sábado, 26 de abril de 2025

DE VOLTA ÀS VIAGENS NO TEMPO — 21ª PARTE

O UNIVERSO NÃO PARECE SER NEM BENEVOLENTE NEM HOSTIL, APENAS INDIFERENTE ÀS PREOCUPAÇÕES DE CRIATURAS INSIGNIFICANTES COMO NÓS.

 
De blockbusters de super-heróis como Doutor Estranho no Multiverso da Loucura ao queridinho indie Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo, as histórias de ficção científica estão apinhadas de realidades alternativas. Mas, como vimos, a ideia do multiverso é mais do que simples ficção.
 
Hipóteses sobre realidades alternativas são antigas — em 1848, Edgar Allan Poe escreveu sobre a existência de “uma sucessão ilimitada de universos” —, mas o conceito de multiverso decolou quando teorias científicas modernas, como a proposta por Steven Hawking e James Hartle, sustentaram a existência de outros universos nos quais as leis da física moderna não se aplicam e eventos podem ocorrer de maneira muito diferente da nossa realidade.

CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA

Os boletins médicos apontaram uma piora na saúde de Bolsonaro na última quarta-feira, depois da visita da oficial de justiça. E podem piorar mais devido ao efeito Orloff — "eu sou você amanhã" — da prisão do ex-presidente Collor, que ocorreu madrugada seguinte. Até então, o "mito" via o "Rei-Sol" como um exemplo a ser seguido, mas o despacho de Moraes, que determinou o cumprimento da sentença emitiu um sinal de alerta.  
Bolsonaro reclamava nos bastidores que "Xandão" corria para colocá-lo atrás das grades, enquanto Collor, denunciado em 2015 e condenado em 2023, continuava livre, leve e solto. O STF adiou, condenou, voltou a adiar e, após ensaiar um recuo, confirmou a sentença em novembro de 2024 e, dias atrás, rejeitou o último recurso da defesa, que tentava ressuscitar um debate sobre redução de pena. A ordem de prisão arrancou o manto de proscrito das costas do chefe da quadrilha golpista. 
Ao refutar a manobra, Moraes anotou que Collor apenas repetiu argumentos já refutados pela Corte — o que evidencia "intenção procrastinatória"— e submeteu a decisão a seus pares, mas mandou executar imediatamente a ordem de prisão — sustentando que o relator "pode e deve" interromper a embromação —, sinalizando para Bolsonaro que eventuais recursos protelatórios terão vida curta. 
Ao inserir na enciclopédia um verbete para a segunda prisão de um ex-presidente condenado por corrupção na história desta banânia, o magistrado pavimentou o encarceramento do terceiro ex-inquilino do Planalto, que, pelo andar da carruagem, deve ser condenado entre setembro e outubro e ver o sol nascer quadrado antes do Natal. 

Ainda não há provas da existência de universos paralelos. Caso eles existam, nossa tecnologia atual não é avançada o suficiente para detectá-los diretamente. No entanto, assim como ocorreu com o heliocentrismo, a teoria da evolução, as viagens espaciais, a dilatação temporal, os buracos negros e tantas outras ideias que inicialmente pareciam ficção, a comprovação pode ser apenas uma questão de tempo. Se a confirmação não surgir na próxima década, quem sabe na seguinte — ou talvez ela já esteja diante de nós, esperando que saibamos onde procurar.
 
As previsões do multiverso vêm de diversas teorias que descrevem cenários possíveis, mas todas sugerem que o espaço e o tempo que podemos observar não são a única realidade. A teoria mais aceita cientificamente vem da inflação cósmica, que explica muitas das propriedades observáveis do universo, como sua estrutura e a distribuição das galáxias.
 
Uma das previsões dessa teoria é que a inflação poderia ocorrer repetidamente, talvez infinitas vezes, criando uma constelação de universos-bolha. Nem todas essas bolhas teriam as mesmas propriedades, mas algumas poderiam ser semelhantes ao nosso Universo, e todas existiriam além dos limites do que podemos observar diretamente.
 
Observação: Universos paralelos não são teorias em si, mas previsões de certas teorias. Várias teorias amplamente aceitas preveem fenômenos impossíveis de serem observados. A relatividade geral, por exemplo, prevê o interior dos buracos negros, que ainda não podemos acessar, mas que fazem parte do pacote. O mesmo se aplica aos universos paralelos, teorias como a inflação cósmica, e talvez até à mecânica quântica.
 
Outra hipótese interessante de multiverso — proposta pelo físico Hugh Everett em 1957 e chamada de interpretação dos muitos-mundos — sugere que nossas decisões criam ramificações no tempo, gerando realidades alternativas. De acordo com essa interpretação, versões de cada um de nós poderiam estar vivendo as muitas vidas possíveis que poderíamos ter levado, dependendo das escolhas feitas ao longo de nossa existência. Mas, para nós, a única realidade perceptível é aquela em que vivemos; as outras estariam sobrepostas, em dimensões que não conseguimos acessar. 
 
Da mesma forma que nos impede de viajar para o passado, nossa tecnologia não nos permite transitar entre esses universos. Ainda. Pode ser que, dentro de alguns anos — ou quem sabe décadas — ela avance o suficiente para que possamos explorar essas dimensões. Afinal, muitas das conquistas que hoje encaramos com naturalidade nos pareciam impossíveis num passado não muito distante.
 
Continua...