Segundo cálculos feitos em 2000, o Universo teria 16,7 bilhões de anos. Em 2022, com base no desvio para o vermelho da luz das galáxias distantes, os astrofísicos reduziram essa estimativa para cerca de 13,8 bilhões de anos, mas a existência de estrelas como Matusalém (que teria surgido há mais de 14 bilhões de anos) suscitou controvérsias. Meses atrás, um estudo publicado pelo físico Rajendra Gupta concluiu que o Big Bang ocorreu há 26,7 bilhões de anos.
Como no comercial do biscoito Tostines (vende mais porque é fresquinho ou é fresquinho porque vende mais?), a entropia extremamente baixa do universo em seus momentos iniciais enseja outra pergunta: Por que ela era tão baixa?" Para a cientista Marina Cortês, as possibilidades de o cosmos ter tais condições iniciais são de uma em 10 à 10ª à 124ª potência, e tratar essa questão como uma certeza é como "varrer o problema para baixo do tapete". A baixa entropia do universo no passado é uma origem plausível da flecha do tempo, e é preciso explicar por que o tempo só se move para frente.
A entropia está crescendo no universo, e em algum momento poderá chegar ao nível máximo, quando então o calor deixará de fluir de um lugar para outro e passará a ser distribuído de forma homogênea em todo o universo, explica Carlo Rovelli. "Supondo que isso aconteça — e não sabemos ao certo se irá acontecer —, a flecha do tempo deixará de existir, já que todos os fenômenos que ocorreram em uma direção poderiam ocorrer também na direção contrária."
A morte pelo calor não é a única forma de o Universo como o conhecemos encontrar o seu fim. Várias possibilidades já foram propostas — entre as quais Ponto de Virada, o Universo Espelho e outros modelos cíclicos —, mas a morte térmica é a principal candidata. Ainda segundo Carroll, "ela não é definitiva, de nenhuma forma, mas é a extrapolação mais simples que conhecemos, já que não precisamos nos esforçar muito para chegar até ela. Tudo o que o universo precisa fazer para chegar à morte térmica é continuar exatamente o que está fazendo, indefinidamente. Não há razão para que ele pare algum dia, e é muito difícil imaginar o que poderá acontecer se, algum dia, a flecha do tempo desaparecer".
Continua...
