segunda-feira, 20 de março de 2017

SOBRE ANEXOS E LINKS... (Parte 3)

A POLÍTICA É A CIÊNCIA DA CORRUPÇÃO.

Conforme vimos nos capítulos anteriores, qualquer email que transporte um anexo ou inclua um link clicável em seu corpo de texto deve ser visto com reservas, mesmo que supostamente provenha de um amigo, parente ou colega de trabalho ― a não ser que você tenha solicitado o envio de uma planilha a um colega, por exemplo, ou se seu cunhado ficou de lhe enviar as fotos da churrascada do último final de semana. No mais, barbas de molho. Em último caso, pegue seu poderoso smartphone e ligue (ou mande uma mensagem via WhatsApp) ao remetente do email perguntando se ele realmente lhe enviou a mensagem com o anexo/link duvidoso. De certo modo, isso descaracteriza um pouco a celeridade do Correio Eletrônico, mas, acredite, evita um bocado de dor de cabeça.

Como eu também adiantei, o phishing scam, ou phishing, ou simplesmente scam é um golpe que se vale da engenharia social ― conjunto de técnicas destinadas a explorar a inocência, a ingenuidade, a confiança ou a cobiça das pessoas – para engabelar as vítimas. Até porque os vigaristas precisam estimular de alguma maneira o destinatário da mensagem a abrir o executável malicioso ou clicar no link mal-intencionado. E criatividade não lhes falta, acredite.

Descarte imediatamente qualquer mensagem dando conta de que você ganhou na loteria, está negativado na praça, herdou uma fortuna de um ditador nigeriano, vem sendo chifrado pelo cônjuge, precisa fazer ajustes na declaração de IR ou recadastrar seus dados bancários, ou ainda que seu CPF ou Título de Eleitor será cancelado, apenas para citar os exemplos mais comuns. Lembre-se de que instituições financeiras, órgãos governamentais ou serviços de proteção ao crédito não utilizam email para esse tipo de comunicado. Até porque você dificilmente poderia ter sido sorteado num concurso para o qual não se inscreveu, e ninguém vai lhe dinheiro ou qualquer outro benefício a troco de nada ― então, deixe o tal ditador nigeriano apodrecer na cadeia até que outro trouxe lhe mande o dinheiro para a fiança.   

Saudações “genéricas” (tipo “olá”, “oi”, “caro amigo”, etc.) também indicam maracutaias, da mesma forma que erros de digitação, ortografia, gramática, concordância e frases com letras ou palavras faltando (mesmo que os vigaristas digitais venham se esmerando na redação, esses “deslizes” ajudam a burlar a fiscalização dos filtros antispam). Redobre os cuidados com banners ou janelinhas pop-up que apontem um suposto problema e se proponham a solucioná-lo para você ― como atualizar seu browser, instalar um componente qualquer para visualizar determinada página, eliminar vírus ou erros que foram identificados no seu computador, e assim por diante. Nessas circunstâncias, evite clicar “X” ou em qualquer outro botão com a inscrição “Fechar”, “Sair” ou “Cancelar”, pois isso costuma disparar a instalação do código malicioso. Experimente teclar ALT+F4 ou fechar a tab que exibe a página em questão. Se não funcionar, feche o navegador.

Observação: Para atualizar seu Windows ― providência indispensável para navegar com alguma segurança ―, configure as atualizações automáticas ou rode o Windows Update regularmente; para atualizar programas não-Microsoft, drivers de hardware e complementos como o Flash, o Java etc. (que no mais das vezes são atualizados automaticamente quando o browser é atualizado, mas enfim...), faça-o manualmente ou recorra ao UPDATE CHECKER, que avisa quando há atualizações/novas versões de aplicativos, drivers e extensões para o navegador.

Amanhã tem mais, pessoal. Abraços e até lá.

#VOLTALULA ― MAS PARA O BURACO DE COBRA DE ONDE JAMAIS DEVERIA TER SAÍDO

O ANTAGONISTA alerta para uma hashtag#voltalula ― que deve surgir em breve, de forma aparentemente espontânea, e se disseminar pelas redes sociais. E ainda que os cidadãos menos informados possam acreditar que ela realmente surgiu por acaso, trata-se, mais uma vez, da máquina da notícia petista funcionando nas redes, com a participação de uma grande empresa de comunicação de São Paulo, que já está com a campanha quase pronta.

Para aqueles que têm um par de olhos e outro de neurônios, o proselitismo bastardo, oportunista e flibusteiro de Lula, do PT e da patuleia militante não chega a surpreender. Afinal, não existem limites para quem faz de palanque até mesmo o caixão da mulher. Relembremos o que disse o Senador Ronaldo Caiado, dias depois do sepultamento da ex-primeira-dama Marisa Letícia:

Lula não tem limites em sua capacidade de ser indecoroso. Conseguiu ir além mais uma vez desse limite ao profanar a própria viuvez e ousar atribuí-la a terceiros. Se alguém pode ser responsabilizado pelo infortúnio de dona Marisa, é quem a envolveu nesse mar de delitos e que não soube (ou não quis) poupar a própria família. Ao tentar politizar – e terceirizar – um drama que ele e somente ele produziu, expõe-se ao vexame público. Fez com a família o que fez com a pátria, semeando desordem e infelicidade. E agora quer acusar a justiça, na tentativa de inverter os papéis. O réu é ele, não a justiça. Se não consegue respeitar o Brasil, deveria ao menos respeitar sua família”.

Enfim, basta acessar o Face, o Twitter e tantas outras redes sociais ― inclusive esta ― para ser submetido a um verdadeiro bombardeio de bostagens, protagonizado por esbirros vermelhos que, como falsos pastores evangélicos, buscam “ovelhas” para engrossar seus “rebanhos”, mas ― nem imaginam as pobrezinhas ― não com o propósito de salvá-las, mas sim de encaminhá-las ao matadouro, e assim engordar suas burras e apinhar de dinheiro sujo os cofres de suas espúrias seitas.
Fiquem de olho, portanto, que os primeiros sinais de mais esse desserviço à democracia e ao povo brasileiro não tardam a despontar.  

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domingo, 19 de março de 2017

O JEITO É AGUENTAR ― PUBLICADO POR J.R. GUZZO NA REVISTA EXAME

O Brasil vive no momento mais uma de suas fábulas fabulosas. Até o dia 31 de agosto de 2016, pela maior parte do que se pode ler, ver e ouvir hoje em dia, as coisas por aqui estavam uma maravilha. Tudo o que existia de melhor no mundo, dos hospitais públicos aos cursos de ensino técnico, do ritmo alucinante da distribuição de renda à iminente entrada do Brasil na Opep, estava aqui dentro ― e como consequência direta da espetacular qualidade dos governos do PT, sem paralelo no resto do planeta. Mas aí vieram o impeachment de Dilma, por falsificação das contas públicas, e sua consequente substituição pelo vice-presidente Michel Temer, em obediência escrita e inevitável ao que a Constituição manda fazer nesses casos. Pronto: nada mais deu certo neste país, e já nos primeiros minutos do novo governo ficou entendido, no universo dos formadores de opinião, que o Brasil passava a viver a pior crise de sua história ― essa mesma que está aí agora.

É verdade que no momento em que Dilma finalmente foi deposta do cargo havia entre 11 milhões e 12 milhões de desempregados no Brasil. Outra de suas realizações ― que não encontra comparação na nossa história econômica ― foi manter o país em recessão por três anos seguidos. Sob sua direção, a indústria brasileira voltou ao nível de 1940; ela, a padroeira do nacionalismo econômico e dos “campeões nacionais”, só conseguiu mesmo, na prática, construir uma montanha de sucata com as fábricas brasileiras e escolher Eike Batista, atualmente um presidiário à espera de julgamento, para ser nosso empresário-modelo. Suas obras ― e as obras do ex-presidente Lula ― são a Ferrovia Transnordestina, o desvio das águas do Rio São Francisco, a Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco (talvez a obra mais roubada do sistema solar), recordes de congestionamento nos acessos aos portos, colapso nos transportes, em escolas e em hospitais, a ruína da maior estatal brasileira, a Petrobras, e a entrega da máquina pública do Brasil a uma estratégia de corrupção sem precedentes na experiência humana. Nem se fale, até por cansaço, do governo insano que a ex-presidente impôs ao país durante anos a fio ─ e de tantas outras calamidades. Mas hoje, seis meses depois, tudo isso praticamente sumiu. É como se nunca tivessem existido Dilma, Lula, o PT e os atos de cada um deles. O problema é Michel Temer.

O novo presidente, sem dúvida, construiu com as próprias mãos a desgraça que é seu ministério ― tão ruim que, em seis meses de governo, seis ministros tiveram de ir embora, um está de licença médica, outro luta para adquirir “foro privilegiado” e dois saíram por conta própria. Jamais lhe passou pela cabeça que toda essa gente era errada para aquele momento, quando uma presidente da República acabava de ser posta na rua por chefiar um governo de ladrões ― talvez fosse errada para qualquer momento. Temer, o rei dos políticos “realistas”, dos “profissionais”, dos “operadores” etc. etc., achou, ao substituir Dilma, que estava sendo Temer. Na verdade, estava apenas querendo fazer mágica. O resultado é o que está aí.

Nada disso, porém, muda o fato de que ele é o único presidente que o Brasil tem e pode ter no momento ― e qualquer invenção para fazer as coisas de outro jeito vai tornar a situação atual muito pior do que já está. Ou alguém acredita que tirar Temer e colocar no governo um presidente escolhido em eleição indireta por ESTE CONGRESSO ― sim, este mesmo, não dá para arrumar outro ― vai melhorar alguma coisa? O quê, por exemplo? Temer e seus ministros de curtíssima duração são herança direta de Lula e do PT ― além de tudo o mais, deixaram isso também. Quem escolheu Temer para vice de Dilma? Quem viveu durante mais de dez anos no mais perfeito amor com os Renans e os Jucás, com os Geddéis, Padilhas ou Moreiras, para não falar do ex-governador Sérgio Cabral, do Rio de Janeiro?

Aguente-se, agora, até a próxima eleição.

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sábado, 18 de março de 2017

DEPOIS DA LISTA ― Por Miriam Leitão

Os políticos ficaram esperando Janot. Na última terça-feira, às cinco em ponto da tarde, saiu a notícia de que a lista do procurador-geral havia chegado ao Supremo. E agora? Primeiro, o privilégio do foro tem que ser restringido. Só nesta leva são 83 pedidos de inquérito. Segundo, o que começou na Lava-Jato vai se espalhar pelo país. Terceiro, os políticos aumentarão a pressão por leis que os protejam desse apocalipse.

A divulgação da lista interessa a muita gente. Até aos próprios atingidos. Se estão juntos, eles se sentem de certa forma protegidos. Se todos são considerados corruptos, podem argumentar que ninguém é, que tudo é culpa do sistema e que basta aprovar uma reforma política. A companhia do grupo os fortalece e por isso estão pedindo publicidade. Por outro lado, para os procuradores, sempre acusados de serem os responsáveis pelos vazamentos, é melhor que tudo seja tratado à luz do dia. O ministro Edson Fachin é que terá que decidir, mas agora, além dos 116 procuradores que trabalharam para tomar os depoimentos, dos 77 executivos da Odebrecht e dos múltiplos advogados de cada investigado, há também os que trabalham diretamente com o ministro Fachin. Impossível segurar segredo tão compartilhado.

A chegada da lista torna concreto o que vinha sendo discutido. O STF já está abarrotado de outros processos contra políticos com foro privilegiado. Essa é a segunda lista da série. A restrição do privilégio de foro é o único caminho para o Supremo continuar sendo uma corte constitucional. Se não houvesse nome algum na lista, o tribunal já teria muito trabalho com o que está lá tramitando. Para cumprir seu papel de corte que dirime dúvidas sobre a Constituição, ela não poderá ficar tão dominada pelo seu papel de tribunal criminal de políticos com a prerrogativa de serem julgados pela corte suprema. Por que tantos querem o foro? Porque o STF é mais lento, tem menos capacidade de julgar rapidamente. Se não fosse assim, os investigados iriam preferir instâncias inferiores que permitem o uso dos sucessivos recursos.

A Lava-Jato tem passado bem pelos testes de ampliação. Era Curitiba apenas e agora há focos do combate à corrupção em outras partes do país. O ex-governador Sérgio Cabral tem apenas uma ação em Curitiba, no caso do Comperj, o resto está no desdobramento muito bem-sucedido da Lava-Jato que é a Calicut. Em São Paulo, não houve o mesmo sucesso e em Brasília há novos ramos como o da Operação Greenfield. Os 211 sem prerrogativa de foro vão ajudar a espalhar ainda mais as investigações contra a corrupção.

Mas hoje o grande veio é o de Brasília, com a investigação dos políticos na PGR e no STF. Para quem acha que os 320 de ontem são um número grande demais, é bom lembrar que a “Operação Mãos Limpas”, em um par de anos, ampliou sua investigação sobre seis ex-primeiros-ministros, 500 parlamentares e milhares de administradores públicos locais. Ao crescer, caiu numa armadilha.

O professor Alberto Vanucci, da Universidade de Pisa, analisou a operação criticamente e concluiu que, pela reação dos políticos, exatamente no momento em que ela se ampliou, as punições que eram suaves passaram a ser inexistentes e abriu-se o caminho para tudo o que veio depois. Os conflitos entre os políticos e o Judiciário continuaram, e a nova força que surgiu, o ex-primeiro-ministro Berlusconi, manteve-se no poder por vários anos apesar das muitas ações por corrupção em que ele foi envolvido.

Este é, portanto, o momento de maior força e, contraditoriamente, de mais vulnerabilidade da Operação Lava-Jato. As informações entregues pela maior empreiteira do país permitiram  que a lista da PGR se ampliasse sobre 83 autoridades e políticos de diversos partidos e chegasse a 320 possíveis investigados. Os que se sentem ameaçados têm agora oficialmente um ponto em comum para se unirem, como demonstraram nos últimos dias. Tentarão, através da lei e de reação coordenada, reduzir o impacto da Lava-Jato. A Operação está tendo a coragem de expor a dimensão da corrupção, mas os atingidos pela avalanche se agarraram uns aos outros para tentar salvar o sistema do qual se beneficiaram.

(Com Álvaro Gribel)

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sexta-feira, 17 de março de 2017

SOBRE ANEXOS E LINKS... (CONTINUAÇÃO)

OS POBRES NÃO FORAM FEITOS PARA A POLÍTICA, MAS PARA SUSTENTAR OS POLÍTICOS.

Por ser o serviço mais popular na internet, o Correio Eletrônico tem um valor inestimável para a bandidagem cibernética, até porque, para a felicidade dos spammers e scammers, todo internauta que se preza tem pelo menos duas contas de email. Aliás, falando em spam ― nome que se dá às incomodativas mensagens não solicitadas, enviadas em massa e geralmente de cunho publicitário ― uma estimativa divulgada pelo portal de tecnologia Tecmundo em 2013 dá conta de que quase 150 bilhões de emails são trocados diariamente entre os 2,2 bilhões de usuários do Correio Eletrônico, e que mais da metade deles é puro junk mail.

Houve tempo em que o pouco espaço disponibilizado pelos serviços de webmail a seus usuários fazia com que o acúmulo de spam entupisse as caixas de entrada e impedisse o recebimento de mensagens importantes, mas isso começou a mudar a partir de 2004, quando o Google criou o Gmail, que concedia inicialmente 1 GB de espaço gratuito. Hoje em dia, o maior aborrecimento provocado pelo spam é a inevitável trabalheira de separar o joio do trigo e se livrar da lixaria, a não ser, naturalmente, quando a mensagem tem propósitos fraudulentos ― modalidade de ataque conhecido como phishing scam.

Via de regra, não existe risco em abrir um email de phishing, já que a maracutaia costuma estar no anexo ou em um link clicável que o cibervigarista introduz no corpo de texto da mensagem. E como ninguém é trouxa a ponto de acessar um anexo identificado como “vírus.exe” ou clicar num link que passe claramente a impressão de remeter a um site do qual o internauta sairá com uma coleção de pragas digitais na lomba, os vigaristas da era digital se valem da engenharia social para explorar a inexperiência, boa-fé, ou mesmo a ganância das vítimas.

Então, a regra é clara: Ainda que boas ferramentas de segurança sejam capazes de interceptar mensagens infectadas no instante em que elas são baixadas para o computador pelo cliente de email, jamais abra um anexo sem antes fiscalizá-lo com seu antivírus e, em caso de dúvida, obter uma segunda opinião com o serviço online gratuito VirusTotal, que realiza a varredura com 45 ferramentas de diferentes empresas de segurança.

Emails podem transportar praticamente qualquer tipo de arquivo digital, e ainda que o risco seja maior com os executáveis, vídeos, fotos e até mesmo documentos de texto (.pdf, .docx, etc.) demandam cautela. Tenha em mente que tanto o remetente da mensagem quanto o nome do arquivo e a extensão que ele exibe podem ser mascarados facilmente, e como o Windows oculta as extensões mais comuns, um hipotético arquivo Foto1.jpg pode muito bem ser Foto1.jpg.exe ― ou seja, um executável disfarçado (note que extensões como .cmd, .bat, .scr, .vbs, .ws, .doc, .xls e .ppt também oferecem riscos e, portanto, exigem cuidados redobrados).

No léxico da informática, arquivo (ou ficheiro, como se diz em Portugal) designa um conjunto de informações representado por um ícone e identificado por um nome, um ponto (.) e uma extensão formada geralmente por três ou quatro caracteres alfanuméricos. De modo geral, podemos rebatizar a maioria dos arquivos como bem entendermos, mas o mesmo não se aplica à extensão, pois é com base nela que o sistema “sabe” quais aplicativos utilizar para manipular os ditos cujos. Já os arquivos de extensão “.exe” são conhecidos como executáveis, pois costumam ser utilizados na instalação ou execução de softwares, bem como para juntar pequenos scripts ou macros em um só pacote, de modo que podem facilmente disparar a instalação de um vírus, spyware, trojan ou outro malware qualquer.

Observação: Para forçar o Windows a exibir a extensão no nome dos arquivos, abra uma pasta qualquer, clique no menu Arquivo > Opções, localize o item Ocultar extensões dos tipos de arquivos conhecidos e desmarque a caixa de verificação respectiva.

Continuamos na próxima, pessoal. Até lá.

OPERAÇÃO LAVA-JATO COMPLETA TRÊS ANOS

A maior operação contra a corrupção no Brasil completa três anos nesta sexta-feira, 17, com fôlego para impactar não somente o futuro político do país, mas também de alguns vizinhos na América Latina. Deflagrada para investigar a atividade de doleiros que usavam uma rede de postos de combustível para lavar o dinheiro proveniente do propinoduto que ficaria conhecido como Escândalo do Petrolão ― daí o nome Lava-Jato ― a operação estendeu seus tentáculos para muito além da Petrobras. Em apenas 3 anos de atividade, gerou 730 mandados de busca e apreensão, 101 de prisão temporária, 91 de preventiva e 202 de condução coercitiva. Até o fim de fevereiro, contabilizavam-se 125 condenações, totalizando 1.317 anos e 21 dias de pena por crimes envolvendo pagamento de propina de R$ 6,4 bilhões (e contando...), além de 131 pedidos de cooperação internacional, o que expôs mundialmente o monumental esquema de corrupção praticado por empreiteiras, doleiros e partidos políticos no Brasil.

A “Lista de Janot” ― fruto da “Delação do Fim do Mundo” resultante do acordo de leniência da Odebrecht com as delações individuais de 88 ex-funcionários do alto escalão da empreiteira ― elenca 83 políticos com prerrogativa de foro e outros 211 cujos processos ficarão a cargo de juízos de primeira instância, onde a tramitação é muito mais rápida do que no Supremo.

Observação: Desde o dia 6 de março de 2015, quando PGR instaurou os primeiros inquéritos para investigar políticos na Lava-Jato, STF abriu apenas cinco ações penais decorrentes das apurações. Naquele dia, 28 inquéritos foram abertos para investigar 55 políticos supostamente envolvidos no Petrolão, e de lá para cá mais 9 procedimentos de apuração foram abertos e seis, arquivados. No entanto, apenas seis foram analisadas pelo Supremo. Uma delas, contra o deputado federal Aníbal Gomes, não foi aceita. Em outras cinco, o Supremo recebeu as acusações contra Gomes, o deputado federal Nelson Meurer, a senadora Gleisi Hoffmann e os ex-deputados Eduardo Cunha e Solange Almeida. Mas isso significa que eles se tornaram réus e serão julgados. Como têm foro privilegiado, Gleisi, Meurer e Aníbal Gomes terão as sentenças assinadas no Supremo (os dois processos contra Eduardo Cunha, um deles em companhia de Solange, estão com o juiz Moro). A propósito: enquanto o STF abriu apenas cinco ações penais e não concluiu nenhuma delas, Moro finalizou 25 processos, com 123 condenados e 36 absolvidos.

Além do onipresente ex-presidente Lula, figuram na Lista de Janot sua pupila e sucessora, os ex-ministros de ambos Antonio Palocci e Guido Mantega, ícones tucanos como Aécio Neves e José Serra, os ministros Eliseu Padilha, Moreira Franco, Aloysio Nunes e Gilberto Kassab, os presidentes da Câmara Federal e do Senado, o ex-presidente da República Fernando Collor, os senadores peemedebistas Edison Lobão, Renan Calheiros, Romero Jucá, e por aí segue a vergonhosa procissão. A expectativa é que o relator da Lava-Jato no Supremo, ministro Edison Fachin, decida já nos próximos dias quais inquéritos serão autorizados e terão o sigilo será removido.

Diante do avanço das investigações e do aumento do número de prisões de políticos do quilate de Eduardo Cunha e Sergio Cabral, e de empresários como Marcelo Odebrecht e Eike Batista, os rufiões da Pátria e proxenetas do Congresso concluíram que, agora, o que está em jogo não é apenas o mandato, mas a liberdade, e passaram a urdir tramoias mirabolantes para conter os avanços da Lava-Jato, intimidar delegados, procuradores e juízes e salvar a própria pele mediante uma espúria anistia ao caixa 2 de campanha, mas uma enxurrada de protestos nas redes sociais fez com que esses merdas recuassem. Rodrigo Maia e Eunício Oliveira, presidentes da Câmara e do Senado, respectivamente, e lembrados por vários delatores da Odebrecht, posicionaram-se contrários às maracutaias tramadas à sorrelfa por seus pares, e Temer aproveitou o episódio para granjear alguma popularidade, afirmando que usará sua poderosa caneta saneadora se algo do gênero for aprovado pelo Legislativo ― promessa que tem reforçado a cada oportunidade que se lhe apresenta.

Juridicamente, os pedidos de inquérito do Procurador Geral precisam ser acatados para que se dê início a investigações que eventualmente resultarão em denúncias que, se aceitas pela Justiça, levarão a julgamentos e possíveis condenações. Politicamente, todavia, eles produzem o efeito devastador de uma sentença, emprestando ao PGR o “poder” de afastar ministros ― quem for denunciado, disse Michel Temer, será suspenso do cargo; se virar réu, será exonerado.

Fato é que a Lava-Jato chegou até onde chegou e produziu efeitos devastadores sobre os corruptos porque tem amplo apoio da população. Em um artigo, o juiz Moro escreveu [referindo-se à Operação Mãos Limpas]: “Na Itália, o constante fluxo de revelações manteve o interesse público elevado e os líderes partidários na defensiva, mas cerca de 40% dos crimes acabaram sem julgamento de mérito, e a falta de um desfecho minou o apoio popular”. Para bom entendedor...

Ah, e não deixem de assistir a este vídeo; é imperdível: https://youtu.be/0XpTJDOLg0E

E como hoje é sexta-feira:

Selecionei para vocês que curtem o bom senso de humor brasileiro, as 50 melhores piadas postadas na internet, espero que curtam e se acaso ...:

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quinta-feira, 16 de março de 2017

SEGURANÇA NUNCA É DEMAIS - SOBRE ANEXOS SUSPEITOS E LINKS MALICIOSOS

AS DUAS COBRAS NO ANEL DO MÉDICO SIGNIFICAM QUE ELE COBRA SE CURA O PACIENTE E TAMBÉM COBRA SE O PACIENTE MORRE.

O que faz de uma faca de cozinha uma arma letal é o propósito de quem a manuseia. E o mesmo raciocínio se aplica à internet, que tanto facilita a vida dos usuários “legítimos” quanto auxilia a bandidagem cibernética, proporcionando maior velocidade aos ataques e abrindo o leque de vítimas potenciais.

Nos primórdios da computação pessoal, os vírus de computador se limitavam a pregar sustos nos usuários de PCs, mas logo passaram a danificar os sistemas-alvo. Mais adiante, os “programadores do mal” passaram a usá-los para propósitos mais rebuscados, o que deu origem aos trojans, spywares e outros códigos maliciosos ― que passaram a ser chamados indistintamente de malware (de malicious software).

Pragas que infectam sistemas computacionais com o propósito de danificá-los continuam existindo, embora tenha perdido espaço para variações ainda mais preocupantes, cuja finalidade é roubar informações confidenciais dos usuários de PCs (dados de cartões de crédito, números de documentos, senhas bancárias, etc.), criar exércitos de zumbis (ou bots) para desfechar ataques DDoS, “sequestrar” arquivos importantes e cobrar resgate para sua liberação ― caso do ransomware, que vem crescendo exponencialmente nos últimos anos, como nesta postagem ― e assim por diante.

Devido a sua popularidade, o Correio Eletrônico ― criado nos anos 1970 pelo programador norte-americano Ray Tomlinson ― tornou-se o meio de transporte ideal para essas pestes, notadamente depois que o email ganhou a capacidade de transportar, como anexo, praticamente qualquer tipo de arquivo digital. Isso sem mencionar que as mensagens também são usadas para o phishing scam ― modalidade de ataque que usa a engenharia social para praticar, no meio eletrônico, a boa e velha vigarice (atire o primeiro mouse quem nunca recebeu um email, supostamente provindo de uma instituição financeira, solicitando o recadastramento de dados, sob pena de bloquear o acesso do correntista ao serviço de netbanking).

Então, gente, por mais que as dicas que eu insisto em repetir aqui no Blog sejam elementares e, digamos, “batidas”, isso não as torna menos eficientes. E é importante segui-las à risca, pois, por mais evoluídas que sejam as ferramentas de segurança digital atuais, nenhuma delas é suficientemente “idiot proof” para proteger o usuário dele mesmo. E é com isso que contam os cibervigaristas. 

Concluída esta breve ― mas oportuna ― introdução, convido o leitor a acompanhar o desdobramento desta matéria. No próximo capítulo, voltaremos à questão dos anexos maliciosos e dos links suspeitos, já que nem sempre é fácil separar o joio do trigo ― afinal, nenhum “espertinho” que pretende lhe aplicar um 171 vai escrever no corpo do email: olha, abra o anexo (ou clique no link a seguir) para que eu possa acessar remotamente o seu PC e/ou descobrir sua senha bancária e fazer uma limpa na sua conta corrente.

A CHAPA ESQUENTA, AS BATATAS ASSAM, BRASÍLIA TREME NAS BASES E LULA RONCA PROSA

Lula depôs ontem à Justiça Federal de Brasília ― além dos dois processos na 13ª Vara Federal de Curitiba, sua insolência responde a mais três ações penais figura na “Lista de Janot” divulgada ontem, juntamente com 83 políticos com prerrogativa de foro e mais duzentos e tantos que não gozam desse privilégio absurdo e, portanto, terão seus inquéritos enviados para instâncias inferiores, onde a tramitação costuma ser muito mais rápida do que no Supremo. Apenas para citar o “crème de la crème”, Lula, Dilma, Aécio, Serra, Eunício, Padilha, Kassab, Renan, Moreira, Aloysio, Palocci, Lobão, Mantega estão entre as estrelas candentes ― ou cadentes? ou decadentes? ― dessa distintíssima constelação.

Observação: Sobre os 83 pedidos de abertura de inquérito para investigar políticos citados nas delações dos 77 da Odebrecht, o procurador-geral pediu a retirada do sigilo de todo o material, sob o argumento de que é necessário promover transparência e atender ao interesse público. Mas a TV Globo já confirmou com várias fontes que a PGR solicitou ao STF a autorização para a abertura de investigações de pelo menos cinco ministros, seis senadores, um deputado e ex-integrantes dos governos Lula e Dilma, inclusive os dois ex-presidentes. As acusações, de modo geral, são de corrupção passiva, corrupção ativa, lavagem, fraude a licitação, formação de cartel e artigo 350 do Código Eleitoral, que é prestar falsas informações à Justiça Eleitoral. O ministro Edson Fachin deverá decidir nos próximos dias se os inquéritos serão autorizados e se o sigilo será removido. A propósito: é verdade que a primeira lista de Janot, de março de 2015, resultou em 28 inquéritos contra 49 autoridades, e que de lá para cá os resultados foram pífios (para dizer o mínimo). No entanto, ao contrário do que alegam os fala-merdas de plantão (e o que não faltam fala-merdas no nosso entrono), o contexto era bem outro, pois, na época, Lava-Jato era incipiente e não contava com o expressivo respaldo da opinião pública dos dias atuais. A conferir.   
  
Mesmo assim, o molusco continua roncando prosa: “Vou matar eles de raiva, porque em todas as pesquisas vou aparecer na frente”, disse o cobra-criada ― que nem soube responder quanto ganha por mês ―, visando aterrorizar que ousa enxergar o verdadeiro sacripanta por trás do farisaico pai dos pobres. Aliás, em seu primeiro depoimento na condição de réu, ontem, em Brasília, o petralha reclamou do assédio da imprensa contra ele em meio às investigações da Lava-Jato: “O senhor sabe o que é levantar todo dia achando que a imprensa está na porta da minha casa porque eu vou ser preso?", questionou o depoente ao juiz federal Ricardo Augusto Soares Leite, da 10.ª Vara Federal. O cara não muda o disco! É impressionante!

Voltando às tais pesquisas de opinião, é preciso ter em mente que elas mensuram o “humor” da população no momento em que são realizadas, sendo leviano, portanto, projetar os dados num “amanhã incerto” ― e nada mais incerto que o amanhã no caos em que se transformou o “país do futuro”. Assim, “se a eleição fosse hoje” ― e pressupondo que seus resultados sejam válidos ―, o nome de Lula até poderia se sobrepor aos demais virtuais candidatos à sucessão presidencial. Todavia, como bem ressaltou a colunista de Dora Kramer (em Veja desta semana), a eleição não é hoje, e as candidaturas de Lula, de Ciro Gomes, de Alckmin, de Marina, de Aécio e de quem mais já antecipou sua intenção de disputar a poltrona que hoje é ocupada por FrankensTemer ― que a gente nem sabe se chega até o final do mandato ― são tão consistentes quanto suflê de vento.

Com efeito, o PT investe numa miragem com base nas tais pesquisas, onde Lula aparece em primeiro lugar, mas o fato é que nem a eleição “é hoje” nem o petralha está em posição tão confortável quanto quer fazer crer. Além de ser campeão em rejeição, o dito-cujo é o único dos autodeclarados pré-candidatos que responde a processos criminais capazes de lhe subtrair não só a elegibilidade, mas também a liberdade. O que ele e os demais postulantes à vaga vêm fazendo é escrever scripts cuja validade depende de imponderáveis, simulando controle sobre uma realidade em total descontrole ― ou seja, “jogando para a plateia” para iludir o eleitorado menos esclarecido. No frigir dos ovos, a disputa, em 2018 ou antes disso, ninguém sabe como será, ou mesmo quem sobreviverá politicamente até lá.

Como se tudo isso não bastasse, o entendimento que se vem cristalizando no Supremo é no sentido de que réu em ação penal não pode ocupar a presidência da República, nem mesmo eventualmente. A propósito, vale lembrar a panaceia protagonizada pelo decano Celso de Mello, no final do ano passado, que afastou Renan Calheiros ― feito réu pelo crime de peculato ― da linha sucessória presidencial, embora tenha preservado seu mandato de senador e cargo de presidente do Senado e do Congresso. Ora, se réu não senta na cadeira de presidente, nem mesmo para cobrir uma ausência temporária do titular (vale lembrar também que, como estamos sem vice, na ausência de Michel Temer a presidência fica a cargo de, pela ordem, Rodrigo Maia, Eunício Oliveira, e Carmen Lucia (atuais presidentes da Câmara, do Senado e do STF). Pela Lei, até um preso pode ser candidato, mas, se ganhar, dificilmente será empossado. Até porque, em prosperando o entendimento retro citado, basta ser réu para estar impedido, independentemente de ter sido ou não condenado, e de a decisão de primeira instância ter sido ou não objeto de recurso.

Para bom entendedor, meia palavra basta.

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quarta-feira, 15 de março de 2017

AVAST E AVG UNIDAS EM PROL DA SEGURANÇA DIGITAL

HÁ MUITAS RAZÕES PARA DUVIDAR E UMA SÓ PARA CRER.

O “antivírus” surgiu em 1988, quando o indonésio Denny Ramdhani desenvolveu um programa que visava imunizar sistemas contra o vírus de boot paquistanês Brain, criado dois anos antes. Pouco tempo depois, a IBM lançou o primeiro programa antivírus comercial, no que foi logo seguida pela Symantec, McAfee e outras empresas de segurança digital, todas de olho no grande potencial desse segmento de mercado.

Lá pela virada do século, os antivírus gratuitos mais populares entre os internautas eram o Avast e o AVG, que, para muitos analistas, ficavam devendo bem pouco a programas pagos de outros fabricantes. Hoje, as duas equipes se juntaram para criar o que há de melhor (segundo a Avast, que adquiriu a AVG Technologies há alguns meses) em programas que visam à proteção dos dados.

De acordo com a mãe da criança (ou da filharada, melhor dizendo), a coleção de produtos Avast 2017 (Avast Free Antivírus, Avast Pro Antivírus, Avast Internet Security e Avast Premier) é a mais leve e mais bem estruturada para prover segurança contra as ameaças atuais ― que não são poucas: só no ano passado, a empresa identificou mais de 150 novas famílias de ransomwares para Windows, e seu Laboratório de Ameaças detectou mais de 28 milhões de ataques em todo o mundo. Por se tratar de um risco que aumenta a cada dia, as duas equipes se fundiram e decidiram integrar a tecnologia de análise de comportamento da AVG no que foi chamado Módulo Comportamento no Avast 2017.

A tecnologia em questão é capaz de reconhecer, em tempo real, as ações suspeitas de qualquer programa que esteja sendo executado no computador do usuário, o que faz dela uma ferramenta poderosa contra o ransomware (por identificar ameaças ainda desconhecidas através da análise do seu comportamento). Dentre vários outros aprimoramentos, vale citar o Verificador de WiFi ― como foi rebatizada a Segurança de Rede Doméstica―, que escaneia de maneira proativa as redes e os aparelhos que fazem uso delas, detectando senhas fracas, roteadores vulneráveis, conexões comprometidas ou não protegidas e oferecendo soluções fáceis de seguir para a correção dos problemas.

Por incorporar o melhor das tecnologias Avast e AVG, a rede de detecção da Avast é agora a maior do mundo, com mais de 400 milhões de aparelhos atuando como sensores para detecção em tempo (palavra do fabricante, mas que eu endosso como usuário do excelente Avast Premier). Para mais informações e download (tanto das opções pagas quanto das gratuitas), clique aqui.

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terça-feira, 14 de março de 2017

FAVORITOS E AM-DEADLINK

NINGUÉM SE CONFORMA DE JÁ TER SIDO.

Conforme navegamos pela imensidão da Web, é comum irmos parar no site do YouTube, por exemplo, embora nossa intenção original fosse cotar preços de pendrives.

Usuários mais “focados” até resistem a essa tentação e conseguem deixar tais distrações para outra hora, mas se até lá o histórico de navegação já tiver sido apagado ― coisa que, por questões de segurança, a gente deve fazer ao final de cada sessão de navegação ―, aí a porca torce o rabo.

Por conta disso, os navegadores permitem armazenar os URLs numa pasta (bookmarks ou favoritos, conforme a denominação utilizada pelo programa), e a partir dele retornar mais facilmente às páginas que despertaram nosso interesse, mas que por algum motivo não pudemos explorar naquela oportunidade. No entanto, alguns “favoritos” que salvamos podem deixar de funcionar, mudar de endereço ou simplesmente ser removidos da Web, e se mantê-los na nossa lista não faz sentido, testar os favoritos, um a um, para descobrir quais entradas não funcionam ― ou mesmo remover redundâncias desnecessárias ― é um procedimento trabalhoso e enfadonho.

A boa notícia é que o freeware AM-DeadLink facilita sobremaneira esse processo. Basta clicar neste link, baixar os arquivos de instalação, selecionar o idioma desejado (Português BR, no caso dos internautas tupiniquins), rodar a ferramenta, definir o navegador desejado (no canto superior esquerdo da janela), comandar a busca (pelo botão verde), aguardar o sinal sonoro e vasculhar a lista dos favoritos, que exibe o status de cada um deles e outras informações importantes (caminho, pasta, tipo de erro, etc.).

As entradas problemáticas são grafadas em vermelho (convém clicar em Bookmarks > Colocar Bookmarks com erro no topo da lista para facilitar a análise) e acessar os sites em questão a partir da pasta Favoritos (ou Bookmarks) do seu navegador.

Observação: Às vezes, um site deixa de responder devido a problemas momentâneos com o servidor que o hospeda; portanto, não apague a entrada sem antes tentar acessar a página novamente em outra oportunidade. Alternativamente, acesse http://www.downforeveryoneorjustme.com/, digite o URL da página que você não está conseguindo acessar na caixa de diálogo, tecle Enter (ou clique em “or just me”, tanto faz) e confira o resultado.

Para localizar entradas duplicadas, torne a clicar no menu Bookmarks e selecione “Mostrar Bookmarks duplicados”; para mais informações, consulte a ajuda do programa.

PADILHA E A JARARACA

Citado por delatores da Lava-Jato, o ministro da Casa Civil Eliseu Padilha retorna à Brasília após ser submetido a uma cirurgia de próstata no último dia 27, embora afirme que volta para trabalhar, fontes ligadas ao Planalto sinalizam que seu destino é incerto. Diz-se à boca-pequena que Temer vai cobrar explicações sobre as denúncias, e que Padilha ― um dos maiores articuladores do governo ― pode acabar se retirando de cena, talvez indefinidamente.

Para Jucá ― outro articulador importante e igualmente delatado na Lava-Jato ―, Padilha é uma peça importante do governo, e “enquanto tiver a confiança de Michel, a decisão de mantê-lo caberá a Michel”. Caju disse também “estar tranquilo” em relação à lista de Janot. Acredite quem quiser.
A posição de Temer é delicada. A volta do ministro recoloca o Planalto no palco da Lava-Jato, mas seu afastamento deixaria o presidente sem seu principal articulador ― ou, como dizem alguns, o “cérebro” do governo. O fato é que Padilha era o negociador da reforma da Previdência junto ao Congresso, e alguns caciques peemedebistas dizem até que Yunes o atacou para “blindar” Temer nas denúncias da Lava-Jato.

Na última sexta-feira, a situação se complicou: o delator José Carvalho Filho, ex-funcionário da Odebrecht, afirmou em depoimento no TSE que negociou diretamente com Padilha repasses de R$ 4 milhões para o PMDB, e que o ministro foi procurado depois de reclamações do ex-deputado Eduardo Cunha de que não recebera seu dinheiro. Segundo o depoente, Padilha deu senhas para os repasses, e a última parcela foi de R$ 500 mil.

Pelo visto, honestidade, em Brasília, é algo tão raro quanto nota de US$ 100 em bolso de pensionista da Previdência. Não é à toa que Lula, o comandante-chefe da ORCRIM segundo o Ministério Público, nem chega a corar quando se autodeclara “a alma viva mais honesta do Brasil”.

Falando no capo di tutti i capi, de tanto repetir a falácia que criou para ilaquear a boa-fé dos otários, é possível que até ele acredite em seu retorno à presidência da Banânia. Aliás, diante dessa perspectiva surreal, melhor seria devolvermos o Brasil aos silvícolas com um pedido de desculpas pelo estrago e torcermos para que espanhóis ou ingleses redescubram a terra onde “em se plantando, tudo dá” ― nada contra os portugueses, mas só é permitido errar uma vez; da segunda em diante não é erro, é burrice...

Os petistas vêm farejando uma possível prisão de Lula em maio ― mês em que o petralha deverá depor ao juiz Moro. Segundo O Globo, a militância vermelha pensa em organizar uma caravana para cercar o prédio do tribunal. O Antagonista diz que será difícil reunir muita gente, pois até lá o indigitado estará completamente desmoralizado pelos depoimentos de Emilio e Marcelo Odebrecht, Pedro Novis e Léo Pinheiro.

Lula deve depor nesta terça-feira, em Brasília ― além dos dois processos na 13ª Vara Federal de Curitiba, o petralha é réu em mais três ações penais, e outras certamente virão com os cerca de 80 pedidos de abertura de inquérito que Janot encaminhou ao ministro Fachin, respaldado nas delações dos 77 da Odebrecht. Mesmo assim, ele se reuniu com líderes do PCdoB, na semana passada, para confirmar que será candidato à presidência. “Para vocês posso dizer: eu serei candidato à Presidência da República”, publicou O Estadão.

Segundo O Antagonista, os comunas, que não são bobos nem nada, sabem que essa candidatura é mera cantilena para dormitar bovinos. O site afirma que o PCdoB “já faz previsões para se descolar do PT, lançando o governador do Maranhão, Flávio Dino, à sucessão do presidente Michel Temer”.
Neste editorial, o Estadão explicou o desespero do petralha. Destaco um trecho: “É compreensível que [Lula] queira antecipar o processo eleitoral de 2018, manifestando desde já sua disposição de concorrer uma vez mais à Presidência da República. Com tal gesto, ele evidencia o duplo desespero que o move: o medo de ser condenado e preso e o temor de ver extinto o seu partido político, afogado no mar de lama que ele mesmo criou”.

O fato é que Lula quer oficializar sua candidatura antes de ser confrontado pelo juiz Moro. Mas muita água vai rolar antes disso. Nesta semana ― em que a Lava-Jato completa 3 anos ―, Emilio Odebrecht e Pedro Novis, em depoimento no processo contra Palocci, devem explicar que o Italiano administrava a conta corrente da propina do PT e que seu chefe era Lula. Em 10 de abril, Marcelo Odebrecht será interrogado no mesmo processo, e deve dizer que, além de administrar a propina destinada ao PT, Palocci administrava também o mata-bicho destinado à Jararaca, depositado na conta corrente “Amigo”. No dia 20 [de abril], Léo Pinheiro, da OAS, deve repetir o que já disse à PGR, ou seja, que o triplex foi descontado da conta da propina do PT e que Lula sabia de tudo. Mais alguns dias e teremos acesso aos depoimentos de Alexandrino Alencar e outros delatores da Odebrecht, que vão detalhar os pagamentos para a reforma do sítio do Lula, para a compra do terreno do Instituto Lula, para a compra da cobertura do Lula, para as palestras do Lula, para o marqueteiro do Lula em países da América Latina e da África, para o filho do Lula, e por aí segue essa execrável procissão.

O petralha tem muito com que se preocupar nas próximas sete semanas. O ambicioso projeto de voltar ao Planalto deveria ser a menor dessas preocupações, até porque não faz sentido um penta-réu (em via de se tornar hexa) candidatar-se à presidência da República. Mas estamos no Brasil, que Charles de Gaulle já dizia não ser um país sério. Voltarei a esse assunto numa próxima oportunidade.

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segunda-feira, 13 de março de 2017

TRADUÇÃO EM UM CLIQUE COM O GOOGLE CHROME

EXISTEM SITUAÇÕES EM QUE ATÉ OS IDIOTAS PERDEM A MODÉSTIA.

O inglês é padrão na Web, mas a familiaridade que muitos de nós têm com o idioma do Tio Sam não vai muito além do “the book is on the table”. Felizmente, existem ferramentas, como o Google Tradutor, que traduzem palavras, frases e blocos de texto com uns poucos cliques do mouse ― e não só do inglês para o português, naturalmente, mas de mais de 100 idiomas (talvez essas traduções não sejam lá essas coisas do ponto de vista gramatical, mas é inegável que ajudam um bocado).

Enfim, a boa notícia é que usuários do Chrome podem realizar as traduções mais facilmente, com uns poucos cliques do mouse. Para tanto, basta fazer os ajustes sugeridos pelo portal de tecnologia Techtudo:

1 ― Primeiramente, você deve baixar a extensão Google Dictionary a partir do Chrome Web Store.

2 ― Depois de instalar a extensão e receber a confirmação, acesse o menu de personalização do browser, clique em Mais Ferramentas > Extensões e, na página que é exibida em seguida, vá até Google Dictionary (by Google) e clique em Opções.

3 ― Na tela seguinte, em My language, selecione Brazilian Portuguese e marque as opções Display pop-up when I double click a word e Display pop-up when I select a word or phrase. Feito isso, clique em Save e reinicie o navegador.

Agora, quando você acessar uma página internacional, basta selecionar a palavra ou o bloco de texto e cliqcar no ícone que representa o Google Dictionary, no canto superior esquerdo da barra de endereços, para visualizar instantaneamente a tradução em português.

LULA E SUA COLEÇÃO DE DERROTAS

Sem elementos sólidos para se defender da caudalosa enxurrada de denúncias envolvendo sua abjeta pessoa, o ex-presidente petralha afronta o Judiciário, rosna bazófias contra a mídia e as “zelites” e culpa o juiz Moro por todos os males do mundo, enquanto a militância acéfala reverbera suas asnices e dá asas a seus delírios de voltar ao Palácio do Planalto ― que Deus nos livre de tamanha desgraça. Todavia, a despeito da equipe de causídicos especializados em absolver culpados mediante honorários cobrados em dólares por hora, que abusam do atrevimento nas audiências e insistem em transformar casos de polícia em causas políticas, Lula vem colecionando derrotas.

Observação: Como bem lembrou Augusto Nunes em sua coluna, se a saúde financeira do Instituto Lula foi devastada pela retração dos fregueses da Lava-Jato, se o Bill Clinton de galinheiro não recebe convites para palestras desde junho de 2015, se as mediações bilionárias do camelô de empreiteiras foram prudentemente suspensas, de onde vem o dinheiro para bancar a gastança com rabulices? Aí tem...

Voltando aos revezes granjeados por sua insolência, lembro a resposta da Comissão de Direitos Humanos da ONU, que mandou-o plantar batatas, e o passa-moleque com que o brindou o juiz José Zoéga Coelho, no último dia 3, ao absolver Joice Hasselmann no processo por calúnia, injúria e difamação antes mesmo que a jornalista apresentasse sua defesa. Segundo o magistrado, “a simples leitura da queixa, tal como oferecida, já denota que os fatos ali narrados não constituem crime”, e “a evidente gravidade dos dizeres dirigidos ao querelante (Lula) mostra-se francamente proporcional à extrema gravidade dos fatos notórios, que a tempo da publicação no blog já eram de amplo conhecimento público”. Cabe recurso ao Tribunal de Justiça de São Paulo, e a renca de causídicos insaciáveis certamente não perderá a chance de faturar mais uma grana ― no que faz muito bem.

Para encerrar em grande estilo: Na última sexta-feira, a 4ª Seção do TRF da 4ª Região rejeitou por unanimidade a queixa crime movida pelo molusco contra o juiz Sergio Moro, com base na condução coercitiva do petralha para depor, em março do ano passado, bem como nos mandados de busca e apreensão de bens e na interceptação de conversas telefônicas ― aí incluída aquela em que Dilma dizia estar enviando pelo Bessias o termo da nomeação [do petralha para a Casa Civil], para Lula usar só em "caso de necessidade” (ou seja, se a PF aparecesse na sua porta com um mandado de prisão preventiva).

Observação: Essa célebre conversa originou um inquérito contra Dilma e Lula por obstrução da Justiça, e só não resultou na prisão do petralha porque Teori Zavascki avocou a competência do Supremo, fechando a janela de oportunidade (Dilma, à época, ainda era presidente da República e, portanto, gozava de prerrogativa de foro). Volto a esse assunto na próxima postagem.

A advogada Rosângela Wolff Moro, esposa do magistrado e responsável por sua defesa, classificou a ação como uma tentativa de intimidar o Poder Judiciário e lembrou uma das falas captadas na interceptação, em que o ex-presidente afirmava que os juízes “têm que ter medo”. Ao defender a busca e apreensão autorizada por Moro, a causídica ressaltou que “foram colhidos elementos probatórios relevantes, como objetos pessoais do ex-presidente no já notório Sítio de Atibaia, a indicar, aparentemente, que ele é o real proprietário (...) Não houve qualquer crime de abuso de autoridade, sequer ilegalidade, na decisão judicial”.

Os advogados de Lula devem apelar; afinal, precisam justificar sua nababesca remuneração.

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domingo, 12 de março de 2017

O SUPREMO EM XEQUE ― Miguel Reale Júnior*

Independentemente da discussão sobre o cabimento ou a limitação do foro privilegiado, debatendo-se sua eliminação total ou restrição, há de se ver, com absoluto pragmatismo, a existência de problema extremamente grave para a Justiça brasileira: a tramitação, neste momento, de elevado número de inquéritos policiais e de processos criminais no Supremo Tribunal Federal tendo por investigados ou réus deputados e senadores.

Recentemente, na Ação Penal 937/ RJ, o ministro Luís Roberto Barroso, em despacho, destacou: “As estatísticas evidenciam o volume espantoso de feitos e a ineficiência do sistema. Tramita atualmente perante o Supremo Tribunal Federal um número próximo a 500 processos contra parlamentares (357 inquéritos e 103 ações penais)”.

A demora na instauração da ação penal ou no arquivamento de inquérito policial e, posteriormente, a longa tramitação do julgamento têm conduzido a um descrédito da Justiça. O Supremo em Números, da FGV Direito Rio, mostra que de janeiro de 2011 a março de 2016 apenas 5,8% das decisões em inquéritos no STF foram desfavoráveis aos investigados ― com a abertura da ação penal. Ainda segundo a pesquisa, o índice de condenação de réus na Corte é inferior a 1%.

Conforme indicam informações do próprio Supremo, cerca de 30% dos processos contra parlamentares perduram dez anos sem julgamento e outros 40% estão faz mais de seis anos à espera de ser apreciados. Grande é o número de feitos que tem extinta a punibilidade pela prescrição. A morosidade se dá não apenas no âmbito do Supremo Tribunal Federal, mas na atuação da Procuradoria-Geral da República e da própria Polícia Federal no exame dos inquéritos policiais e no cumprimento de diligências requeridas. Tal demora denota a ausência de maior entrosamento entre os partícipes da persecução penal no âmbito da instância máxima.

O distanciamento entre o Judiciário, a Procuradoria e a Polícia Federal pode explicar a falta de agilidade na complementação de inquéritos policiais e na abertura de ações penais ou pedido de arquivamentos em tempo razoável. Esse quadro conspira contra o Poder Judiciário, fazendo crer na existência de vantagem dos poderosos perante a Justiça Criminal. A evidente não alteração constitucional, em breve, do foro privilegiado exige, portanto, a tomada urgente de medidas emergenciais.

Assim, é imprescindível um esforço conjunto de todos os partícipes da Justiça Criminal da instância superior para enfrentar a avalanche de inquéritos e processos já existentes e os que hão de surgir em vista das delações homologadas e a serem homologadas envolvendo parlamentares e ministros em práticas delituosas. Para tanto, como sugere em voto apresentado no Instituto dos Advogados de São Paulo, sobre a matéria do foro privilegiado, o conselheiro Luiz Antônio Sampaio Gouveia, cabe o Supremo Tribunal valer-se do permitido pelo artigo 21A do Regimento Interno, segundo o qual, “compete ao relator (no STF) convocar juízes ou desembargadores para a realização do interrogatório e de outros atos da instrução dos inquéritos criminais e ações penais originárias, na sede do tribunal ou no local onde se deva produzir o ato, bem como definir os limites de sua atuação”. O § 1.º diz que “caberá ao magistrado instrutor, convocado na forma do caput: I – designar e realizar as audiências de interrogatório, inquirição de testemunhas; II – requisitar testemunhas e determinar condução coercitiva; III – expedir o cumprimento das cartas de ordem; IV – determinar intimações; V – decidir questões incidentes; VI – requisitar documentos ou informações existentes em bancos de dados; VII – prorrogar prazos para a instrução; VIII – realizar inspeções judiciais; IX – requisitar, junto aos órgãos locais do Poder Judiciário, o apoio de pessoal, equipamentos e instalações; X – exercer outras funções delegadas pelo Relator”.

Cumpre, então, (e é o mais importante) serem constituídas duas forças-tarefa. A primeira, no âmbito interno do próprio STF, para se empreender esforço no sentido de acelerar a instrução dos feitos em que são réus deputados e senadores. De outra parte, manter a competência do Supremo caso os réus renunciem ou por outro motivo percam os cargos parlamentares. Essa força-tarefa deve contar, nos termos do artigo 21A do Regimento Interno, com o concurso de desembargadores para conduzirem os feitos, sempre sob o controle de ministro do Supremo. Cabe programar a entrada em pauta de julgamento pelas turmas de um processo por semana.

A segunda força-tarefa, formada pelos desembargadores designados, há de ser constituída em conjunto com a Procuradoria da República e a Polícia Federal, visando à efetivação imediata das investigações determinadas em inquéritos sob a égide do Supremo Tribunal.

A Nação reclama uma resposta dos dirigentes da administração da justiça à notícia de cometimento de crimes contra a administração por agentes políticos, seja para iniciar, com dados concretos, os processos criminais, ou, na ausência de elementos de prova, serem arquivadas as delações infundadas.

Sugiro que órgãos como o Instituto dos Advogados de São Paulo, onde esta análise já se iniciou, a OAB, o Movimento de Defesa da Advocacia, a Associação dos Advogados de São Paulo, entidades da magistratura e do Ministério Público, ao lado de movimentos como o Vem Pra Rua, venham, em sintonia com a sociedade, se unir para levar esse pleito ao Supremo, à Procuradoria e à Polícia Federal.

A omissão será cobrada pela população. É, portanto, a hora de pôr mãos à obra e atuar em inquéritos e ações penais contra deputados e senadores com os meios existentes para salvaguardar a credibilidade do próprio Supremo.

*Miguel Reale Junior é advogado, ex-ministro da Justiça, professor titular sênior da Faculdade de Direito da USP e membro da Academia Paulista de Letras.

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sábado, 11 de março de 2017

DORIA NA PREFEITURA DE SAMPA

Desde o mês passado que eu venho ensaiando algumas linhas sobre a gestão de Doria, mas a trágica morte de Teori Zavascki, a conturbada homologação das delações da Odebrecht, a frequente queda de integrantes do alto escalão do governo Temer, o sorteio do novo relator dos processos da Lava-Jato no Supremo, a indicação de Alexandre de Moraes para o lugar de TZ, a demissão de Serra, o afastamento de Padilha, a possível cassação da chapa Dilma-Temer e outras questões de projeção nacional me levaram a sobrestar o assunto, que agora retomo com o tucano já no terceiro mês à frente da maior e mais rica metrópole do Brasil (quiçá da América Latina).

Com exceção da patuleia ignara, capitaneada pela militância inconformada com a derrota de Haddad e a derrocada do PT nas capitais e boa parte dos quase 5.600 municípios brasileiros, a população paulistana está satisfeita com o novo prefeito ― segundo dados divulgados em meados do mês passado, 50% dos entrevistados consideram sua gestão boa ou ou ótima, 30% classificam-na de regular, 10% a reprovam (dá-lhe, petralhada ignara) e outros 10% não souberam responder, comprovando, mais uma vez, o “elevado nível sociocultural” da nossa população e, por extensão, dos nossos eleitores.

Os programas de zeladoria da cidade, o retorno dos limites de velocidade nas marginais ao status quo ante e o Corujão da Saúde vêm sendo elogiados, sobretudo pela parcela da população com renda familiar superior a 10 salários mínimos (70%). Nas classes menos favorecidas, com renda igual ou inferior a 2 salários mínimos, a aprovação cai para 35%, mas para a maioria dos paulistanos a atual gestão será melhor do que a anterior ― e ainda que isso não passe de pura futurologia, não deixa de demonstrar a satisfação geral com a atuação do prefeito nos primeiros dois meses de governo.

Claro que não faltam críticas ao gosto refinado do tucano ― muitos se incomodam com sua predileção por cashmeres finos e tênis caros ―, às varrições simbólicas que ele promove nos finais de semana, paramentado de gari, e por aí afora. Curiosamente, Haddad era enaltecido quando fingia gostar de passear de bicicleta nas ciclofaixas mal-ajambradas ― que custaram os olhos da cara, nunca é demais lembrar ―, Doria é alvo frequente de ataques despropositados, frutos de puro revanchismo, da birra infantil dos inconformados com a derrota acachapante de seu predecessor (que ainda teve o desplante de disputar a reeleição) e da funesta facção criminosa fantasiada de partido político que tanto mal fez à nação a partir de 2003, quando o molusco abjeto se elegeu presidente da Banânia.

Igualmente claro que as críticas a Doria vêm de um segmento da imprensa ligado ao PT, aos petralhas, a seus pares do PCdoB, Rede, PSOL, PCB e aos inevitáveis líderes do MST e MTST, sindicalistas e integrantes de outras agremiações ditas “de esquerda”. Até a doação do salário de prefeito a instituições de caridade é motivo de chacota para seus detratores ― que parecem considerar R$ 18 mil “uma merreca”, embora esse valor, doado mensalmente para instituições necessitadas (a primeira foi a AACD), pode ser de grande serventia em tempos bicudos como os atuais. Aliás, o prefeito afirmou que doar o próprio salário é uma “política pública” de seu governo que deveria adotada por outros políticos (que vistam a carapuça aqueles em que ela servir).

O modelo adotado por Doria ― que não se tem na conta de político, mas de gestor, e também por isso é alvo de críticas por parte de quem não tem mais o que fazer ― deveria servir de exemplo para outros administradores públicos. Negociando pessoalmente com empresas potencialmente “apoiadoras”, ele já conseguiu medicamentos para suprir o déficit na rede pública, automóveis, motocicletas e equipamentos eletrônicos de sinalização para a auxiliar a CET na fiscalização do trânsito, 114 projetores para iluminar a Ponte Estaiada (Octávio Frias de Oliveira), itens de higiene para distribuição entre moradores de rua, e por aí vai. Trata-se de uma maneira engenhosa e inovadora de implementar melhorias sem onerar os cofres do município ― e, para não haver risco de uso dos recursos no custeio da máquina, o dinheiro não vai para o caixa com da prefeitura, mas para um fundo de investimento voltado a projetos nas cinco áreas consideradas estratégicas pelo prefeito (saúde, educação, mobilidade urbana, moradia e segurança).

Observação: Como parte desse plano de parcerias, Doria viajou ao Oriente Médio em busca de recursos para a recuperação e manutenção de 19 pontes das marginais do Pinheiros e do Tietê, além de negociar a venda do Autódromo de Interlagos e do complexo do Anhembi (Sambódromo, Palácio de Convenções e Pavilhão de Exposições), que devem render respeitáveis R$ 7 bilhões.

Na falta do que dizer, intelectualóides e jornalistas “de esquerda” rosnam que tudo isso não passa de pirotecnia midiática com fins eleitoreiros, primeiro para impulsionar a campanha de Alckmin ― padrinho político de Doria ― à presidência, e agora em causa própria, já que alguns segmentos sugerem que os tucanos teriam mais chances se o próprio Doria saísse candidato. O prefeito nega, naturalmente. Ele diz que foi eleito para administrar São Paulo, não para governar o Estado ou concorrer à presidência. Seus detratores, indiretamente, avalizam seu bom trabalho, na medida em que somente resultados positivos poderiam favorecer o PSDB no próximo pleito. Mas a semente já foi plantada. Se vai germinar, só o tempo dirá.

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sexta-feira, 10 de março de 2017

O APETITE PANTAGRUÉLICO DO FIREFOX POR MEMÓRIA RAM

O ÚLTIMO RECURSO DO PERDEDOR É NÃO ESTAR ERRADO.

Não é de hoje que eu venho dizendo que a maioria dos principais navegadores é muito parecida em termos de recursos e funções, o que leva a escolha do aplicativo para o campo das preferências pessoais.

Há coisa de um lustro que o MS IE passou a coroa e o cetro para o Google Chrome, que mantém a liderança desde então, seguido de longe pelo Mozilla Firefox. Todavia, uma queixa recorrente dos usuários do líder e do vice-líder remete à lentidão ― decorrente do alto consumo de memória dos browsers.

Numa sequência de postagens que eu publiquei no mês passado, vimos que é possível contornar esse problema ― que não é exatamente um defeito, mas sim uma característica do produto ― no Chrome com a instalação do plugin “Great Suspender”, que, depois de determinado tempo de ociosidade, “adormece” as tabs (abas) abertas, minimizando o consumo de memória. Para o Firefox, todavia, não existe uma extensão equivalente (pelo menos até onde eu sei), e, para piorar, a raposinha armazena em cache as últimas cinco páginas visitadas em cada tab ― pressupondo que o usuário fatalmente voltará a visitar as mesmas páginas (ou a algumas delas). E como tem gente que abre dezenas de abas durante uma sessão de navegação e não se preocupa em fechá-las quando não são mais necessárias, a conclusão é óbvia (sem mencionar que nem sempre basta fecha as tabs para forçar o navegador a devolver toda a memória que ele havia alocado; às vezes isso só acontece quando se reinicia o programa, e olhe lá).

Enfim, se, como eu, você utiliza regularmente o Firefox e se ressente do alto consumo de RAM (coisa que você pode acompanhar pelo Gerenciador de Tarefas do Windows, mas é melhor fazer com um gerenciador de memória ― como o do Advanced System Care, que desfragmenta a RAM, agiliza o acesso aos dados e recupera o espaço que alguns softwares malcomportados insistem em comprometer), é bom saber que pequeno truque para minimizar esse problema: batas digitar about:config na barra de endereços do Firefox, teclar Enter, clicar em “Eu aceito o risco”, digitar browser.sessionhistory.max_total_viewer no campo Localizar, dar um clique direito sobre a entrada em questão, selecionar Editar e, na caixa de diálogo, alterar o valor de -1 para 0, confirmar em OK e reiniciar o navegador.

Se, por alguma razão, você não ficar satisfeito com o resultado, repita os mesmos passos e reverta a configuração ao status quo ante. Simples assim.

VAMOS FATURAR?

Barack e Michelle Obama firmaram contrato com a tradicional editora Penguin Random House. Em troca de módicos US$ 30 milhões (cada um), eles vão escrever suas lembranças dos tempos em que ocuparam a Casa Branca.

Quando foi afastada da presidência, Janete ― a anta vermelha, senhora dos ventos e grande-chefa-toura-sentada ― aventou a possibilidade de publicar suas memórias. Fica aqui a dica, já que certa vez ela disse que é capaz de escrever melhor do que fala (pior seria impensável).

Outro que poderia se interessar pela ideia é Eduardo Cunha, que também aventou a possibilidade de publicar dois livros (?!) ― o primeiro, ainda em 2016. Parece que a ideia mixou, talvez por conta da delação dos 77 da Odebrecht, cujo conteúdo deve ser ainda mais bombástico do que os podres que o ex-presidente da Câmara poderia contar.

Lula, o senhor das palestras milionárias, fica de fora. Primeiro, porque ele orgulha de jamais ter lido um livro ― e provavelmente não se daria bem como escritor. Contratar um ghost writer está fora de cogitação, naturalmente: na cabeça do, seria preciso matar o cara quando a obra ficasse pronta, para evitar que que ele contasse seus segredinhos sujos.

Por outro lado, a julgar pelas denúncias de corrupção envolvendo o deus pai da petelândia, sua insolência já deve estar com as burras cheias. E considerando o que o espera depois que as cinco ações penais em que ele figura como réu (por enquanto), mais dinheiro não faria mesmo muita diferença. Quá, quá, quá!

E como hoje é sexta-feira:



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quinta-feira, 9 de março de 2017

GERENCIADOR DE SENHAS ― É SEGURO USAR? (Parte II)

MULHER EXPONDO TEORIA SOBRE EDUCAÇÃO INFANTIL É SOLTEIRA NA CERTA.

Muitos usuários questionam a segurança dos gerenciadores de senhas, achando que usá-los é o mesmo que delegar a alguém a tarefa de guardar suas chaves e as fornecer na medida das necessidades ― vai que uma hora esse diligente assistente falhe e entregue o ouro ao bandido... Infelizmente, essa possiblidade existe, mas o risco é maior se você simplesmente recorrer a senhas óbvias (fracas, mas fáceis de decorar) ou criar uma senha forte e usá-la para tudo.

Há também quem questione a segurança dos gerenciadores open-source, ponderando que qualquer um pode ter acesso ao código-fonte do software, e aí... Só que ter acesso ao código é uma coisa, modificá-lo para fazer o que você bem entender é outra. Além disso, é a senha ― e não o código ― que dá acesso aos dados criptografadas e armazenadas pelo aplicativo.

Note ainda que bugs e backdoors em programas de código aberto tornam-se conhecidos publicamente tão logo são descobertos, ao passo que, nos softwares proprietários, os desenvolvedores evitam divulga-los, para não dar a impressão de que seus produtos sejam inseguros (para saber mais sobre código aberto e proprietário, reveja esta sequência de postagens). 

Gerenciadores de senhas existem aos montes, mas você estará mais garantido com aplicativos desenvolvidos por empresas conceituadas (sugiro o Steganos Password Manager). Caso não possa ou não queira investir num programa pago, o RoboForm ― que gerencia senhas e informações de login, preenche dados exigidos pelos sites e serviços e ainda oferece um gerenciador de anotações, um gerador de senhas e um mecanismo de busca ― e o KeePass ― que dispensa instalação (roda direto de um pendrive ou de uma pasta no HD) e protege suas senhas com criptografia de 256 bits ― são boas alternativas gratuitas. Aliás, se você usa o Google Chrome, o plug-in LastPass pode ser uma mão na roda (mas não deixe de ler atentamente as informações antes de instalar a extensão)

A maioria dos navegadores se propõe a memorizar dados de login e informações básicas de formulários para autopreenchimento, o que é prático, pois desobriga o usuário de baixar e configurar uma ferramenta dedicada. Mas daí a ser uma opção segura vai uma boa distância, já que qualquer pessoa que tenha acesso ao computador (e que conheça o caminho das pedras) poderá descobrir as senhas salvas pelo navegador. No Chrome, basta você (ou quem quer que esteja usando o seu PC) acessar as configurações e clicar em um botão para exibir todas as senhas na aba de preferências. O Internet Explorer é mais seguro, pois não exibe as senhas salvas, mas isso pode ser contornado facilmente com ferramentas como o WebBrowserPassView, da Nirsoft, e se um aplicativo consegue recuperar esses dados, um malware instalado subrepticiamente no PC pode fazer o mesmo.

Observação: O WebBrowserPassView não é capaz de recuperar senhas protegidas por uma senha-mestra, e como o Firefox oferece essa proteção, ele se torna mais seguro do que seus concorrentes, mas você precisa configurá-lo adequadamente (clique em Configurações > Segurança e defina uma senha-mestra), já que o recurso não vem ativado por padrão.

Gerenciadores baseados na Web costumam oferecer recursos como a geração de senhas aleatórias seguras e armazenamento de informações adicionais (números de cartões de crédito e afins). Eles criptografam os dados e criam uma senha-mestra que somente o usuário conhece. A encriptação e decriptação ocorrem localmente, ou seja, no computador do usuário, e como as empresas não tem acesso a essa senha (ou chave criptográfica, melhor dizendo), um eventual ataque a seus servidores não colocará em risco a privacidade dos clientes.

O LastPass é líder entre os gerenciadores de senhas online porque é fácil de usar e pode ser bloqueado facilmente. Suas opções de segurança permitem que você adicione um forte esquema de autenticação em dois passos, restrinja o acesso por país e habilite recursos adicionais, como email de segurança dedicado e acesso móvel restrito (para saber mais, clique aqui).

FORA TEMER, A LAVA-JATO E O OUTRO LADO DA HISTÓRIA

Escrevi há pouco, num comentário a uma postagem de um amigo, que as manifestações populares previstas para este mês de março, em favor da Lava-Jato, são salutares, mas que o engrossamento da grita de “fora geral” é no mínimo preocupante. Como bem lembrou Guilherme Fiuza em sua coluna na revista Época desta semana, os célebres protestos de junho de 2013, cujo estopim foi o aumento de 20 centavos nas passagens de ônibus, continuam sendo descritos por narradores diversos ― e o que não falta por aqui é narrador ― como um divisor de águas na política nacional. Todavia, aquele mar de gente nas ruas não chegou realmente a incomodar os verdadeiros responsáveis pela insatisfação geral.

Como sabemos hoje (e já era fácil enxergar em 2013), a derrocada econômica tupiniquim foi obra exclusiva da quadrilha que governava o país. Lula, Dilma, Mercadante e pouco distinta companhia fizeram a festa em pronunciamentos, coletivas, anúncios de reformas políticas, promessas de plebiscito e toda sorte de reminiscências de seus tempos de militância. Só que os delinquentes federais saíram ilesos ― e alguns foram até reeleitos.

Fato é que o impeachment, a mudança do partido no poder (?!), a prisão de Eduardo Cunha, a roubalheira gigantesca de Sérgio Cabral e outros escândalos trazidos à tona nos últimos meses levaram as massas a mudar o foco do PT para o PMDB. E se as próximas manifestações abraçarem a causa do “Fora Todo Mundo”, muito provavelmente vão se desmanchar na história como as de 2013, além de atrapalhar o trabalho da equipe econômica do atual governo, que, aos trancos e barrancos, está arrumando a casa.

O Brasil pode até ser maior do que a crise, mas se tem estrutura para passar por outra deposição presidencial num espaço de tempo tão curto já é outra história. E o pior é que, manifestações à parte, esse risco existe, sobretudo se as tentativas do Planalto de levar o TSE a separar as contas de Temer das de Dilma não lograrem êxito.

Uma possível cassação da chapa não teria maiores consequências para a anta vermelha, a não ser, talvez, a suspensão de seus direitos políticos por 8 anos. Do ponto de vista da “justiça poética”, isso até corrigiria a absurda decisão do Senado no processo de impeachment que a defenestrou a imprestável da presidência sem incompatibilizá-la com o exercício de cargos públicos (nem vou relembrar aqui quem armou essa jabuticaba, até porque falar em gente como Renan Calheiros e Ricardo Lewandowski me faz mal para o estômago). Para Temer, no entanto, a história é outra, pois ele perderia o mandato. Seus advogados insistem em que o TSE deve analisar separadamente as condutas de ambos, mas os defensores da mulher sapiens são contrários à separação, entendendo que, se suas contas estiverem atreladas às de Temer, ela terá mais chances de se safar.

Observação: Temer nunca negou que deu um jantar no Jaburu para diretores da Odebrecht e que ali se falou em doações. O próprio Marcelo Odebrecht afirmou que jamais tratou de valores com o então vice-presidente. Todo o acerto teria sido feito com Eliseu Padilha, contra quem pesa a delação de Cláudio Mello Filho, segundo o qual, no tal jantar, acertou-se a doação ao PMDB pelo caixa dois, e o ministro teria sido um dos operadores.

E o que acontecerá se Temer realmente for cassado? Diz o Art. 81 da Constituição que, vagando os cargos de Presidente e Vice-Presidente da República, far-se-á eleição noventa dias depois de aberta a última vaga (e complementa em seu § 1º: ocorrendo a vacância nos últimos dois anos do período presidencial, a eleição para ambos os cargos será feita trinta dias depois da última vaga, pelo Congresso Nacional, na forma da lei). Então, um novo presidente seria escolhido por eleição indireta, na qual votam apenas deputados federais e senadores, mas, nesse entretempo, quem comandaria o jogo? Rodrigo Maia, Eunício Oliveira ou Carmen Lucia?

O presidente da Câmara, primeiro da lista, é alvo de um inquérito sigiloso no STF, baseado em mensagens trocadas entre ele e Léo Pinheiro, dono da OAS, sobre uma doação de campanha em 2014. O presidente do Senado, segundo da lista, é citado nas delações de Delcídio do Amaral, Nelson Mello e Cláudio Melo Filho ― aliás, tanto Maia quanto Oliveira estão em excelente companhia, considerando que todos os ex-presidentes da República que ainda caminham pelo mundo dos vivos são alvo de delações e/ou figuram entre os investigados da Lava-Jato (o molusco, vale lembrar, já é penta-réu, e o placar deve subir nos próximos dias, quando a PGR der nomes aos bois nas delações dos 77 da Odebrecht).

Resta então a ministra Carmen Lucia, presidente do Supremo e, portanto, a terceira na linha sucessória. Sobre ela, eu não sei o que dizer. Segundo Elio Gaspari, a magistrada estaria bem cotada numa eventual eleição indireta para substituir Temer, e talvez até para disputar a presidência 2018. Mas ainda é um pouco cedo para se pensar nisso. Ou será que não?

Há quem garanta que a eleição do próximo presidente será direta, seja neste ano ou no ano que vem. De acordo com uma regra estabelecida na minirreforma eleitoral aprovada pelo Congresso em 2015, caso haja “decisão da Justiça Eleitoral que importe o indeferimento do registro, a cassação do diploma ou a perda do mandato de candidato eleito em pleito majoritário”, serão convocadas novas eleições no prazo de 20 a 40 dias (a eleição só seria indireta se o registro fosse cassado nos últimos seis meses do mandato). Outros, todavia, entendem que as eleições teriam de ser indiretas, pois a Constituição se sobrepõe ao Código Eleitoral. Segundo o TSE, há realmente duas legislações regulando essa questão, mas o texto da minirreforma eleitoral está “em plena vigência” e, portanto, as eleições seriam diretas (desde que a cassação decorresse de decisão da Justiça Eleitoral; do contrário, aplicar-se-ia o art. 81 da Constituição). A verdade é uma só: Ninguém sabe merda nenhuma! Nem mesmo o TSE! Como ainda não há jurisprudência sobre o tema, deve-se aguardar o julgamento do processo pelo Plenário do TSE (volto a este assunto com mais detalhes numa próxima oportunidade).

Enfim, gostemos ou não de Temer, aprovemos ou não sua “equipe de notáveis” ― que na verdade formam uma notável equipe enrolados na Justiça, tanto é que vêm caindo feito moscas, à razão de um por mês ―, não me parece ser o momento de torcer para que o depoimento de Marcelo Odebrecht ao TSE resulte na sua cassação. Até porque existe a possibilidade de o plenário da Corte aceitar a tese da divisão de chapa e merda cobrir Dilma e nem respingar em Temer. Mas o mais recente imbróglio envolvendo amigões do peito de sua excelência (leia-se José Yunes e Eliseu Padilha) é preocupante para o Planalto, que parece vir apostando suas fichas na lentidão do processo ― os depoimentos dos delatores da Odebrecht vão tomar tempo, novas testemunhas poderão ser arroladas, e por aí afora ― e na boa vontade do ministro, Gilmar Mendes, presidente do TSE, para empurrar o julgamento para o ano que vem. Isso sem mencionar que, na eventualidade de vir a ser cassado, Temer certamente irá recorrer STF para continuar no cargo, amparado por liminares, até o final do seu mandato (31 de dezembro de 2018). Mas, convenhamos, para um presidente que carece de apoio popular, isso reduziria ainda mais suas chances de êxito nas tão necessárias reformas e de entrar para a história como “o cara que recolocou o país nos trilhos”.

O mais irônico é que a economia vem exibindo sinais melhora ― pífios, é verdade, mas irrefutáveis ―, ao passo que a crise política só faz se agravar. Enfim, o jeito é acompanhar e ver que bicho dá.

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