Você certamente já ouviu alguém dizer que no tempo de seus avós os carros eram melhores, as pessoas viviam melhor, e blá, blá, blá. Segundo os psicólogos, isso é mais uma ilusão da mente do que um retrato fiel do passado: como o cérebro não distingue passado, presente e futuro, tendemos a nos lembrar das coisas boas e relativizar as ruins.
Proprietários de veículos que não dispensam vidros e travas elétricas, injeção eletrônica de combustível e computador de bordo se dizem saudosas dos Fuscas, Gordinis, DKWs e outras carroças dos anos 1950/60. Muitos nem eram nascidas quando os primeiros PCs foram lançados e a maioria nunca usou o Windows 9x/ME ou sabe o que é um disquete 1,44 MB, mas diz sentir saudades dos bugs e das telas azuis da morte.
Se for para sentir saudade de alguma coisa, que seja daqueles programas clássicos que a gente usava para baixar as músicas, reproduzir vídeos e trocar mensagens instantâneas com amigos. Talvez eles não tenham utilidade prática nos dias atuais, mas alguns deles resistiram (e continuam resistindo) bravamente à passagem do tempo.
CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA
Na reação contra a publicidade estrelada por Fernanda Torres, o bolsonarismo usou uma velha arma da propaganda: a personalização. Tudo pode ser vendido — de purgante a óleo de peroba — se tiver um rótulo e um enredo. O mal, como abstração retórica, desperta pouca atenção, mas basta dar ao maligno um par de chifres e um propósito obscuro para ter um inimigo tão nítido como a Havaiana comunista.
O bolsonarismo vive atrás de uma teoria unificada que explique tudo. Não se trata de uma teoria conspiratória — que exige o suor dos neurônios para misturar fatos obscuros a especulações maldosas e tirar suas próprias confusões —, mas de uma teoria unificadora que é justamente um pretexto para não pensar.
Com o ex-mito preso, o saco de dinheiro do Sóstenes nas manchetes, a dosimetria nas mãos do Lula, a bancada dos fujões cassada e a Magnitsky do Xandão cancelada, o bolsonarismo entrou em parafuso. Eduardo Bolsonaro, Nikolas Ferreira e seus robôs digitais correram às redes para proclamar: por trás de tudo está a Havaiana, inimiga declarada do "pé direito".
Monitoramento de 100 mil grupos de WhatsApp revelou que 98% das reações ecoaram o bolsonarismo nos ataques à sandália. Já a esquerda negligenciou o movimento, e o pedaço neandertal da direita arrumou um demônio de ocasião para o qual transferir suas culpas — ou pelo menos para desconversar: a Havaiana comunista exime o bolsonarismo de todo exame do mal, a começar pelo mais difícil: o autoexame.
O eMule foi o programa de compartilhamento de arquivos preferido da molecada de duas décadas atrás. Sua capacidade de "consertar arquivos danificados" contribuiu significativamente para que se sobressaísse em meio a um mar de alternativas. Embora tenha perdido a razão de existir com o surgimento dos serviços de streaming (como Spotify, Netflix e YouTube), ele foi ressuscitado por desenvolvedores independentes em 2020, e teve seu design clássico preservado (clique aqui para mais informações e download).
Internautas "old school" recordam com saudades do barulhinho de máquina de escrever e do canto do cuco do ICQ — programinha israelense que ficou anos no topo da lista dos mensageiros mais populares nos anos 90 e início dos 2000, até perder espaço para o MSN Messenger. Em 2010, uma empresa russa adquiriu o ICQ e implementou diversas melhorias. Hoje, ele conta com cerca de 1,5 milhões de usuários ativos e pode ser baixado gratuitamente a partir deste link.
O Napster revolucionou a maneira como as pessoas acessavam e compartilhavam músicas no mundo inteiro. Depois de enfrentar uma série de problemas legais envolvendo direitos autorais, ele passou a operar de maneira semelhante ao iTunes, comercializando músicas legalmente mediante uma assinatura mensal de R$ 17,99 (clique aqui para mais informações e download).
Quando se fala em baixar arquivos via Peer-to-Peer (P2P), é impossível não pensar no uTorrent. Ele foi lançado em 2005 e fez um sucesso estrondoso, mas, a exemplo do eMule, acabou sendo vítima da expansão de serviços de streaming. Mesmo assim, ainda tem usuários fieis e oferece planos pagos para quem quer uma experiência sem anúncios e com mais funcionalidades (para mais informações e download, clique aqui).
Amantes de música saudosistas que viveram a era digital no início dos anos 2000 devem se lembrar com saudades do VLC. Muitos não sabem que ele ainda existe, reproduz arquivos multimídia dos mais diversos formatos, tem interface atraente e intuitiva e é capaz de interagir com dispositivos como o Chromecast — o que permite projetar vídeos e fotos diretamente na tela grande da TV.
Quem tinha o Winamp como companheiro inseparável ainda pode fruir de suas funcionalidades únicas, pois ele não só sobreviveu à transição tecnológica como recebeu atualizações que lhe asseguram compatibilidade com novos codecs de áudio e suporte ao Windows 11. E para aqueles que achavam que personalizar o visual do player era tão importante quanto a música, abrir o app e se deparar com a skin clássica é uma verdadeira viagem no tempo.
Para encerrar, o festejado Windows Media Player (que você pode baixar clicando aqui) recebeu atualizações até o Windows 10, quando então Microsoft o substituiu pelo Groove Music (que foi descontinuado em 2018).
Com a chegada do Windows 11, o app Reprodutor Multimídia tornou-se a opção padrão de mídia, mas o velho player ganhou um visual moderno e manteve elementos do extinto Groove como uma homenagem a seu passado.
