Dois anos após publicar a Teoria da Relatividade Geral, Einstein propôs um modelo de Universo estático e introduziu a constante cosmológica para equilibrar a gravidade e evitar um colapso gravitacional. A noção de um Universo com começo físico só voltaria a ganhar força dali a doze anos, quando o astrônomo norte-americano Edwin Hubble observou que as galáxias estavam se afastando — evidência de que o cosmos estava, de fato, em expansão. Diante disso, o físico alemão acabou aceitando a ideia de um Universo dinâmico.
CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA
Condenada pelo STF a 10 anos de prisão e perda do mandato parlamentar, a deputada Carla Zambelli seguiu os passos de Allan dos Santos, Oswaldo Eustáquio, Dudu Bananinha e outros bolsonaristas que deixaram o país para escapar da morosa Justiça brasileira. O próprio Jair Bolsonaro ficou homiziado na cueca do Pateta durante três meses, aguardando o desenrolar dos ataques de 8 de janeiro, e agora, prestes a ver o sol nascer quadrado, ora afirma que não existe "plano B", ora diz que Micheque ou Bananinha disputarão o Planalto no ano que vem.
Na teoria, o "mito" comanda o processo. Mas se estivesse forte como faz parecer quando insiste em fantasiar que ele próprio será o candidato da extrema-direita, não precisaria implorar por perdão nem cobrar adesão dos políticos de seu campo à causa. Na prática, o eixo das decisões para 2026 está com o governador de São Paulo.
Praticamente todos os dirigentes de partidos do campo que o provável futuro presidiário imagina liderar já disseram que apoiarão Tarcísio se ele disputar o Planalto, do contrário investirão em outros nomes e em unidade no segundo turno. A isso dá-se o nome de planejamento realista, o que não inclui obediência à minoritária e rejeitada extrema bolsonarista.
Mais ou menos na mesma época, o padre e astrônomo Georges Lemaître deduziu que, se o cosmos estava se expandindo, ele teria sido menor em algum momento no passado. A ideia de que seria possível retornar ao instante em que toda essa vastidão estava concentrada em uma massa extremamente quente e densa deu origem à hipótese do "átomo primordial", segundo a qual o tempo e o espaço só passaram a existir no momento em que esse "átomo primitivo" começou a se expandir.
A proposta ganhou tração em 1948, quando o astrofísico ucraniano George Gamow sugeriu que o Universo teria surgido de um clarão de energia oriundo de um gás primordial superdenso. No calor dessa erupção cósmica, os elementos químicos teriam sido "cozinhados" a partir de uma "sopa" de partículas fundamentais, deixando como resquício uma radiação de fundo que permeia o cosmos até hoje.
No mesmo ano, o astrônomo Fred Hoyle, o astrofísico Thomas Gold e o matemático e cosmologista Hermann Bondi propuseram uma teoria segundo a qual o Universo não tem começo nem fim, sendo constantemente "reabastecido" com matéria nova, gerada em todos os lugares e momentos. Durante uma palestra, Hoyle ironizou a ideia de um surgimento cósmico repentino, dizendo que toda a matéria fora criada em um "grande estrondo", num momento específico do passado remoto.
A ironia pegou: o termo Big Bang foi rapidamente adotado pela imprensa — embora amplamente ignorado (e até rejeitado) por físicos e astrônomos, já que o fenômeno descrito não foi uma explosão no sentido tradicional, mas o início de uma expansão cósmica que começou há cerca de 13,8 bilhões de anos, cujos efeitos ainda podem ser observados por meio do desvio para o vermelho na luz das galáxias distantes — indicando que elas continuam se afastando de nós.
Apesar da imprecisão, o termo Big Bang se espalhou pelo mundo como um bordão irresistível — e, como bem disse certa vez um escritor, "palavras são como arpões, depois que entram é muito difícil tirá-las". Em 1993, a revista Sky and Telescope organizou um concurso para substituir o nome e recebeu 13.099 sugestões de 41 países, mas nenhuma convenceu a banca de jurados, que incluía o astrônomo Carl Sagan, e o nome permaneceu.
Hoyle, por sua vez, demonstrou que todos os elementos que compõem o Universo estão sendo "cozidos" no caldeirão das estrelas desde sempre — o que o levou a aventar a hipótese de que a vida deveria ser uma ocorrência comum no cosmos. A ideia não soava absurda para a comunidade científica: segundo o especialista em poeira estelar Ashley King, quase todos os elementos do corpo humano foram forjados em estrelas, muitos deles ejetados por sucessivas supernovas.
Mas Hoyle foi além. Argumentou que inúmeras epidemias estariam associadas à passagem de meteoritos cujas partículas trariam vírus à Terra. Essa premissa foi vista como mais compatível com seus 19 romances de ficção científica do que com seu trabalho acadêmico — mas, no fim das contas, ele entrou para a história como o homem que batizou uma teoria na qual nunca acreditou.
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