Era uma vez o Reino
das Bananas, um reino que um dia foi feliz, mas se tornou triste. Seu rei era o Rei de
Araque.
Como todo rei, não havia sido escolhido pelo povo. Herdou o
trono quando sua mãe, a Rainha Doida,
destruiu as finanças do reino e foi exilada.
A Rainha Mãe era
doida porque não falava lé com cré, não entendia patavina das finanças, deixava
amigos não pagarem tributos, prometia melhorias e não as entregava, e não tinha
aliados no Conselho dos Notáveis (que era quem escrevia as leis).
Como nossa história se passa na Idade Média, muitos desses
conselheiros eram vilões.
Em troca de algumas moedas de ouro, escreviam leis que
beneficiavam quem os pagasse, e o faziam deslavadamente, nas fuças do rei e do
povo.
O rei, quando acordava, observava seu reino da janela de
seus aposentos com o olhar incrédulo de quem tinha poder muito acima de sua
capacidade. Mas não era bobo. Não cometeria o mesmo erro da mãe. Preferia fazer
conchavos com gente de má reputação e com o Conselho para se manter no poder,
quando muitos achavam que ele deveria tomar medidas que acabassem com a
roubalheira geral e se cercar de gente de confiança, enfim, que fizesse o
óbvio: botasse ordem no Reino das Bananas. Mas o rei escolhia os mais suspeitos Grão-Duques, gente da
pior espécie, que usava o reino apenas para enriquecer seus feudos.
Um deles, veja que absurdo, usou o poder real para
pressionar o Marquês das Construções a liberar uma obra. Uma porcaria dum
castelinho mequetrefe. O marquês, ofendido, reclamou ao rei, que destituiu não
o Grão-Duque cínico, mas o próprio marquês. Só na Idade Média para acontecer
uma palhaçada dessas.
O Rei de Araque nem tchum para os resmungos da plebe, e a
vida seguia como sempre no Reino das Bananas. Os conselheiros roubando e o rei
se cercando de canalhas. Um belo dia, o Conselho dos Notáveis recebeu um
conjunto de leis para aprovar. Era uma série de medidas para acabar de vez com
a safadeza. Mas era o mesmo que dar a chave do galinheiro para a raposa. Afinal,
se era justamente o conselho quem mais aprontava, como esperar que aprovasse
leis para arrumar o que estava errado?
Isso pode parecer óbvio para nós, que vivemos no século 21,
mas, na Idade Média, ninguém percebia esse absurdo.
As leis, se aprovadas, dariam uma nova esperança para o povo
e o Reino das Bananas seria feliz de novo. Finalmente, o Reino das Bananas
mudaria. Mas o Conselho não cederia tão facilmente, e numa reunião na calada da
noite, fez picadinho das medidas para moralizar o reino. Mudaram tudo, de novo,
para se favorecer. E o rei nem aí.
O povo ficou indignado e saiu às ruas
esburacadas do reino para pedir a cabeça do Rei de Araque e de seus
conselheiros. Havia bonecos com o rei enforcado, faixas com palavras de ordem e
musiquinhas motivadoras. Mas não adiantou nada. Afinal, na Idade Média ainda
não existia Instagram, que, como a
gente sabe, hoje é o que faz a grande diferença.