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quinta-feira, 13 de agosto de 2015

POR QUE REINICIAR O COMPUTADOR?

VENCE DUAS VEZES QUEM, NO MOMENTO DA VITÓRIA, VENCE A SI MESMO.

Nos primórdios da computação pessoal, Bill Gates teria dito que se a Microsoft fabricasse carros, eles custariam 25 dólares e seriam capazes de rodar 1.000 milhas com um galão de gasolina. Em defesa das montadoras, a GM asseverou que o motor dos "MS-Cars" morreria frequentemente, obrigando o motorista a descer do carro, trancar as portas, destrancá-las e tornar a dar a partida para poder seguir viagem, fazendo uma analogia jocosa com os constantes travamentos das antigas edições do Windows (clique aqui para ler a íntegra da resposta).

É certo que a coisa melhorou muito a partir do lançamento do XP, que herdou o kernel (núcleo) do Windows NT, mas isso não significa o fim das instabilidades, travamentos e aborrecimentos que tais, até porque em muitos casos a culpa nem é do sistema, mas de drivers de hardware inadequados, aplicativos mal-comportados, conflitos entre programas e assim por diante. O lado bom da história é que uma saudável reinicialização geralmente repõe o bonde nos trilhos (e o mesmo vale para celulares, smartphones, tablets, modems, roteadores, impressoras, decodificadores de TV por assinatura e dispositivos eletrônicos assemelhados).

Observação: Reiniciar o computador também é fundamental para a correta instalação de uma vasta gama de aplicativos, para o reconhecimento de novos componentes de hardware, para a validação de atualizações de software e para uma vasta gama de tarefas de manutenção.

Vamos ver a seguir por que isso ocorre, mas numa abordagem elementar, livre de detalhes técnicos que fogem ao escopo e às possibilidades desta matéria. Ao final, se pairarem dúvidas sobre o assunto, deixe um comentário e volte amanhã ou depois para ler minha resposta.

1. Alguns dos principais arquivos do sistema (dentre eles o Registro) não podem ser alterados quando o Windows está carregado, de maneira que procedimentos como os mencionados dois parágrafos atrás são validados somente após a reinicialização do computador.

2. Na hipótese de problemas meramente pontuais, reiniciar o aparelho é mais prático e rápido do que tentar descobrir as causas das anormalidades ─ aliás, se o aborrecimento não se repetir de forma contumaz, saber o que o causou é irrelevante; erros recorrentes, no entanto, devem ser investigados a fundo ─ mas isso já outra história e fica para outra vez.

3. Tanto o sistema quanto os aplicativos e arquivos que manipulamos são carregados na memória RAM. Mesmo que o Seven 64-bits seja capaz de gerenciar até 192 GB de RAM, e que máquinas top de linha tragam algo entre 6 GB e 8 GB dessa memória, ela sempre será finita. E à medida que a RAM se esvai, a memória virtual entra em ação para impedir as aborrecidas mensagens de memória insuficiente (muito comuns nas edições antigas do Windows), mas como ela é baseada no disco rígido (que é muito mais lento que a memória física), o resultado é uma significa redução do desempenho global do sistema. Então, para restabelecer o status quo ante, reinicie seu computador.

4. Qualquer programa em execução ocupa espaço na memória, mas alguns não liberam esse espaço quando são encerrados. Outros, ainda, tornam-se gulosos durante a sessão e vão se apoderando de mais e mais memória. O resultado é lentidão generalizada e, em casos extremos, travamentos com direito à exibição de uma tela azul da morte. A boa notícia é que geralmente basta reiniciar o computador para tudo voltar a ser como dantes no Quartel de Abrantes.

5. Costuma-se dizer que reinicializar frequentemente o PC reduz a vida útil do HD, embora esse componente seja dimensionado para suportar um número de ciclos liga/desliga capaz de suportar improváveis 20 reinicializações diárias por mais de seis anos. Então, muita gente prefere deixar o sistema em stand-by ou em hibernação. Ambas as alternativas são válidas, naturalmente, mas somente porque fazem a máquina "despertar" bem mais rapidamente do que um boot convencional. O problema é que prolongar uma sessão do Windows por dias a fio (mesmo que ela seja seccionada por suspensões e/ou hibernações) irá fatalmente implicar em lentidão ou instabilidades que podem levar a um crash total. Portanto, não deixe de reiniciar a máquina ao menor sinal de problemas iminentes.

Observação: Vale também fazer logoff e tornar a se logar, ou então esvaziar o cache do sistema (como vimos numa postagem publicada no último dia 23). Se o problema persistir, reinicie o computador e um abraço.

6. Conforme foi explicado em outras postagens, DLL é a sigla de Dynamic Link Library e remete a uma solução (desenvolvida pela Microsoft) mediante a qual as principais funções utilizadas pelos aplicativos são armazenadas em "bibliotecas" pré-compiladas e compartilhadas pelos executáveis. Assim, quando um programa é encerrado, os arquivos DLL que ele utiliza permanecem carregados na memória, já que existe a possibilidade de ele voltar a ser aberto ou de o usuário executar outros programas que compartilham as mesmas bibliotecas. Com o passar do tempo, no entanto, isso acarreta num desperdício significativo de RAM e, consequentemente, aumenta o uso do swap-file (arquivo de troca da memória virtual). Como a RAM é uma memória volátil ─ ou seja, capaz de reter os dados somente enquanto está energizada ─, a reinicialização "zera" os dados nela gravados e faz com que o sistema ressurja lépido e fagueiro (ou nem tanto, dependendo do tempo de uso e da execução ou não dos procedimentos de manutenção que eu sugiro regularmente aqui no Blog, mas isso também é outra história e fica para outra vez).

Resumo da ópera: Mesmo não sendo tão suscetível a crashes quanto seus antecessores, há situações que o Seven só consegue contornar mediante uma oportuna reinicialização ─ que tanto pode ser levada a efeito pelo próprio sistema quanto pelo usuário, conforme a configuração vigente. Com um pouco de sorte (e alguma oração, se você tem fé), isso fará com que o aparelho volte a funcionar normalmente.

Observação: Reiniciar um aparelho consiste basicamente em desligá-lo e tornar a ligá-lo logo em seguida. O termo reinicializar não significa exatamente a mesma coisa, mas o uso consagra a regra e não é minha intenção encompridar este texto discutindo questões semânticas. Convém ter em mente, todavia, que desligar o computador interrompe o fornecimento da energia que alimenta os circuitos da placa-mãe e demais componentes, propiciando o "esvaziamento" das memórias voláteis. Já se recorremos à opção "Reiniciar" do menu de desligamento do Windows, o intervalo entre o encerramento do sistema e o boot subseqüente pode não ser suficiente para permitir que os capacitores esgotem totalmente suas reservas de energia. Então, para não errar, desligue o computador e torne a ligá-lo depois de um ou dois minutos sempre que uma reinicialização se fizer necessária.

Boa sorte a todos e até mais ler.