quinta-feira, 28 de agosto de 2025

WINDOWS SANDBOX

ALGUMAS PESSOAS ESTÃO ERRADAS MESMO QUANDO FICAM CALADAS.

Bill Gates e Paul Allen fundaram a Microsoft em 1975 para desenvolver e comercializar interpretadores BASIC para o recém-lançado Altair 8800. Poucos anos depois, uma conjunção de fatores levou a empresa a adquirir os direitos do CP/M, adaptar o código ao hardware da IBM e licenciá-lo com o nome de MS-DOS. 

O Windows “nasceu” em 1985, inicialmente como uma interface gráfica que rodava sobre o DOS. A versão 3.0 foi a primeira a conquistar sucesso comercial, e a 95, a primeira a se apresentar como sistema operacional autônomo — ou quase, já que o DOS continuaria atuando nos bastidores até 2001, quando o XP finalmente cortou o cordão umbilical. O Win 98/SE, considerado a melhor das versões 9.x, foi sucedido pelo aziago ME — que tentou ser uma ponte entre as linhas domésticas e corporativas, mas acabou herdando problemas de ambas. As versões XP e 7 foram sucessos de público e de crítica, ao passo que Vista e 8/8.1 amargaram fiascos retumbantes.


CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA


Um aspecto da junção do PP com o União Brasil, que resultou na federação denominada União Progressista, é o cinismo oposicionista. Serão 109 deputados e 14 senadores em via de serem 15, tornando-se a maior bancada do Congresso. Parlamentares em amplíssima maioria identificados com o Centrão. Na Câmara, ultrapassam o PL que, assim, perde o privilégio daquela condição. Além disso, juntos, PP e União terão em caixa R$ 1,151 bilhão dos fundos eleitoral e partidário, considerados os últimos repasses de dinheiro público. 

Perde muito mais o bolsonarismo que o petismo — este já tem como dada sua função meramente utilitária de meio de acesso ao aparelho estatal, mas aquele ainda guarda alguma cerimônia no trato do ex-presidente como guia genial da direita. 

Ainda é cedo para afirmar com certeza, mas já é possível aventar a hipótese de que se fortaleça nesse campo o descolamento da liderança e orientação de Bolsonaro nas articulações para a disputa presidencial de 2026. A manutenção da palavra do ex-presidente como determinante para decisões da direita já é considerada um estorvo em voz baixa. Reclamos que tendem a ganhar decibéis com a provável condenação e os atritos promovidos pela prole do capetão. 

O oposicionismo de resultados, expresso na presença de indicados dos novos federados na máquina pública, não deixa de ser um reforço à União Progressista. O comando de quatro ministérios, controle de diretorias da Caixa Econômica Federal e de boas cadeiras na Codevasf são ativos assaz interessantes para a formação de robustas bancadas na eleição parlamentar. Para isso, suas excelências precisam mais da condescendência pragmática do governante que de obediência às ordens do oponente.


A Microsoft projetou seu sistema para operar computadores domésticos isolados ou em pequenas redes corporativas. Quando a popularização da internet expôs milhões de máquinas a ameaças online, ela implantou diversos recursos de segurança no XP, mas manteve serviços desnecessários rodando por padrão — até mesmo com privilégios administrativos. Além disso, o controle de contas e senhas era precário e nove em cada dez usuários ignoravam as atualizações de segurança.

 

Ciente de que os downloads demoravam horas nas jurássicas conexões discadas da época, a empresa criou o Patch Tuesday — pacote de correções de segurança liberado via Windows Update na segunda terça-feira de cada mês. A estratégia funcionou, mas rendeu apelidos jocosos: a versão NT (New Technology) era chamada de “nice try” (boa tentativa), e as demais ficaram conhecidas como “peneira” (pela permeabilidade a invasões) e “colcha de retalhos” (uma alusão aos remendos constantes que mantinham o sistema funcionando). De todo modo, cada patch representava não apenas o reconhecimento de uma falha, mas também o compromisso crescente da Microsoft com a segurança dos usuários.

 

Observação: Todo software está sujeito a bugs. Até a década passada, considerava-se “normal” a ocorrência de um erro a cada 10 mil linhas de código. O Windows 7 tinha cerca de 40 milhões de linhas, o Office 2013, 50 milhões, e o Mac OS X Tiger, quase 90 milhões. Basta fazer as contas para ter uma ideia do tamanho da encrenca.

 

Assim como a indústria automotiva aprimora seus protótipos até que fiquem bons o bastante para chegar ao consumidor, os desenvolvedores de software criam versões Alfa, Beta (fechada e aberta), Release Candidate e Gold. Na fase inicial (Alfa) são delineados objetivos, recursos e funções do programa — muitos dos quais não chegam sequer aos inscritos no programa Windows Insider, mas podem ser compartilhados com parceiros para testes de compatibilidade.

 

O ideal seria eliminar todos os problemas ainda no desenvolvimento, já que corrigi-los depois gera custos adicionais e compromete a imagem do fabricante. Mas, diferentemente das montadoras, que precisam convocar recalls, aos criadores de software basta lançar patches em seus sites — seja na forma de update (atualização), seja como upgrade (nova versão do produto).

 

Na fase Closed Beta, um grupo restrito de usuários testa o código e fornece feedback para eliminar boa parte dos bugs. Já a Open Beta amplia o público envolvido. A Release Candidate ainda não espelha o produto final, mas já apresenta a maioria dos recursos e da interface da versão Gold (ou comercial). Após o lançamento, cabe ao desenvolvedor fornecer patches e updates para corrigir falhas, mas a responsabilidade pela instalação é dos usuários. 

 

Com a popularização da banda larga e das redes Wi-Fi, o processo de atualização ficou mais ágil. A partir do XP, um recurso batizado de Atualizações Automáticas passou a buscar, baixar e instalar correções críticas automaticamente. Ainda assim, a quantidade de computadores rodando versões vulneráveis levou a Microsoft a rever sua política com o lançamento do Windows 10 como serviço (em julho de 2015).

 

A trajetória do Windows foi marcada por progressos notáveis: o Vista introduziu o Controle de Conta de Usuário (UAC), o Seven aprimorou a segurança geral, e versões posteriores integraram o Windows Defender e, mais recentemente, o sandboxing de aplicações (tema que será abordado na sequência). Mas a popularidade e a necessidade de manter compatibilidade com décadas de softwares tornam o sistema da empresa de Redmond menos seguro que o da Apple e as distribuições Linux.

 

Para piorar, problemas em upgrades (e até em atualizações menores) continuam levando usuários ao desespero. A atualização do segundo semestre de 2018 para o Windows 10, por exemplo, foi tão desastrosa que a Microsoft precisou suspendê-la por quase dois meses, tanto na página oficial quanto no próprio Windows Update.

 

Continua na próxima postagem.