VIVA CADA DIA
COMO SE FOSSE O ÚLTIMO. UMA HORA VOCÊ ACERTA…
Conforme o
ano 2000 se aproximava e os réquiens dos arautos do apocalipse subiam de tom, fanáticos
e teóricos da conspiração enchiam os bolsos, aproveitando-se dos desinformados
que realmente acreditavam que a humanidade não veria o alvorecer do novo século ― ou
milênio, conforme a versão, embora tanto um como o outro só começariam um ano
depois, em 1º de janeiro de 2001.
Mas o mundo
não acabou em 2000, nem em 2001, nem em 2012 (a despeito do apregoaram os
adeptos da “Profecia Maia” durante todo aquele
ano). O Brasil é que quase foi para o buraco neste começo de século ― graças a
certo nordestino pobre e analfabeto, que conquistou a presidência,
institucionalizou a corrupção e se fez suceder por uma rematada incompetente,
mas isso também é outra história.
Passando ao
mote desta postagem, os “veteranos” da computação pessoal devem estar lembrados
do proverbial Bug do Milênio, que, à
zero hora de 1º de janeiro de 2000, destamparia a versão digital da mitológica Caixa de Pandora. Para melhor entender
essa história, é preciso ter em mente que, à luz das soluções de hardware atuais,
os computadores daquela época eram “movidos a manivela” e os programas que eles
rodavam, compatíveis com seus padrões.
Apenas para que os leitores mais novos
tenham uma ideia, o PC que eu usava na virada do século era um “poderoso” 80286 de 40 MHz com 2 MB de RAM e 40 de HD).
Como os componentes de hardware eram caríssimos ― 1KB de memória custava cerca de US$ 100 ―, os programadores se viam
obrigados a espremer seus códigos no menor espaço possível. Cada byte contava,
e se armazenar datas no formato DD/MM/AA 2 bytes, não havia porque registrar o ano com 4 algarismos ― o
ganho pode parecer pífio, mas num banco de dados de 1.000.000 de pessoas, por
exemplo, a diferença é considerável). A questão é que, com a virada de 1999
para 2000, os sistemas associariam 00
a 1900.
O problema
era conhecido desde meados da década de 50, mas foi solenemente ignorado até 1985,
quando o livro Computers in Crisis, de Jerome e Marilyn Murray,
alertou a todos do que estava por vir. Em 1996, com a reedição do livro, a
merda bateu no ventilador: ainda que os sistemas mais modernos já fossem
escritos de modo a não ser afetados pelo “bug”, a maioria das empresas, por
economia ou comodidade, não se havia adaptado à nova realidade. Assim, temia-se
que a passagem do ano estabelecesse o caos absoluto no mercado financeiro ―
onde valores positivos se tornariam negativos e boletos seriam emitidos com um
século de atraso, por exemplo ― na navegação aérea, nas usinas nucleares, nos
sistemas de transmissão de energia e fornecimento de água, enfim, em toda sorte
de atividades controladas por sistemas computacionais.
A perspectiva aziaga
levou falsos profetas e fanáticos religiosos
a ganhar fortunas com a venda de kits de sobrevivência e forçou governos a
montar comitês especiais de contingência e grupos internacionais de cooperação ―
como o que foi criado pelo Banco mundial. Mas as consequências ficaram bem
aquém das expectativas; além de alguns problemas pontuais ― como máquinas de
cartão de crédito que pararam de processar pedidos, um reator nuclear japonês
que teve o monitoramento de radiação comprometido e máquinas de tickets de
ônibus que pararam de validar as transações na Austrália, por exemplo ―, nada
muito mais preocupante foi observado.
Resumo da opera: Para alguns, o Bug do Milênio foi uma ameaça real;
para outros, não passou de mera tempestade em copo d’água, até porque países
como Itália e Coreia do Sul, que, ao contrário de dos EUA, não investiram quase
nada em prevenção de danos, não registraram maiores problemas. Aliás, o serviço
de apoio americano a pequenos comércios esperava receber milhares de pedidos de
ajuda, mas contabilizou apenas 40 telefonemas na primeira semana de 2000, e
nenhum deles relatou qualquer problema crítico.
Mas não há nada como o
tempo para passar, e um novo bug
ameaça os computadores com uma volta no tempo para 13 de dezembro de 1901, a
ocorrer pontualmente às 03h14min08s de 19 de janeiro de 2038. Mas isso é
assunto para uma próxima postagem.
Com Oficina da Net.
Era uma terça-feira como qualquer outra. Ou pelo menos era o que parecia até o final da tarde, quando se veio a saber que “Lista de Janot”, promovida a “Lista de Fachin”, elencava 9 ministros de Temer, 29 senadores, 42 deputados federais (entre eles, os presidentes da Câmara e do Senado), três governadores e um ministro do TCU, além de 29 outros políticos e autoridades que, a partir de agora, são oficialmente investigados pelo STF. E uma segunda lista, enviada a outros tribunais, exibe orgulhosamente os nomes dos ex-presidentes Lula, Dilma e FHC (o impichado Fernando Collor também é investigado, mas no STF, pois, embora se inclua na seleta confraria de ex-presidentes da Banânia, ele é senador por Alagoas e, portanto, tem direito a foro privilegiado).
A propósito: O molusco é citado por Edson Fachin em onze pedidos de inquérito. Onze! O primeiro e mais importante, relatado por 6 delatores, trata dos pagamentos de propina à ORCRIM comandada por ele ― Marcelo Odebrecht fala sobre Lula e seus gerentes, Antonio Palocci e Guido Mantega, em 15 termos de depoimento. O segundo trata dos pagamentos de propina por meio de palestras fraudulentas, da reforma do sítio em Atibaia e da compra do prédio do Instituto Lula. O terceiro trata dos 4 milhões de reais repassados ao Instituto Lula pelo departamento de propinas da Odebrecht. O quarto é aquele que envolve os pagamentos de propina para seu irmão, Frei Chico. O quinto trata de seu trabalho como lobista da Odebrecht junto a Dilma Rousseff ― no caso, ele tentou beneficiar a empreiteira na hidrelétrica de Jirau, mas fracassou porque a anta já havia favorecido uma concorrente. O sexto trata do pagamento de propina para a campanha de Fernando Haddad, em 2008 ― e não é um caso de caixa 2; a empreiteira repassou dinheiro a João Santana em troca de "medidas legislativas favoráveis aos interesses da companhia". O sétimo apura o assalto à Sete Brasil ― de acordo com Marcelo Odebrecht, Lula decidiu ratear a propina de 1% sobre o valor dos contratos entre os funcionários da estatal e o PT. O oitavo revela sua tentativa de obstruir a Lava-Jato aprovando a MP 703. O nono é uma beleza: os 3 milhões de reais pagos pelo departamento de propinas da Odebrecht à Carta Capital. O décimo trata do dinheiro que o departamento de propinas da Odebrecht repassou para seu filho caçula. Por último, mas não menos importante, o décimo-primeiro investiga se o molusco eneadáctilo traficou influência para favorecer a Odebrecht em Angola.
Era uma terça-feira como qualquer outra. Ou pelo menos era o que parecia até o final da tarde, quando se veio a saber que “Lista de Janot”, promovida a “Lista de Fachin”, elencava 9 ministros de Temer, 29 senadores, 42 deputados federais (entre eles, os presidentes da Câmara e do Senado), três governadores e um ministro do TCU, além de 29 outros políticos e autoridades que, a partir de agora, são oficialmente investigados pelo STF. E uma segunda lista, enviada a outros tribunais, exibe orgulhosamente os nomes dos ex-presidentes Lula, Dilma e FHC (o impichado Fernando Collor também é investigado, mas no STF, pois, embora se inclua na seleta confraria de ex-presidentes da Banânia, ele é senador por Alagoas e, portanto, tem direito a foro privilegiado).
Volto ao assunto
quanto tiver acesso aos desdobramentos, até porque a “nova lista” apenas
“oficializou o que já se sabia extraoficialmente”. Resta aguardar a suspensão
do sigilo para, aí sim, saber quem é quem no Piauí e que parte da caca toca a
cada um dos investigados ― que insistem em se esconder atrás de meias verdades,
tipo "ser investigado não quer dizer que se é culpado" e juram de
mãos postas e pés juntos que são inocentes, que todas as doações que receberam
foram legais, que suas contas foram aprovadas pela Justiça Eleitoral e toda
essa merda ― quase tão enojante quanto a história do “golpe”, que anta vermelha
às vezes reconta num projeto de portunhol risível, noutras, num arremedo de
francês de galinheiro de dar dó. Pior que isso, só mesmo ouvir o chefe da
gangue se comparar a Cristo, dizer-se a alma viva mais honesta da galáxia e,
fazendo qualquer coisa de palanque ― de caixote de fruta ao esquife da finada
esposa ― berrar aos quatro ventos que ele e só ele é a salvação para o Brasil,
embora esteja mais sujo que pau de galinheiro e não passe de um monte de lixo
que há muito deveria ter sido enterrado em algum aterro sanitário.
A propósito: O molusco é citado por Edson Fachin em onze pedidos de inquérito. Onze! O primeiro e mais importante, relatado por 6 delatores, trata dos pagamentos de propina à ORCRIM comandada por ele ― Marcelo Odebrecht fala sobre Lula e seus gerentes, Antonio Palocci e Guido Mantega, em 15 termos de depoimento. O segundo trata dos pagamentos de propina por meio de palestras fraudulentas, da reforma do sítio em Atibaia e da compra do prédio do Instituto Lula. O terceiro trata dos 4 milhões de reais repassados ao Instituto Lula pelo departamento de propinas da Odebrecht. O quarto é aquele que envolve os pagamentos de propina para seu irmão, Frei Chico. O quinto trata de seu trabalho como lobista da Odebrecht junto a Dilma Rousseff ― no caso, ele tentou beneficiar a empreiteira na hidrelétrica de Jirau, mas fracassou porque a anta já havia favorecido uma concorrente. O sexto trata do pagamento de propina para a campanha de Fernando Haddad, em 2008 ― e não é um caso de caixa 2; a empreiteira repassou dinheiro a João Santana em troca de "medidas legislativas favoráveis aos interesses da companhia". O sétimo apura o assalto à Sete Brasil ― de acordo com Marcelo Odebrecht, Lula decidiu ratear a propina de 1% sobre o valor dos contratos entre os funcionários da estatal e o PT. O oitavo revela sua tentativa de obstruir a Lava-Jato aprovando a MP 703. O nono é uma beleza: os 3 milhões de reais pagos pelo departamento de propinas da Odebrecht à Carta Capital. O décimo trata do dinheiro que o departamento de propinas da Odebrecht repassou para seu filho caçula. Por último, mas não menos importante, o décimo-primeiro investiga se o molusco eneadáctilo traficou influência para favorecer a Odebrecht em Angola.
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