quarta-feira, 16 de abril de 2025

DE VOLTA ÀS VIAGENS NO TEMPO — 18ª PARTE

VULNERANT OMNES ULTIMA NECAT.

Implicações energéticas e relativísticas impedem que qualquer coisa com massa atinja a velocidade da luz — denotada pela letra "c" —, mas a ciência está em constante evolução, e teorias inovadoras sugerem que, em determinados contextos, velocidades superluminais podem ser mais do que mero matéria-prima para enredo de filme de ficção científica. 

O "xis da questão", no entanto, não é apenas ultrapassar "c" (aproximadamente 1,08 bilhão km/h), que é considerado limite máximo universal, e sim entender em que condições isso seria possível sem violar os princípios fundamentais da física moderna. 

Se encararmos "c" como uma fronteira entre diferentes regimes físicos, abre-se a possibilidade de existirem objetos superluminais que, em nosso referencial, nunca poderiam desacelerar abaixo dessa velocidade. No entanto, do ponto de vista dessas partículas, como os hipotéticos táquions, as velocidades que consideramos subluminais seriam naturais. Assim, "c" atuaria como um divisor entre esses domínios, mas não impediria a existência de entidades que já nascem superluminais, respeitando tanto a causalidade quanto a teoria da relatividade especial de Einstein.

CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA

Bolsonaro foi submetido a mais uma cirurgia para tratar uma suboclusão intestinal causada pela formação de aderências que surgiram após as cirurgias feitas em decorrência da facada que ele sofreu em 2018. Inicialmente, os médicos haviam descartado a necessidade da intervenção, mas mudaram de ideia, e "a mais complexa das operações já realizadas desde o atentado" durou 12 horas .
Um grupo de apoiadores se reuniu "de forma espontânea" defronte ao hospital DF Star, em Brasília, e entoaram entoaram orações e músicas religiosas, como "Faz um milagre em mim", de Regis Danese, e "Nossa Senhora", de Roberto Carlos. 
Em 2018, quando Lula foi preso, militantes petistas acamparam nas proximidades da Superintendência da PF em Curitiba, e só desmontaram o acampamento 580 dias depois, quando o condenado foi posto em liberdade. 
A pérola da sabedoria popular "as moscas mudam, mas a merda é a mesma" foi cunhada pelo político e escritor lusitano Brito Camacho, no início do século passado, e é usada em tom cínico e pessimista para criticar a repetição de erros ou a substituição de pessoas sem que haja uma mudança significativa na raiz da questão. As "moscas" representam os indivíduos, os grupos, os governos, ou qualquer elemento que esteja associado à "merda" (o problema central), e a mudança das moscas sugere uma troca de pessoas ou de aparências, mas o problema subjacente não se resolve. 
É fato que, no que tange a Lula e Bolsonaro, tanto a merda quanto as moscas diferem entre si, mas o fanatismo e a abjeta polarização são rigorosamente os mesmos. 
Triste Brasil.
 
Estamos anos-luz distantes de realizar viagens relativísticas e voltar no tempo, mas paradoxos como o do avô — segundo o qual alguém que volta ao passado e mata o avô inviabiliza a própria existência — são objeto de discussões acadêmicas. Segundo o princípio da autossuficiência, um evento capaz de alterar o passado e provocar uma inconsistência no Universo tem zero chance de ocorrer, de modo que uma viagem ao passado só seria possível se não causasse nenhum paradoxo que implicasse alterações no futuro. E vale frisar que a simples chegada do viajante ao passado já modificaria o rumo dos acontecimentos. 
 
De acordo com a conjectura da proteção cronológica (proposta por Stephen Hawking em 1992), as leis da física obstam o surgimento de curvas fechadas do tipo tempo (ou seja, impedem que algo volte a um ponto do passado e continue se movendo até chegar novamente ao ponto de partida). Um dos mecanismos sugeridos para essa "conspiração" é a necessidade de energia negativa para estabilizar os buracos de minhoca. 

De acordo com a relatividade geral, esses fenômenos funcionariam como atalhos cósmicos, ligando diferentes regiões do espaço-tempo. No entanto, sem um tipo exótico de matéria com densidade de energia negativa — prevista pela mecânica quântica em fenômenos como o efeito Casimir —, suas paredes tenderiam a colapsar antes que qualquer partícula pudesse atravessar. E ainda que eles fossem atravessáveis, efeitos quânticos surgiriam para preservar a causalidade.

O Nobel de Física Kip Thorne e outros astrofísicos renomados acreditam que é possível viajar para o passado sem criar paradoxos, mas não ao nosso passado, e sim a um "passado alternativo de um universo paralelo". Segundo eles, se o espaço-tempo pode ser curvado, distorcido e expandido, então também pode se desdobrar em múltiplas versões coexistentes.

Nesse cenário, em vez de anular sua própria existência ao matar o avô, o viajante do tempo criaria uma nova ramificação da realidade para acomodar aquele evento — uma ideia que se alinha à interpretação dos muitos mundos de Everett.

Continua...