Costuma-se dizer que o ábaco foi o precursor da máquina de calcular e, por extensão, do computador. Os primeiros computadores eletrônicos ocupavam andares inteiros, pesavam toneladas e custavam milhões de dólares, mas tinham menos poder de processamento que uma calculadora xing-ling de R$ 10.
O ENIAC ― um dos primeiros mainframes, construído por cientistas da Universidade da Pensilvânia ― era um monstrengo de 18 mil válvulas e 30 toneladas, mas que conseguia, mal e parcamente, executar 5 mil somas, 357 multiplicações ou 38 divisões simultâneas por segundo — uma performance incrível para a época, mas que qualquer videogame dos anos 90 superaria com facilidade.
As válvulas da geringonça queimavam à razão de uma cada dois minutos, e sua memória interna era suficiente apenas para manipular os dados envolvidos na tarefa em execução; qualquer modificação exigia que os operadores — que também eram programadores — corressem de um lado para outro da sala, desligando e religando centenas de chaves e cabos.
Para dissipar o calor gerado pelo funcionamento desse portento, gastavam-se quilowatts de energia suficientes para alimentar uma cidade de 5.000 habitantes. Fala-se inclusive que quando foi ligado pela primeira vez, o ENIAC causou um blackout que deixou às escuras uma parte considerável do estado americano da Pensilvânia.
Como os sistemas operacionais ainda não existiam, os operadores controlavam os computadores de então por meio de chaves, fios e luzes de aviso. Mais adiante, os batch systems (sistemas em lote) passaram a permitir que cada programa fosse escrito em cartões perfurados e carregado, juntamente com o respectivo compilador. Todavia, não havia padronização de arquitetura, de modo que cada máquina usava um sistema operacional específico. Pelo menos até o Unix mudar esse quadro, mas isso já é outra conversa.
O primeiro microcomputador foi o Altair 8800, lançado em meados dos anos 1970 e comercializado na forma de kit (a montagem ficava a cargo do consumidor). Era mais uma curiosidade do que algo realmente útil. Mas foi extremamente útil para Bill Gates e Paul Allen — que fundaram a Microsoft, em 1975, com o propósito de desenvolver e comercializar interpretadores em BASIC para a geringonça. E para e para a Apple, já que o interesse dos usuários pelo aparelho levou Steve Jobs, Steve Wozniak e Ronald Wayne a investir no segmento de computadores pessoais.
Lançado em 1977, o Apple II já contava com um Disk Operating System (ou DOS — acrônimo que integra o nome de diversos sistemas operacionais, como o Free DOS, o PTS-DOS, o DR-DOS etc.). Como o aparelho vinha montado, trazia um teclado integrado e tinha a capacidade de reproduzir gráficos coloridos e sons, muitos o consideram o “primeiro computador pessoal moderno”.
Comparar os microcomputadores dos anos 1980 com os modelos autuais seria como contrapor um jurássico Ford T a um Mustang GT 500. A título de curiosidade, no pool de sistemas usado pela NASA na missão Apollo 11 — que levou o homem à Lua em 1969 —, a velocidade (frequência de operação) do processador era de 0,043 MHz e a quantidade de memória RAM, de míseros 64KB.
O sucesso dos desktops — termo que significa literalmente "em cima da mesa" — propiciou o surgimento dos laptops — aglutinação dos termos em inglês lap (colo) e top (em cima), significando "em cima do colo" —, que passaram a ser chamados mais adiante de “notebooks” — devido ao formato e às dimensões semelhantes às de um caderno universitário.
A princípio, o termo laptop remetia a portáteis maiores, mais pesados e pródigos em recursos, mas essa diferenciação deixou de ser observada e a palavra caiu em desuso, embora alguns puristas prefiram-na ao termo notebook.
Continua no próximo capítulo.