A geração Y mal se lembra de como era viver sem telefones celulares, e a geração Z sequer cogita dessa possibilidade (ou seja, de que fosse possível viver sem os diligentes aparelhinhos). Da geração X — assim considerados os nascidos entre 1960 e 1980 —, um ou outro ainda se recorda dos orelhões de ficha, mas só os Baby Boomers — como este que vos escreve — vivenciaram a “experiência” de pedir uma ligação interurbana à telefonista e esperar horas até que a chamada fosse completada.
Reminiscências à parte, muita gente não sabe que a telefonia
móvel começou a ser testada durante a Segunda Guerra Mundial (em trens
militares alemães), antes mesmo de os Laboratórios
Bell (nos EUA) desenvolverem um sistema de alta capacidade,
interligado por diversas antenas (chamadas de “células”, donde o termo
“celular”).
A sueca Ericsson lançou
seu Mobilie Telephony A no
final dos anos 1950 — uma geringonça que pesava 40 kg e tinha de ser acomodada
no porta-malas dos carros —, mais ou menos na mesma época em que os russos criaram o "Altay" (serviço nacional de
telefonia móvel civil para carros que, duas décadas mais tarde, funcionava em apenas
trinta cidades da União Soviética).
A americana Motorola apresentou
seu DynaTAC 8000X em 1973, mas o aparelho era grande, pesado e desajeitado. Em 1979, a telefonia móvel celular
entrou em operação no Japão e na Suécia; em 1983, a AT&T criou uma tecnologia específica, usada pela primeira
vez na cidade de Chicago (EUA), mas que não se popularizou devido ao tamanho
e peso avantajados dos aparelhos e autonomia da bateria que mal chegava
a 30 minutos (e levava 10 horas para recarregar).
Embora a "nova" tecnologia e os primeiros "tijolões" tenham
desembarcado no Brasil em meados dos anos 1980, foi somente depois da privatização
das TELES (em 1998) que seu uso começou a se popularizar. Primeiro, porque até então
habilitar uma linha era um processo trabalhoso, demorado e caro, o sinal era limitado pela escassez de
células (antenas) e as ligações custavam os olhos da cara (num primeiro momento, até as chamadas recebidas era tarifadas). Mas a livre concorrência entre as operadoras produziu bons frutos.
Aparelhos a preços subsidiados, redução significativa no custo das ligações e, mais adiante, planos pré-pagos e gratuidade nas chamadas entre clientes da mesma operadora “democratizaram” o uso dos telefoninhos, que encolhiam de tamanho enquanto cresciam em recursos e funções. Até que o visionário Steve Jobs, então CEO da Apple, revolucionou o mercado com o lançamento do iPhone, obrigando a concorrência a adequar seus “dumbphones” (dumb = burro) ao novo conceito de “smartphone” (smart = inteligente; phone).
Assim, o que era bom ficou melhor — e maior, já
que a miniaturização deixou de fazer sentido em aparelhos que, em última
análise, eram microcomputadores ultraportáteis. (Para saber mais sobre a
evolução dos celulares e smartphones, clique aqui e
acesse o primeiro capítulo da sequência que eu publiquei sobre o tema há poucos
meses).
Engana-se quem pensa que o primeiro celular capaz de se
conectar à Internet foi o iPhone.
Onze anos antes do pequeno notável da Apple, o Nokia 9000
Communicator já oferecia essa
funcionalidade — ainda que a limitasse aos habitantes da Finlândia. Na mesma época,
a RIM (Research In Motion) lançou o Inter@ctive Pager 850, que permitia
enviar emails e acessar serviços por meio da conexão WAP.
Lançado em 2001, o RIM 957 Wireless Handheld vinha com processador Intel 386 de 32-bit e 5 MB de memória interna (e custava US$ 500). No ano seguinte, o BlackBerry 5810 já oferecia conexão GSM e, além de fazer ligações, enviava/recebia SMS e dispunha de navegador de Internet.
Na sequência vieram o BlackBerry
6710 — com 8 MB de memória e bateria
para 4 dias de uso sem precisar recarregar —, o 6210 — com 16 MB de memória flash e conexão USB —, o 7320 — com display colorido e jogos embarcados no sistema —, o 8700 — primeiro smartphone da marca com
conectividade EDGE (também conhecida como "2.75G", com uma capacidade
de banda de até 236 Kbps) — e o 8800 — lançado em 2007, com GPS, Bluetooth e display
de 2,5” e 65 mil cores.
Em 2009 a empresa lançou o BlackBerry Curve 8530 — primeiro modelo a contar com trackpad óptico, conexão 3G, Wi-Fi, GPS, Bluetooth e câmera traseira de 2 MP. Mais adiante vieram, pela ordem, o BlackBerry Torch 9800 — com sistema operacional BlackBerry 6 e teclado físico em slide (retrátil).
Em 2011 foi a vez do BlackBerry Curve 9380 — que rodava o BlackBerry 7 e contava com tecnologia NFC e câmera de 5 megapixels e teclado virtual — e do BlackBerry Bold 9900 — com processador de 1.2 GHz, touchscreen e teclado QWERTY físico — e, em 2012, do BlackBerry Z10, com tela de 4,2” e resolução de 1.280 x 768 pixels.
Continua...