ÀS VEZES, O MÍNIMO É O BASTANTE.
Podemos comparar o passado a um lugar distante que gostaríamos de visitar. No entanto, enquanto uma viagem à Disneylândia ou ao Coliseu depende basicamente de quanto podemos gastar, viajar para tempos idos é bem mais complicado — mesmo sendo uma possibilidade matematicamente plausível à luz da Relatividade Geral.
Einstein teorizou que a experiência do fluxo do tempo é relativa (dependendo do observador e da situação), contrariando a ideia do relógio mestre de Newton, que mantinha o tempo sincronizado em todo o universo. Já o astrofísico Paul Sutter definiu o tempo como a progressão aparente dos eventos do passado para o futuro, numa evolução que parece contínua e irreversível. Por outro lado, embora esteja provado que o tempo passa mais lentamente conforme o observador se move mais depressa — como ilustra o paradoxo dos gêmeos e comprovam diversos experimentos feitos com relógios atômicos em satélites artificiais e sondas espaciais —, faltam explicações concretas e consensuais sobre a possibilidade de voltar no tempo.
CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA
Pesquisa Datafolha confirmou a tendência observado pela Quaest: 53% dos entrevistados são a favor da prisão de Bolsonaro e 56% são contra a anistia aos golpistas. Apesar disso, 52% acham que o "mito" não será preso, contra 41% que ainda têm fé na Justiça. A pesquisa ouviu 3.054 pessoas em 172 municípios entre os dias 1º e 3 de abril.
A despeito da rejeição popular, Bolsonaro reuniu 44,5 mil pessoas no último domingo, na avenida Paulista, num movimento pró-anistia orquestrado pelo pastor Silas Malafaia. Na Câmara, bolsonaristas pressionam o presidente da Casa para pautar a PL da anistia e, assim, livrar Bolsonaro da prisão. No entanto, Hugo Motta tem sinalizado que não pretende atender à demanda da extrema direita.
Dias antes, o senador Sergio Moro marcou presença no evento de lançamento da candidatura de Ronaldo Caiado à Presidência. Questionado sobre a situação jurídica de Bolsonaro, o ex-juiz da Lava-Jato e ex-ministro da Justiça do crápula golpista preferiu não comentar. Mas ao dizer que espera a união da direita centro direita em torno do nome do governador de Goiás, Moro sinaliza que descarta qualquer apoio a Bolsonaro. Pelo menos isso.
A maioria das leis e equações usadas pelos físicos é simétrica no tempo e pode ser revertida, mas basta falar em viagens no tempo para alguém abrir a torneirinha da
entropia e aguar o chope.
Ken D. Olum e Allen Everett, do Departamento de Física e Astronomia da Tufts University, apontaram falhas na teoria de Ronald Mallet (vide capítulo anterior), mas nem tudo são críticas.
No livro "Como construir uma máquina do tempo", o autor de artigos científicos britânico Brian Clegg escreveu que nem todos os físicos concordam que o dispositivo planejado por Mallet possa funcionar, mas que a possibilidade é interessante o suficiente para que se promova uma tentativa experimental. Mallet continua realizando experimentos, mas deixa claro que os resultados "não são como no cinema; não acontecem depois de duas horas, ao custo do que se pagou pelo ingresso". Perguntado sobre as implicações éticas de voltar ao passado, ele cita o filme de 1994 "Timecop — O Guardião do Tempo", no qual Jean-Claude Van Damme interpreta um policial que trabalha para uma agência que regulamenta viagens no tempo, e se diz fã de Interestelar, que lida com ideias sobre como o tempo impacta pessoas no espaço diferentemente de pessoas na Terra e cujo embasamento científico foi alavancado pelo envolvimento do Nobel de física Kip Thorne. Às vésperas de completar 80 anos, Mallet dificilmente conseguirá voltar até a Nova York dos anos de 1950 e reencontrar o pai, mas a magia do cinema pode lhe oferecer um vislumbre do passado. E se tanto a arte imita a vida quanto a vida imita a arte, talvez um dia as viagens no tempo se tornem tão corriqueiras quanto os voos internacionais, que eram inconcebíveis até 1909, quando Louis Blériot partiu de Les Barraques, na França, e chegou a Dover, na Inglaterra, 37 minutos depois.
No livro A Ordem do Tempo, o físico Carlo Rovelli, pioneiro nas pesquisas sobre gravidade quântica em loop, sustenta que o tempo como o percebemos pode ser apenas uma ilusão resultante de nossa interação com o Universo em grande escala, e que basta remover certas suposições clássicas (como a ideia de um fluxo universal) para entender a física fundamental sem a necessidade de um tempo absoluto.
Em outras palavras, o tempo é como um truque de mágica — real para quem assiste, mas sem existência própria nos bastidores do universo quântico. Nesse contexto teórico, o tempo deixa de ser uma variável contínua e absoluta e se torna algo que emerge das relações entre os eventos quânticos.
Um evento quântico comum pode envolver duas partículas que se movem para frente no tempo, alteram-se mutuamente em algum momento e seguem rumo ao futuro por caminhos diferentes. Se uma delas entrar numa curva fechada do tipo tempo, ela poderá voltar e reassumir a posição que ocupava antes da interação, influenciando a própria transformação e anulando os estados paradoxais que poderiam ter consequências inaceitáveis no futuro.
Continua...