Era uma vez um coelhinho que estava flertando com uma coelhinha. Um belo dia, a coelhinha o convidou para uma festa e enviou a rota pelo "Jungle Maps". Todo feliz, o coelhinho saiu rumo ao evento, mas alegria de pobre dura pouco: quando chegou ao rio infestado de piranhas separava seu lado do bosque do lado em que a coelhinha morava, ele descobriu que a ponte fora levada por uma tempestade.
Como a ponte mais próxima ficava 20 léguas rio abaixo, nosso herói sacou do celular e já ia digitar uma mensagem quando avistou, ao lado da toca de uma coruja — ave conhecida por sua sabedoria —, uma placa com os dizeres: "Consultoria $ 200. Pagamento adiantado. 10% de desconto no PIX e 20% de acréscimo com nota fiscal".
O preço da consulta era metade do dinheiro que o coelhinho reservara para uma possível esticada com a coelhinha no Motel Bosque Encantado, mas situações desesperadoras exigem medidas desesperadas.
CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA
Trump recuou de seu tarifaço na semana passada, mas, combinadas com um discurso agressivo, essas idas e vindas são claramente parte de uma estratégia, até porque não faltam apoiadores para "explicar" o que Trump deliberadamente prefere deixar confuso.
Esse tipo de guerra comercial não serve nem aos interesses dos EUA em nem aos da China. Aliás, após a escalada nos aumentos tarifários, Trump acenou com um recuo ao excluir computadores, smartphones e microchips do "tarifaço", talvez por ter percebido que perdeu popularidade e prestígio junto aos seus bilionários de estimação.
O coelhinho seguiu as instruções e, quando estava pronto para saltar, freou bruscamente e voltou até a toca da coruja. Ao ver o coelhinho de volta, a ave perguntou o que havia acontecido. O coelhinho explicou que havia abortado o plano porque ela não sabia como se transformar em piranha.
Enquanto Washington eliminava a taxação sobre os produtos de alta tecnologia, Pequim suspendia suas exportações de minerais e ímãs estratégicos usados pelo setor de defesa, inclusive por empresas fornecedoras do governo americano. E já prepara o próximo lance, que promete ser ainda mais incômodo para Trump.
E viva os eleitores americanos, que parecem estar aprendendo com seus pares tupiniquins a fazer sempre as piores escolhas.
Depois de contar e guardar o dinheiro, a coruja aconselhou o coelhinho a tomar distância, correr a toda velocidade e saltar até o outro lado. Quando o coelhinho ponderou que não seria possível chegar à outra margem com um único salto, a coruja argumentou: "Isso não é problema. Basta você se transformar em piranha antes de cair na água, terminar a travessia a nado e reassumir a forma de coelho na outra margem, quando já estiver em segurança."
O coelhinho seguiu as instruções e, quando estava pronto para saltar, freou bruscamente e voltou até a toca da coruja. Ao ver o coelhinho de volta, a ave perguntou o que havia acontecido. O coelhinho explicou que havia abortado o plano porque ela não sabia como se transformar em piranha.
A coruja apontou a placa com uma asa e estendeu a outra para o coelhinho, que lhe entregou o restante do dinheiro que tinha na carteira. Depois de conferir o valor, a consultora olhou o consulente bem nos olhos e disse: "Meu filho, a consultoria foi dada; agora é só uma questão de implementação."