quinta-feira, 16 de novembro de 2017

PARA QUE SERVE O CONGRESSO NACIONAL?


Nossa fauna parlamentar trabalha de terça a quinta-feira em Brasília, deixando a capital da República às moscas no restante da semana. Nesta semana em particular, devido ao feriado do dia 15, a gazeta dessa classe particularmente laboriosa foi plena, geral e irrestrita, embora a pauta de debates e votações devesse ser retomada após o sepultamento da segunda denúncia contra Michel Temer, no mês passado. Mas qual o quê!

Brasília da Fantasia é um ponto fora da curva, um exoplaneta totalmente divorciado da realidade tupiniquim. Tem até ministra que reclama de “trabalho escravo” porque recebe R$ 30.471,10 mensais de aposentadoria e somente R$ 3.292 do salário de ministro, já que re a lei determina que nenhum funcionário público perceba salário superior ao dos ministros do STF. “Como vou comer, beber e calçar? Só no meu IPTU em Brasília pago mais de R$ 1 mil. E tenho meu apartamento em Salvador, que pago uma pessoa para cuidar. Sou aposentada, poderia me vestir de qualquer jeito e sair de chinelo na rua, mas, como ministra de Estado, não me permito andar dessa forma. Tenho o direito de peticionar, a autoridade vai decidir e eu vou acolher. É algum pecado fazer analogia à escravidão? Não acho que errei”, disse Luislinda Valois ― esse é o nome da criatura, e R$ 61 mil é o total que ela receberia por mês se não tivesse voltado atrás ― e se a Justiça acolhesse seu despretensioso petitório de 207 páginas, naturalmente.

Não sei por que precisávamos de uma secretaria de Direitos Humanos, nem muito menos a razão pela qual o Chefe Supremo do Quadrilhão do PMDB ― nosso primeiro presidente denunciado por crime comum no exercício do cargo e que se valeu de todos os estratagemas concebíveis para impedir que a Câmara autorizasse o Supremo a investigá-lo ― lha concedeu status de ministério no início do ano. Enfim, cada povo tem o governo que merece, e o brasileiro, que parece especialmente vocacionado a perpetuar os erros do passado, vem amargado passivamente o terceiro tempo do funesto governo lulopetista, que se teria encerrado em 2016 se a deposição da anta vermelha tivesse levado seu vice de embrulho, e não o promovido a titular. Mas não foi o que aconteceu, e agora não adianta chorar.

Mudando de pato para ganso, pouca gente sabe para que serve o Congresso Nacional, mesmo que o impeachment da ex-presidanta incompetenta nos tenha familiarizado com algumas sutilezas do Poder Legislativo ― e até mesmo do Judiciário. Então, sem mais preâmbulos, vamos ao assunto.

Nosso país é uma República Federativa supostamente democrática e regida por um sistema de governo presidencialista. Trata-se de um Estado Democrático de Direito baseado no “modelo dos Três Poderes”, surgido na França do século XVIII, por obra e graça de Montesquieu, para pôr fim ao Estado Absolutista Moderno ― no qual o monarca, agraciado com a “proteção e o ordenamento divino”, gozava de poder ilimitado.

Os três poderes da República, como se sabe, são o Executivo ― a quem compete gerenciar o Estado e pôr em prática as leis aprovadas ―, o Legislativo ― que se encarrega da elaboração das leis ― e o Judiciário ― que tem por incumbência apreciar os litígios entre cidadãos e entre cidadãos e Estado e julgá-los segundo um ordenamento jurídico. Para os efeitos desta postagem, vamos nos ater ao Poder Legislativo, que é integrado pelo Congresso Nacional e pelo Tribunal de Contas de União (órgão de apoio que presta auxílio ao Congresso nas atividades de controle e fiscalização externa).

Nosso Parlamento é bicameral, ou seja, formado por duas casas que possuem graus de representação política e prerrogativas próprias em equilíbrio inquestionável ― em outras palavras, nenhuma delas tem mais poder do que a outra. Em tese, o bicameralismo evita que o sistema político se torne refém de um mesmo grupo e dos mesmos interesses, já que as propostas apresentadas por uma das casas são sempre revisadas pela outra, bem como previne a tirania da maioria, porquanto as minorias podem ser representadas ao mesmo tempo em que os interesses da maioria são contemplados.

Os 513 deputados que compõem a Câmara Federal podem representar demandas mais específicas da população, já que o número de pessoas que cada um representa é menor do que no Senado, onde 81 parlamentares cuidam de assuntos, digamos, mais gerais. Vejamos isso em detalhes.

A Câmara Federal ― também chamada de Câmara Baixa, o que não quer dizer que tenha menos poder que o Senado ― é descrita na Constituição como sendo a representante do povo, já que os deputados, em número que varia de 8 a 70 por Estado (aí incluído o Distrito Federal), são eleitos de forma proporcional à população do Estado que representam. Seu mandato é de 4 anos, de modo a possibilitaria a renovação do quadro a cada eleição se suas insolências não pudessem reeleger e permanecer no cargo por diversas legislaturas, sucessivas ou intercaladas.

O Senado é constituído por 3 representantes de cada Estado (e do DF), mas eleitos segundo o princípio majoritário. Isso significa que as 81 cadeiras são ocupadas pelos candidatos que obtêm mais votos ― diferentemente do que acontece na Câmara, onde a proporção de votos obtidos por partido ou coligação e o tamanho da população de cada Estado são levados em conta. Os senadores têm mandato de 8 anos, mas a renovação parcial do elenco se dá a cada 4 anos ― 1/3 dos membros é substituído numa eleição e 2/3 na subsequente, embora também nesse caso exista a (indesejável) possibilidade de reeleição. Para se candidatar a senador, a idade mínima é de 35 anos ― contra 21 para os deputados ―, daí porque o Senado é composto de políticos supostamente mais experientes e chamado de Câmara Alta.

Por hoje é só, pessoal. O resto fica para a próxima postagem.

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A AMEAÇA RANSOMWARE

A CHI DAI IL DITO SI PRENDE ANCHE IL BRACCIO 

Conforme eu já mencionei em outras oportunidades, o ransomware parece se ter tornado a praga da década. Felizmente, as velhas e batidas dicas de segurança ― como não abrir anexos de email nem clicar em links suspeitos sem antes verificar a procedência da mensagem, atualizar regularmente o Windows e os demais aplicativos, instalar e manter up-to-date um arsenal de segurança responsável etc. ― continuam valendo e produzindo bons resultados, embora ainda não exista uma ferramenta totalmente idiot-proof , ou seja, capaz de proteger o usuário dele próprio.

Feita essa ressalva, passemos a algumas dicas práticas e funcionais contra o ransomware, que eu extraí de um “guia” publicado pelo site Fat Security se o seu inglês não estiver enferrujado, vale a pena ler a matéria completa.

Faça backups de seus arquivos importantes (isso, mesmo, no plural, pois quem tem dois tem um, e quem tem um não tem nenhum), atualize-os regularmente e salve as cópias em outra partição do HD, drives de HD externos, pendrives, ou mesmo em CD/DVD, caso seu computador disponha de um gravador de mídia óptica.

Mantenha o sistema operacional e demais aplicativos devidamente atualizados e instale um programa antivírus de qualidade, que inclua proteção de rede. Se seus arquivos forem sequestrados, não se desespere nem aja por impulso: existem diversas ferramentas de decodificação gratuitas disponíveis online, e é possível que alguma delas o ajude a restabelecer o acessa a seus arquivos criptografados. Os grandes fabricantes de ferramentas de criptografia atualizam seus produtos com a mesma frequência que os bandidos desfecham seus ataques.

Por mais importantes que sejam os arquivos, resista à tentação de pagar o resgate. Como eu disse no post anterior, nada garante que os cibercriminosos cumprirão sua parte no acordo, sem falar que sujeitar-se a chantagistas é meio caminho andado no sentido de vir a ser chantageado outras vezes.

A tecnologia antivírus da Avast bloqueia mais de 1 bilhão de ataques de malware cada mês. Mesmo que um ransomware tente burlar as camadas de segurança, um módulo baseado no comportamento escaneia todos os programas em execução para identificar qualquer movimento suspeito. Se um arquivo se comportar de maneira anormal, ele será prontamente enviado para a quarentena, onde ficará inerte até que o usuário o libere ou exclua. Além disso, os produtos da Avast disponibilizam uma proteção que impede a encriptação não autorizada dos arquivos importantes, como você pode conferir no site da empresa.

Amanhã retomamos a sequência sobre o HDD. Até lá.

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quarta-feira, 15 de novembro de 2017

SÓ FALTA AGORA A PATRULHA DO PENSAMENTO PROIBIR PIADA DE PAPAGAIO


Em março deste ano, o ator José Mayer foi acusado de assédio sexual por uma figurinista da Globo e cinco dias depois já estava fora do elenco da nova novela de Aguinaldo Silva. No último dia 8, sete horas após começar a se espalhar o vídeo no qual Willian Waack parece dizer “é coisa de preto”, a emissora enviou comunicado em que anunciava seu afastamento do Jornal da Globo, que ele ancorou nos últimos dez anos.  

Como bem observou J.R. Guzzo em sua coluna na edição de Veja desta semana, não existe hoje no Brasil nenhuma obrigação moral e cívica mais cobrada do cidadão do que se manifestar contra o “preconceito” e a “intolerância”. Nelson Rodrigues ― cujo nome estaria no topo da literatura mundial se não tivesse nascido, vivido e escrito na língua portuguesa ― seria hoje considerado uma ameaça nacional, teria a leitura de seus textos vetada em salas de aula e sua entrada proibida no departamento de teledramaturgia da Rede Globo.

Preconceito e intolerância, em termos práticos, são o que afirmam ser um grupelho de artistas com ou sem obra, intelectuais com ou sem algum intelecto visível e gente de currículo em estado gasoso, mas que por alguma razão é apresentada como “importante”. São eles os árbitros do que é certo e errado no país e quem decide como todos os demais cidadãos devem se comportar dos pontos de vista moral, social e político.

O delito essencial, por esse catecismo, é pensar com a própria cabeça a respeito de uma lista cada vez maior de assuntos sobre os quais há decisões tomadas em última instância e apresentadas diariamente nos meios de comunicação. O resultado é que o combate a tudo que possa ser carimbado como intolerância está criando no Brasil mais uma raça de intolerantes.

Tudo bem que cada um pense o que quiser; além do mais, todo cidadão é livre para levar a vida que prefere, ou que pode, em termos de sexualidade. Mas não há razão para a sociedade se escandalizar com quem não concorda ou não entende que as coisas sejam assim ― ou não acredita que esse assunto seja de interesse universal.

Não deveria ser considerado intolerante, retrógrado ou totalitário quem acredita, por exemplo, que os sexos são só dois, masculino e feminino. Ou que todo ser humano tem um pai e uma mãe, que são um homem e uma mulher, já que homens não ficam grávidos por lhes faltarem útero, trompas e ovário, e as mulheres não produzem espermatozoides. Não poderia haver nenhum problema com nada disso, mas há.

A lista de pecados capitais contra o pensamento obrigatório vai longe. Você estará perto da blasfêmia se argumentar que animais não têm direitos, pois a noção de direito se aplica unicamente a seres humanos. Animais não podem ter o direito de votar, por exemplo ― embora muitos deles votem, como comprova o fato de Lula e Dilma terem sido eleitos, mas isso já é outra conversa―, ou de receber salário mínimo. Mas dizer isso é infração gravíssima.

Também é tido como preconceito grave discordar da ideia de que o crime no Brasil é um “problema social” e que os criminosos, portanto, são vítimas da sociedade, e não agressores. O deputado Jair Bolsonaro foi condenado por uma juíza do Rio de Janeiro por ter feito uma piada de quilombola durante uma palestra. A Constituição, obviamente, proíbe que um deputado seja punido por falar o que lhe passa pela cabeça, mas a juíza argumentou que “política não é piada” e foi em frente. Não é piada? Como assim? De que país ela está falando?

A intolerância contra opiniões começa a produzir, depois de algum tempo, disparates como esse. É uma surpresa que o Ministério Público ainda não tenha proibido as piadas de papagaio, de freiras e de louras, ou que outra juíza como a que condenou Bolsonaro não tenha decretado que a Dama deve valer o mesmo que o Rei no jogo de baralho.

Bom feriado a todos.

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terça-feira, 14 de novembro de 2017

AÉCIO E A HISTÓRIA DO NOME AÉCIO


O senador Aécio Neves, afastado por suspeitas de corrupção e reempossado por uma decisão absurda de seus pares, embasada na decisão ainda mais absurda do STF ― obrigado, ministra Cármen Lúcia, por seu estapafúrdio Voto de Minerva ―, foi alvo de críticas e palavras de ordem dos tucanos paulistas, no último domingo, durante a convenção estadual do partido. No plenário e nos corredores da Assembleia Legislativa, militantes gritavam Fora, Aécio!

Se esta Banânia fosse realmente um país civilizado, o conselho de ética do Senado jamais teria... Bom, deixa pra lá... Afinal, o que esperar de um país governado por um presidente duplamente denunciado por corrupção, associação criminosa e obstrução à Justiça; um país que tem como pré-candidato à sucessão presidencial um criminoso condenado e réu em mais 6 ações penais; um país onde a Justiça Eleitoral ignora provas cabais contra uma chapa que abusou do poder econômico para se eleger ― e financiou sua companha com dinheiro roubado ― simplesmente porque o presidente do TSE é amiguinho do presidente da República; um país cuja mais alta é integrada por figuras como Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli?

Voltando a Aécio, o neto de Tancredo ― que a esta altura deve estar se revirando na tumba ―, o professor Dionísio da Silva tece algumas considerações curiosas sobre a origem do nome, como você pode conferir no blog do jornalista Augusto Nunes ou ler no texto transcrito a seguir:

De onde veio este nome tão memorável para um senador que está fazendo tanta coisa feia? Nome é uma das primeiras coisas que não escolhemos na vida, ao lado dos pais que temos, do país em que nascemos e das primeiras escolas que frequentamos.
O nome Aécio começa com “A” porque veio do Latim escrito Aetius, que é dito “Écius”. Se viesse do Latim falado, seria Écio, como tantos outros no Português se chamavam e se chamam.
Aetius é palavra que veio do Grego Aétios para o Latim. Quem tornou este nome muito popular foi o general Aécio (Flavius Aetius, diz-se “Flávius Aécius”, era seu nome em Latim). Ele comandou o exército romano na vitória sobre Átila na segunda metade do século V.
O rei dos hunos, cujo cavalo impedia que a grama crescesse por onde ele passava, estava fazendo mais um arrastão no poderoso império romano e vencendo todas as batalhas. Dalton Trevisan, atento observador de tudo, diz que o cavalo de Átila era uma égua.
Mas não tinha ainda enfrentado Aécio, que, em face de um exército imperial destruído, comandava tropas sem um único soldado regular. O que o general Aécio fez passou à História como grande lição militar e de vida: procurou alianças. Primeiro com chefes militares e depois com aristocratas.
E assim derrotou o temível Átila, rei dos hunos, que assombrava o império romano liderando os povos bárbaros e perpetrando as maiores atrocidades.
A famosa Batalha dos Campos Catalúnicos foi travada no dia 20 de junho do ano 451, em território hoje pertencente à França. Aécio teve piedade com o derrotado e permitiu que ele escapasse. A causa da batalha? Como a de tantas outras, uma ninharia. Mas vamos seguir a famosa recomendação: Cherchez la femme (Procurai a mulher).
Justa Grata Honória, irmã complicada do imperador romano Valenciano III, estava casada desde há alguns anos com um senador chamado Herculano, que, muito ciumento, não a deixava sair de casa para nada. Honória enviou, então, uma mensagem ao rei dos hunos pedindo socorro. Houve problemas de tradução do Latim para o Huno, língua hoje extinta, da qual sobraram poucas palavras, a maioria nomes de pessoas.
Átila entendeu que era uma proposta de casamento. Por isso, exigiu de dote para a noiva a metade dos domínios do imperador romano Valenciano III, que naturalmente recusou. E Átila lançou mais um de suas campanhas contra o já não tão poderoso império romano. Mas, então, se ferrou, como se diz popularmente, cuja variante é obscena e não deve ser aqui registrada.
Átila morreu na noite de núpcias dois anos depois de derrotado por Aécio. Segundo alguns, envenenado por inimigos presentes à festa das bodas. Segundo os historiadores romanos e as sagas lendárias, atravessado pela adaga da noiva, que se chamava Gudrun. Ela ainda tocou fogo no palácio, matando muita gente.
A história diz uma coisa, as narrativas lendárias dizem outras. E Gudrun foi parar na famosa Canção dos Nibelungos, agora com o nome de Kriemhild, que veio para o Português com dupla grafia: Cremilde e Cremilda.
No Germânico, Cremilda é aquela que luta com a cara encoberta. Quer dizer, sem cara dura. Duro é só o elmo que a protege. Assim, poderia dispensar o óleo de peroba.
O antigo Aécio tinha vergonha na cara e ninguém lhe recomendaria óleo de peroba, como prescrevem tantos hoje nas redes sociais ao senador Aécio Neves, derrotado por Dilma Rousseff na eleição presidencial de 2014. “Ele iludiu mais de 50 milhões de brasileiros” e “voltou a escancarar a face escura”, observou o jornalista Augusto Nunes, acrescentando que agora só resta aos tucanos dignos “abandonar o ninho infestado de vigaristas”.

*Deonísio da Silva é diretor do Instituto da Palavra e Professor Titular Visitante da Universidade Estácio de Sá.

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HDD/SSD ― A MEMÓRIA DE MASSA DO PC ― FINAL

QUEM FALA O QUE QUER OUVE O QUE NÃO QUER.

Se os drives sólidos, (SSD na sigla em inglês) ainda não aposentaram os HDDs eletromecânicos, é porque seu custo de fabricação torna muito caras as unidades com com grande capacidade de armazenamento.

SSDs são compostos basicamente por células de memória flash e uma controladora ― que gerencia o cache de leitura e gravação dos dados, criptografa informações, mapeia trechos defeituosos da memória, e por aí vai. Eles não têm motor, pratos, braços, agulhas eletromagnéticas nem qualquer outra peça móvel, razão pela qual são menores, mais resistentes e milhares de vezes mais rápidos que os discos rígidos tradicionais, sem mencionar que seu baixo consumo de energia os torna uma excelente opção para os fabricantes de notebooks.

Como não há pratos magnéticos formatados em trilhas, setores e cilindros para armazenar os arquivos ― nos SSDs, a gravação/leitura é feita mais ou menos como na memória RAM ―, a fragmentação dos dados não chega a ser um problema. Portanto, embora seja possível desfragmentar esses drives, os fabricantes recomendam não o fazer ― primeiro, por não trazer benefício algum; segundo, porque a desfragmentação consiste numa longa sequência de leituras e regravações, e o número de vezes que uma célula de memória flash pode ser regravada não é infinito.

Observação: Segundo os fabricantes, os SSDs duram entre 5 e 10 anos ― o que pode parecer pouco, mas quem é que ainda não trocou o computador, hoje em dia, depois de 5 anos de uso? Mesmo assim, diante da possibilidade de uma ou outra célula de memória falhar antes do tempo, o controlador do drive é incumbido de remapear as páginas defeituosas (utilizado setores de uma área de armazenamento temporário) conforme os defeitos vão surgindo, o que concede uma "sobrevida" aos drives sólidos.

Como eu disse mais cedo, o grande entrava na popularização dos SSDs é o custo de produção. Daí os modelos de grandes capacidades serem direcionados a notebooks top de linha (e preços estratosféricos) e as máquinas de preços mais acessíveis manterem a tecnologia anterior (mídia eletromagnética) ou combinarem um drive sólido de capacidade modesta com um HDD com profusão de espaço. E como os SSDs funcionam melhor com pelo menos 25% de espaço livre (isso evita que os blocos de memória “encham” e, consequentemente, preservam a performance original do drive), o indicado é instalar neles apenas o sistema operacional e os aplicativos mais usados e manter o restante no HDD.

Como qualquer outro componente do PC, o SSD depende de drivers de hardware para funcionar, sendo importante mantê-los sempre atualizados, notadamente se o drive estiver instalado numa controladora AHCI, que aumenta o desempenho do “disco” em até 15% em relação à IDE (voltaremos a esse assunto em outra oportunidade).

Observação: Drivers (ou controladores) são programinhas de baixo nível (designação que nada tem a ver com o grau de sofisticação do software, mas sim com seu envolvimento com o hardware) que funcionam como uma “ponte” entre o sistema operacional e os dispositivos de hardware que integram ou estão conectados ao computador. Sem o driver da impressora, por exemplo, o sistema não saberia qual é a versão do aparelho, em qual porta ele está conectado, se está ou não funcional, se há papel na bandeja e tinta nos cartuchos, e assim por diante.

Outra maneira de aumentar consideravelmente o desempenho dos SSDs é habilitar o TRIM, que identifica blocos de memória com dados inválidos e apaga o conteúdo automaticamente. Para conferir se esse recurso está ativo e operante, abra o prompt de comando e digite fsutil behavior query DisableDeleteNotify. Se a resposta for 0, o TRIM está ativo; se for 1, digite o comando fsutil behavior set DisableDeleteNotify 0 e o recurso será ativado.

Assista a um comparativo interessante entre o HDD e o SSD (se o vídeo não abrir, siga este link: https://youtu.be/rjCmLJtITK4).


Bom feriado e até quinta-feira.

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segunda-feira, 13 de novembro de 2017

ELEIÇÕES 2018 ― SANATÓRIO GERAL


O Brasil vire uma era gangrenada, em que as pessoas têm medo de ficar em casa e ser assaltadas por bandidos comuns, e de ir votar para presidente e ser assaltadas pela falta de opções. Uma era em que o presidente ― o primeiro da nossa história a ser denunciado por crime comum no exercício do cargo ― sobrevive graças a tudo que existe de ruim na caixa de ferramentas do poder; em que um deputado acompanha mulheres de chefões do tráfico até o ministro da Justiça para propor a retomada das visitas íntimas; em que uma ministra decorativa (?!) pugna pela mudança da lei de proventos em benefício próprio.

A sociedade assiste, inerte, a todos esses desmandos, mas, embora muitos ladrem nas redes sociais, poucos saem às ruas para morder. E, pior: diante da inexistência de um remédio que dê jeito, já se pensa em amputação ― e, pior ainda: com o risco de a democracia ir de embrulho.

Do mequetrefe seboso e hepta-réu em plena pré-candidatura antecipada e ilegal ao político militar da reserva ― cujo nome do meio é “Messias” ―, nossa falta de opção envolve nomes testados e reprovados ― como o de Marina Silva, da Rede que não pega peixe, e de Geraldo Alckmin, o tucano da asa quebrada. Sem falar nos neófitos Luciano Huck, que promete trocar o ENEM pelo SOLTERANDO; o engenheiro, administrador de empresas, economista, palestrante e fundador do Partido Novo João Amoedo; e ― pasmem! ― o médico Robert Rey, vulgo Dr. Hollywood, que se autodefine como “a última esperança” e, dentre outras bobagens, quer tornar obrigatória a execução do Hino Nacional todas as manhãs, quando todos deverão ficar em pé e colocar a mão direita no lado esquerdo do peito. É ou não um SANATÓRIO GERAL?!

Some-se a isso o fato de nossa mais alta Corte abrigar ministros do quilate de Gilmar Mendes, o divino, e dar a chave galinheiro às raposas. E como se não bastasse, o que parecia ser a luz no fim do túnel é, sabe-se agora, o farol da locomotiva que vem em desabalada carreira: o PSDB, que já foi a nossa esperança de pôr fim à espúria administração lulopetista ― que roubou a mais não poder e, por obra e graça da incompetenta que sucedeu ao bandido, quebrou o país ―, não sabe para que lado se atira. 

Com sua vocação inata para se envolver em processos indecisórios, o partido que ganhou a disputa ao Planalto por duas vezes consecutivas (e no primeiro turno) e ficou em segundo lugar nos quatro pleitos subsequentes tem agora quatro ministros indesejados, um presidente afastado (Aécio), cuja imoral salvação do mandato abriu as portas da impunidade para políticos do país afora, um presidente substituto (Jereissati) que passou de candidato a efetivo a destituído; um postulante ao cargo (Perillo) que clama por elegância e um presidente de honra macróbio (FHC), mas lúcido o bastante para alertar o tucanato do risco de o partido virar linha auxiliar do PMDB. Isso para não mencionar os baixos índices de intenção de voto de três políticos mais do que conhecidos nacionalmente (Serra, Alckmin e o próprio Aécio),  

Vivemos num país de chatos, onde se vai inventando, de cima para baixo, uma sociedade mal-humorada, neurastênica e hostil à liberdade de expressão, que convive mal com a observação dos fatos, a ciência e o raciocínio lógico. Às vésperas do apagar das luzes de 2017, temos um cenário político ainda pior do que o de 2016, cujo fim a gente aguardava ansiosamente, acreditando que tudo seria melhor a partir do ano novo.

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HDD/SSD ― A MEMÓRIA DE MASSA DO PC ― Parte 8

O BRASIL ESTÁ DOMINADO POR FACÇÕES CRIMINOSAS. DOS PRESÍDIOS AOS PALÁCIOS.

Qualquer suíte de manutenção que se preza oferece módulos destinados tanto à correção de erros no HDD quanto à desfragmentação dos arquivos. Esses programinhas tendem a ser mais rápidos e até mais eficientes que as ferramentas nativas do Windows, mas, na opinião de alguns analistas, o Defrag já é tão bom quanto ― ou até melhor que ― seus equivalentes de varejo.

Eu uso e recomendo o Smart Defrag, que é rápido, tem interface amigável e oferece uma vasta gama de recursos adicionais, como a desfragmentação off-line (feita durante a inicialização, de maneira a agir sobre arquivos que ficam inacessíveis quando o sistema operacional está carregado), a otimização (que regrava os arquivos do sistema no início do disco para acelerar o desempenho), a consolidação do espaço livre, e por aí vai. Para conhecer outras opções, digite “desfragmentação” no campo de pesquisas do Blog e pressione a tecla Enter.

Mesmo que as encarnações recentes do Windows ― se instaladas em partições formatadas com o sistema de arquivos NTFS ― sejam menos sujeitas à fragmentação do que suas predecessoras ― que usavam por padrão a FAT 32 ―, convém rodar mensalmente o Defrag ou outro desfragmentador de sua preferência, pois desfragmentações muito espaçadas tendem demorar muito para ser concluídas.

Tenha em mente que, embora seja necessária, a desfragmentação sempre envolve o risco de algum arquivo ser remanejado para setores defeituosos do disco (os famosos bad blocks) e apresentar problemas de leitura ou ficar inacessível. Por isso, antes de rodar o Defrag (ou outra ferramenta análoga), convém checar a “saúde” do drive com Chkdsk ou outra ferramenta similar (também disponibilizadas pelas melhores suítes de manutenção).

Via de regra, os discos rígidos dispõem de um estoque de setores “de reserva”, dos quais o Chkdsk e seus equivalentes se valem para substituir os badblocks. Mas esse estoque é limitado, a substituição nem sempre funciona a contento e, para piorar, setores defeituosos têm o mau hábito de se reproduzir feito coelhos. Então, ao primeiro sinal de problemas, você deve fazer um backup de seus arquivos importantes e programar a substituição do HDD com a possível urgência.

Observação: Badblocks podem ser produzidos por desligamentos inadequados (como os que acontecem quando o fornecimento de energia é interrompido inesperadamente), mas também decorrem do mau funcionamento do drive ou de algum de seus componentes, de trepidações e impactos, enfim... Se você tem um notebook e costuma levá-lo de um lado para outro, habitue-se a desligar o aparelho quando for transportá-lo ― ou, no mínimo, coloque o sistema para Hibernar ― evite o modo Suspender, pois aí o desligamento é parcial e o HDD continua sujeito aos efeitos danosos de sacolejos e impactos.

Enfim, para convocar o Chkdsk no Windows 10, abra a pasta Computador, dê um clique direito sobre o ícone que representa o drive desejado (caso haja mais de um), clique em Propriedades > Ferramentas > Correção de erros > Verificar agora... e siga as instruções na tela. Se houver erros a corrigir e/ou setores defeituosos a reparar, será preciso reiniciar o computador, já que a ferramenta precisa ter acesso exclusivo à unidade de sistema e isso só é possível antes de o Windows ser carregado.

Você pode executar o Chkdsk via prompt de comando (veja mais detalhes sobre o prompt de comando no Windows 10 nesta postagem). Para isso, acesse o prompt com prerrogativas de administrador, digite o comando CHKDSK X: /F (substitua o “X” pela letra correspondente à unidade desejada), pressione a tecla Enter e aguarde a realização da checagem. Note que é preciso incluir o parâmetro /F, ou o chkdsk será executado no modo de leitura e se limitará a identificar eventuais problemas ― ou seja, não procederá às devidas correções. Note também que boas ferramentas de manutenção ― como o Advanced System Care, da IOBit ― integram módulos que realizam essa tarefa de maneira mais simples e rápida.

No próximo capítulo a gente conversa sobre a desfragmentação de unidades SSD e encerra esta sequência. Até lá.

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domingo, 12 de novembro de 2017

WILLIAN WAACK, O INIMIGO DO POVO? (Ou: WAACK FOI PRO BREJO)



Após vazamento do vídeo em que fez comentários “racistas”, o apresentador William Waack, 66 anos, foi afastado da bancada do Jornal da Globo, que comandou nos últimos 10 anos.
A trajetória do vídeo começou pelas mãos de Diego Pereira, que vazou com a ajuda de um amigo (também negro) em grupos de WhatsApp no início da tarde da última quarta-feira, e às 21h24 a emissora comunicou o afastamento do jornalista ― punição que tem tudo para se tornar um clássico em matéria de hipocrisia, oportunismo e conduta histérica. 

A maior parte dos meios de comunicação do Brasil, com a Rede Globo disparada na frente, está se transformando num serviço de polícia do pensamento livre. É repressão pura e simples. Ou você pensa, fala e age de acordo com a atual planilha de ideias em vigor na mídia ou, se não for assim, você está fora.

Os chefes da repressão não podem mandar as pessoas para a cadeia, como o DOPS fazia antigamente com os subversivos, mas podem lhes tirar o emprego. É isso, precisamente, que o comando da Globo acaba de fazer com o jornalista William Waack, estrela dos noticiários da noite, afastado das suas funções por suspeita de racismo. Por suspeita, apenas ― já que a própria emissora não garante que ele tenha mesmo feito as ofensas racistas de que é acusado, numa conversa particular ocorrida um ano atrás nos Estados Unidos. Mas, da mesma forma como se agia no Comitê de Salvação Pública da velha França, que mandava o sujeito para a guilhotina quando achava que ele era um inimigo do povo, uma acusação anônima vale tanto quanto a melhor das provas.

William não foi demitido do seu cargo por ser racista, pois ele não é racista. Em seus 21 anos de trabalho na Globo, nunca disse uma palavra que pudesse ser ofensiva a qualquer raça. Também nunca escreveu nada parecido em nenhum dos veículos de imprensa em que trabalha há mais de 40 anos. Nunca fez um comentário racista em suas numerosas palestras. O público, em suma, jamais foi influenciado por absolutamente nada do que ele disse ou escreveu durante toda a sua carreira profissional. O que William pensa ou não pensa, na sua vida pessoal, não é da conta dos seus empregadores, ou dos colegas, ou dos artistas que assinam manifestos. O princípio é esse. Não há outro. Ponto final.

William Waack foi demitido por duas razões. A primeira é por ser competente ― entre ele, de um lado, e seus chefes e colegas, de outro, há simplesmente um abismo. Isso, no bioma que prevalece hoje na Globo e na mídia em geral, é infração gravíssima. A segunda razão é que William nunca ficou de quatro diante da esquerda brasileira em geral e do PT em particular ― é um cidadão que exerce o direito de pensar por conta própria e não obedece à atitude de manada que está na alma do pensamento “politicamente correto”, se é que se pode chamar a isso de “pensamento”. Somadas, essas duas razões formam um oceano de raiva, ressentimento e neurastenia.

A punição a William Waack tem tudo para se tornar um clássico em matéria de hipocrisia, oportunismo e conduta histérica. A Rede Globo, como se sabe, renunciou à sua história tempos atrás, apresentando ― sem que ninguém lhe tivesse solicitado nada ― um pedido público de desculpas por ter apoiado “a ditadura militar”. Esse manifesto, naturalmente, foi feito com o máximo de segurança e só saiu vários anos depois da “ditadura militar” ter acabado e, sobretudo, depois da morte do seu fundador, que não estava mais presente para dizer se concordava ou não em pedir desculpas pelo que fez. A emissora, agora, acredita estar na vanguarda das lutas populares – não falta gente para garantir isso aos seus donos, dia e noite. William Waack, com certeza, só estava atrapalhando.

No momento em que o Supremo Tribunal Federal pode rever a possibilidade de execução de penas de réus após condenações em segunda instância, o ministro Luís Roberto Barroso afirma que está em curso uma articulação para trazer de volta a “sucessão de recursos protelatórios” e a impunidade de políticos e “ricos delinquentes”.

O que se quer é a sucessão de recursos protelatórios, intermináveis. Se disserem que em seis meses o STJ julga (recursos contra a execução da pena) eu topo, mas o projeto é de se preservar um sistema incapaz de punir essas pessoas”, declarou Barroso na última terça-feira, em São Paulo, em um painel sobre corrupção e compliance da Escola Brasileira de Direito.

Para o ministro do STF, a possibilidade de os réus serem presos após a condenação em segunda instância “fechou a porta à eternização de processos” e à prescrição de processos contra corruptos.
Barroso também mencionou que há uma “operação abafa ostensiva e indecente” contra as investigações anticorrupção no Brasil.

Um país que vai mudando a jurisprudência de acordo com o réu não é um Estado de direito, é um Estado de compadrio”, completou o ministro, em palavras semelhantes às que ele dirigiu a Gilmar Mendes em uma discussão no plenário do STF, há duas semanas.

Em sua fala, Barroso criticou o foro privilegiado, “uma jabuticaba que ficou amarga”, e disse que, quando o mecanismo foi criado, não se imaginava que haveria 500 inquéritos e ações penais contra detentores da prerrogativa no STF. Para ele, o Supremo não exerce bem o campo penal.

O STF não desempenha bem esse papel e isso desagrada a sociedade, e quando desempenha bem esse papel, desagrada a sociedade política. É um papel que não pode prestar”, declarou o ministro. Ele defende que o foro se limite aos chefes de Poder e valha a fatos praticados no exercício do mandato.

Sobre os esquemas de corrupção descobertos do mensalão e o descoberto pela Operação Lava-Jato, Barroso afirmou que é “impossível não sentir vergonha” diante da “corrupção endêmica é sistêmica” e que este é um momento de “refundação do Brasil”. Sem citar nomes, ele ilustrou a “fotografia embaçada” do atual momento político e moral do país a partir das duas denúncias da Procuradoria Geral da República contra o presidente Michel Temer, as prisões dos ex-presidentes da Câmara Henrique Eduardo Alves e Eduardo Cunha, as condenações dos ex-ministros da Casa Civil José Dirceu e Antonio Palocci, a prisão do ex-ministro Geddel Vieira Lima e a denúncia da PGR por corrupção passiva contra o senador e ex-presidenciável Aécio Neves.

Alguém poderia supor que existe uma conspiração contra tudo e contra todos. O único problema com essa teoria são os fatos, os malditos dos fatos. Os áudios, os vídeos, as fotos, as malas de dinheiro, os apartamentos de dinheiro, as provas que saltam de qualquer compartimento que se abra”, disse o ministro do STF, que citou “esquemas profissionais de arrecadação e distribuição de dinheiro”.

Barroso ainda declarou que a “cultura da desonestidade” no país fez com que a corrupção fosse naturalizada. “O roubo virou uma espécie de esporte, naturalizado como se fosse uma coisa normal”, disse. “O viver com dinheiro desviado se tornou um modo de vida para muitos”, completou.

Com J.R. Guzzo.

EM TEMPO: ESTÁ CADA VEZ MAIS DIFÍCIL ASSISTIR AOS TELEJORNAIS, MAS AINDA HÁ IMAGENS BONITAS DE SE VER NESTE MUNDO DE DEUS. VEJA QUE COISA LINDA:



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sábado, 11 de novembro de 2017

LULA ― 48 HORAS PARA SE DEFENDER


O ministro Napoleão Nunes Maia, do TSE, concedeu ― na última quinta-feira ― 48 horas para que o ex-presidente apresente defesa contra a acusação de que está antecipando campanha à Presidência da República em 2018.

A julgar pela maneira como Lula reage sempre que é pego com as calças na mão, certamente dirá que não sabe de nada, que não viu campanha alguma, que as fotos e vídeos divulgados (pelo próprio PT e seus militantes-capacho) são tudo invenção da mídia, da Globo, do juiz Moro, etc. e tal ― tudo com a intenção de impedi-lo de ocupar o lugar a que pertence, qual seja a cadeira elétrica, digo, a cadeira presidencial.

Lula deve se tornar em breve hóspede de honra do sistema prisional tupiniquim, mas não custa passar uma conversinha ― e Deus sabe como o Demiurgo de Garanhuns é bom de conversa ― na administração da Papuda ou de Pinhais para tentar incluir na mobília da cela uma cadeirinha especial. Se Cabral conseguiu um Home Theater para chamar de seu, e era só governador, uma poltroninha para o ex-presidente abjeto não seve ser o fim do mundo.

Em tendo tempo e jeito, não deixe de assistir ao clipe que mostra como sua insolência foi recepcionada em Governador Valadares (MG), semanas atrás... (se o vídeo não abrir, clique aqui para assistir na página de origem).



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sexta-feira, 10 de novembro de 2017

VACCARI FOI PRO BREJO



Em meados deste ano, a 8ª Turma do TRF-4 revisou uma sentença do juiz Sérgio Moro e, por 2 votos a 1, absolveu João Vaccari Neto da condenação que lhe havia sido imposta por intermediar pagamento de propinas. No entendimento dos desembargadores Leandro Paulsen e Victor Laus ― que, juntamente com João Pedro Gebran, compõem aquele colegiado ―, não havia provas suficientes para corroborar as acusações dos delatores.

A patuleia comemorou a decisão e a defesa do ex-tesoureiro petista chegou mesmo a postular sua soltura ― que foi negada, já que a prisão preventiva fora decretada nos autos de outra ação ― Vaccari já foi condenado 5 vezes por Moro ― e as provas não desapareceram com a anulação daquela condenação em particular. Assim, o valoroso soldado do PT ― que está preso desde abril de 2015 ― continua vendo o sol nascer quadrado, sem jamais ter demonstrado o menor interesse em negociar uma delação. Pelo menos até agora, já que aquele mesmo colegiado aumentou de 10 para 24 anos a pena imposta ao petralha pelo juiz Moro em outro processo ― as penas dos corréus Santana e Mônica e Skorniczi não foram alteradas, mas eles irão cumpri-las segundo os ditames do acordo de delação firmado com o MPF.

Moch ― como Vaccari era chamado pelos comparsas por levar o dinheiro das propinas em sua inseparável mochila ― já foi condenado cinco vezes pelo juiz Moro e absolvido em segunda instância em duas ações (sempre pelos desembargadores Paulsen e Laus). Desta feita, porém, foi unânime o entendimento de que "há fartura de provas que corroboram a palavra dos delatores".

Ao ampliar a condenação do petralha, os desembargadores mantiveram a tendência de aplicar penas mais severas do que o juiz Sérgio Moro. Em pelo menos sete casos, réus absolvidos pelo magistrado foram condenados pela 8ª Turma, sendo Vaccari apenas um dos exemplos.

O TRF-4 é responsável por julgar os recursos contra decisões da 13ª Vara Federal de Curitiba ― dentre as quais a que condenou Lula a nove anos e meio de prisão no caso do tríplex no Guarujá. Segundo levantamento feito pelo GLOBO, 63 das 98 sentenças em ações originárias da Lava-Jato que chegaram àquela Corte foram revistas; em 31 casos as penas foram aumentadas; em 14, reduzidas; nos demais, as modificações não tiveram a ver com a duração da pena.

Não existe data marcada para o julgamento do recurso de Lula contra a sentença que o condenou no caso do apartamento praiano, mas a expectativa é de que a decisão saia ainda no primeiro semestre do ano que vem. Aliás, espera-se que Moro julgue até o final deste ano outra ação contra o ex-presidente por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, na qual figuram como corréus Antonio Palocci, Barnislav Kontik, Roberto Teixeira, Marcelo Odebrecht, Paulo Melo, Demerval Gusmão e Glauco da Costamarques. Tutti buona gente!

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HDD/SSD ― A MEMÓRIA DE MASSA DO PC ― Parte 7

LEMBRE-SE DE QUE GRANDES REALIZAÇÕES E GRANDES AMORES ENVOLVEM GRANDES RISCOS.

Recapitulando: conforme a gente cria, edita e deleta arquivos, instala e remove aplicativos e executa determinados procedimentos de manutenção, surgem lacunas ao longo das trilhas do HDD (detalhes no capítulo 4), que o Windows tenta preencher conforme grava novos arquivos. A questão é que esses arquivos nem sempre cabem integralmente nesses espaços, e aí o sistema os fraciona e distribui os “pedaços” pelos clusters livres que vai encontrando ao longo das trilhas.

Essa solução funciona bem quando a máquina é nova e o HDD está vazio, mas o uso do computador torna os arquivos tão “fragmentados” que, na hora de carregá-los na memória RAM, as cabeças magnéticas do drive atuam como se montassem um grande quebra-cabeça, já que os fragmentos podem estar no final da trilha, em outra trilha, em outra face do disco ou até mesmo em outro disco. E quanto mais fragmentados os arquivos estiverem, mais tempo será necessário para remonta-los, daí porque a fragmentação deixa o computador mais lento.

O Windows ganhou um desfragmentador nativo na edição 95, mas até o surgimento do XP que usar a ferramenta era um teste de paciência: além de o procedimento demorar horrores, era preciso executá-lo no modo de segurança ou, no mínimo, encerrar os aplicativos e fechar todos os processos listados no Gerenciador de Tarefas (com exceção do EXPLORER e do SYSTRAY), de modo a evitar que qualquer modificação no conteúdo do drive forçasse o programinha a reiniciar, conferir tudo que havia e feito e só então retomar a tarefa do ponto em que havia parado.

Nas encarnações mais recentes do Windows, é possível agendar o Defrag para rodar num horário em que a máquina estiver ociosa ― ou mesmo executá-lo em segundo plano e continuar trabalhando com o computador. No entanto, como a desfragmentação consiste basicamente em localizar todos os “pedaços” dos arquivos, salvá-los temporariamente na memória, definir o melhor local para acomodá-los em então regravá-los em clusters contíguos, o sistema tende a ficar consideravelmente lento durante o processo. Então, a menos que você tenha uma CPU de responsa e memória RAM de sobra, evite operar a máquina enquanto a desfragmentação está em curso.

Tanto o Defrag quanto os desfragmentadores de varejo evoluíram bastante nos últimos anos. Além disso, o NTFS tornou “mais inteligente” a maneira como o Windows gerencia os arquivos ― para prevenir a fragmentação, eles são gravados no primeiro espaço vago capaz de abrigá-los integralmente, ou seja, os clusters livres que porventura existam no início da trilha são desconsiderados, a menos que sejam suficientes para armazenar o arquivo inteiro. Aliás, isso levou a Microsoft a automatizar o Defrag no Windows Vista e suprimir o comando que até então permitia acionar a ferramenta manualmente, mas a mudança não foi bem aceita pelos usuários e a empresa voltou atrás no Windows 7.

No Windows 10, podemos convocar o Defrag clicando no botão Iniciar e selecionando a opção respectiva sob Ferramentas Administrativas, mas é mais fácil fazê-lo a partir da pasta Computador, dando um clique direito no ícone que representa a unidade que desejamos desfragmentar, selecionando Propriedades, abrindo a aba Ferramentas e pressionando o botão Otimizar.

O resto fica para o próximo capítulo, pessoal. Até lá.

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quinta-feira, 9 de novembro de 2017

SOBRE MICHEL TEMER E O QUADRILHÃO DO PMDB

A despeito do que pensam algumas pessoas de visão monocromática, incapazes de distinguir as nuanças que separam o preto do branco no nosso polarizado cenário político, o fato de eu abominar Lula e o PT não significa que sou partidário dos tucanos, nem que o governo Temer ou ― menos ainda ― que estou propenso a votar em Bolsonaro no ano que vem. Como dizia Mário Quintana, “a burrice é invencível”, de modo que não vale a pena perder tempo com as toupeiras vermelhas. Até porque, na minha avaliação, todos os corruptos, independentemente de suas convicções político-partidárias, deveriam ser despojados dos bens que acumularam ilicitamente e devidamente encarcerados, deportados, exilados, esquartejados e jogados num rio apinhado de piranhas, tanto faz, desde que nunca mais a gente ouvisse falar deles (e delas, porque Dilmanta, Graça Foster, Gleisi Hoffmann, Jandira Feghali, Katia Abreu, Vanessa Grazziotin, dentre outras tantas, também ocupam posições de destaque na minha listinha). Dito isso, sigamos adiante.

Michel Temer, que aspirava a entrar para a história como “o cara que recolocou o Brasil nos eixos”, fá-lo-á pela porta dos fundos, como “o primeiro presidente no exercício do mandato a ser denunciado por crime comum”. Mesmo assim, sob a batuta competente da nauseabunda tropa de choque do Planalto, um coro de 251 marafonas da Câmara entoou a marcha fúnebre enquanto a segunda denúncia contra o peemedebista era sepultada, a despeito da caudalosa torrente de indícios de que ele mijou fora do penico.
 
Na verdade, a denúncia contra Temer e seus ministros não “morreu”; apenas ficará em “animação suspensa” ― como os vampiros durante o dia, quando, dizem, se recolhem a seus caixões nos porões do Jaburu, digo, dos castelos da Transilvânia (que agora se chama Romênia, mas enfim...).

Devido ao deplorável foro privilegiado, TemerMoreira Franco e Eliseu Padilha serão julgados sabe lá Deus quando ― certamente não antes de 2019, a não ser que este governo não dure até o apagar das luzes do ano que vem ― afinal, estamos no Brasil, onde até o passado é imprevisível. Os demais integrantes da tal quadrilha do PMDB Eduardo Cunha, Henrique Alves, Geddel Vieira Lima e Rodrigo Rocha Loures, para citar os mais notórios ―, que não têm prerrogativa de foro, devem responder por seus atos mais cedo, já que o ministro Fachin decidiu remeter ao juiz Sérgio Moro a parte da denúncia por associação criminosa que lhes toca (a parte que versa sobre obstrução à investigação de organização criminosa que envolve Joesley Batista e Ricardo Saud ficará com a Justiça Federal em Brasília).

Gostemos ou não, Temer é presidente que temos e que teremos até o final do ano que vem. E como mais vale acender uma vela do que amaldiçoar a escuridão, melhor torcer para que as manobras imorais da tropa de choque palaciana produzam estabilidade política suficiente para que a equipe econômica continue a fazer seu trabalho. Mesmo que a inflação de 3% a.a. seja conversa pra boi dormi ― como bem sabe quem vive no mundo real, frequenta supermercados, restaurantes, postos de combustíveis, e por aí afora (aliás, de junho até agora o preço do gás de cozinha aumentou mais de 50%) ―, é inegável que a situação do país melhorou muito depois que anta incompetenta foi exorcizada e Temer assumiu o comando da nau dos insensatos. Agora, porém, depois que fez o trato com o diabo e se tornou refém dos parlamentares, a coisa ficou mais complicada.

O lado bom dessa história ― se é que existe algum ― é que não faltam novas emoções, pois fatos novos (e estarrecedores) se reproduzem no lamaçal da política como coelho nas campinas. Como salientou o jornalista Augusto Nunes, errou redondamente quem imaginou, nesta virada de outubro para novembro do ano da graça de 2017, que o feriadão de Finados (com a consequente desativação dos três Poderes) lhe permitiria descansar dos absurdos que inundam diariamente o noticiário jornalístico. A folga foi para o espaço a bordo de maluquices de estarrecer até os napoleões-de-hospício. Confira:

Geddel Vieira Lima, que exerce desde a infância o ofício de delinquente, solicitou ao Supremo Tribunal Federal a identificação do autor da denúncia que levou à descoberta dos mais de R$ 51 milhões guardados num prédio em Salvador e as notas que comprovam a existência de suas impressões digitais na dinheirama (só faltou pedir que lhe devolvessem a bufunfa). A ideia do inventor do apartamento com vista para o mar de dinheiro roubado só serviu para confirmar que no faroeste à brasileira o vilão é que persegue o mocinho.

Sérgio Cabral, recordista mundial de ladroagem em extensão, altura e abrangência, foi previsivelmente salvo por Gilmar Mendes da mudança para um presídio atulhado de criminosos que, perto do saqueador do Rio, parecem coroinhas que só furtam o vinho do padre. Continua hospedado no hotel-presídio que lhe oferece, entre outros mimos cinco estrelas, até os serviços de um mordomo. Alex ― esse e o nome do diligente mucamo ― realiza desde a faxina da cela até um serviço diário de chá da tarde. Tamanha elegância não existe nem nas cadeias de Paris.

Numa discurseira em Belo Horizonte, Lula prometeu trazer de volta ao Brasil a democracia que está por aqui desde 1989, responsabilizou Michel Temer pelo que o orador e sua sucessora fizeram, exigiu um tratamento mais carinhoso para a Petrobras que assaltou e jurou que tanto a alma viva mais pura do país quanto a falecida Marisa Letícia não nasceram para roubar ― verbo que conjugaram incessantemente depois da chegada à vida adulta.

Tom Jobim já dizia que o Brasil não é para amadores, mas agora isto aqui está ficando esquisito até para os mais devotados profissionais.

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HDD/SSD ― A MEMÓRIA DE MASSA DO PC ― Parte 6

NOSSOS POLÍTICOS NÃO VALEM NADA... MAS COMO CUSTAM CARO!

Vimos que a fragmentação dos arquivos resulta da maneira como o Windows gerencia os dados no HDD, e que, quando excessiva, deixa o computado lento. O próprio Windows dispõe de uma ferramenta que serve para “arrumar essa bagunça”, que vermos mais adiante, depois de discutirmos brevemente o formato de arquivos NTFS, como fizemos no post anterior com a FAT16 e a FAT32.

Relembrando: FAT é a sigla para File Allocation Table, um sistema de alocação de arquivos que a Microsoft utiliza desde os tempos do MS-DOS. Sua primeira versão usava 12 bits para endereçar os dados, mas as subsequentes ― FAT 16 e 32, lançadas, respectivamente, em 1987 e 1996 ― passaram a usar 16 e 32 bits. A FAT 32 e a exFAT (ou FAT 64) ainda são bastante populares, e suportadas pelas edições mais recentes do Windows.

Observação: O exFAT foi desenvolvido para atender a usuários que manipulam arquivos únicos com mais de 4 GB (o NTFS também é uma alternativa, mas isso é outra conversa). Conhecida como FAT 64, essa “evolução” da FAT 32 foi introduzida em 2006, com o objetivo de otimizar unidades de armazenamento, como pendrives. Com clusters de tamanho-padrão de 128 KB (o valor pode variar e ser definido de acordo com o tamanho da unidade de armazenamento), ela é compatível com todas as edições recentes do Windows, e até mesmo o Mac OS X.

O New Technology File System foi desenvolvido com base no HPFS (High Performance File System, criado pela gigante IBM) e implementado no Windows NT, que foi lançado pela Microsoft, nos anos 1990, com vistas ao mercado de servidores. Devido à sua confiabilidade e desempenho superiores aos da FAT, além da capacidade de recuperação em caso de falhas ― como depois de um desligamento inesperado do computador provocado por um apagão na rede elétrica, por exemplo ―, do esquema de permissões de acesso e da eficiência no gerenciamento de unidades de disco volumosas, esse sistema de arquivos é utilizado por padrão para formatar a unidade onde o Windows 10 será instalado, já que, combinado com o tamanho dos clusters, o uso de 64 bits no endereçamento dos dados permite gerenciar partições de até 256 Terabytes (enquanto os limites da FAT 16 e 32 são, respectivamente, de 2 GB e 2 TB).

Com o lançamento do Windows 2000, que sucedeu o WinNT, o NTFS incorporou recursos que aprimoraram ainda mais sua segurança, desempenho e confiabilidade. Dentre outras características, cito a proteção dos dados por criptografia, a capacidade de lidar com compressão de dados ― para economizar espaço no disco ― e a criação de cotas ― que permite ao administrador definir a quantidade de espaço que cada usuário pode utilizar, prevenindo problemas de desempenho decorrentes, por exemplo, do esgotamento dos recursos de armazenamento de um servidor. Ele utiliza uma estrutura conhecida como MFT (Master File Table), que funciona de maneira diferente da FAT, embora tenha a mesma finalidade.

Em resumo, o MFT registra os atributos de cada arquivo armazenado ― nome, data da última modificação, permissões e, principalmente, localização na unidade de armazenamento ― e os salva num espaço exclusivo que é criado em cada partição. Esse espaço, denominado “zona MFT”, corresponde a pouco mais de 10% do espaço total da partição ― uma porção considerável, mas necessária, já que o registro dos atributos de cada arquivo pode ocupar mais de 1 KB.

O resto fica para o próximo capítulo, pessoal. Até lá.

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quarta-feira, 8 de novembro de 2017

A VAQUINHA DO LULA FOI PRO BREJO


Concebida para financiar a etapa mineira da caravana dos pecadores sem remédio, a vaquinha em louvor de Lula foi um portentoso fiasco: arrecadou pouco mais que 36 mil reais ― uma quantia bisonha para quem, há três, anos embolsava meio milhão pelo que chamava de “palestra” (codinome da discurseira que, durante uma hora, louvava o palestrante por ter acabado com a pobreza que continua por aí).

Se a Lava-Jato secou as cataratas de donativos multimilionários alimentadas por empresários amigos, se nem os devotos irredutíveis da seita da missa negra conseguem bancar uma procissão tão mequetrefe, onde o corrupto condenado arranjará verbas para a manutenção do Instituto Lula e dos apartamentos que ganhou de presente?

Confrontado com as sombras do futuro, é compreensível que o palanque ambulante saia zanzando pelo Brasil ao som da lira do delírio. Neste fim de semana, por exemplo, o ex-presidente que já incorporou Juscelino Kubitschek, Getúlio Vargas, Abraham Lincoln, Nelson Mandela, Tiradentes e Jesus Cristo apresentou-se em Belo Horizonte como uma reencarnação piorada do Bom Ladrão, e, num único palavrório, perdoou o atual governo pelos estragos feitos por Lula e Dilma, cobrou provas da existência do Petrolão que chefiou, prometeu enquadrar a imprensa para restaurar a democracia já restaurada e garantiu que tanto ele quanto Marisa Letícia não nasceram para roubar (dispensou-se de explicar se foi no dia do casamento ou na festa de posse no Planalto que decidiram atirar ao lixo a virtuosa marca de nascença).

Se o dinheiro continuar sumido e os surtos retóricos continuarem flutuando na estratosfera, Lula ainda vai declarar-se muito agradecido a Sérgio Moro por ter decidido hospedá-lo de graça em Curitiba (o demiurgo incorrigível bem que anda precisando de descanso).

Com Augusto Nunes

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HDD/SSD ― A MEMÓRIA DE MASSA DO PC ― Parte 5

ESPERE O MELHOR, PREPARE-SE PARA O PIOR E VIRE-SE COM O QUE VIER.

Continuando de onde paramos na postagem da última quarta-feira: a FAT 16 opera com, no máximo, 2 GB ― para aplicá-la num drive de 5 GB, por exemplo, ocupar todo o espaço disponível exigiria criar duas partições de 2 GB e uma terceira de 1 GB, também por exemplo. Por conta disso, a Microsoft passou a utilizar a FAT 32 nas edições 95 (versão OSR 2) 98 e ME do Windows, e o (bem mais avançado) NTFS a partir das edições 2000 e XP. Mas vamos por partes.

A FAT trabalha com clusters, que, como vimos, são conjuntos de setores do disco rígido. Na FAT16, cada cluster pode armazenar 2 KB, 4 KB, 8 KB, 16 KB ou 32 KB. Note que esse tamanho é uniforme ― ou seja, não pode haver, na mesma unidade, clusters de tamanhos diferentes. Cada arquivo utiliza tantos clusters quantos forem necessários para contê-lo integralmente; um arquivo com 50 KB, por exemplo, pode ser gravado em 2 clusters de 32 KB cada, mas isso desperdiçaria 16 KB, pois a sobra não pode ser destinada a gravação de dados pertencentes a outro arquivo. Daí se conclui que o maior problema do sistema FAT, além da limitação a 2 GB, é o brutal desperdício de espaço.

Explicando melhor: FAT 16 usa 16 bits para endereçamento dos dados (daí o número 16 na sigla), o que, na prática, significa que ele pode trabalhar com, no máximo, 65536 clusters (216). Então, 65536 clusters de 32 KB cada resulta num espaço total de 2.097.152 KB, que corresponde a 2 GB (note que, quando maior for o cluster, maior será, consequentemente, o desperdício de espaço). Já a FAT 32 utiliza 32 bits no endereçamento de dados e suporta o uso de clusters menores (de 4 KB, p.ex.), reduzindo significativamente o desperdício de espaço.

O limite da FAT 32 é de 2 terabytes (TB). No entanto, se repetirmos o cálculo anterior considerando 32 em vez de 16 (232) e multiplicarmos o resultado pelo tamanho máximo do cluster (também 32), chegaremos a 128 TB. A questão é que, embora cada endereçamento tenha 32 bits, no número máximo de clusters, são considerados apenas 28 bits. Daí termos 228, que dá 268.435.456, ou seja, aproximadamente 268 milhões de clusters, que, multiplicados esse número por 32, resultam em 8 TB.

Ainda faltam 6 TB, mas isso se explica pelo fato de a Microsoft ter limitado a FAT 32 a 232 considerando o número máximo de setores, não de clusters. Como cada setor possui 512 bytes (ou 0,5 kilobyte), a conta a ser feita é 232 (4.294967296) multiplicado por 0,5, que dá 2.147.483.648 KB, ou seja, 2 TB ― de outra forma, poderia haver problemas com a inicialização do sistema operacional devido a limitações na área de boot. 

Observação: Volto a lembrar que setor e cluster são coisas distintas; o primeiro corresponde à menor unidade física do HDD, ao passo que o segundo, que é formado por um conjunto de setores, remete à menor unidade lógica que o SO é capaz de acessar para armazenar dados.

Por hoje está de bom tamanho, pessoal. Continuaremos no próximo capítulo, quando então falaremos formato de arquivos NTFS e (finalmente) da desfragmentação dos dados. Até lá.

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terça-feira, 7 de novembro de 2017

O DESTINO DA OPERAÇÃO MANI PULITE (MÃOS LIMPAS) E O EFEITO SMIRNOFF NA LAVA-JATO

As decisões recentes do TSE e do STF são indícios claros de que a Operação Lava-Jato pode acabar como a Mani Pulite italiana (mais conhecida como Operação Mãos Limpas), que produziu profundas mudanças no quadro partidário daquele país e levou ao suicídio diversos políticos e empresários que tiveram seus crimes revelados ― parece que na Itália a corja de canalhas tem mais vergonha na cara do que nesta Banânia, ou Lula já estaria infernizando o Capeta há muito tempo. Enfim, o fato é que medidas legislativas reduziram os poderes da Justiça italiana, fizeram crimes prescrever, tiraram condenados da prisão e produziram uma sensação de impunidade ainda maior do que a anterior às investigações ― reparou nas semelhanças ou quer que eu desenhe?

Em seu livro recém-publicado (mais detalhes no post da última quinta-feira), o procurador Deltan Dallagnol alerta para os limites do Judiciário no combate à corrupção, afirma que é preciso ir além da Lava-Jato e que não há solução fora do sistema político. Ele compara o mal, cujo prejuízo ao Brasil estima em R$ 200 bilhões anuais, a um serial killer que mata em silêncio, que se disfarça de buracos em estradas, falta de medicamentos, crimes de rua, miséria, mas, como se esconde, dificilmente é responsabilizado pelas mortes que causa. E a principal razão a que Dallagnol atribui a persistência da chaga é a impunidade, resultado de um sistema jurídico com inúmeras brechas favoráveis aos criminosos, boa parte das quais as “Dez Medidas” ― que o Congresso mastigou, destroçou e cuspiu de volta na cara do povo ― pretendiam fechar.

Advogados e juízes criticam a sanha justiceira do MP e posam de defensores do estado de direito contra o abuso das prisões preventivas, os ataques à privacidade e o arbítrio das autoridades, mas a realidade desmente todo esse teatro. De acordo com Dallagnol, só 3,4% dos detidos na Lava-Jato eram mantidos no cárcere preventivamente, sem condenação judicial, e mais de 95% das decisões da primeira instância eram referendadas por instâncias superiores. Em contrapartida, a probabilidade de alguém ser punido por corrupção no Brasil é baixíssima – estimada em 3,17%. Em casos rumorosos do passado, apenas 1,1% dos réus foi condenado em definitivo. E mesmo esses acabam não indo para a cadeia.

No célebre episódio dos Anões do Orçamento, foi preso apenas o delator do esquema, um assessor parlamentar. Entre os protegidos pelo foro privilegiado, casos se acumulam sem julgamento em cortes superiores por até 20 anos, enquanto corre o prazo de prescrição dos crimes. Apenas em junho de 2013, o STF expediu o primeiro mandado de prisão contra um parlamentar na história ― o ex-deputado Natan Donadon, condenado por desvio de dinheiro público. Mesmo no caso do mensalão, veloz para os padrões do STF, o julgamento levou oito anos.

Nenhum advogado de político deixa de aproveitar as inúmeras filigranas jurídicas que permitem anular provas ― como ocorreu na Operação Castelo de Areia ―, nem de recorrer enquanto der, se possível até a prescrição ― como ocorreu no escândalo Marka-Fonte Cindam ou com o deputado Paulo Maluf. O ex-senador Luiz Estevão ingressou com ― pasmem! ― 120 recursos até ser preso.

Dallagnol cita dois exemplos reais de recursos que ilustram a benevolência com os réus no convoluto labirinto jurídico brasileiro. Tome fôlego: “O agravo regimental nos embargos de declaração no agravo regimental no agravo em recurso extraordinário no recurso extraordinário no agravo regimental nos embargos de declaração no agravo regimental no agravo nº 1249838”; e os embargos de declaração nos embargos de declaração nos embargos de declaração no agravo regimental nos embargos de declaração no agravo em recurso extraordinário no recurso extraordinário no agravo regimental no agravo regimental no agravo no 1387499”.

Ao lado dos italianos, o juiz Moro lembrou uma frase de Joaquim Nabuco na longa campanha do abolicionismo, que comparou ao combate à corrupção: “Há necessidade de manter infinita esperança”. Até hoje, todavia, infinita tem sido apenas nossa paciência e tolerância com a impunidade.

Com Helio Gurovitz

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