QUANDO
VOCÊ OLHA PARA O ABISMO, O ABISMO OLHA PARA VOCÊ.
Enquanto uns choram, outros vendem lenços. Nos telejornais,
só falta tocar a marcha fúnebre enquanto o âncora, modulando a voz de modo a emular um animador de velório, “atualiza os números” da Covid-19, ou um repórter de campo entrevista alguém chorando (literalmente) a morte de entes queridos.
No comércio, lojistas inescrupulosos inflacionam o preço de produtos que ganharam protagonismo com a pandemia — como
álcool em gel, máscaras faciais e que tais. Nos governos, maus políticos nadam de braçada no
superfaturamento de respiradores, material hospitalar e congêneres, e na Web, cibervigaristas espalham notícias falsas e links maliciosos para faturar com a desgraça alheia.
Segundo a empresa de segurança digital PSafe, 2
milhões de brasileiros foram alvo de golpes na última semana. Na maioria dos casos, são links falsos disseminados via WhatsApp
e redes
sociais. Nem o velho e desprestigiado correio eletrônico escapa. Na mesma linha, a russa Kaspersky divulgou que um link
disseminado pelo WhatsApp prometia
informações do governo federal sobre a situação da pandemia, mas roubava dados
das vítimas e se servia deles em compras online e transferências via Netbanking.
Entre miríades de promessas de gratuidade em serviços de streaming e até pagamento
extra para beneficiários do Bolsa
Família, um site malicioso se fazia passar pelo Instituto Maurício de Sousa visando roubar informações de quem
preenchia o cadastro para receber gratuitamente o Super Almanaque da Turma da Mônica, Edição Estude em Casa. Em
menos de 24 horas, o número de detecções dessa maracutaia chegou passou de 90
mil.
Semanas atrás, a Ambev teve de
desmentir que estava oferecendo álcool gel gratuito — era uma página falsa que
roubava dados. No Mercado Livre,
uma caixa com 50 máscaras descartáveis, que em situações normais custaria entre
R$ 10 e R$ 15, era oferecida por R$ 797,40. Na descrição do produto, o
vigarista argumentava que, "nas
circunstâncias atuais, todos sabemos que o suprimento de máscaras é escasso,
portanto o preço será mais alto do que o habitual". O Mercado Livre informou que já excluiu
quase 4 mil publicações (de 2,3 mil vendedores) do site, por aumentos
excessivos de preços.
Nem sempre é fácil diferenciar o que é real do que é
falso. Portanto, a palavra de ordem é desconfiar. Sempre. Diante de qualquer informação dessa natureza veiculada pela TV, por mensagem de WhatsApp ou vídeos no YouTube, confirme a veracidade através de canais do Ministério da Saúde,
da OMS, da ANVISA, e do Centro
de Controle e Prevenção de Doenças. Na dúvida, não clique em nada.
Jamais forneça números de
documentos e dados bancários que lhe forem solicitados por email,
site (links), WhatsApp etc., pois golpistas costumam se passar por órgãos governamentais (Receita Federal, Justiça Eleitoral etc.) ou empresas que supostamente estão oferecendo promoções de serviços. Se houver realmente interesse, cheque a informação por telefone ou pela página oficial
do órgão ou empresa — jamais pelo link informado na mensagem, por mais
confiável que ele possa parecer.
Leia atentamente o conteúdo da mensagem. Muitas textos
ou links para sites que contêm informações falsas costumam apresentar erros de ortografia e/ou gramática. Verifique também quem enviou a mensagem original (cheque nomes de pessoas, objetos,
substâncias, instituições, autores de pesquisas etc.) e redobre os cuidados com
arquivos multimídia (imagens, vídeos e áudios), que podem ser facilmente
editados para enganar o destinatário da mensagem.
A OMS
inaugurou um serviço de atendimento dedicado ao coronavírus no WhatsApp.
Para entrar em contato, salve o número "+41 22 501 75 96" em sua agenda ou acesse este link. Feito isso, mande um "oi" e envie sua dúvida.
Um bot (robô) lhe fornecerá informações atualizadas sobre a pandemia e instruções de como se proteger.
A organização responsável pela verificação da
veracidade das informações no Brasil é a AFP
Checamos. O número é +55 21982 172344 (acesse a lista
completa de organizações no site
oficial do WhatsApp).
Por último, mas não menos importante, utilize soluções
de segurança no celular que disponibilizem a função de detecção automática de phishing em aplicativos de mensagens e redes
sociais, como o dfndr security. Na dúvida, verifique se um link é
falso no site do dfndr lab. O serviço de checagem de links avisa em poucos
segundos se o site apresenta alguma característica maliciosa.
Boa sorte.