sexta-feira, 6 de outubro de 2017

MARACUTAIA PARA CENSURAR POSTS NAS REDES SOCIAIS


Sem tempo hábil (e ambiente propício) para emplacar uma reforma eleitoral que valesse já no ano que vem, nossos valorosos parlamentares aprovaram a toque de caixa um remendo que lhes garante quase R$ 2 bi (do suado dinheiro dos nossos impostos) para financiamento de suas campanhas e, no bojo dessa obscenidade ― travestida de proposta de reforma política pelo deputado carioca Áureo Ribeiro (marque bem o nome do sujeito) ―, a censura de postagens consideradas “ofensivas” à classe política.

Essa aberração ― acrescentada de última hora no arremedo de “reforma eleitoral” aprovado pelo Congresso no último dia 5 ― autoriza, sem ordem judicial e no prazo de 24 horas, a remoção de conteúdos contra políticos, em flagrante desrespeito ao Marco Civil da Internet. A boa notícia, digamos assim, é que, depois da recepção extremamente negativa, o próprio autor da emenda pediu ao presidente que não a sancionasse, com o que, segundo a Folha de S.Paulo, Michel Temer concordou.

ATUALIZAÇÃO: Temer sancionou a reforma com ao menos quatro vetos. Foram retirados do texto o polêmico artigo que poderia levar à censura prévia nas redes sociais e o que determinava limite para autofinanciamento. Com a sanção, as mudanças nas regras eleitorais estarão em vigor na disputa do ano que vem. As principais delas são a criação de um fundo eleitoral com recursos públicos - de R$ 1,7 bilhão - para financiar as campanhas e a cláusula de desempenho, que limita o acesso ao Fundo Partidário e ao tempo de propaganda na TV e no rádio.

Vale lembrar que, na atual conjuntura, o presidente precisa mais agradar à classe política do que à opinião pública, já que seu índice abissal de aprovação não deve subir, nem mesmo se ele resolver desfilar pintado de ouro. Mas é bom que o bom senso tenha prevalecido. Aliás, se os políticos estão realmente preocupados com críticas, que trabalhem direito. Se não fossem corruptos a mais não poder, não teríamos um terço da Câmara e mais da metade do Senado respondendo a inquéritos ou ações penais no Supremo (sem falar em governadores, ministros de Estado, assessores diretos da presidência e o próprio presidente) investigados, denunciados e réus na Justiça Penal tupiniquim.

E ainda falam em convocar uma Constituinte, em adotar o parlamentarismo, e coisa e tal. Com um Congresso desses?



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