ou para menos). Mas, volto a insistir, um pico de energia de grande amplitude pode burlar a proteção de seus varistores e atingir os aparelhos que eles deveriam proteger.

Ao escolher um estabilizador, assegure-se de que ele seja certificado pelo INMETRO. Todos oferecem proteção contra surtos de tensão, naturalmente, mas alguns incluem recursos como desligamento automático (destinado a proteger os eletroeletrônicos se um pico de energia superar a tensão máxima de operação), proteção térmica adicional contra sobrecarga, aumento da faixa de tensão de entrada (45% em redes 110~127 V e 40% em 220 V) e sensor de potência (que desliga o estabilizador no caso de os equipamentos superarem sua capacidade de proteção).

Sabemos que nem tudo que é caro é bom, mas que o que é bom geralmente custa mais caro. Assim, o preço do estabilizador costuma pode ser um bom indicativo, mas seu peso também deve ser levado em conta (modelos que contam com mais componentes internos são mais pesados e, em tese, mais eficazes). Mas mesmo o melhor estabilizador deixará você na mão durante um apagão (ocorrência bastante comum durante tempestades de versão), pois não conta com baterias que alimentam o PC e os periféricos até que você os possa desligar com segurança.

Ao escolher um nobreak, prefira o tipo online — também conhecido como UPS (sigla de Uninterruptible Power Suply), que integra um retificador, um inversor e um banco de baterias. O bloco retificador “corrige” a rede elétrica e carrega as baterias, e a tensão, uma vez retificada, alimenta o bloco inversor, cuja função é alternar a tensão novamente para a carga. Quando há energia na tomada, o banco é mantido sob carga lenta, e o computador e demais periféricos são alimentados via inversor; quando não há, as baterias alimentam a carga também via inversor. Como a tensão é retificada e filtrada logo na entrada e a alimentação, provida através do circuito inversor, o dispositivo consegue eliminar a maioria dos distúrbios da rede elétrica, pois as baterias funcionam como um grande capacitor.

A autônomia do nobreak (que corresponde ao tempo durante o qual ele é capaz de alimentar o PC quando o fornecimento de energia da rede elétrica é interrompido) é um dos fatores determinantes do seu preço. De modo geral, 15 minutos são suficientes para você terminar o que está fazendo, fechar os arquivos e aplicativos, encerrar o Windows e desligar o computador da maneira adequada. Mas há modelos que mantêm tudo funcionado por horas a fio (dependendo da quantidade de energia exigida pelo conjunto de aparelhos ligados ao dispositivo, naturalmente).

Observação: Nobreaks offline custam menos do que os UPS, mas proveem proteção eficiente apenas quando não há energia na tomada (situação em que o computador e os periféricos são alimentados diretamente pelas baterias). Se puder, evite esses modelos. Se não puder... bem, é sempre melhor pingar do que secar.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2019

TEMPESTADES DE VERÃO E OS PERIGOS QUE ELAS PODEM ACARRETAR — CONTINUAÇÃO


O SOL QUE DESPONTA TEM QUE ANOITECER.

Como vimos no post anterior, o melhor a fazer quando uma tempestade elétrica se avizinha é desligar a chave geral do quadro de força (ou, no mínimo, desplugar das tomadas os aparelhos mais sensíveis). Mas nem sempre estamos em casa, e, quando estamos, nem sempre tomamos essas providências a tempo, daí ser importante dispor de um nobreak ou de um estabilizador de tensão de boa qualidade, que oferecem proteção responsável contra os famigerados distúrbios da rede elétrica (os também famigerados filtro de linha custam mais barato e podem ser encontrados em qualquer casa de ferragem ou hipermercado, mas não filtram coisa alguma e, portanto, são uma péssima péssima escolha, como veremos melhor mais adiante).

Chamamos subtensão transitória a uma queda de tensão inferior a 10% da tensão nominal da rede e com duração igual ou inferior a 4 ciclos. Esse fenômeno pode ocorrer tanto por culpa da concessionária de energia quanto da instalação elétrica do imóvel. Lâmpadas que “enfraquecem” momentaneamente sempre o compressor da geladeira entra em funcionamento ou quando um dispositivo elétrico é ligado em cômodo da casa, por exemplo, denunciam falta de aterramento ou fiação de bitola inadequada à demanda de energia (detalhe: ferro de passar roupas, secador de cabelos e outros utensílios vorazes não servem de parâmetro para essa avaliação).

As subtensões não transitórias (superiores a quatro ciclos e com duração de alguns minutos a muitas horas) têm basicamente as mesmas causas e sintomas das transitórias; se você notar um enfraquecimento "persistente" das lâmpadas (sobretudo em horários de pico), chame um eletricista, e caso ele não identifique problemas na fiação do imóvel, acione a concessionária de energia elétrica.

sobretensão, por sua vez, consiste na elevação (em 10% ou mais), por tempo igual ou superior a três ciclos, da tensão máxima permitida pela rede. Situação oposta às anteriores, nesta o brilho das lâmpadas aumentam de intensidade. Se a instalação estiver dentro dos padrões, especialmente o quadro de força, o problema deve ser externo e compete à concessionária de energia solucioná-lo. Mas convém checar periodicamente o estado dos fusíveis (ou disjuntores) e verificar a fixação dos cabos de energia no quadro (o afrouxamento dos parafusos é um problema comum).

Observação: Quanto às sobretensões que costumam ocorrer durante temporais com relâmpagos, vimos no post anterior que não há muito a fazer além de desligar da tomada os equipamentos mais sensíveis. Cautela e canja de galinha não fazem mal a ninguém.

Voltando aos filtros de linha, eles devem ser evitados por várias razões, a começar por não filtrarem coisa alguma. Apesar do nome, eles não passam de simples extensões (também conhecidas como "réguas"), mas é bom ter em mente que ligar dois ou mais aparelhos na mesma tomada da parede, dependendo de quanta energia cada um deles consome, é uma prática nada recomendável. A diferença entre esses "filtros" e as tais réguas está num pequeno fusível (ou um LED, conforme o modelo) que se rompe (ou funde) por efeito de um pico de energia, interrompendo a passagem da corrente elétrica. O problema é que essa interrupção nem sempre acontece com rapidez suficiente para impedir que a sobretensão alcance os aparelhos que o tal filtro deveria proteger, e aí está feita a caca.

Vale lembrar que as fontes de alimentação dos PCs operam entre 90 V e 240 V e suportam sobretensões de até 100% e subtensões de mais de 20% (quando ligadas a uma tomada de 110 V~127 V, evidentemente). Assim, a única vantagem do filtro de linha é facilitar a substituição do fusível (ou o próprio filtro), que nos varistores internos da fonte de alimentação do computador é uma tarefa mais complicada.

Continuamos na próxima postagem.

domingo, 8 de julho de 2018

O APAGÃO DO BRASIL NO CENÁRIO INTERNACIONAL


Há exatos três anos, Dilma Rousseff era recebida por Barack Obama numa inócua visita a Washington. O presidente americano recepcionava a titular de um governo inoperante, com a economia já ensaiando o profundo mergulho recessivo. A Lava-Jato avançava no pescoço do modelo de negócios criminoso adotado pela coalizão política liderada pelo PT. Dilma precisava de um “efeito bumerangue” — mostrar sucesso lá fora para repercutir positivamente aqui dentro.

Naquela ocasião, os chefes de Estado das duas maiores democracias do Ocidente (ao menos pelo critério do número de eleitores) concediam na Casa Branca uma entrevista coletiva à imprensa. Em dado momento, a jornalista Sandra Coutinho, correspondente da Globo nos EUA, levanta-se e pergunta a Dilma: “Senhora presidente, o Brasil se vê como um líder global, mas os EUA enxergam o país apenas como líder regional. Como reconciliar essas visões?”

Obama, diplomático, intercede: “Deixe-me responder parte da pergunta. Não vemos o Brasil, como potência regional, mas global”. Harry Wotton, diplomata e parlamentar inglês na virada do século 16 para o 17, definia um embaixador como “um cavalheiro honesto enviado ao exterior para mentir pelo bem de seu país”. No episódio, o presidente dos EUA não precisou viajar para mentir. Aliás, que boca tem Obama! Lembram-se de 2009, quando, durante um encontro do G20, Obama chamara Lula de “My Man”, descrevendo-o como o político mais popular da Terra?

Seja pelo critério “global”, “regional” ou ainda pelo item “liderança”, o Brasil está passando por um apagão no cenário internacional. É certo que estilos e países entram e saem de moda. Por tal lógica, hoje o Brasil está “out”. Essa derrocada começa nos governos lulopetistas e não conseguiu ser revertida por Michel Temer. Ainda que tenha se afastado de bobagens bolivarianas e outros terceiro-mundismos, baixo desempenho econômico e escândalos políticos por todos os lados inibem qualquer iniciativa de relevo. Da mesma maneira que se observou com as reformas estruturais, a reinserção do Brasil no mundo contemporâneo está congelada até janeiro do ano que vem.

Na década de 90, a Tailândia e México despontavam. Em 1997, a brutal queda na cotação da moeda tailandesa iniciou da débâcle financeira do Sudeste Asiático. A “crise tequila” de 1994, “maquiladoras” eclipsadas pela eficiência chinesa e falta de reformas estruturais esvaziaram o “milagre mexicano”. No caso brasileiro, o apagão internacional não se explica apenas pelas expectativas do mercado financeiro, muitas vezes delineadas por um imediatismo superficial. Essa perda de lustro vai além da esfera financeira e abrange três níveis das relações internacionais: o político-militar, o econômico-comercial e o normativo — o campo dos “valores”.

Na política internacional, mesmo que avançasse uma atualização do Conselho de Segurança da ONU, do qual o Brasil historicamente deseja ser membro permanente, qual seria a contribuição prática do país à segurança internacional? Hoje, em seu próprio território, 62 mil homicídios por ano superam o número de vítimas fatais em conflitos de países como Iraque, Síria, Afeganistão e Sudão.
De 2003 a 2017, o campo econômico-comercial mostra um crescimento medíocre, taxas de poupança e investimento abaixo de 20% do PIB, um Mercosul esvaziado e ausência de acordos comerciais com os eixos mais vibrantes da economia mundial.

Ruíram também os alicerces do que, durante o lulopetismo, projetava-se como “soft power” do Brasil. Sem expansão econômica significativa, não há como exportar o modelo do “Bolsa Família” como exemplo de sucesso brasileiro para África e outras regiões em desenvolvimento.
Na América Latina, a liderança brasileira estilhaçou-se moralmente. Adotamos o traço de cinismo de países que gostamos de criticar — o tal “padrão duplo” — nas crises presidenciais de Honduras e Paraguai e no apoio automático — este sim, revertido nos últimos anos — aos regimes de Venezuela e Cuba. O Brasil gastou enorme capital diplomático para elegermos diretores de organizações como a FAO e a OMC, cujas funções, por definição, têm de ser neutras em termos de interesses nacionais.

Portanto, esse eclipse não se origina apenas de pessimismo macroeconômico. O Brasil precisa ter algumas boas notícias a dar — e assim transformá-las em ativos para sua política externa. Nossa vizinha Argentina, com os EUA desengajados da América Latina e o Brasil às voltas com os seus próprios demônios, figura cada vez mais no radar chinês. Tanto que Pequim rapidamente tornou-se o segundo maior parceiro comercial de Buenos Aires.

Nós nos acostumamos a um epicentro brasileiro como algo “natural” e “automático”. Afinal de contas, somos, na região, o ator com maior população, território e economia. Não surpreende, portanto, que nós e nosso vizinhos tenhamos até agora trabalhado com um “template” em que o Brasil é o grande formulador e arquiteto de iniciativas regionais e, assim, a força-motriz do subcontinente.

Em resumo, ainda pensamos como nos idos de 1971, quando Richard Nixon disse: “Para onde o Brasil se inclinar, para lá também se inclinará toda a América Latina”. Crescendo a prosperidade brasileira, isso se refletiria na região inteira. Se, ao contrário, o Brasil estancasse em dificuldades, todos sentiriam amargos efeitos multiplicadores. Ou seja, o que fosse bom para nós seria bom para a região.

Já não é mais assim. Foi-se o tempo do Brasil como líder “natural”. O país precisará daqui em diante reconquistar protagonismo. Quando o assunto é inserção internacional, Colômbia, Peru e Chile optam por privilegiar o Pacífico. E outro caso de destaque é o Paraguai, que se movimenta na direção oposta à do Brasil. Em contraste com a profunda recessão brasileira, o Paraguai cresceu desde 2011 à média anual de 4,5%, com desemprego de apenas 5% e inflação baixa.

Essa inflexão paraguaia é ilustrativa. Sabedor de que a legislação trabalhista no Brasil é uma areia movediça para empregados e empregadores, o Paraguai a modernizou. Em contraponto a tributos complexos e pesados no Brasil, o Paraguai os reduz e simplifica. Já que o Brasil pune os que produzem, o Paraguai os acolhe. Daí não ser estranho que, ao contrário da tendência verificada no Brasil, o Paraguai se industrializa.

O fato é que América do Sul não é mais "brasildependente". E, em termos globais, pouco oscilamos desde 2003 em nossa fatia de 2,5% do PIB mundial e dos cerca de 1% de todos o comércio internacional.

Desprovido de boa estratégia internacional e de excedentes de poder e riqueza, o século 21 tem sido para o Brasil um rosário de oportunidades perdidas. O país pouco faz para modernizar-se internamente ou adaptar-se competitivamente à globalização. Em lugar de tratados que viabilizassem maior presença de empresas brasileiras nas redes globais de produção, temos privilegiado um multilateralismo idealista no discurso e uma prática comercial protecionista. Preferimos, nos anos Lula-Dilma, abrir representações diplomáticas no Caribe e na África, mas não construímos fortes instituições de promoção comercial.

O que distancia o Brasil de um maior papel no mundo de hoje não é a falta de potencialidade, que permanece intocada, mas os erros de leitura do cenário internacional ou a inércia de sua economia e política. E — com a maiúscula exceção da Lava-Jato — seus poucos bons exemplos a irradiar no cenário internacional.

Nada disso precisa ser eterno. Governos funcionais podem restabelecer a conexão do Brasil com o mundo. Quando - e se - isso acontecer, o país perceberá que a globalização não permaneceu sentada esperando por ele. O começo do fim do apagão internacional é colocar a casa político-econômica em ordem. Para o Brasil, ou qualquer outra nação, o principal instrumento de uma boa política externa é uma melhor política interna.

Artigo do economista, diplomata e cientista social Marcos Troyjo, diretor do BRICLab da Columbia University, publicado originalmente na revista digital CRUSOÉ.

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quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

N-BREAKS, TEMPESTADES ELÉTRICAS E QUE TAIS.

A MENOR DOR EM NOSSO DEDO MÍNIMO CAUSA-NOS MAIS PREOCUPAÇÃO E INQUIETUDES DO QUE A DESTRUIÇÃO DE MILHÕES DE NOSSOS SEMELHANTES.

Curiosamente, o calor infernal que vem castigando Sampa nas últimas semanas não tem provocado as tradicionais tempestades de final de tarde, que, entra ano, sai ano, afogam meio mundo e levam de embrulho os moveis e utensílios da outra metade. Por outro lado, a se prolongar demais, essa estiagem pode impôr racionamentos de água, energia elétrica ou ambos, dependendo de onde o infeliz tupiniquim tem seu pedaço de chão.
Num mundo ideal, um pé d’água de 20 minutos todo final de tarde estaria de bom tamanho para abafar a poeira e dispersar a poluição. Já na cabeceira dos rios que alimentam nossas represas e hidrelétricas, dilúvios de levar até o Poderoso Thor (deus do travão da Mitologia Nórdica) a sair de guarda-chuva seriam bem recebidos, pelo menos até que o status quo ante se restabelecesse. Só que não vivemos num mundo ideal.
Se você costuma passar o final de semana fora – ou mesmo se ninguém fica em casa quando você vai trabalhar – habitue-se a desligar da tomada seus eletroeletrônicos mais sensíveis (computador e periféricos, rádios-relógio, telefones sem fio, televisores etc.). No caso de um apagão da rede, só religue os aparelhos depois que a energia voltar e se estabilizar, evitando sujeitá-los àqueles tradicionais picos de tensão típicos de quando o fornecimento é restabelecido.
Lembre-se também de que a maioria dos “filtros de linha” não passa de benjamins providos de varistores, que permitem alimentar diversos aparelhos usando uma única tomada (o que não é boa política), mas não filtram coisa alguma e nem oferecem proteção adequada contra distúrbios da rede elétrica ou sobretensões decorrentes de relâmpagos e assemelhados. Para proteger seu equipamento, utilize um estabilizador de tensão de boa qualidade ou, se puder, um no-break on line (os modelos off line – mais baratos – usam a energia da tomada até que um problema na rede seja detectado, e só então passam a alimentar o computador pela bateria interna).
Boa sorte a todos e até a próxima.