domingo, 9 de outubro de 2022

O BRASIL ESTÁ DOENTE

 

O Brasil está doente. Perdemos o rumo. E não é de hoje. O resultado das eleições é apenas mais um sinal de um País que, no passado, conseguiu enfrentar e vencer desafios e até ser exemplo para o mundo. 
 
Éramos a Nação do futuro. Mas o que somos hoje? A presença do bolsonarismo como protagonista político é um desafio constante para a nossa democracia, mas o eleitor escolheu a barbárie. Por que o fez? Baixa consciência política? Indiferença? Ou identificação com a visão extremista e antidemocrática do bolsonarismo?
 
O bolsonarismo é a mais perfeita tradução da maldade brasileira, pior, muito pior, que o extremismo que já estava presente na nossa história do século XX, como no integralismo de Plínio Salgado. É a negação de todos os valores democráticos da civilização ocidental, a consagração como mote político do cada um por si. Não há qualquer perspectiva humanitária, de solidariedade, de pertencimento. É o retorno ao mundo da sociedade latifundiária, do mando sem as travas da justiça. É uma versão muito mais radical do que aquela retratada no clássico “Coronelismo, enxada e voto” de Victor Nunes Leal.
 
O ódio aos pobres e aos novos dilemas apresentados no século XXI, a negação da democracia como convivência de contrários e a defesa da violência na política e na vida cotidiana vão paulatinamente se incorporando à sociedade brasileira. Está nascendo outro Brasil, que não é aquele que conhecíamos, mas, sim, a antítese daquele retratado em clássicos, como “Raízes do Brasil”, de Sérgio Buarque de Holanda.
O reacionarismo está, tudo indica, enraizado no Brasil contemporâneo. Bolsonaro, que era um ponto fora da curva, tornou-se o representante máximo da barbárie na política, na economia, na sociedade e nas relações diplomáticas, profissionais e pessoais.
 
É exemplar nesse processo o papel de São Paulo, onde, no último dia 2, o eleitorado alçou ao primeiro lugar na disputa pelo governo um forasteiro sem qualquer ligação profissional, familiar ou pessoal com o Estado. Melhor dizendo: dois forasteiros: o astronauta vendedor de travesseiros, eleito senador, tem a família morando no Texas. 
 
Em outras palavras: O estado onde nasceu o abolicionismo, a república, a legislação trabalhista, o voto secreto, o voto das mulheres, a industrialização e a modernidade cultural, entre outras contribuições importantes para a Federação, agora resolveu renunciar a seu protagonismo e entregar seu destino aos aventureiros. 
 
Triste São Paulo. Triste Brasil.
 
Com Marco Antonio Villa