"EIN
GUTES GEWISSEN IST EIN SANFTES RUHEKISSEN" (UMA CONSCIÊNCIA LIMPA É O
TRAVESSEIRO MAIS MACIO QUE EXISTE).
A função da embreagem é acoplar ou desacoplar dois
sistemas rotativos distintos (o motor e
o câmbio, no caso do automóvel), permitindo-lhes girar em conjunto,
separadamente, ou em rotações diferentes. O modelo usado nos veículos equipados
com câmbio manual é acionado pelo motorista através de um pedal que leva o garfo a pressionar o rolamento de encosto contra a mola-diafragma do platô, reduzindo a
pressão sobre o disco de fricção.
Conforme esse pedal é liberado, dá-se o efeito inverso, ou seja, o disco volta a ser pressionado contra o
volante do motor, elevando gradualmente a rotação até igualá-la à do eixo
piloto.
Observação: Uma das maiores dificuldades dos motoristas iniciantes é conciliar a
aceleração com a pressão no pedal da embreagem, o que é indispensável para
aproveitar o efeito de "patinagem" ao manobrar o veículo ou vencer a
inércia ― notadamente em aclives ― evitando que o motor "morra" e/ou
o carro se movimente aos solavancos.
Já ao
sistema de transmissão (câmbio/diferencial)
compete desmultiplicar a rotação do motor e repassá-la às rodas motrizes sob a
forma de torque ou potência, conforme as exigências do
veículo a cada momento (mais detalhes nesta
postagem).
A primeira
etapa desse processo cabe ao câmbio,
cujo sofisticado conjunto de eixos, engrenagens, garfos e luvas de engates
produz as diversas relações (marchas) que o motorista seleciona manualmente
através da alavanca de mudanças. A
segunda fica por conta do diferencial,
que também é composto por um rebuscado conjunto de engrenagens ― coroa e pinhão, planetárias e satélites ― que desmultiplicam (mais
uma vez) a rotação proveniente do câmbio e a repassam às rodas motrizes, permitindo que elas girem em velocidades diferentes
durante as curvas ― situação em que as rodas "internas" percorrem
trajetórias menores do que as "externas".
Observação: Na maioria dos carros fabricados atualmente no Brasil, que têm motor e
tração dianteiros, o diferencial
fica acoplado à caixa de câmbio; em veículos com motor dianteiro e tração
traseira, ele é instalado entre as rodas motrizes e recebe o movimento
rotacional transmitido pelo câmbio através de um eixo longitudinal (cardan).
Veículos (0
KM) com transmissão automática ou
automatizada tendem a custar mais caro do que modelos com câmbio manual,
mas não ter de acionar a embreagem nem mudar as marchas no trânsito caótico das
grandes metrópoles não tem preço, e muita gente vem se rendendo às benesses
dessas opções.
No câmbio automático, um conversor
de torque faz o papel da embreagem e um conjunto de planetárias,
auxiliado por um sofisticado mecanismo de apoio, produz as relações de
transmissão que são repassadas às rodas motrizes. Já as caixas automatizadas
são, conforme eu já disse, as mesmas das transmissões manuais. A diferença é o
acionamento da embreagem e a troca de marchas, que ficam a cargo de um robô
(daí esse sistema ser conhecido também como transmissão robotizada).
Note que em
ambos os casos o pedal da embreagem foi
suprimido, mas a alavanca de mudanças continua presente, seja no console
central, seja na coluna da direção (em alguns modelos top de linha, ela dá
lugar a um seletor na forma de botão, mas isso já é outra história). Em última
análise, você só precisa ligar o motor (na maioria dos câmbios automáticos,
a alavanca deve estar em P e o pedal do freio, pressionado), selecionar
a opção D, acelerar e frear, pois o sistema se encarrega de selecionar
automaticamente as marchas mais adequadas a cada situação.
Amanhã a
gente conclui. Abraços e até lá.
E VIVA O POVO BRASILEIRO!
A despeito de eu discordar enfaticamente de quem atribui a Temer a culpa pela maior crise da nossa
história, questiona a legitimidade do seu governo, classifica de golpe a medida
saneadora que defenestrou a imprestável ex-grande-chefa-toura-sentada-ora-impichada
e dá ouvidos às bazófias de Lula ― o
populista boquirroto que prometeu combater a corrupção e, em vez disso,
institucionalizou-a e dela se serviu para financiar seu espúrio projeto de
poder e multiplicar seu patrimônio pessoal e familiar ―, não posso aplaudir o
que está acontecendo no país sob o comando do PMDB e seus aliados.
Como se não bastasse a cachoeira de denúncias envolvendo
políticos de todas as esferas, ideologias e siglas ― que se tornará ainda mais
caudalosa com a homologação das delações premiadas de 77 executivos da Odebrecht, dentre os quais os
todo-poderosos Emilio e Marcelo ― e a demora da Justiça em
punir exemplarmente os “cabeças” do Petrolão
― que todo mundo já sabe quem são ―, repugna-me ver o Poder Judiciário, talvez o último bastião desta república capenga e
nossa derradeira esperança de um Brasil melhor ― submeter-se ao Legislativo, com a conivência do Executivo (ou a rogo deste, melhor
dizendo) a pretexto de evitar uma “crise institucional”.
“Na semana passada, o STF abandonou a posição de pedra angular da vida
nacional e protagonizou um deplorável espetáculo bananeiro de meter vergonha em
qualquer cidadão que aspira a viver em um país com instituições sólidas, previsíveis,
respeitáveis e estáveis”, diz a Revista
Veja desta semana, na sessão Carta
ao Leitor. E com razão.
A palhaçada começou quando Marco Aurélio Mello, atendendo a um pedido do partido Rede Sustentabilidade, decidiu afastar Renan Calheiros da presidência do
Senado pelo fato de ele ser réu por crime de peculato (além de investigado em
pelo menos mais 11 processos que tramitam no Supremo). Ao tomar essa decisão
monocraticamente, todavia, o ministro jogou uma bomba no colo da Corte, até porque
o todo poderoso senador alagoano resolveu simplesmente ignorar a ordem ―
atitude que o ministro Luis Roberto
Barroso classificou como “crime de desobediência” ― e, ato contínuo,
driblou pateticamente o oficial de justiça que lhe foi entregar a notificação e
articulou com a mesa diretora do Senado uma espécie de rebelião do Congresso.
Em outras palavras, sua insolência deixou
claro o Congresso é seu território particular, onde todo o poder emanava dele, Renan, e em seu nome deve ser exercido.
E como era consenso entre os caciques da Banânia que sem Renan não se aprovaria a PEC
dos gastos, e sem a aprovação dessa proposta o governo morreria na praia, encenou-se
uma verdadeira ópera bufa, tendo o STF como palco e o povo como “bobo da corte”.
A pedido de Temer
e a pretexto de “zelar pela estabilidade institucional”, a ministra Carmem Lucia convocou a toque de caixa
uma sessão extraordinária para julgar o mérito da liminar do ministro Marco Aurélio, na qual ficou provado
que “manda quem pode, desobedece quem tem
juízo”. Por 6 votos a 3, Renan,
o irremovível, foi afastado da linha sucessória presidencial, mas manteve o
mandato e o cargo de presidente do Senado.
Assim, pariu-se a jabuticaba que
criou a figura inusitada do “meio senador” ― para o desalento da nação, que
esperava mais do Judiciário (a quem cabe fazer justiça, e não adotar atitudes “patriótica”,
como bem definiu Renan, ao comemorar
a decisão do Supremo). Participaram do espetáculo, ainda que como eminências
pardas, barões da República do
quilate de Sarney, Aécio e FHC ― visando garantir que Renan
ficava, a despeito de sua postura insolente, ou o Brasil partiria para o
desconhecido, numa promessa de mais baderna, gritos e acusações. Velhos
caciques que preservam suas posições, mas não ajudam muito: para fortalecer a
democracia, precisamos urgentemente de novas lideranças.