segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020

REGINA DUARTE E A SECRETARIA DA CULTURA - FIM DA MINISSÉRIE?



A novela do noivado de Regina Duarte com o governo Bolsonaro não passou de uma minissérie — felizmente, pois ninguém aguentava mais a indecisão da “namoradinha do Brasil” em aceitar assumir o comando da Secretaria Especial da Cultura, embora não lhe faltassem motivos para sopesar cuidadosamente os prós e os contras: ao romper o contrato com a Globo, a atriz trocará o salário mensal de R$ 60 mil (R$ 120 mil quando está no ar) pelos “míseros” R$ 15.539,19 que eram pagos ao seu predecessor, Roberto Alvim — que havia sucedido a Ricardo Braga em novembro do ano passado, quando a pasta passou do Ministério da Cidadania para o do Turismo (?!).

Nem imagino onde sua excelência recruta seus assessores de primeiro escalão. Possivelmente num manicômio, a julgar pelo trapalhão Abraham Weintraub, que sucedeu ao esdrúxulo filósofo, teólogo e ensaísta colombiano Ricardo Vélez no comando do Ministério da Educação. Ou num Templo Evangélico, a julgar pela ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves (alguém pode me explicar por que cargas d’água precisamos de um Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos?), que, pasmem!, segundo os (nem sempre confiáveis) institutos de pesquisa é quase tão popular quanto Sérgio Moro e Paulo Guedes! Ou ainda numa Feira de Horrores, a julgar pelos demais ocupantes da Esplanada dos Ministérios — noves fora Sérgio Moro, Paulo Guedes, Tereza Cristina e outras raríssimas e notabilíssimas exceções.

Não falta quem credite essas péssimas escolhas à prole presidencial e ao duble de astrólogo, ideólogo e polemista Olavo de Carvalho, tido e havido como “guru” do clã presidencial, mas não sei se ele teria palpitado na escalação de Regina Duarte — que será a quarta secretária da área no governo de Bolsonaro e pode não ter sido a melhor escolha, mas espera-se que contribua para serenar os ânimos no meio artístico, sabidamente apinhado de devotos do Criminoso de Garanhuns e inimigos figadais do Capitão Caverna.

Observação: Bolsonaro também não é grande coisa como presidente, mas foi a única alternativa à volta do PT depois que o “esclarecidíssimo eleitorado tupiniquim” — entre aspas para reforçar a ironia — varreu no primeiro turno, juntamente com o entulho explícito (Cabo Daciolo, Vera Lúcia, Eymael, Boulos e outros abestados), dois ou três postulantes que talvez valesse a pena a gente ter experimentado. Dito isso, o capitão é o que temos para  hoje e o que teremos pelos próximos 2 anos e 11 meses; portanto, é bom que seu governo dê certo.

A despeito de estar familiarizada com a fama, na política, sobretudo num contexto extremamente polarizado, o buraco é mais embaixo. Na última sexta-feira, Regina publicou no Instagram uma fotomontagem com integrantes da classe artística que lhe desejaram sorte na nova função. A legenda dizia: “Artistas quebram o silêncio e apoiam Regina Duarte”. Carolina Ferraz, incluída na postagem, não gostou do que viu e divulgou um áudio reclamando.

Mesmo havendo gente do quilate de Leandro Karnal, Luiz Felipe Pondé e Mario Sérgio Cortella, para ficar apenas nos nomes mais notórios, Bolsonaro, ainda que seja desafeto explícito da Globo, preferiu convidar para a pasta da Cultura uma atriz que passou 50 de seus 72 anos de vida como contratada da emissora. Talvez se estudasse mais atentamente o quadro de pessoal da “Vênus Platinada”, nosso indômito capitão encontrasse entre atores, figurinistas, maquiadores e até faxineiros (sem querer desmerecer estes últimos, naturalmente) nomes capazes de substituir com vantagens os ministros da Educação, do Turismo, do Meio Ambiente e outras nulidades do mesmo quilate. Talvez até criasse o Ministério da Cusparada e convidasse José de Abreu para comandá-lo...

Para quem não se lembra, em 2016 esse dublê de petista e obelisco da grosseria cuspiu em um homem que o xingou em um restaurante. Não causa estranheza, portanto, seus ataques a Regina, com quem ele já fez par romântico em uma novela. O ator foi ao Twitter dizer à futura secretária da Cultura que sabe o que fizemos na sua casa, na Barra da Tijuca. Vou lhe desmascarar! E ainda tripudiou da aparência da atriz (que, convenhamos, está muita bem para seus 74 anos): "Lembra de quantos gays lhe tiraram rugas? Coloriram seus cabelos brancos? Criaram figurinos para esconder suas banhas?"

Triste Brasil.