Carlos Bolsonaro, dublê de pitbull palaciano e
franco-atirador das redes sociais, tuitou que o general Santos Cruz, ministro da Secretaria de Governo da Presidência da
República, exerceu com competência máxima sua incompetência na área de
comunicação ao perder as chances claríssimas de trombetear o "bom
trabalho" do seu pai, embora não tenha especificado quais feitos notáveis
do presidente mereceriam um rufar de tambores.
A exemplo de Mourão, Santos Cruz não é fã de carteirinha do polemista Olavo de Carvalho, guru do clã Bolsonaro e grande herói daquele que, ao incluir outro general no seu rol de alvos, deixou
claro que o tiro ao general se tornou
seu esporte predileto, enquanto seu papai presidente, ao permitir que o pimpolho ocupe
todos os espaços da oposição, consolida sua inequívoca vocação para um esporte
ainda mais radical: o tiro no próprio pé.
A frequência com que vem interferindo na administração
de estatais e bancos públicos não só causa arrepios na equipe econômica
como já garantiu ao presidente-capitão o apelido nada elogioso de “Dilmo”. Menos de uma semana depois de ordenar ao Banco do Brasil a
suspensão de uma peça publicitária (que custou R$ 17 milhões) e demitir o diretor de marketing da instituição, o boquirroto, visando à redução dos juros para empréstimos ao setor rural, apelou publicamente “ao coração e ao patriotismo” do presidente da
instituição, que, ao ser empossado no cargo, afirmou que o banco não voltaria a ser usado para
baixar artificialmente os juros, como aconteceu no governo Dilma, cujo intervencionismo levou o país para o buraco.
Para desassossego de seu ministro e da equipe econômica, Bolsonaro vem se revelando um liberal
de gogó. Ao repetir no Banco do Brasil o que tentou fazer na Petrobras, o
capitão derrubou o valor das ações da instituição, justificou o apelido que
recebeu dos parlamentares do centrão e demonstrou ser incapaz de aprender com
os próprios erros, pois imaginava-se que a tentativa atabalhoada de controlar
os preços do diesel na Petrobras a golpes de gogó lhe tivesse lhe ensinado que
o órgão a ser governado nas empresas — estatais ou privadas— é a cabeça, e que
não se melhora um balanço com o coração. E governante que demora a perceber
algo tão trivial estimula o eleitor a acreditar que a República já não precisa
de um presidente, mas de um médico-legista.
Enquanto escrevo este texto (no final da tarde de
terça-feira, 30), o caldeirão ferve como nunca na Venezuela. Se as imagens transmitidas pela TV não são de uma guerra
civil, então eu não sei o que seriam. Graças ao bolivarianismo
tão admirado por Gleisi, Haddad e outros
esquerdopatas, e insuflado com dinheiro do BNDES (nosso dinheiro, portanto) durante os governos de Lula, de
sua imprestável pupila e sucessora e de seu "bando de maluco", o país vizinho chegou ao ponto que chegou,
e só se salvará com a queda — ou o extermínio, que assim não fica dando despesa na prisão — do ditador sanguinário que se
agarra ao poder como carrapato em lombo de boi. Que Maduro caia rápida e definitivamente, livrando
a América Latina de mais essa aberração populista de esquerda.
O Planalto, que foi pego
de surpresa pelos acontecimentos (pelo menos, foi essa a impressão que deu), afirmou que o desfecho do imbróglio
depende do comportamento das Forças Armadas. A sensação de que a adesão a
Guaidó poderia ser mais densa foi potencializada pelas imagens em que ele se
exibia ao lado de militares fardados e de outro líder oposicionista, Leopoldo López, que estava em prisão
domiciliar, sob forte vigilância, desde 2014, mas a repressão que veio na
sequência, com a imagem chocante de um blindado atropelando manifestantes,
levou o governo brasileiro a moderar seu entusiasmo.
Segundo
Josias de
Souza, a impressão que vigora no momento é a de que a crise mudou de
patamar, pois um pedaço da estrutura militar migrou para o lado de
Guaidó. Entretanto, o Planalto concluiu
que a migração pode ter relevo apenas quantitativo. Em termos qualitativos, a
cúpula militar se mantém leal a
Maduro. Foi essa a principal avaliação feita
durante reunião de emergência convocada por
Jair Bolsonaro, na manhã de ontem, para analisar o recrudescimento
da crise venezuelana.
O
PT sustenta em
nota oficial que não há ditadura na Venezuela — os blindados que atropelaram manifestantes nas ruas de Caracas decerto são fruto
de um complô de cenas irreais com as lentes das câmeras. Aos esquerdopatas fanáticos, pouco importa que
Maduro tenha sido reeleito em 2018 numa votação contestada e tisnada pelas fraudes, que o pleito foi antecipado e os principais opositores do regime, acomodados na cadeia. Para eles, o que
houve foi uma "tentativa de golpe levada a cabo pela oposição da direita
golpista e antichavista." A cúpula militar que segura
Maduro no poder para salvar seus privilégios talvez seja fruto de
alucinação coletiva.
Na avaliação imprestável dos seguidores da seita do inferno e postulantes do Lula-Livre, os
golpistas "tentam há anos derrubar o governo democraticamente eleito do
Partido Socialista Unido da Venezuela", mas fracassam por causa do
"apoio que o partido e seu governo têm junto às pessoas, após anos de
políticas voltadas ao bem-estar da população e contrárias à exploração
imperialista e das elites locais." A miséria, a hiperinflação, os milhões
de venezuelanos fugindo do país… Tudo isso é efeito especial produzido pelo
império nos estúdios de Hollywood.
A certa altura, a nota faz uma concessão à realidade, admitindo a existência de
"problemas" na Venezuela. O texto não especifica as encrencas, mas
apresenta a solução: basta "levantar o embargo econômico internacional de
que o país e, principalmente, sua população, são vítimas." Para que a
coisa funcione, o PT ensina que
"é importante que as forças democráticas busquem o caminho do diálogo e
levem em consideração a vontade expressa no voto popular." Diante dessa conjuntura, o PT precisa definir o que entende por "vontade popular". Refere-se aos anseios das urnas fraudadas ou ao desejo das ruas sublevadas e das legiões que fogem do inferno e buscam refúgio em países vizinhos?
Sem rumo, com seu principal líder na cadeia e com um inimigo
no Planalto, o PT enfiou-se em algo
muito parecido com um buraco. A legenda podia celebrar o fato de que, pelo
menos, ainda não havia terra em cima. Mas a nota sobre a Venezuela revela a
existência de um plano secreto do petismo: a organização do próprio funeral. Assinam a nota do PT
quatro coveiros: a presidente Gleisi
Hoffmann; os líderes Humberto Costa
(Senado) e Paulo Pimenta (Câmara) e
a secretária de Relações Internacionais Mônica
Valente.
Para o deputado federal
Rubens Bueno, membro da Comissão de Relações Exteriores da Câmara e que é contra uma intervenção militar no país vizinho, o Brasil e a grande maioria das democracias do mundo vêm defendendo a saída de
Maduro do poder. De acordo com o parlamentar, "
Maduro insiste em manter sua ditadura, fraudou todas as últimas eleições, mergulhou o país na mais grave crise econômica de sua história e agora quer jogar o país em uma guerra civil. Nós reconhecemos a legitimidade de
Guaidó para promover a retomada da democracia na Venezuela e repudiamos a postura de
Maduro de atacar seu próprio povo. O que acontece hoje naquele país é uma revolta contra um governo déspota. Sempre defendemos uma saída negociada para a crise, com a convocação de novas eleições. Pelo que estamos assistindo, a população cansou de esperar. É lamentável que
Maduro continue resistindo e levando o país a um caos generalizado". Há como discordar?
O líder da oposição e autoproclamado presidente interino da Venezuela fez um novo apelo para que as pessoas saiam às ruas para
protestar neste feriado mundial de 1 de maio. Segundo Guaidó, hoje é a
“fase definitiva da Operação Liberdade”. Vamos continuar acompanhado e torcendo para que Maduro, o tiranete de merda, seja devidamente despachado para o quinto dos infernos. E Lula lá.