sexta-feira, 27 de março de 2020

A ERA DA (IN)SEGURANÇA


NUNCA ENCONTREI UMA PESSOA TÃO IGNORANTE QUE NÃO PUDESSE TER APRENDIDO ALGO COM A PRÓPRIA IGNORÂNCIA.

A pandemia do coronavírus nos vem impondo um estilo de vida diferente daquele a que estávamos acostumados. Voluntária ou compulsoriamente, a critério do prefeito/governador de cada município/estado, devemos todos ficar em casa e evitar contato com outras pessoas, o que, segundo a conclusão a que chegaram os especialistas (ainda que não de forma totalmente consensual), é a melhor maneira de evitar que o sistema de saúde entre em colapso.

Padarias, farmácias, supermercados e outros estabelecimentos que oferecem serviços considerados “essenciais” devem ser frequentados com parcimônia, sempre evitando aglomerações e mantendo distância (1,5 m) dos outros clientes. Aliás, os sintomas da Covid-19 são semelhantes aos da gripe, e a disenteria não faz parte da lista. Então, lotar carrinhos e mais carrinhos com fardos de papel higiênico não só não faz sentido como provoca um “efeito manada” que induz os demais clientes a fazer o mesmo, propiciando um desabastecimento que poderia ser evitado se cada um comprasse a quantidade adequada a suas necessidades.  

Fato é que, sem poder sair de casa — nem mesmo para trabalhar, como vem acontecendo com muita gente —, o jeito é buscar alternativas para encher o tempo. A Internet é uma opção, assim como a leitura e a televisão, a despeito dos noticiários (é importante a população se manter informada, mas vamos combinar: ninguém aguenta mais ouvir que o dólar subiu, a bolsa caiu e a pandemia atingiu não sei quantos países, afetou não sei quantas pessoas e causou não sei quantos óbitos nas últimas não sei quantas horas). Por outro lado, com mais tempo ocioso, newbies e afins tendem a aprimorar suas habilidades. E é aí que mora o perigo.

Como no caso das doenças, a cura só surge depois que a causa do mal é descoberta. Daí os desenvolvedores de ferramentas de segurança diversificarem os mecanismos de detecção de malwares, quando mais não seja porque modelos baseados somente na “assinatura” dos vírus não só estão obsoletos como também não oferecem proteção contra ameaças “zero day”.

Observação: zero day (dia zero) é uma expressão usada para conceituar ataques que se aproveitam de falhas de software recém-descobertas e ainda não corrigidas. Trata-se de uma técnica amplamente utilizada pelos cibercriminosos, que concentram nessas brechas seu poder de fogo durante o lapso de tempo (horas, dias, semanas) que leva para o desenvolvedor disponibilizar a respectiva correção. Nesse entretempo, os dispositivos computacionais ficam muito mais vulneráveis a ataques, ainda que os usuários mantenham o sistema em dia e as ferramentas de segurança atualizadas. E o mesmo raciocínio se aplica ao surgimento de novos malwares e à criação das respectivas vacinas.

Nenhum software é totalmente seguro e nenhum dispositivo computacional é imune a ataques, invasões e assemelhados, a não ser que esteja desligado ou, no mínimo, desconectado da Internet. Cabe aos desenvolvedores de sistemas e aplicativos corrigir bugs e falhas de segurança em seus produtos, mas é responsabilidade dos usuários aplicar as correções em seus computadores, smartphones, tablets etc.

Da mesma forma que um carro aberto e com a chave na ignição pode ser furtado mais facilmente do que se estiver travado e com o alarme acionado, contas de email e redes sociais, aplicativos de netbanking e outros serviços “sensíveis” que utilizamos via PC/smartphone podem ser alvo de invasores. E o mesmo vale para medidas de segurança que, se não impedem invasões, hackeamentos e afins, ao menos dificultam a ação dos invasores, que acabam procurando outra vítima, já que não faltam usuários relapsos, que, mesmo tendo ciência dos riscos, não se preocupam em proteger seus dispositivos. 

Se você não quer fazer parte do lado negro das estatísticas, acompanhe as próximas postagens.