sexta-feira, 29 de agosto de 2025

WINDOWS SANDBOX — CONTINUAÇÃO

ATÉ OS CHEFES TÊM CHEFE.


Antes de 2015, a Microsoft criava novas versões do Windows a cada três ou quatro anos e sanava falhas críticas e de segurança através de Service Packs — “pacotes” que englobavam as correções implementadas desde o lançamento da versão ou de seu último SP, conforme o caso. 


Com o lançamento do Windows 10 como serviço, updates semestrais de conteúdo e atualizações mensais de qualidade dispensaram os usuários de adquirir novas mídias de instalação. Para estimular a adoção da “versão definitiva” do sistema — e alcançar um bilhão de instalações em três anos —, a empresa concedeu 12 meses de prazo para usuários de máquinas elegíveis e que rodassem o Windows 7 ou o 8.1 fazerem o upgrade gratuitamente. 


O cronograma de atualizações foi cumprido, mas arquivos “bugados” continuam dando dor de cabeça a milhões de usuários, e a bilionésima instalação só aconteceu em fevereiro de 2020 — a menos de dois anos do lançamento oficial do Windows 11 e do anúncio do fim do suporte à suposta "versão definitiva", previsto para 14 de outubro de 2025.

 

Observação: “Bug” significa “inseto”, mas entrou para o léxico da informática com o sentido de “defeito” depois que um operador da marinha americana anotou em seu diário de bordo que uma falha em seu Mark II fora causada por uma mariposa, que havia ficado presa entre os fios. 


CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA


Depois de várias reuniões ao longo do dia e sem alcançar um consenso entre as lideranças partidárias, a “Camarilha” dos Deputados adiou a votação da abjeta PEC da Blindagem, que prevê que apenas os parlamentares podem autorizar a abertura de investigação sobre seus pares (ou comparsas, como preferir). O impasse se deveu a dois pontos do texto, e a confusão foi tão grande quanto a cara de pau dessa caterva, já que eventual aprovação da PEC tornará impossível abrir inquéritos contra deputados e senadores, sem falar que o crime organizado despejará todos os recursos que puder, na campanha de 2026, para colocar seus integrantes no Congresso. 

A extrema direita, que se diz pela democracia e enche a boca para acusar Lula de ladrão, finge que não vê, e os parlamentares de esquerda, que chamam o pacote de salvo-conduto para golpistas, admitem nos bastidores que podem ajudar a aprová-lo.

Se tivesse um pingo de vergonha na cara, o Congresso deveria submeter projetos tóxicos ao teste do ponto de ônibus e sepultar ideias mal recebidas pelo trabalhador na fila da condução. Hugo Motta, disse que é "um direito do Congresso" discutir e votar o que chama de "PEC das Prerrogativas”, mas seria xingado se defendesse esse escárnio no ponto de ônibus. 

A regra que condiciona a abertura de investigações contra congressistas ao aval do Congresso, que vigeu entre 1988 e 2001, foi revogada por pressão social depois que a corporação barrou a abertura de mais de 200 pedidos para investigar parlamentares. Hoje, há nos escaninhos do Supremo cerca de 80 inquéritos sobre malversação de verbas federais liberadas por meio de emendas parlamentares. No final de semana, Flávio Dino mandou investigar suspeitas no manuseio de mais R$ 694 milhões.

Num ambiente assim, o Congresso deveria considerar a hipótese de substituir todo o texto constitucional pela Constituição enxuta proposta pelo historiador Capistrano de Abreu, morto em 1927, que teria apenas dois artigos: 1) "Todo brasileiro deve ter vergonha na cara”; 2) "Revogam-se as disposições em contrário". 

Essa passaria facilmente no teste do ponto de ônibus.


Os pioneiros são reconhecidos pela flecha espetada no peito. Adotar novas versões de softwares assim que são lançadas é procurar sarna para se coçar — que o digam os usuários do Windows 11 que passaram a ter problemas com seus HDDs e SSDs depois que instalaram o KB5063878 via Patch Tuesday deste mês. 


Visando eliminar todos os bugs antes do lançamento oficial dos programas — até porque correções posteriores geram custos adicionais e comprometem a imagem dos produtos —, os desenvolvedores criam versões Alfa, Beta (fechada e aberta) e Release Candidate. Mas é comum a descoberta de novas falhas a posteriori, e ainda que nem todas tenham a ver com segurança, muitas delas abrem portas para malwares e invasões. 

 

Todos sabemos (ou deveríamos saber) que arquivos que chegam por email e links recebidos por SMS, aplicativos de mensagens ou via redes sociais são perigosos; que milhões de malwares circulam pela Internet; que suítes de segurança responsáveis ajudam, mas não nos protegem do phishing — técnica mediante a qual os cibervigaristas utilizam engenharia social com o objetivo de obter informações sigilosas e dados sensíveis das vítimas. 

 

O que muitos não sabem é que smartphones são microcomputadores de bolso, controlados por um sistema operacional e capazes de acessar a Internet e de rodar aplicativos. O Android é mais visado pelos cibercriminosos por estar presente em 70% dos ultraportáteis (contra 15,5% do iOS, que só roda no hardware da Apple). Mas isso não significa que o iPhone seja uma fortaleza indevassável a ponto de dispensar a proteção de uma boa suíte de segurança.

 

Conclui no próximo capítulo.