sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

VAI APROVEITAR O 13º PARA TROCAR DE CARRO? QUE TAL EXPERIMENTAR UM MODELO COM TRANSMISSÃO AUTOMÁTICA?

“KNAPP DANEBEN IST AUCH VORBEI” (QUASE GANHAR TAMBÉM É PERDER).

Dentro de alguns dias, quem ainda tem emprego e um bom salário verá seu contracheque recheado com um polpudo abono natalino ― ou 13º salário, se preferir, como foi chamada a gratificação instituída em 1962 pelo então presidente João Goulart, que tornou compulsória uma prática até então concedida por alguns patrões, por mera liberalidade, como forma de agradecer e estimular o desempenho de seus funcionários.

Há quem diga que essa medida não passou de populismo, mas é incontestável que a grana extra é aguardada ansiosamente pelos trabalhadores ― que, em tempos de vacas gordas, torravam-na em compras de Natal e viagens de férias, mas agora, em meio à crise gerada e parida pela anta incompetenta que ocupou a presidência até seis meses atrás, quando não sobra salário no fim do mês, mas mês no fim do salário, usa para quitar dívidas e realizar de projetos de consumo há muito adiados, como a troca do fogão, da geladeira ou, porque não, do velho “poizé” da família.

Lamentavelmente, o preço dos automóveis no Brasil é piada (de humor negro), e a maioria dos modelos fabricados aqui estão defasados pelo menos 30 anos em relação aos do assim chamado “primeiro mundo”. Mas o cenário melhorou bastante depois que o ex-presidente Collor classificou os carros nacionais como “carroças”, abriu as importações e pôs fim à nefasta “reserva de mercado” herdada da ditadura militar. Não fosse assim, talvez ainda estivéssemos pagando rios de dinheiro por fuscas, brasílias, chevettes e corcéis com motores carburados, sem direção servo-assistida, travas e vidros elétricos, freios com ABS e outros aprimoramentos que hoje estão disponíveis até mesmo nos modelos “populares”, ainda que como “opcionais” cobrados a peso de ouro.

Outra evolução digna de nota é a transmissão automática ― sistema desenvolvido no início do século passado e que logo cativou os motoristas norte-americanos (e europeus, ainda que em menor grau), mas só recentemente caiu no gosto dos brasileiros. Embora equipasse boa parte da frota tupiniquim nas décadas de 40/50/60 ― que era composta majoritariamente de automóveis importados dos EUA ― a suposta fragilidade dos componentes, a escassez de mão de obra especializada e o alto custo dos reparos levavam os consumidores tupiniquins a rejeitá-los.

Hoje, a coisa é um pouco diferente. Embora persistam resquícios desse ranço em alguns nichos, o conforto e a confiabilidade das caixas automáticas e automatizadas vêm sendo reconhecidos pelos consumidores, e a possibilidade de trocar as marchas de forma “sequencial”, oferecida por alguns modelos, proporciona desempenho similar ou até superior ao dos câmbios mecânicos tradicionais, cativando até mesmo motoristas que não abrem mão de uma tocada mais esportiva.

Depois que a Volkswagen, a General Motors e a Ford se estabeleceram no Brasil (a FIAT veio um pouco depois, já no final da década de 70) e os retrógrados governos militares impuseram barreiras quase intransponíveis às importações, o câmbio mecânico reinou absoluto até que a FORD lançou a luxuosa versão Landau do Galaxie, equipada com uma caixa automática de 3 velocidades. Nos anos 1980, pipocaram mais alguns modelos (da própria FORD, como o Del Rey, da GM, como as versões Comodoro e Diplomata do Chevrolet Opala e, mais adiante, modelos top de linha do Monza), mas sua penetração no mercado foi inexpressiva, quando comparada com seus equivalentes com câmbio manual. Já a transmissão automatizada (cujas diferenças serão abordadas mais adiante nesta sequência) foi usada inicialmente pela Fiat nos Palio Citymatic do início da década de 90, mas o fiasco retumbante condenou-a ao ostracismo até 2007, quando a GM lançou a Meriva Easytronic, e logo foi seguida pela VW, FIAT e FORD (não necessariamente nessa ordem).

Caixas automatizadas são mais baratas e fáceis de manter do que as automáticas, pois utilizam basicamente os mesmos componentes da transmissão manual. A diferença é que, como os veículos automáticos, os automatizados contam apenas com os pedais do acelerador e do freio, já que “robôsacionam a embreagem e trocam as marchas automaticamente. O preço mais acessível levou as montadoras a oferecer esse “mimo” em seus modelos intermediários, deixando a transmissão automática “de verdade” para os de topo de linha. Todavia, embora tanto num caso como no outro o motorista fica dispensado de usar a perna esquerda, as semelhanças ficam por aí, pois cada sistema tem vantagens e desvantagens que você deve levar em conta ao escolher seu próximo carro.

Para facilitar a compreensão do que será visto a seguir, recomendo a leitura das postagens de  21 e 22 de setembro de 2009, mediante a qual você terá uma boa ideia como funciona o motor de combustão interna do ciclo Otto. Enquanto isso, eu vou preparando o próximo capítulo desta sequência. Abraços a todos e até lá.

A CAMINHO DO IMPASSE

O Brasil caminha para um grave impasse institucional. Os três Poderes fundamentais funcionam mal ou não funcionam, e esse desempenho precário transforma-se em material altamente inflamável. Por um lado, temos um Congresso formado pelo dinheiro sujo e que reuniu a maior concentração de burrice e despudor de que se tem notícia.

O que há de virtude na Câmara e no Senado resiste em um cantinho. A maioria dos parlamentares brasileiros se uniu para votar a anistia a seus próprios crimes, o que só não ocorreu pela reação da opinião pública, particularmente notável nas redes sociais. Em um quadro que antecede o conhecimento da delação da Odebrecht, essa mesma maioria aprovou emendas em cima da perna, mais para retaliar do que para responsabilizar atos ilegais eventualmente cometidos por membros do Judiciário e do Ministério Público.

Do outro lado, como expressão desta calamidade, há o governo Temer, que segue a cartilha de sua antecessora ao propor ajuste que preserva o "andar de cima". Uma metáfora que, no caso Temer, perdeu sua extensão simbólica para se concretizar em uma torre com vista privilegiada para a Baía de Todos os Santos. Foram-se os geddéis, mas quando a corda aperta os sacrifícios propostos pela Casa Grande são encaminhados à Senzala. Sem a legitimidade das urnas e sem base social nas classes populares, o governo Temer é uma caricatura sem graça cercada de investigações por todos os lados.

Na outra ponta, um Judiciário insuscetível às reformas vive em torno de suas próprias demandas e privilégios que afrontam o ideal republicano. O próprio Conselho Nacional de Justiça, que surgiu como instância capaz de barrar abusos e combater desvios, perdeu seu potencial reformador e se tornou um órgão de chancela de interesses corporativos. No STF, há centenas de políticos denunciados e que nunca foram nem serão julgados. O mesmo fenômeno se identifica em outras instâncias como o STJ. A justiça brasileira segue sendo aquela que mantém na prisão quase 40% da massa carcerária sem julgamento e que, até hoje, não foi capaz de julgar em definitivo personagens emblemáticos como Paulo Maluf

Alguém dirá que isso ocorre por conta das leis brasileiras. Não é verdade. A Justiça brasileira sustenta a impunidade pela tradição de não julgar os poderosos, ponto. A Lava-Jato é uma trajetória absolutamente fora da curva, e exatamente por isso que ela é tão importante. Coisa que a esquerda e a direita antigas não podem ver pelas impressionantes mesmas razões.


Com artigo de Marcos Rolin no portal ZH

Era uma vez um rei que adorava coisas estranhas. Sabendo disso, um espertalhão abordou o dono de um elefante e propôs levarem o animal até o palácio e vendê-lo ao rei, dizendo que o bicho cantava.
O rei mandou o elefante falar, e nada. O espertalhão informou que levaria 20 anos para o elefante cantar e, enquanto isso, ele e o sócio deveriam ser hóspedes reais, usufruindo toda a mordomia da corte.
O rei topou, mas advertiu: 
― Daqui a 20 anos, se ele não cantar, vocês serão torturados até a morte.
O dono do animal ficou apavorado. O espertalhão nem aí, com ar triunfante, tranquilizou as coisas:
― Em 20 anos, o rei pode morrer, o elefante pode morrer e até nós podemos morrer.

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