Faltando quatro dias para o segundo turno, a diferença entre Bruno Covas e Guilherme Boulos caiu de 16 para 10 pontos percentuais. O tucano lidera com folga entre os eleitores que têm mais de 60 anos de idade — tem 73% contra 27% —, enquanto seu adversário é mais popular entre os jovens — tem 65% contra 35%.
Observação: De acordo com a segunda pesquisa Ibope/TV Globo/Estadão, eles têm, respectivamente, 48% e 37% das intenções de voto. Há ainda 4% de indecisos, e 12% pretendem votar nulo ou em branco. Em relação à pesquisa anterior, publicada em 18 de novembro, os dois candidatos apenas oscilaram dentro da margem de erro. Covas foi de 47% para 48%, e Boulos de 35% a 37%. Se considerados apenas os votos válidos (excluídos brancos, nulos e o porcentual de eleitores indecisos), o placar é de 57% a 43%. Nesse caso, Covas oscilou um ponto para baixo, e o adversário, um ponto para cima. A diferença entre eles passou de 16 para 14 pontos.
Na divisão por faixa de renda, o candidato do Psol
diminuiu a desvantagem entre os que ganham menos (até cinco salários mínimos) e
conseguiu um empate técnico no limite da margem de erro (Covas tem 53%;
ele, 47%), mas o tucano mantém uma boa distância entre que ganham acima disso:
56% a 44% entre os que recebem mais de dez salários mínimos (mesmo percentual
da pesquisa anterior) e 62% a 38% entre os que ganham entre cinco e dez
salários mínimos (era 55% a 45%).
O grande desavio para Covas é a abstenção. Segundo o Datafolha,
29% dos eleitores se abstiveram de votar no primeiro turno. Desses, 28%
alegaram problemas de saúde ou medo da pandemia da Covid-19. De resto, o
prefeito foi testado nas mais difíceis condições possíveis — uma
pandemia e uma severa crise econômica, enquanto seu adversário representa um
partido de esquerda e propõe uma mudança imprudente de modelo econômico. Na
atual conjuntura, o que São Paulo menos precisa é de um alcaide que se
entregaria a aventuras estatistas e fiscalmente irresponsáveis cujos resultados
desastrosos já são bastante conhecidos.
O momento delicado que vive nossa metrópole — a exemplo do
resto do País — demanda um prefeito com alguma experiência e com os pés no
chão. Covas mostrou essas qualidades, donde sua liderança nas pesquisas
e o fato de ter vencido em todas as regiões da cidade no primeiro turno. Para
além disso, sua gestão é bem avaliada pelos paulistanos — o que já não seria
fácil em uma conjuntura normal, que dirá no contexto de uma pandemia.
Numa cidade que repudia fortemente o PT e tudo o que
o lulopetismo representa, Boulos pode ser um nome forte da esquerda em
disputas futuras e quiçá assumir o protagonismo na reorganização dos partidos
que, até pouco tempo atrás, orbitavam a quadrilha chefiada pelo criminoso
condenado. Mas daí a pretender governar a capital da locomotiva do Brasil sem
ter a mínima experiência política e administrativa tão leviano quanto achar que
a cidade pode ser governada somente na base do entusiasmado ativismo dos
movimentos sociais e, principalmente, sob influência de um programa
revolucionário, de uma forma inconsequente de ver o mundo.
Covas, a despeito de seu drama pessoal — falo do câncer que ele venceu com quimioterapia e da metástase que vem tratando com sessões de imunoterapia —, capitaneou bem a cidade diante da maior pandemia sanitária dos últimos 100 anos, em sintonia com a ciência e alheio à algaravia inconsequente do presidente igualmente inconsequente contra as medidas de prevenção. Faço votos de que os eleitores levem isso em conta no próximo domingo.