Embora o Curso Dinâmico de Hardware tenha deixado saudades, sua publicação foi descontinuada já há uns cinco anos - quando a gente ainda discutia a conveniência de migrar do velho e confiável Windows 98 para o XP, ou de fazer um upgrade do Pentium III para o P4. Mas é possível que ainda existam exemplares perdidos em algumas bancas (encalhe) ou na sala de espera de dentistas e barbeiros (risos). Pelo menos, essa é a explicação que me ocorre para um ou outro e-mail que recebo no meu endereço do Bol (que figurava no expediente da revista) perguntando se já ouvi falar do Windows Vista ou dos chips Core2Duo (risos). Devido à rapidez com que a tecnológica evolui, é natural que os assuntos tratados no CDH estejam ultrapassados - ainda que continuem válidos do ponto de vista conceitual, até porque os PCs continuam sendo constituídos basicamente pelos mesmos componentes. Então, se você se deparar com um exemplar dessa nossa velha (e querida) revista, não se assuste.
Outro tema que me parece conveniente revisitar é a pirataria de software - problema que nos afeta a todos, embora de maneiras diferentes. Enquanto os desenvolvedores e revendedores vêem seus lucros reduzidos, os usuários finais, além de pagar mais caro pelos programas, sentem-se idiotas ao desembolsar quase R$ 1 mil por uma licença do Vista, por exemplo, e saber que o vizinho pagou 10 contos pelo "mesmo produto" na barraquinha da esquina.
O principal argumento dos consumidores é o alto preço cobrado pelas cópias seladas, mas não nos faltam opções gratuitas e bastante satisfatórias para substituir inúmeros aplicativos caros. Quem não quer - ou não pode - pagar por uma licença do MS Word, por exemplo, não está obrigado a prescindir de um processador de textos; há uma porção de freewares que fazem basicamente a mesma coisa. E o mesmo vale para aplicativos de segurança, programas para manipular fotos, vídeos, músicas, e até para sistemas operacionais - como é o caso das diversas distribuições Linux, notadamente os excelentes Kurumim e Ubuntu. Ademais, se você não tem dinheiro para comprar um carro e nem por isso rouba um, acho que o mesmo raciocínio se aplica a sistemas e programas.
Nos primórdios da computação pessoal, o software era distribuídos livremente, mas havia então poucos computadores, e seu valor real estava no hardware. Com a popularização dos PCs e o crescimento da indústria de TI, a coisa mudou de figura; os programas passaram a ser comercializados separadamente, e os desenvolvedores, a buscar mecanismos para proteger o que se convencionou chamar de "propriedade intelectual".
Quem usa programas piratas deve estar ciente das implicações dessa prática - sem querer levantar aqui a bandeira do falso moralismo, até porque o que cada um faz ou deixa de fazer é uma questão pessoal e de foro íntimo, a pirataria é crime previsto em lei, e quem a pratica está sujeito a sanções pecuniárias e/ou privativas de liberdade.
Mas não é só o aspecto legal ou moral que deve ser levado em conta: para os crackers, não há maneira melhor de fisgar incautos do que acenando com vantagens "irrecusáveis". E se devemos tomar cuidado com os freewares - porque muitos estão infestados de spywares ou outros códigos maliciosos -, como não desconfiar quando caros softwares comerciais nos são oferecidos de mão beijada? Vamos acordar, pessoal!