A cada quatro anos, a entrada do Palácio do Planalto se transforma por algumas horas num portal que
leva a um mundo escondido de nós, simples pagadores de tributos.
Nesse dia, políticos empurrando carrinhos com suas malas de
dinheiro embarcam para uma jornada na mais famosa escola de Magos da Corrupção que já se conheceu: O mundo de Robewarts. O lugar onde
aprenderão a nos ludibriar, roubar e enganar.
Robewarts é um edifício
gigantesco, uma obra faraônica construída por uma importante empreiteira como
presente para o Mago dos Magos.
Aquele que foi o mais talentoso de que se tem notícia. O inigualável Harry P. Ter.
Conta a lenda que Harry
P. Ter, ainda criança, dominava a arte de transformar tudo que comprava em
empréstimos de amigos. E por falar em amigo, seu braço-direito, Dircione, aprendeu desde cedo a cooptar
os colegas. Para isso, ele usava dinheiro que fazia aparecer com as palavras
mágicas: Youseff, Offshoris, Dolaris! E, pimba, o coitado do companheiro menos talentoso
aparecia em seu bolso.
Harry dirigiu a
escola por décadas, até passar o bastão para sua melhor discípula, Dildore, que o substituiu na
presidência de Robewarts. Mesmo sem
o talento de seu mestre, ela era versada como ninguém em Desfaçateologia, e decidiu passar seus últimos anos ensinando a
novos magos as mais nobres artes.
A rotina de Robewartz
é muito parecida com a de qualquer escola. Cada aluno rapidamente descobre seus
principais talentos e pode aperfeiçoá-los ao máximo. No pátio, um grupo de
alunos aprende como transformar companheiros em laranjas enquanto outros
treinam as técnicas de fingir-se de doente para escapar da cana.
Assim, a escola manteve por séculos a tradição de abrigar
milhares de estudantes que passam seus dias aprimorando a magia do Enriquecimento Ilícito. Se alguém
pudesse visitar a escola, escutaria dois alunos conversando:
– Amanhã tem prova de Subornologia e eu não vou passar…
– Mas você não tinha
molhado a mão da professora?
– Tinha. Mas ela deu
pra trás. Agora quer mais cinco mil, e meu dinheiro acabou.
– Não por isso rapaz!
Toma aqui! ― e transforma sua cueca num maço de dinheiro, entrega para o amigo,
e ambos riem a valer.
– Aproveita para
gravar a hora que você der o dinheiro, assim você usa no trabalho de Chantageneses que o professor pediu
―, e pisca o olho, cúmplice.
Por séculos, tudo correu bem em Robewarts, até que surgiu o temível Valdemoro, decidido a acabar com a farra. Um por um, Valdemoro mandou para as trevas magos,
alunos e professores, e Robewarts
foi aos poucos perdendo seu brilho original. Até Dildore foi afastada do comando, e hoje faz seus truques apenas em
festas de aniversário de amigos mais próximos, triste fim.
Valdemoro
continua incansável em sua missão de destruir Robewarts e todos os seus Magos. E ele sabe que o pior ainda está
por vir.
Chegará o dia do confronto final com Harry P. Ter, e quando esse dia chegar e eles tiverem finalmente que
se enfrentar, apenas um sobreviverá.