ASSIM COMO AS ÁGUAS DO MAR E DO RIO SE ENFRENTAM BRAVAMENTE NA FOZ, O NOVO E O VELHO TEMPO SE CHOCAM E SE MISTURAM.
Vimos que o Tempo não é absoluto, que o espaço-tempo é quadrimensional e pode ser distorcido pela gravidade, que buracos
negros são capazes de produzir buracos de minhoca, que é preciso
uma enorme concentração de matéria
exótica para manter a estabilidade desses "túneis", e que, segundo a Conjectura
de Proteção Cronológica (proposta por Stephen
Hawking), as leis da Física como que “conspiram” para impedir a
viagem no Tempo em escala macroscópica.
A última pesquisa de Hawking sugere que o Big Bang teria criado não um, mas incontáveis universos, sendo alguns parecidos com o nosso, outros com diferenças pontuais ou totalmente diversos, sem estrelas ou galáxias e com leis da Física diferentes. Ao longo de duas décadas, o astrofísico britânico e seu colega Thomas Hertog buscaram a solução desse paradoxo, recorrendo, inclusive, a fórmulas matemáticas criadas para estudar a Teoria das Cordas (segundo a qual toda a matéria existente no Universo é formada pela vibração de minúsculos objetos unidimensionais, conhecidos como quarks).
Observação: A Teoria das Cordas unifica todas
as teorias da Física, e não se limita ao parâmetro tridimensional. Segundo ela,
além do comprimento, da altura e da profundidade, existem mais sete
dimensões espaciais e uma de Tempo (espera-se que isso seja
comprovado com a evolução dos aceleradores
de partículas).
Algumas variantes dessa teoria sugerem a existência de múltiplas dimensões e universos paralelos, possivelmente conectados entre si por buracos de minhoca, embora Hertog afirme não acreditar que seja possível viajar de um universo para outro.
Ainda de acordo com Hawking, criar um buraco de minhoca exigiria dobrar o espaço-tempo de maneira oposta à deformação causada pela matéria, o que contraria as leis clássicas da Física — mas não a Teoria Quântica, segundo a qual a densidade de energia pode ser negativa em alguns lugares, desde que seja positiva em outros (efeito Casimir).
"Se alguém fizesse um pedido de bolsa de pesquisa para trabalhar em viagem no tempo, ele seria demitido imediatamente", anotou Hawking em seu livro póstumo, embora não tenha descartado essa possibilidade em seus estudos. Até porque nossa incapacidade de acessar o “agora” de alguém distante está no coração das teorias de Espaço e Tempo de Einstein.
Tempo e
distância “podem ser trocados usando algo que tem a velocidade de uma
velocidade”, escreveram Brian Cox e Jeff Forshaw no livro Por
que E = mc²? O salto intelectual de Einstein era supor que a "taxa de
câmbio" de um tempo para uma distância no espaço-tempo — a velocidade da luz, no
caso — fosse universal.
O fato de nunca termos sido visitados por algum viajante do Tempo vindo do amanhã atesta a inviabilidade dessas viagens, sem mencionar os paradoxos temporais — conflitos lógicos de existência que surgiriam se alguém alterasse acontecimentos do passado que tivesse a ver com sua própria existência, como é o caso do “Paradoxo do Avô” (já mencionado nesta sequência). Por outro lado:
1) Paradoxos como esse não se manifestariam se a viagem fosse rumo ao futuro;
2) Inconsistências dessa natureza foram solucionadas na trilogia De Volta para o Futuro com a teoria da “história alternativa”;
3) Como dito alhures, a ficção científica de hoje pode ser a ciência de amanhã.
Continua...