sexta-feira, 27 de novembro de 2020

UM PAÍS À DERIVA



Não temos um governo que nos governe ou que ao menos saiba o que é governar um país. Que pelo menos saiba quem escolher para administrar esta ou aquela pasta. O governo Bolsonaro escolhe o que há de pior por simplesmente não conhecer o melhor.

Na Educação, a pasta mais importante de todas, tivemos até agora ministros ignorantes das necessidades que o Brasil tem de aprimorar sua educação e figuras que chegaram a desagradar amigos e inimigos do governante de turno. Na Saúde, pasta que o advento da Covid-19 tornou mais vital do que jamais foi, temos um general da ativa que declarou candidamente que “tem quem manda e tem quem obedece”, referindo-se a ele e ao presidente, ambos absolutamente despreparados para o cargo. Na Economia, um Posto Ipiranga que tem a língua solta para fazer promessas, mas nenhuma capacidade de cumprir o que prometeu. 

A incapacidade do atual governo é tamanha que nas eleições municipais (pelas quais ainda estamos passando) bastava ter o apoio do presidente para perder para o concorrente. Temos ouvido diariamente comentários e explicações absurdas do governo sobre os mais variados assuntos. Agora mesmo, a respeito da violência bárbara contra um cidadão negro no supermercado Carrefour em Porto Alegre, perguntado sobre assunto, Bolsonaro afirmou que não falaria de racismo porque é daltônico; por não distinguir cores, ele não as discute, discute cores, todas têm o mesmo valor para ele. Coitado… não sabe que daltonismo não envolve distinguir o preto do branco… 

Notícias veiculadas pela mídia impressa, falada e televisiva dão conta de que o presidente da Câmara dos Deputados tem uma gaveta cheia de pedidos de impeachment contra Bolsonaro, mas não a abre nem deixa ninguém abrir, a pretexto de este não ser o melhor momento para tratar de movimento tão sério. Concordo que seja um momento delicado, mas discordo do direito que ele se arvora de ser o único a decidir sobre o momento. Que momento ele acha que será o mais adequado? Não seria melhor para o país ouvir a maioria dos representantes dos estados para que todos decidissem se o momento é ou não adequado?

Sei que vivemos num país que vai de fracasso em fracasso e que anda numa tristeza infinita. Aos 83 anos, posso dizer com certeza que o Brasil nunca esteve tão triste, excetuando-se talvez os anos do golpe que nos foi infligido pelos militares … 

Dói ver nosso país nesse estado. Dói muito. Mas a culpa é de quem, senão nossa, que votamos tão mal em 2018?

Texto inspirado no artigo publicado por Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa no Blog do Noblat