terça-feira, 7 de dezembro de 2021

O CIRCO MUDA, MAS OS PALHAÇOS SÃO SEMPRE OS MESMOS


Michelle Bolsonaro comemorou efusivamente a aprovação do nome de André Mendonça para a vaga aberta no STF com a aposentadoria do ex-decano Marco Aurélio. O vídeo mostra os participantes da efeméride — quase todos sem máscara — estuantes de alegria, e a primeira-dama aos pulos, berrando "Glória a Deus" e "Aleluia" e proferindo uma porção de expressões ininteligíveis. Mas não é preciso ser membro dessa seita para concluir que, a exemplo do marido, essa senhora não tem a menor noção do que significa liturgia do cargo.

Críticas ao assanhamento da primeira-dama bombaram nas redes sociais. O termo “Micheque” — uma alusão aos R$ 89 mil depositados por Fabrício Queiroz na conta dela em 2020 — foi um dos assuntos mais comentados do dia no Twitter. Um internauta comentou: "Esse vídeo seria engraçado se não fosse o reflexo de quem está no comando do país".

A perseguição religiosa no Brasil existe desde sempre. Nos tempos da escravatura, os negros recorriam ao "sincretismo" para engabelar seus "senhores", associando os Orixás que cultuavam na África aos santos do panteão católico. E o fanatismo continua firme e forte no século XXI, como dão conta os incêndios criminosos de terreiros de Umbanda e Candomblé. No Oriente Médio, cristãos são perseguidos pelos muçulmanos; aqui, cristãos perseguem quem não reza pelo mesmo catecismo que eles.

Voltando aos baba-ovos do ministro "terrivelmente evangélico" e à patética pantomima protagonizada pela primeira-dama, fica difícil dizer o que é mais desalentador para parcela pensante da população: assistir a episódios bizarros como esse ou vislumbrar um futuro ainda mais bizarro caso a "terceira via" não decole e o segundo turno do pleito de 2022 seja disputado pelos atuais franco-favoritos nas pesquisas de intenções de voto.

Igualmente assustador é saber que o Cabo Daciolo será (novamente) candidato ao Planalto e que Eduardo Pazuello (lembram dele?) decidiu disputar uma vaga de deputado federal pelo Rio de Janeiro. A filiação do general ao partido do mensaleiro e ex-presidiário Valdemar Costa Neto (o mesmo que recebeu seu chefe há duas semanas) deve acontecer até março do ano que vem.

Fiel seguidor da regra segundo a qual "um manda e o outro obedece", o triestrelado, que pretendia concorrer ao Senado, mudou de ideia devido ao acordo firmado entre MourãoCláudio Castro visando a uma composição de forças. Como o governador fluminense já anunciou que vai se candidatar à reeleição, caberá ao vice-presidente tentar uma vaga no Senado (e Mourão tem mais chances que Pazuello).

Os caciques do PL não estão exatamente empolgados com a filiação do ministro-pesadelo. Acham que ele tem pouca viabilidade eleitoral. Mas Pazuello quer recuperar o foro privilegiado (que perdeu quando deixou o ministério da Saúde) e aposta na força de Bolsonaro como cabo eleitoral. Tudo somado e subtraído, sua candidatura pode ser inútil para o PL, mas será útil para lembrar o eleitorado das mais de 600 mil mortes causadas pela Covid.

Falando na Covid, o imunologista Anthony Fauci, principal conselheiro da Biden em questões ligadas à pandemia, disse que os primeiros indícios sobre a Ômicron são "um tanto encorajadores", mas alertou que é muito cedo para fazer qualquer afirmação definitiva. A conferir.

Outra boa notícia (se é que se pode dizer assim) é que as máscaras do tipo PFF2 (equivalentes a outros padrões internacionais conhecidos como N95, KN95 e P2) oferecem quase 100% de proteção contra o vírus maldito, mas desde que usadas da maneira correta — cobrindo o nariz e a boca e com o clipe de metal devidamente ajustado.

Para concluir, esclareço que o título desta postagem (que não foi escrito no idioma usado por Michelle Bolsonaro, mas pode soar obscuro para muita gente) significa que os atores políticos mudam, mas a ospália continua a mesma, ou seja, o povo brasileiro.

Glória a Deus e adeus!