terça-feira, 18 de outubro de 2022

DESTA VEZ, NEM ISSO!

 

Criei este Blog em setembro de 2006 para embasar a edição Blogs & Websites da Coleção Guia Fácil Informática. Minha ideia era tirá-lo do ar assim que o livro fosse publicado, mas os leitores pediram e eu o mantive ativo ao longo dos últimos 16 anos. Embora o mote deste espaço fosse a tecnologia da informação, eu incluí outros assuntos na descrição do site e abordei temas os diversos — de regras gramaticais às pirâmides do Egito, de culinárias a sutilezas da mecânica automotiva. 
 
Em agosto de 2007, depois de rabiscar minhas impressões sobre o Mensalão petista, resolvi publicar um ou outro pitaco sobre o cenário político. Mais adiante, conforme o impeachment de Dilma avançava, passei a replicar as postagens que publicava na minha comunidade de política (hospedada na hoje extinta Rede .link). 
Acabou que os textos sobre política ganharam protagonismo, sendo publicados inclusive nos feriados e finais de semana, quando eu tradicionalmente não posto sobre informática.  
 
Talvez esteja na hora de voltar à boa e velha T.I. e outros temas que nada têm a ver com eleições, governo, política, roubalheira e que tais. Como escreveu Vinicius em A Volta da Mulher Morena, (...) Meus amigos, meus irmãos, e vós que amais a poesia da minha alma / Cortai os peitos da mulher morena / Que os peitos da mulher morena sufocam o meu sono e trazem cores tristes para os meus olhos (...) Meus amigos, meus irmãos, e vós todos que guardais ainda meus últimos cantos / Dai morte cruel à mulher morena!" A ver.
 
Dito isso, faço uma breve remissão ao debate do último domingo, no qual nhô-ruim conseguiu se sair ainda pior que nhô-pior. Não fosse pelo fato de o futuro do Brasil estar em jogo, o telespectador ganharia mais assistindo ao Programa Sílvio Santos ou desligando a TV e indo dormir mais cedo. 
 
Na postagem de ontem, eu anotei que "o debate foi medíocre, como era esperado de dois candidatos medíocres que um eleitorado medíocre escalou para disputar o segundo turno. A meu ver, ambos saíram menores do que entraram." Mantenho minha opinião. 
Lula enredou Bolsonaro no primeiro bloco, mas a situação se inverteu no final, quando ficou muito difícil entender o que o petista estava querendo dizer. Por mal de seus pecados, ele administrou ele deixou o adversário falando por mais de 5 minutos sem interrupção, além usar um direito de resposta para ficar pedindo mais direitos de resposta.
 
Em suma, os dois candidatos emularam o que vêm fazendo nos debates e comícios, olhando mais pelo retrovisor que pelo para-brisas. Projetos para tirar o país da merda, néris de pitibiriba. Quem vota em Lula dirá que ele se saiu melhor, e quem vota em Bolsonaro dirá que o capetão deu de lavada no petralha. Já quem não é apaixonado por nenhum dos dois deve ter percebido que ambos mentiram e se preocuparam mais com o ângulo da câmera do que com o conteúdo de suas falas.

Josias de Souza perguntou a ambos se, caso eleitos, eles comprariam o Congresso Nacional com o orçamento secreto, como vem sendo feito por Bolsonaro, ou com o mensalão e o petrolão, como era feito nas gestões petistas. Os dois fugiram da resposta. Em determinado momento do confronto, Bolsonaro retomou a pergunta, mas Lula gastou boa parte do tempo defendendo a descoberta do pré-sal e enaltecendo os feitos do seu governo com a estatal. 

ObservaçãoA quantidade de telespectadores foi crescendo ao longo do programa. O primeiro bloco teve média de 9 pontos de audiência, enquanto o terceiro cravou 13,5 pontos. Isso indicaria que Bolsonaro levou vantagem, mas eu duvido que venha influenciar o resultado das eleições do dia 30.

Há muito que os debates se tornaram bate-bocas em que os candidatos lavam roupa suja em público, mas ao menos uma proposta ou outra sempre surgia. Desta vez, nem isso.