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terça-feira, 17 de dezembro de 2019

SOBRE O PAU DE ARARA E OS FILHOS DO PAI, DA MÃE E DO CAPETA



Após um hiato de 26 dias sem postar, o pitbull presidencial voltou às redes sociais no domingo 8, quando publicou um meme do chefe de cozinha turco Salt Bae, e na terça subsequente, para compartilhar um vídeo do grupo Os Mateadores cantando a música "Cadela de baia". Mas o mais intrigante foi uma frase em código Morse que não fazia o menor sentido (vide figura ilustração).

Entrementes, Bolsonaro pai, de passagem pelo Tocantins, afirma  que colocará no pau de arara ministros de seu governo que se envolverem em casos de corrupção. Como é de praxe, a mídia logo classificou a frase de efeito do capitão como "uma declaração polêmica", e os teóricos da conspiração entraram em polvorosa, pois o dislate foi proferido às vésperas do 51.º aniversário do AI-5.

Observação: Para quem não sabe, no pau de arara os pulsos do torturado eram amarrados aos tornozelos. Antes do início da sessão de suplícios, a vítima é pendurada pelos joelhos, de cabeça para baixo, num pau roliço, e ficava à mercê dos algozes.

Ao longo de todo este ano, a mídia enalteceu um ex-presidente corrupto, decarréu e duplamente condenado, e perseguiu implacavelmente o "mito" dos bolsomínions. Diante dessa caça à bruxas, não espanta que capitão destile sua hostilidade contra jornalistas e veículos que publicam críticas a ele, seu governo, sua prole e seus ministros. A Folha, que se tornou sua inimiga figadal ao noticiar a suspeita de uso de disparos em massa de mensagens de WhatsApp contra Haddad e, mais adiante, ao publicar as primeiras denúncias sobre o uso de candidaturas laranjas pelo PSL, chegou a ser excluída de uma licitação do governo.

Na outra margem desse caudaloso rio de merda, o ex-presidiário de Curitiba nem bem deixou a cadeia e subiu num palanque improvisado para vituperar acusações irresponsáveis contra a Rede Globo e despejar toda sorte de ameaças vazias contra "os inimigos do povo", levado ao delírio a chusma de esquerdopatas que se reuniu defronte à sede da PF em Curitiba e, no sia seguinte, diante do Sindicato dos Metalúrgicos de ABC para beber seus ensinamentos. Mais adiante, já na capital do seu estado de origem (num hotel de luxo da praia da Boa Viagem, o bairro mais chique da cidade, é claro), o criminoso de Garanhuns acrescentou ao bolo fecal que serviu à patuleia ignara de adoradores o seguinte troçulho: "(...) Nós não vendemos ódio, vendemos amor, paixão. É muito coração nessa história”.

Observação: Na edição revista e atualizada de sua "caravana pelo Brasil", só bateram os cascos para o petralha os integrantes da tropa asinina mortadeleira. Do restante dos populares, o que mais se ouviu foi: “Lula, ladrão, teu lugar é na prisão”. E isso no coração do Nordeste, onde,  dos “institutos de pesquisa de opinião”, o enganador vermelho sempre diz que tem 120% de popularidade.

Para não espichar demais esse assunto na penúltima semana de 2019, acrescento apenas que, para mim, o que Lula fala e merda são a mesma coisa. Mas Bolsonaro discursa como se não enxergasse corrupção em seu entorno, mesmo havendo na Esplanada dos Ministérios três denunciados, dois investigados e até um condenado. Esses ministros estão pendurados na folha de pagamento da União, não no pau de arara, e desfilam pelos gabinetes de Brasília como se nada pesasse contra eles. Durma-se com um barulho desses!

Sobre a nova novela cujo primeiro capítulo foi ao ar na última semana com a fase 69 da Lava-Jato focando Lulinha, o notável ex-catador de bosta de elefante que, graças ao papai presidente, tornou-se da noite para o dia o "Ronaldinho dos negócios", falarei numa próxima oportunidade.

quarta-feira, 1 de maio de 2019

ZERO ZERO, ZERO DOIS E A GUERRA CIVIL NA VENEZUELA



Carlos Bolsonaro, dublê de pitbull palaciano e franco-atirador das redes sociais, tuitou que o general Santos Cruz, ministro da Secretaria de Governo da Presidência da República, exerceu com competência máxima sua incompetência na área de comunicação ao perder as chances claríssimas de trombetear o "bom trabalho" do seu pai, embora não tenha especificado quais feitos notáveis do presidente mereceriam um rufar de tambores. 

A exemplo de Mourão, Santos Cruz não é fã de carteirinha do polemista Olavo de Carvalho, guru do clã Bolsonaro e grande herói daquele que, ao incluir outro general no seu rol de alvos, deixou claro que o tiro ao general se tornou seu esporte predileto, enquanto seu papai presidente, ao permitir que o pimpolho ocupe todos os espaços da oposição, consolida sua inequívoca vocação para um esporte ainda mais radical: o tiro no próprio pé.

A frequência com que vem interferindo na administração de estatais e bancos públicos não só causa arrepios na equipe econômica como já garantiu ao presidente-capitão o apelido nada elogioso de “Dilmo”. Menos de uma semana depois de ordenar ao Banco do Brasil a suspensão de uma peça publicitária (que custou R$ 17 milhões) e demitir o diretor de marketing da instituição, o boquirroto, visando à redução dos juros para empréstimos ao setor rural, apelou publicamente “ao coração e ao patriotismo” do presidente da instituição, que, ao ser empossado no cargo, afirmou que o banco não voltaria a ser usado para baixar artificialmente os juros, como aconteceu no governo Dilma, cujo intervencionismo levou o país para o buraco.

Para desassossego de seu ministro e da equipe econômica, Bolsonaro vem se revelando um liberal de gogó. Ao repetir no Banco do Brasil o que tentou fazer na Petrobras, o capitão derrubou o valor das ações da instituição, justificou o apelido que recebeu dos parlamentares do centrão e demonstrou ser incapaz de aprender com os próprios erros, pois imaginava-se que a tentativa atabalhoada de controlar os preços do diesel na Petrobras a golpes de gogó lhe tivesse lhe ensinado que o órgão a ser governado nas empresas — estatais ou privadas— é a cabeça, e que não se melhora um balanço com o coração. E governante que demora a perceber algo tão trivial estimula o eleitor a acreditar que a República já não precisa de um presidente, mas de um médico-legista.

Enquanto escrevo este texto (no final da tarde de terça-feira, 30), o caldeirão ferve como nunca na Venezuela. Se as imagens transmitidas pela TV não são de uma guerra civil, então eu não sei o que seriam. Graças ao bolivarianismo tão admirado por Gleisi, Haddad e outros esquerdopatas, e insuflado com dinheiro do BNDES (nosso dinheiro, portanto) durante os governos de Lula, de sua imprestável pupila e sucessora e de seu "bando de maluco", o país vizinho chegou ao ponto que chegou, e só se salvará com a queda — ou o extermínio, que assim não fica dando despesa na prisão — do ditador sanguinário que se agarra ao poder como carrapato em lombo de boi. Que Maduro caia rápida e definitivamente, livrando a América Latina de mais essa aberração populista de esquerda.

O Planalto, que foi pego de surpresa pelos acontecimentos (pelo menos, foi essa a impressão que deu), afirmou que o desfecho do imbróglio depende do comportamento das Forças Armadas. A sensação de que a adesão a Guaidó poderia ser mais densa foi potencializada pelas imagens em que ele se exibia ao lado de militares fardados e de outro líder oposicionista, Leopoldo López, que estava em prisão domiciliar, sob forte vigilância, desde 2014, mas a repressão que veio na sequência, com a imagem chocante de um blindado atropelando manifestantes, levou o governo brasileiro a moderar seu entusiasmo.

Segundo Josias de Souza, a impressão que vigora no momento é a de que a crise mudou de patamar, pois um pedaço da estrutura militar migrou para o lado de Guaidó. Entretanto, o Planalto concluiu que a migração pode ter relevo apenas quantitativo. Em termos qualitativos, a cúpula militar se mantém leal a Maduro. Foi essa a principal avaliação feita durante reunião de emergência convocada por Jair Bolsonaro, na manhã de ontem, para analisar o recrudescimento da crise venezuelana.

O PT sustenta em nota oficial que não há ditadura na Venezuela — os blindados que atropelaram manifestantes nas ruas de Caracas decerto são fruto de um complô de cenas irreais com as lentes das câmeras. Aos esquerdopatas fanáticos, pouco importa que Maduro tenha sido reeleito em 2018 numa votação contestada e tisnada pelas fraudes, que o pleito foi antecipado e os principais opositores do regime, acomodados na cadeia. Para eles, o que houve foi uma "tentativa de golpe levada a cabo pela oposição da direita golpista e antichavista." A cúpula militar que segura Maduro no poder para salvar seus privilégios talvez seja fruto de alucinação coletiva.

Na avaliação imprestável dos seguidores da seita do inferno e postulantes do Lula-Livre, os golpistas "tentam há anos derrubar o governo democraticamente eleito do Partido Socialista Unido da Venezuela", mas fracassam por causa do "apoio que o partido e seu governo têm junto às pessoas, após anos de políticas voltadas ao bem-estar da população e contrárias à exploração imperialista e das elites locais." A miséria, a hiperinflação, os milhões de venezuelanos fugindo do país… Tudo isso é efeito especial produzido pelo império nos estúdios de Hollywood. 

A certa altura, a nota faz uma concessão à realidade, admitindo a existência de "problemas" na Venezuela. O texto não especifica as encrencas, mas apresenta a solução: basta "levantar o embargo econômico internacional de que o país e, principalmente, sua população, são vítimas." Para que a coisa funcione, o PT ensina que "é importante que as forças democráticas busquem o caminho do diálogo e levem em consideração a vontade expressa no voto popular." Diante dessa conjuntura, o PT precisa definir o que entende por "vontade popular". Refere-se aos anseios das urnas fraudadas ou ao desejo das ruas sublevadas e das legiões que fogem do inferno e buscam refúgio em países vizinhos?

Sem rumo, com seu principal líder na cadeia e com um inimigo no Planalto, o PT enfiou-se em algo muito parecido com um buraco. A legenda podia celebrar o fato de que, pelo menos, ainda não havia terra em cima. Mas a nota sobre a Venezuela revela a existência de um plano secreto do petismo: a organização do próprio funeral. Assinam a nota do PT quatro coveiros: a presidente Gleisi Hoffmann; os líderes Humberto Costa (Senado) e Paulo Pimenta (Câmara) e a secretária de Relações Internacionais Mônica Valente.

Para o deputado federal Rubens Bueno, membro da Comissão de Relações Exteriores da Câmara e que é contra uma intervenção militar no país vizinho, o Brasil e a grande maioria das democracias do mundo vêm defendendo a saída de Maduro do poder. De acordo com o parlamentar, "Maduro insiste em manter sua ditadura, fraudou todas as últimas eleições, mergulhou o país na mais grave crise econômica de sua história e agora quer jogar o país em uma guerra civil. Nós reconhecemos a legitimidade de Guaidó para promover a retomada da democracia na Venezuela e repudiamos a postura de Maduro de atacar seu próprio povo. O que acontece hoje naquele país é uma revolta contra um governo déspota. Sempre defendemos uma saída negociada para a crise, com a convocação de novas eleições. Pelo que estamos assistindo, a população cansou de esperar. É lamentável que Maduro continue resistindo e levando o país a um caos generalizado". Há como discordar?

O líder da oposição e autoproclamado presidente interino da Venezuela fez um novo apelo para que as pessoas saiam às ruas para protestar neste feriado mundial de 1 de maio. Segundo Guaidó, hoje é a “fase definitiva da Operação Liberdade”. Vamos continuar acompanhado e torcendo para que Maduro, o tiranete de merda, seja devidamente despachado para o quinto dos infernos. E Lula lá.

terça-feira, 5 de março de 2019

GOVERNO BOLSONARO EM RITMO DE CARNAVAL



Sabemos porque Jair Bolsonaro derrotou o poste-fantoche do presidiário de Garanhuns por uma diferença de quase 11 milhões de votos; o que não sabemos é como será o seu governo. A julgar pelo que se viu desde que o presidente assumiu, há que torcer para que a performance da trupe melhore. Mas de uma coisa estou certo: como na fábula do Velho, o Menino e Burro, Bolsonaro será impiedosamente bombardeado, diga o que disser, faça o que fizer. E as críticas virão tanto da ala dos descontentes, que queriam o PT no poder, como dos que não entendem por que o atual governo ainda não resolveu todos os problemas que o PT criou ao longo de treze anos e fumaça, com destaque para os 5 anos, 4 meses e 12 dias em que a calamidade em forma de gente, que atende por Dilma Rousseff, fez o diabo para quebrar o país.

A crítica política em forma de sátira e protestos tomou conta de parte dos foliões neste carnaval. O destaque foi a relação do zero um com o enrolado e inexplicado Fabrício Queiroz, e com zero dois, que ameaçou voltar para o Rio depois de articular a demissão de Bebianno — e ora ameaça ficar por Brasília (detalhes mais adiante). 

No bloco Ladeira Abaixo, em Belo Horizonte, os foliões cantaram em coro debaixo de chuva “ai, ai, ai, Bolsonaro é o carai” — mesmo refrão repetido no bloco Eu Acho É Pouco, em Olinda. Em alguns momentos, era seguido por outro: “Ei, Bolsonaro, vai tomar no cu”, e até o antigo refrão “olê, olê, olê, olá, Lula, Lula” apareceu.

Também em BH, o bloco Tchanzinho Zona Norte mesclou versos como “Lula livre”, “olê, olê, olá, Lula”, “ele não” e “Bolsonaro é o caralho”, causando confusão. Segundo uma das produtoras do bloco, a manifestação foi espontânea e acabou repetida no palco, mas o capitão da PM responsável pela segurança no local alertou que, se seguissem criticando Bolsonaro e defendendo Lula, “que é um vagabundo”, a corporação retiraria seu efetivo (o porta-voz da corporação, major Flávio Santiago, disse que o que motivou a intervenção foi o risco de briga generalizada que os coros poderiam causar). Não vejo como não dar razão ao capitão.

Observação: Dando tempo e jeito, assista a este vídeo:


Mudando de pato para ganso, a mídia quase não repercutiu a curiosa decisão do desembargador Néviton Guedes, do TRF-1, que, na última quarta-feira, acolheu um mandado de segurança interposto pela OAB contra a busca e apreensão realizada no escritório do advogado Zanone Manuel de Oliveira Júnior, coordenador da defesa do esfaqueador Adélio Bispo, bem como contra a quebra do sigilo bancário e telefônico e a realização de perícias nos materiais apreendidos e que envolvam o sigilo profissional do causídico. Na prática, isso paralisa a última linha de apuração da PF sobre o caso, que é a identificação de quem está por trás da defesa de Adélio e que também poderia ter interesse no atentado (volto a este assunto numa próxima postagem).

Deputados do “Centrão” — ou "Blocão" — prometem emperrar a reforma da Previdência caso seus interesses não sejam atendidos. (Quanto patriotismo. Ou eu deveria dizer fisiologismo?). Depois que os parlamentares reclamaram da inércia de Bolsonaro nas redes sociais, o presidente se comprometeu com os líderes dos partidos que podem votar a favor da reforma a fazer uma defesa mais enfática do tema com a "inestimável" ajuda do zero dois. Na terça-feira passada, Carluxo criticou pelo Twitter o silêncio de "deputados eleitos por Bolsonaro" e fez um apelo para que eles defendam o texto da PEC. A crítica causou mal-estar no Congresso. "Eu não vejo autoridade no filho do presidente para dar pito nem mesmo nos seus companheiros, colegas vereadores da Câmara Municipal, quanto mais em deputado federal eleito pela população", disse o líder do DEM na Câmara e do Centrão, Elmar Nascimento. "A gente não vai votar a reforma da Previdência porque o filho do presidente quer. Vamos votar pelo Brasil. Temos convicção de que o País precisa da aprovação dessa reforma". De novo: quanto patriotismo!

Para quem não se lembra, zero dois teve papel determinante na demissão de Gustavo Bebianno. Após o episódio, e graças a alguma pressão da cúpula militar, que não vê com bons olhos envolvimento da prole presidencial em questões administrativas do governo, o pitbull do papai voltou para o Rio, supostamente para reassumir suas funções na Câmara Municipal. Mas o afastamento durou pouco: segundo reportagem da Folha, ele se reuniu nesse início de semana com o secretário de Comunicação Social, Floriano Barbosa, para discutir estratégias para defender a reforma da Previdência.

Bolsonaro-pai parece apreciar a ajuda de Bolsonaro-filho-do-meio para promover a PEC da Previdência e conseguir mais apoiadores — não só no Congresso, mas também na sociedade civil. Na última terça-feira, o pimpolho postou no Twitter: "Gostaria de ver mais deputados eleitos por Bolsonaro defendendo a não tão popular, mas necessária proposta da nova previdência. Sabemos que alguns já o fazem, mas qualquer um vê que a esmagadora maioria nem toca no assunto. Um time tem que jogar junto interessado só no Brasil". Até aí não há como discordar.

A propaganda é a alma do negócio, dizem, mas sem dinheiro o coisa não anda, sobretudo no antro de corruptos que se tornou o Congresso Nacional. Assim, outra estratégia do Planalto para enfunar as velas da reforma previdenciária é adoçar a boca, digo, o bolso dos congressistas de primeira viagem com repasses individuais de R$ 5 milhões, visto que eles só terão direito a emendas parlamentares a partir do ano que vem.

Dos 513 deputados, 243 estão no primeiro mandato; no Senado, 46 dos 81 são novos. Uma simples conta de padeiro nos leva ao total de R$ 1,4 bilhão — isso sem incluir as emendas impositivas para os deputados e senadores que foram reeleitos (cada um receberá R$ 15,4 milhões, o que perfaz o total de R$ 9,2 bilhões). Embora sejam obrigatórias, as emendas sempre funcionaram como moeda de troca em momentos de votações cruciais para o governo, como é o caso da reforma da Previdência — e foi o caso das denúncias de Janot, que levaram Temer a torrar seu capital político e o nosso dinheiro para comprar o apoio das marafonas da Câmara Federal e se escudar das “flechadas” do então PGR.

A despeito do discurso oficial contrário à barganha política, o governo deve liberar, além das emendas para os veteranos e do crédito para os calouros, cargos de segundo escalão. Responsável pela articulação política do Planalto com o Congresso, o ministro Onyx Lorenzoni avisou aos políticos que eles poderão fazer indicações para cargos em repartições federais nos Estados, desde que preenchidos “critérios técnicos”, como determina a Controladoria-Geral da União, e advertiu que ministros terão poder de veto sobre as indicações.

“Se fosse toma lá, dá cá, os repasses seriam só para os deputados e senadores aliados, mas não é isso. Todos os novatos vão receber, independentemente de partidos, para colocar nas suas bases”, defendeu o ex-deputado e atual secretário especial da Casa Civil para a Câmara, Carlos Manato. Pode até ser. Mas o problema é que até agora o governo são conseguiu consolidar uma base de sustentação no Congresso e só conta com a adesão formal do seu partido, que tem se mostrado dividido.

Joice Hasselmann, escolhida como líder do governo no Congresso, promete pedir votos até para o PT. “Na pauta de costumes a gente briga, mas, na Previdência, precisamos ter união”, afirma a deputada. Falando na quadrilha, o líder da ORCRIM na Câmara, Paulo Pimenta, classificou como “uma vergonha” a liberação do crédito para os novatos. “É fisiologismo e contraria tudo o que Bolsonaro disse na campanha”, afirmou o petralha, “esquecendo-se” muito convenientemente de que verba também deve beneficiar a oposição. E isso depois que Lula e seus asseclas rapinaram a Petrobras em prol de seu espúrio projeto de poder (e de encher os bolsos, deles próprios e de parentes, amigos e apaniguados). Não fosse trágico, o pronunciamento desse projeto mal-ajambrado de monte de merda seria cômico. Mas essa corja não tem jeito; é como o escorpião da fábula, que convence o sapo a levá-lo nas costas até o outro lado do rio, alegando que, se ferroá-lo, ambos morrerão, e então lhe casca o ferrão, simplesmente porque agir assim é da sua natureza, não há nada que ele possa fazer para mudar. Quer um exemplo? Então vamos lá:

PT disse que vai acionar a Corregedoria da PF contra Danilo Campetti, um dos agentes que fizeram a escolta de Lula durante o velório e a cerimônia de cremação do neto do petralha, no último sábado. Campetti integrou a equipe que cuidou da segurança do então candidato Bolsonaro e ostenta nas redes sociais uma aversão ao PT e um engajamento ao hoje presidente Bolsonaro. Também contrariou a escumalha vermelha o fato de o agente aparecer em imagens ao lado de Lula ostentando no colete à prova de balas um emblema da SWAT (divisão de táticas especiais da polícia dos Estados Unidos onde ele fez cursos de especialização).

De novo: Se não fosse trágico, seria cômico! Para concluir, relembro esta perola do Ultraje a Rigor.


segunda-feira, 4 de março de 2019

SOBRE BOLSONARO PAI E A VOLTA DE BOLSONARO FILHO (ZERO DOIS)



Jair Bolsonaro foi eleito porque, no primeiro turno, nosso esclarecidíssimo eleitorado descartou 11 candidatos (que não valiam dois tostões de mel coado, verdade seja dita) e levou ao segundo turno os dois extremos (extremistas? extremados?) do espectro político-partidário. Como a perspectiva de um poste-fantoche controlado remotamente desde Curitiba se aboletar no Palácio do Planalto era muita desgraça para um só país, o jeito foi apoiar o deputado-capitão, que venceu por uma vantagem de quase 11 milhões de votos.

Eleger Bolsonaro foi só o primeiro passo. É preciso apoiá-lo e ao seu governo. Mas isso não significa aplaudi-lo de pé quando ele se deixa fotografar trajando uma camiseta pirata do Palmeiras e chinelos de dedo, ou quando dá respostas estapafúrdias a perguntas que sequer foram feitas — exemplo: na semana passada, “do nada”, ele disse poderia “suavizar” a reforma da Previdência, e causou uma queda de quase 2 pontos no Ibovespa.

Todos conhecemos as limitações do presidente. Todos sabemos que, durante os últimos 30 anos (ou quase isso), ele foi um obscuro deputado do baixo-clero, que economia não é o seu forte, que seus discursos não arrebatam e que algumas de suas ideias... não fascinam, para dizer o mínimo. Mas não é preciso ser um chef de cuisine para dizer se a sopa ficou salgada ou se o filé passou do ponto. 

O Brasil não é para principiantes, mas se a Dilma conseguiu ficar 5 anos 4 meses e 12 dias no Palácio do Planalto, Bolsonaro pode dar certo se aprender a ouvir e cercar de assessores qualificados. 

Infelizmente, tirando Paulo GuedesSérgio Moro e, com muito boa vontade, Onyx Lorenzoni e um ou outro ministro da “ala militar”, pouca coisa se aproveita. Isso sem mencionar o ministro da Educação, a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (para que raios precisamos de uma pasta da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos?), o ministro das Relações Exteriores e o do Turismo, que inexplicavelmente continua ministro, despeito de ser “chegado numa laranjada”. Dizem me Brasília que pau que bate em Chico bate em Francisco, mas sabe-se lá se as razões de foro íntimo que pavimentaram a exoneração de Bebianno se aplicam a Antônio.

Por outro lado, os que não gostam de Bolsonaro e torcem para que ele não complete os quatro anos de mandato previstos na lei estão inconsoláveis com a curta duração que os seus problemas têm tido até agora, com as crises que estão terminando rápido demais. Um dos melhores momentos nessa sucessão de problemas que queimam a largada teve como herói o filho do meio do presidente, que também atende por zero dois, Carluxo e pitbull do “paipai”

Mas não há mal que sempre dure nem bem que nunca acabe: depois do bafafá que levou à exoneração de Gustavo Bebianno — com direito a mentiras, desmentidos, bate-bocas, versões sobrepondo-se a fatos e conversas pelo WhatsApp que não foram propriamente conversas, mas simples trocas de arquivos de áudio —, o “garoto” se escafedeu de mala e cuia, supostamente para reassumir as funções de edil na Cidade Maravilhosa, e levou a tiracolo o primo que, dizem as más-línguas, ele havia encarregado de ficar de olho no paipai

Mas, de novo, não há mal que sempre dure nem bem que nunca acabe: também segundo as más-línguas, no último dia 25 Carlos Bolsonaro teve pelo menos um compromisso com autoridades do governo na capital, além de falar com o próprio pai sobre a possibilidade de renunciar ao mandato de vereador no Rio e ficar definitivamente em Brasília... Céus e terras, tremei|!

Perguntado por Veja até quando a prole presidencial continuará se imiscuindo em assuntos do governo, o vice-presidente respondeu que a família do presidente é muito unida por tudo que enfrentou (referindo-se ao atentado contra a vida do então candidato, durante um ato de campanha em Juiz de Fora, em setembro do ano passado) e que a grande preocupação é “o governo se perder num emaranhado de questões menores”. “Agora que o pai está bem”, disse o general Mourão, “cada um dos filhos cuidará de suas atividades; se a partir de agora ocorresse algo distinto, aí seria o caso de eu conversar com ele”.

A hora é agora, general. Segue o baile.