terça-feira, 17 de dezembro de 2019

SOBRE O PAU DE ARARA E OS FILHOS DO PAI, DA MÃE E DO CAPETA



Após um hiato de 26 dias sem postar, o pitbull presidencial voltou às redes sociais no domingo 8, quando publicou um meme do chefe de cozinha turco Salt Bae, e na terça subsequente, para compartilhar um vídeo do grupo Os Mateadores cantando a música "Cadela de baia". Mas o mais intrigante foi uma frase em código Morse que não fazia o menor sentido (vide figura ilustração).

Entrementes, Bolsonaro pai, de passagem pelo Tocantins, afirma  que colocará no pau de arara ministros de seu governo que se envolverem em casos de corrupção. Como é de praxe, a mídia logo classificou a frase de efeito do capitão como "uma declaração polêmica", e os teóricos da conspiração entraram em polvorosa, pois o dislate foi proferido às vésperas do 51.º aniversário do AI-5.

Observação: Para quem não sabe, no pau de arara os pulsos do torturado eram amarrados aos tornozelos. Antes do início da sessão de suplícios, a vítima é pendurada pelos joelhos, de cabeça para baixo, num pau roliço, e ficava à mercê dos algozes.

Ao longo de todo este ano, a mídia enalteceu um ex-presidente corrupto, decarréu e duplamente condenado, e perseguiu implacavelmente o "mito" dos bolsomínions. Diante dessa caça à bruxas, não espanta que capitão destile sua hostilidade contra jornalistas e veículos que publicam críticas a ele, seu governo, sua prole e seus ministros. A Folha, que se tornou sua inimiga figadal ao noticiar a suspeita de uso de disparos em massa de mensagens de WhatsApp contra Haddad e, mais adiante, ao publicar as primeiras denúncias sobre o uso de candidaturas laranjas pelo PSL, chegou a ser excluída de uma licitação do governo.

Na outra margem desse caudaloso rio de merda, o ex-presidiário de Curitiba nem bem deixou a cadeia e subiu num palanque improvisado para vituperar acusações irresponsáveis contra a Rede Globo e despejar toda sorte de ameaças vazias contra "os inimigos do povo", levado ao delírio a chusma de esquerdopatas que se reuniu defronte à sede da PF em Curitiba e, no sia seguinte, diante do Sindicato dos Metalúrgicos de ABC para beber seus ensinamentos. Mais adiante, já na capital do seu estado de origem (num hotel de luxo da praia da Boa Viagem, o bairro mais chique da cidade, é claro), o criminoso de Garanhuns acrescentou ao bolo fecal que serviu à patuleia ignara de adoradores o seguinte troçulho: "(...) Nós não vendemos ódio, vendemos amor, paixão. É muito coração nessa história”.

Observação: Na edição revista e atualizada de sua "caravana pelo Brasil", só bateram os cascos para o petralha os integrantes da tropa asinina mortadeleira. Do restante dos populares, o que mais se ouviu foi: “Lula, ladrão, teu lugar é na prisão”. E isso no coração do Nordeste, onde,  dos “institutos de pesquisa de opinião”, o enganador vermelho sempre diz que tem 120% de popularidade.

Para não espichar demais esse assunto na penúltima semana de 2019, acrescento apenas que, para mim, o que Lula fala e merda são a mesma coisa. Mas Bolsonaro discursa como se não enxergasse corrupção em seu entorno, mesmo havendo na Esplanada dos Ministérios três denunciados, dois investigados e até um condenado. Esses ministros estão pendurados na folha de pagamento da União, não no pau de arara, e desfilam pelos gabinetes de Brasília como se nada pesasse contra eles. Durma-se com um barulho desses!

Sobre a nova novela cujo primeiro capítulo foi ao ar na última semana com a fase 69 da Lava-Jato focando Lulinha, o notável ex-catador de bosta de elefante que, graças ao papai presidente, tornou-se da noite para o dia o "Ronaldinho dos negócios", falarei numa próxima oportunidade.