sábado, 8 de outubro de 2022

ELEIÇÃO PRESIDENCIAL OU SOLENE CONCLAVE?


Os dois finalistas da disputa presidencial caíram numa época qualquer de um passado remoto, um tempo em que massas de eleitores desinformados submetiam-se às vontades de coronéis da política. Ambos colecionam apoios no pressuposto de que o eleitor fará o que seus apoiadores mandarem, ou seja, fazem política como se o eleitorado fosse gado confinado num curral hipertrofiado e o voto pudesse ser definido num conchavo. 
 
Bolsonaro tirou da cartola um Auxilio Brasil de R$ 600 e assistiu ao eleitor premiar Lula com 6 milhões de votos de dianteira no primeiro turno. Lula cobiçou os eleitores alheios e viu o voto útil se encaminhar para o cesto de Bolsonaro, empurrando a disputa para o segundo turno. O eleitor oferece evidências de que não é bobo, diz Josias de Souza. 
 
Eu tenho cá minhas dúvidas, já que a récua de muares fez o esperado, mantendo-se dividida entra a continuação da tragédia que aí está e a volta da desgraça que jamais terminou. Mas que sou eu para discordar do mestre?
 
Josias diz também que não esta não é a primeira vez que campanha eleitoral vira disputa travada num pátio de milagres — o segundo turno mal começou e já estão de volta as manifestações de fervor e fé dos protagonistas. Lula e Bolsonaro se esforçam para demonstrar à sociedade que Deus está presente em suas respectivas campanhas, mas a parceria do candidato à reeleição com pastores que exploram politicamente logomarcas evangélicas potencializou a mistura do divino com o profano universo eleitoral. 
 
Levada para as redes sociais, a disputa diabólica passa a impressão sombria de que a humanidade caminhou milhões de anos para voltar ao ponto de partida no Brasil, onde tudo começou com os desenhos rupestres nas paredes das cavernas e termina com os brasileiros magnetizados diante de memes e vídeos exibidos nas paredes das redes sociais. O diabo é que o dedo de Deus não pressionará as teclas das urnas no próximo o dia 30. 
 
O país não está nas mãos do sobrenatural. Seria melhor se os candidatos esclarecessem seus planos, para que o eleitor pudesse tomar a decisão "menos pior".
 
Com Josias de Souza