quarta-feira, 19 de outubro de 2022

A VERDADE ESTÁ LÁ FORA (DÉCIMA PRIMEIRA PARTE)

A VERDADE CONTINUA LÁ FORA.

 

Embora não seja mencionada na Bíblia, a expressão "livre arbítrio" costuma ser entendida como o "poder de escolha concedido por Deus". 

O Brasil é um país laico e a Constituição de 1988 não só garante plena liberdade religiosa como assegura que ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei. Assim, mesmo quem não acredita em Deus pode fazer o que lhe der na telha — desde que não faça o que lei proíbe. 

Por essas e outras, sinta-se à vontade para crer na inocência de Lula, na competência de Bolsonaro, no criacionismo, no terraplanismo, nas vacinas com chips e outras bobagens que tais. Mas não duvide da existência dos OVNIs, pois nem todo objeto voador não identificado é necessariamente extraterrestre.  

Avistamentos de OVNIs relatados por pilotos civis e militares, controladores de voo e outros profissionais capazes de diferenciar esses eventos de fenômenos atmosféricos comuns são colecionados pela FAB desde meados do século passado. Na maioria dos casos, o que mais chama a atenção são a trajetória e a velocidade  incompatíveis com as de aviões de carreira ou mesmo jatos da Aeronáutica. 

Em 2004, o Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro produziu um documento que resume as conclusões de relatório assinado em 1986 pelo brigadeiro-do-ar José Pessoa Cavalcanti de Albuquerque, então comandante interino do órgão, sobre a noite de 19 de maio de 1986 ficou conhecida como "noite dos discos voadores", quando 21 objetos não identificados — alguns com até 100m de diâmetro — foram avistados por civis e militares em São Paulo, Rio, Minas e Goiás. 

Cinco jatos da Aeronáutica foram acionados pelo Centro de Operações da Defesa Aérea para interceptar os supostos invasores. De acordo com os pilotos, os pontos multicoloridos conseguiram, entre outras manobras, pairar estáticos no céu, voar em zigue-zague, fazer curvas em ângulo reto, mudar de cor, trajetória e altitude e atingir velocidades de até 15 vezes superiores à velocidade do som. 
 
Pelo menos três aeronaves comerciais relataram avistamentos naquela noite. Um Bandeirante da TAM informou ao Centro de Controle de Área de Brasília que havia um "artefato" se aproximando dele, em aparente rota de colisão. Um avião da Transbrasil relatou o avistamento de um OVNI sobre a região de Araxá (MG), e um bimotor que levava a bordo o coronel Ozires Silva (cofundador da Embraer) detectou três OVNIs sobre 
São José dos Campos (SP). 
 
Observação: "A Noite Oficial dos OVNIs é um dos mais importantes casos da ufologia mundial. É o caso com o maior número de testemunhas em todo o planeta", explica o ufólogo Jackson Luiz Camargo, autor de A Noite Oficial dos UFOs no Brasil. 
 
Notificado sobre o que estava acontecendo, o então ministro da Aeronáutica, brigadeiro Octávio Moreira Lima determinou providências. Três caças da FAB foram instruídos a interceptar os OVNIs. Mas, quando ele se aproximavam, os alvos desapareciam, inclusiva das telas dos radares, e reapareciam em outro lugar. 

Observação: "No Brasil, não se atira em UFO porque não representa ameaça, mas não sabemos como eles reagiriam se fossem atacados", afirma o ufólogo Marco Antônio Petit. "Ao contrário do que é divulgado oficialmente, os militares sabem muito bem com o que estão lidando".
 
A cerca de 800 quilômetros dali, em Goiás, o radar de outro caça acusou um objeto não identificado a 22 quilômetros de distância. O piloto do jato aumentou a velocidade para algo em torno de 1.600 km/h, mas o OVNI acelerou de maneira brusca a inacreditáveis Mach 15 (o equivalente a 18.375 km/h). "Se existe avião que possa desenvolver essa velocidade, eu desconheço", declarou o militar ao Globo Repórter em 1993. 
 
Ao longo da noite, outros dois caças Mirage foram acionados. O primeiro decolou às 23h17, e o segundo, às 23h46, ambos da Base Aérea de Anápolis (GO). Mas nenhum deles teve qualquer contato, visual ou através do radar de bordo, com nenhum objeto voador. Quatro dias depois, o então ministro da Aeronáutica, brigadeiro Octávio Moreira Lima, convocou uma coletiva para comunicar à imprensa que cinco caças da FAB perseguiram 21 UFOs. 

"Não se trata de acreditar ou não [em seres extraterrestres ou em discos voadores]. Só podemos dar informações técnicas. As suposições são várias. Tecnicamente, diria aos senhores que não temos explicação", declarou o ministro. Ele prometeu divulgar um dossiê completo dali a 30 dias, mas isso só aconteceu décadas depois. "(...) Este Comando é de parecer que os fenômenos são sólidos e refletem de certa forma inteligência, pela capacidade de acompanhar e manter distância dos observadores, como também voar em formação, não forçosamente tripulados", diz o documento.
 
Ninguém sabe ao certo o que aconteceu na noite de 19 de maio de 1986. Na dúvida, ninguém descarta a hipótese de vida inteligente em outros planetas. "Nós, seres humanos, somos muito presunçosos. Achamos que somos os donos do universo", declarou o próprio Ozires Silva em 2014. Por meio de nota, a Aeronáutica informou que todo o material disponível sobre OVNIs já foi encaminhado ao Arquivo Nacional, e que não dispõe de profissionais especializados para realizar investigações científicas ou emitir parecer a respeito deste tipo de fenômeno aéreo.
 
Hoje, esse acervo é o segundo mais acessado do Arquivo Nacional — só perde para os relatórios da ditadura militar. O material abrange um período de 64 anos e vai de 1952, quando dois repórteres da extinta revista O Cruzeiro avistaram um OVNI sobrevoando a Barra da Tijuca, no  Rio de Janeiro (RJ), até 2016, quando um piloto da FAB relatou um suposto avistamento. 
 
Como se vê, a verdade continua lá fora.